Grandes redes compram hospitais em Goiás – mercado da saúde fervilha

Na última semana, dois dos mais tradicionais hospitais privados foram adquiridos por grupos com ações negociados em bolsa


O Centro Brasileiro de Radioterapia Oncologia e Mastologia (Cebrom), principal clínica oncológica de Goiás, foi vendida na quarta-feira, dia 1, por R$ 190,5 milhões ao grupo mineiro Oncoclínicas. Ainda nesta semana, na segunda-feira, 30, outro dos mais tradicionais hospitais privados de alta complexidade foi vendido na capital goiana – o hospital neurológico, Instituto de Neurologia de Goiânia (ING) – por R$ 140 milhões ao grupo capixaba Kora Saúde. O que está acontecendo no mercado privado da saúde?

Segundo os assessores de aquisição médica, diretores de hospitais e representantes de associações ouvidos pelo Jornal Opção, o momento é complexo e o súbito aquecimento do mercado (cogita-se a possibilidade de uma bolha) é explicado por diversos fatores. Entre as razões para a tendência, especialistas enumeram a verticalização dos planos de saúde; a entrada de grandes grupos no estado; e o sucesso um de novo modelo de gerenciamento das unidades de saúde. 

O fervilhante mercado da saúde

As autoridades entrevistadas acreditam que o Cebrom e o ING não serão as últimas entidades a serem adquiridas por grandes grupos, e que sua aquisição é representativa. Ambas instituições são tradicionais, o Cebrom com 23 anos e o ING com 50 anos de atuação, e foram compradas por grupos com ações negociadas em bolsa. O movimento não fica restrito a Goiás – é considerado que essas aquisições tiveram início em 2014, com a compra do Hospital da Unimed na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, pela Rede D’Or São Luiz. Desde então a companhia já acumulou 52 unidades sob sua administração.

O modelo de negócio tem se provado rentável. “Grandes redes conseguem comprar insumos mais baratos porque adquirem em grande quantidade; conseguem manejar recursos entre unidades com logística simplificada; oferecem preços melhores porque ganham na escala”, afirma Haikal Helou, presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg). “Enfim, aumentam a eficiência e diminuem custos. Dois grupos (Rede D’Or e Grupo Amil, fundado pelo já falecido médico paulista Edson Bueno) criaram a tendência que orienta o mercado hoje”. 

Haikal Helou lembra que o fenômeno de grandes grupos que vencem a concorrência ao “ganhar na escala” é antigo e bem estabelecido na área dos supermercados, farmácias, universidades, e outros. Além das duas recentes aquisições em Goiás, pode-se citar como evidência do novo momento as aquisições do Hospital São Mateus, pela Kora Saúde, no Ceará; do Hospital São Matheus e Anchieta, em Cuiabá e Brasília; do Hospital Madrecor de Minas Gerais pela Hapvida – todos estes apenas no último mês. 

“Há dez anos, tínhamos apenas dois grandes grupos no mercado”, comenta Haikal Helou. “Hoje são pelo menos dez. Fala-se em bolha especulativa, com a maré de aquisições e fusões. Ainda atravessamos um momento de consolidação, mas ao fim desse processo, provavelmente terminaremos com quatro ou cinco grupos dominando o mercado”.

Planos de saúde verticalizados

A JK Capital é uma consultoria de finanças corporativas especializada na assessoria de fusão e aquisição de empresas. Sócio da empresa, o paulista Luís Mazzarella Martins acompanha as movimentações no mercado goiano de saúde. “Temos uma tese para explicar o que está acontecendo”, afirma. Segundo Luís Martins, mais um fator que fundamenta a tendência atual tem a ver com uma mudança na forma como operam os planos de saúde.

Tradicionalmente, os planos de saúde atendem uma rede de hospitais e clínicas credenciadas. Nesse modelo, cada prestador de serviço na ponta do atendimento tem incentivos para aumentar seus gastos. As clínicas, que recebem dos planos de saúde, ganham mais se fizerem mais procedimentos, exames e cirurgias. Há uma tensão entre a fonte pagadora e os operadores. Essa situação leva à uma inflação do preço e de volume de procedimentos e insumos.

“No início dos anos 2000, o ticket médio dos planos de saúde era de R$ 80”, afirma Luís Martins. “Hoje, por conta da inflação médica, os planos de saúde custam na média nacional R$ 600, enquanto se o reajuste seguisse a inflação normal dos demais mercados esse número estaria mais próximo de R$ 400”. A situação criou uma pressão sobre os planos de saúde, que, segundo Luís Martins, acumulam déficits por beneficiário, já que as mensalidades apenas não são capazes de cobrir os custos dos sinistros. 

“Alguns planos de saúde perceberam que, controlando hospitais, era possível controlar melhor a demanda por procedimentos e conter despesas desnecessárias”, comenta Luís Martins. Começou então um movimento pela chamada verticalização, que possibilitou o surgimento de planos de saúde com custo médio de R$ 210. “Além de terem melhores preços, são planos mais agressivos e ágeis”.

O fator explica em parte o aquecimento do mercado. “Cresceu a procura por hospitais porque esses planos de saúde precisam ter a estrutura completa. Não basta mais cobrir apenas exames, é necessário ganhar espaço sobre outros planos de saúde em toda a cadeia”, afirma Luís Martins. O consultor lembra que há seis anos o número de beneficiários de planos de saúde está estável no país: são 50 milhões de brasileiros cobertos por seguros. “É por este número fixo de consumidores que todos os fornecedores competem, o que explica a agressividade dos prestadores do serviço.”

O presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Haikal Helou, afirma que, no modelo tradicional, os diretores do hospital têm de se sentar com os operadores dos planos de saúde e discutir a tabela de preços e procedimentos, os reajustes ano a ano, etc. “Isso não acontece nos planos de saúde verticalizados. Como controlam toda a cadeia, eles podem se equilibrar conforme a necessidade, sem precisar de um acordo com diretores ou votação entre sócios. O que eles decidem na segunda-feira, está feito na terça. Essa é uma vantagem administrativa e logística muito grande”.

Reorganização

O médico Clidenor Gomes Filho faz parte do corpo clínico da Maternidade Ela e é presidente do Comitê Estadual de Mortalidade Materna. O ginecologista e obstetra também coordena a formação do grupo chamado de G500, composto por cinco hospitais privados de Goiás. O valor de mercado dos membros do G500 é de R$ 1,2 bilhão. Clidenor Gomes Filho afirma que a junção das unidades é motivada exatamente pela chegada de empresas estrangeiras no mercado goiano. Para ele, o grupo é além de uma tentativa de fortalecimento, oportunidade para oferecer serviços de melhor qualidade.

“Especificamente esse grupo começou a trabalhar com essa ideia desde novembro de 2020, quando começamos a ter uma série de abordagens de empresas ou pessoas de fora querendo comprar os nossos hospitais. Em um primeiro momento demos um não, as empresas estão sólidas e pensamos porque não conversamos entre nós, percebemos a oportunidade de trabalhar em conjunto. O grupo está formado para superar desafios e conquistar novos aspectos da assistência e melhorar o atendimento ao cliente final”, explica Clidenor Gomes Filho. 

De acordo com o médico, uma empresa de consultoria está identificando as prioridades de  planejamento empresarial. O G500 prevê a ampliação de 30% da capacidade de leitos hospitalares privados, além de geração de empregos e a ampliação de recursos para capacitação. A previsão é que os investimentos totais ultrapassem R$ 100 milhões durante a integração dos hospitais. “Estamos na fase de identificação de quais são as prioridades, o que deve ser coberto primeiro. Atrás dessa expansão vão aparecer novas oportunidades de emprego e novos leitos, enfim, toda consequência da expansão”, destacou.

Apesar do momento de inquietação para os hospitais privados, Clidenor Gomes Filho afirma acreditar que o momento de reorganização dos serviços de saúde trará progresso. “Nós temos de nos adaptar, mas o resultado final será positivo para os consumidores e pacientes, que terão mais opções de serviços; bem como para os médicos e trabalhadores. É um processo benéfico, porque a concorrência nos obriga a nos aperfeiçoarmos”, reflete Clidenor Gomes Filho. 

Compõem  a operação a Ela Maternidade, Hospital dos Acidentados, Hospital da Criança, Hospital do Coração e Hospital Santa Mônica. Outros dois hospitais têm dialogado para integrarem com o G500.

O cenário que se desenha

Haikal Helou, presidente da Ahpaceg, afirma que o sucesso das operações pós-venda depende, em última instância, da compreensão dos grupos sobre a instituição que adquiriram. “Não se trata apenas de um prédio. Hospitais lidam com a vida das pessoas e, no caso do Hospital Neurológico, são 50 anos de história com um corpo clínico excelente – um patrimônio local. O grupo de Vitória entenderá isso e absorverá parte da cultura local?”

Sobre o panorama dos hospitais privados, Haikal Helou afirma que este momento pode ser um ponto de virada para a credibilidade das instituições: “Aqui em Goiás, sempre foi muito comum a busca de pessoas com condições por tratamento em clínicas privadas de São Paulo. Isso ainda acontece. Temos em Goiânia uma unidade do Hospital Israelita Albert Einstein, mas ainda ouvimos dos familiares do paciente ‘temos de tentar de tudo para salvá-lo’, o que significa contratar uma UTI aérea e ir para São Paulo. Temos excelentes profissionais e hospitais aqui, mas este é um fator cultural que só pode ser transformado com a confiança, que é imaterial.”

Para Haikal Helou, a nova cultura trazida pelos grupos que chegam agora pode ser o elemento que faltava para a consolidação dessa confiança. “Hospitais aceitavam condições ruins das operadoras de planos de saúde porque não tinham fôlego para sobreviver sem elas. Com essas grandes redes, é diferente: há assoalho para negociações. Veremos planos diferenciados, competição por qualidade, preços mais atraentes”.

 

 

 

Jornal Opção : https://www.jornalopcao.com.br/reportagens/grandes-redes-compram-hospitais-em-goias-mercado-da-saude-fervilha-350209

Grandes redes compram hospitais em Goiás – mercado da saúde fervilha

Na última semana, dois dos mais tradicionais hospitais privados foram adquiridos por grupos com ações negociados em bolsa


O Centro Brasileiro de Radioterapia Oncologia e Mastologia (Cebrom), principal clínica oncológica de Goiás, foi vendida na quarta-feira, dia 1, por R$ 190,5 milhões ao grupo mineiro Oncoclínicas. Ainda nesta semana, na segunda-feira, 30, outro dos mais tradicionais hospitais privados de alta complexidade foi vendido na capital goiana – o hospital neurológico, Instituto de Neurologia de Goiânia (ING) – por R$ 140 milhões ao grupo capixaba Kora Saúde. O que está acontecendo no mercado privado da saúde?

Segundo os assessores de aquisição médica, diretores de hospitais e representantes de associações ouvidos pelo Jornal Opção, o momento é complexo e o súbito aquecimento do mercado (cogita-se a possibilidade de uma bolha) é explicado por diversos fatores. Entre as razões para a tendência, especialistas enumeram a verticalização dos planos de saúde; a entrada de grandes grupos no estado; e o sucesso um de novo modelo de gerenciamento das unidades de saúde. 

O fervilhante mercado da saúde

As autoridades entrevistadas acreditam que o Cebrom e o ING não serão as últimas entidades a serem adquiridas por grandes grupos, e que sua aquisição é representativa. Ambas instituições são tradicionais, o Cebrom com 23 anos e o ING com 50 anos de atuação, e foram compradas por grupos com ações negociadas em bolsa. O movimento não fica restrito a Goiás – é considerado que essas aquisições tiveram início em 2014, com a compra do Hospital da Unimed na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, pela Rede D’Or São Luiz. Desde então a companhia já acumulou 52 unidades sob sua administração.

O modelo de negócio tem se provado rentável. “Grandes redes conseguem comprar insumos mais baratos porque adquirem em grande quantidade; conseguem manejar recursos entre unidades com logística simplificada; oferecem preços melhores porque ganham na escala”, afirma Haikal Helou, presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg). “Enfim, aumentam a eficiência e diminuem custos. Dois grupos (Rede D’Or e Grupo Amil, fundado pelo já falecido médico paulista Edson Bueno) criaram a tendência que orienta o mercado hoje”. 

Haikal Helou lembra que o fenômeno de grandes grupos que vencem a concorrência ao “ganhar na escala” é antigo e bem estabelecido na área dos supermercados, farmácias, universidades, e outros. Além das duas recentes aquisições em Goiás, pode-se citar como evidência do novo momento as aquisições do Hospital São Mateus, pela Kora Saúde, no Ceará; do Hospital São Matheus e Anchieta, em Cuiabá e Brasília; do Hospital Madrecor de Minas Gerais pela Hapvida – todos estes apenas no último mês. 

“Há dez anos, tínhamos apenas dois grandes grupos no mercado”, comenta Haikal Helou. “Hoje são pelo menos dez. Fala-se em bolha especulativa, com a maré de aquisições e fusões. Ainda atravessamos um momento de consolidação, mas ao fim desse processo, provavelmente terminaremos com quatro ou cinco grupos dominando o mercado”.

Planos de saúde verticalizados

A JK Capital é uma consultoria de finanças corporativas especializada na assessoria de fusão e aquisição de empresas. Sócio da empresa, o paulista Luís Mazzarella Martins acompanha as movimentações no mercado goiano de saúde. “Temos uma tese para explicar o que está acontecendo”, afirma. Segundo Luís Martins, mais um fator que fundamenta a tendência atual tem a ver com uma mudança na forma como operam os planos de saúde.

Tradicionalmente, os planos de saúde atendem uma rede de hospitais e clínicas credenciadas. Nesse modelo, cada prestador de serviço na ponta do atendimento tem incentivos para aumentar seus gastos. As clínicas, que recebem dos planos de saúde, ganham mais se fizerem mais procedimentos, exames e cirurgias. Há uma tensão entre a fonte pagadora e os operadores. Essa situação leva à uma inflação do preço e de volume de procedimentos e insumos.

“No início dos anos 2000, o ticket médio dos planos de saúde era de R$ 80”, afirma Luís Martins. “Hoje, por conta da inflação médica, os planos de saúde custam na média nacional R$ 600, enquanto se o reajuste seguisse a inflação normal dos demais mercados esse número estaria mais próximo de R$ 400”. A situação criou uma pressão sobre os planos de saúde, que, segundo Luís Martins, acumulam déficits por beneficiário, já que as mensalidades apenas não são capazes de cobrir os custos dos sinistros. 

“Alguns planos de saúde perceberam que, controlando hospitais, era possível controlar melhor a demanda por procedimentos e conter despesas desnecessárias”, comenta Luís Martins. Começou então um movimento pela chamada verticalização, que possibilitou o surgimento de planos de saúde com custo médio de R$ 210. “Além de terem melhores preços, são planos mais agressivos e ágeis”.

O fator explica em parte o aquecimento do mercado. “Cresceu a procura por hospitais porque esses planos de saúde precisam ter a estrutura completa. Não basta mais cobrir apenas exames, é necessário ganhar espaço sobre outros planos de saúde em toda a cadeia”, afirma Luís Martins. O consultor lembra que há seis anos o número de beneficiários de planos de saúde está estável no país: são 50 milhões de brasileiros cobertos por seguros. “É por este número fixo de consumidores que todos os fornecedores competem, o que explica a agressividade dos prestadores do serviço.”

O presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Haikal Helou, afirma que, no modelo tradicional, os diretores do hospital têm de se sentar com os operadores dos planos de saúde e discutir a tabela de preços e procedimentos, os reajustes ano a ano, etc. “Isso não acontece nos planos de saúde verticalizados. Como controlam toda a cadeia, eles podem se equilibrar conforme a necessidade, sem precisar de um acordo com diretores ou votação entre sócios. O que eles decidem na segunda-feira, está feito na terça. Essa é uma vantagem administrativa e logística muito grande”.

Reorganização

O médico Clidenor Gomes Filho faz parte do corpo clínico da Maternidade Ela e é presidente do Comitê Estadual de Mortalidade Materna. O ginecologista e obstetra também coordena a formação do grupo chamado de G500, composto por cinco hospitais privados de Goiás. O valor de mercado dos membros do G500 é de R$ 1,2 bilhão. Clidenor Gomes Filho afirma que a junção das unidades é motivada exatamente pela chegada de empresas estrangeiras no mercado goiano. Para ele, o grupo é além de uma tentativa de fortalecimento, oportunidade para oferecer serviços de melhor qualidade.

“Especificamente esse grupo começou a trabalhar com essa ideia desde novembro de 2020, quando começamos a ter uma série de abordagens de empresas ou pessoas de fora querendo comprar os nossos hospitais. Em um primeiro momento demos um não, as empresas estão sólidas e pensamos porque não conversamos entre nós, percebemos a oportunidade de trabalhar em conjunto. O grupo está formado para superar desafios e conquistar novos aspectos da assistência e melhorar o atendimento ao cliente final”, explica Clidenor Gomes Filho. 

De acordo com o médico, uma empresa de consultoria está identificando as prioridades de  planejamento empresarial. O G500 prevê a ampliação de 30% da capacidade de leitos hospitalares privados, além de geração de empregos e a ampliação de recursos para capacitação. A previsão é que os investimentos totais ultrapassem R$ 100 milhões durante a integração dos hospitais. “Estamos na fase de identificação de quais são as prioridades, o que deve ser coberto primeiro. Atrás dessa expansão vão aparecer novas oportunidades de emprego e novos leitos, enfim, toda consequência da expansão”, destacou.

Apesar do momento de inquietação para os hospitais privados, Clidenor Gomes Filho afirma acreditar que o momento de reorganização dos serviços de saúde trará progresso. “Nós temos de nos adaptar, mas o resultado final será positivo para os consumidores e pacientes, que terão mais opções de serviços; bem como para os médicos e trabalhadores. É um processo benéfico, porque a concorrência nos obriga a nos aperfeiçoarmos”, reflete Clidenor Gomes Filho. 

Compõem  a operação a Ela Maternidade, Hospital dos Acidentados, Hospital da Criança, Hospital do Coração e Hospital Santa Mônica. Outros dois hospitais têm dialogado para integrarem com o G500.

O cenário que se desenha

Haikal Helou, presidente da Ahpaceg, afirma que o sucesso das operações pós-venda depende, em última instância, da compreensão dos grupos sobre a instituição que adquiriram. “Não se trata apenas de um prédio. Hospitais lidam com a vida das pessoas e, no caso do Hospital Neurológico, são 50 anos de história com um corpo clínico excelente – um patrimônio local. O grupo de Vitória entenderá isso e absorverá parte da cultura local?”

Sobre o panorama dos hospitais privados, Haikal Helou afirma que este momento pode ser um ponto de virada para a credibilidade das instituições: “Aqui em Goiás, sempre foi muito comum a busca de pessoas com condições por tratamento em clínicas privadas de São Paulo. Isso ainda acontece. Temos em Goiânia uma unidade do Hospital Israelita Albert Einstein, mas ainda ouvimos dos familiares do paciente ‘temos de tentar de tudo para salvá-lo’, o que significa contratar uma UTI aérea e ir para São Paulo. Temos excelentes profissionais e hospitais aqui, mas este é um fator cultural que só pode ser transformado com a confiança, que é imaterial.”

Para Haikal Helou, a nova cultura trazida pelos grupos que chegam agora pode ser o elemento que faltava para a consolidação dessa confiança. “Hospitais aceitavam condições ruins das operadoras de planos de saúde porque não tinham fôlego para sobreviver sem elas. Com essas grandes redes, é diferente: há assoalho para negociações. Veremos planos diferenciados, competição por qualidade, preços mais atraentes”.

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A procura pelo curso “Formação Lean Six Sigma Healthcare - nível White Belt”, oferecido gratuitamente pela Ahpaceg e Dorsal Gestão em Saúde, foi tão grande que as vagas se esgotaram rapidamente.

Diante do sucesso desta ação e para atender os profissionais que não conseguiram se inscrever, duas novas turmas foram abertas no domingo, 19 de setembro: A primeira turma terá aulas das 8 às 12 horas e a segunda, das 14 às 18 horas, na sede da Ahpaceg.

O curso será ministrado por Lucas Marques, que é black belt com mais de dez anos de experiência na aplicação da metodologia Lean 6 Sigma.

As vagas são limitadas e o curso é aberto exclusivamente a gestores, líderes e gestores do setor da qualidade de instituições associadas.

Para se inscrever, acesse: https://www.eventbrite.com.br/e/lean-six-sigma-healthcare-white-belt-goiania-tickets-169470722493

Quinta, 02 Setembro 2021 13:52

Congresso Goiano de Direito da Saúde: Participe!

Escrito por

DIREITO

 

O direito à saúde e os desafios do Sistema Único de Saúde pós-Covid, a eficácia da judicialização da saúde, a nova resolução do Conselho Federal de Medicina que trata da reprodução assistida e os desafios da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais e compliance na área da

saúde são alguns dos temas a serem debatidos no Congresso Goiano de Direito da Saúde, que acontecerá no dia 22 de setembro, das 9 às 18 horas, no formato online e ao vivo.

Promovido pela Comissão de Direito Médico, Sanitário e Defesa da Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil – Goiás e pela Escola Superior da Advocacia de Goiás, o evento é gratuito e aberto a todos os profissionais de saúde, advogados, juízes e demais profissionais que atuam no direito da saúde.

Para mais informações e inscrições: whatsapp (62) 99603 8701 ou www.oabgo.org.br/esa

curso lean

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A Ahpaceg e a Dorsal Gestão em Saúde vão ministrar gratuitamente o curso “Formação Lean Six Sigma Healthcare - nível White Belt”, que será aberto exclusivamente a gestores, líderes e gestores do setor da qualidade de instituições associadas.

O curso será ministrado por Lucas Marques, que é black belt com mais de dez anos de experiência na aplicação da metodologia Lean 6 Sigma.

Serão duas turmas no dia 18 de setembro. A primeira turma terá aulas das 8 às 12 horas e a segunda, das 14 às 18 horas, na sede da Ahpaceg.

Escolha a sua turma e se inscreva. Para se inscrever, acesse:
https://www.eventbrite.com/e/lean-six-sigma-healthcare-white-belt-goiania-tickets-168954859533

 

camera

Representante de 36 grandes instituições de saúde goianas, a Associação de Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) lamenta a aprovação do projeto de lei do deputado estadual Cairo Salim, que dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de câmeras de vídeo nos corredores, salas de atendimento de urgência e Unidades de Terapia Intensiva de hospitais públicos e privados.

Desde a apresentação do projeto, em 2019, a Associação vem alertando sobre a falta de eficácia desta medida para o aumento da segurança nos hospitais. Embora a maioria dos associados já conte com esses equipamentos em área com seu uso permitido, a Ahpaceg entende que a segurança nos ambientes de saúde depende de um conjunto de ações e o uso isolado de câmeras não é eficaz e ainda gera um grande problema ao desrespeitar a privacidade de pacientes e trabalhadores, ferindo, inclusive, uma lei federal em vigor, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).

A Associação, que sempre esteve aberta ao diálogo com o Congresso Nacional, a Assembleia Legislativa e Câmaras Municipais, e, neste caso, participou de uma audiência pública para debater o assunto, lamenta que parlamentares continuem apresentando e aprovando leis em desacordo com a realidade da população.

A sanção deste projeto também afrontaria um princípio básico da medicina, que é o sigilo médico, expondo nossos pacientes, e não teria o resultado pretendido pelos parlamentares. A Ahpaceg espera que o médico e governador Ronaldo Caiado reconheça a ineficácia da medida e não sancione a lei.

20 08 21 reunião enfermagem

 

O Comitê de Enfermagem da Ahpaceg, coordenado pela enfermeira e professora doutora Ahpaceg, Madalena Del Duqui, reuniu-se hoje, 20, na sede da Associação. O encontro entre os gestores de enfermagem das instituições associadas da Ahpaceg contou também com a participação de representantes do Conselho Regional de Enfermagem do Estado de Goiás (Coren-GO).

Eles conversaram e debateram com os gestores os desafios e perspectiva da enfermagem em Goiás. A reunião também foi marcada pela apresentação e a entrada no comitê dos gestores de enfermagem do Hospital Ortopédico de Ceres e do Hospital e Maternidade Nossa Senhora Aparecida, de Caldas Novas, instituições recém-filiadas à Ahpaceg

Outros assuntos em pauta foram propostas de capacitações para a Educação Continuada, o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde e os indicadores assistenciais da rede Ahpaceg. As reuniões do comitê acontecem periodicamente.

19 08 21 comite rh

 

Depois de um período de distanciamento, sem encontros presenciais, mas com muito trabalho remoto, o Comitê Técnico de Recursos Humanos/Gestão de Pessoas da Ahpaceg voltou a se reunir nesta quinta-feira, 19, na sede da Associação.

Formado por representantes da área de recursos humanos e de gestão de pessoas de instituições associadas da Ahpaceg e coordenado pela psicóloga Marina Guimarães, do associado Hospital Samaritano de Goiânia, o comitê debateu uma série de temas, como a renovação da parceria com ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) e todos hospitais da Ahpaceg.

A promoção de treinamentos, de um programa de desenvolvimento de líderes e fortalecimento do networking entre os RHs foram outros temas em pauta no encontro, que seguiu todos os protocolos de segurança para a prevenção da Covid-19.

Os participantes também debateram a realização de uma pesquisa salarial entre todos os associados e os impactos na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) na área de recursos humanos das instituições. “Abordamos como proceder nas contratações, divulgação de vagas, recebimento de currículos e uso de imagem, por exemplo”, conta Marina Guimarães.

3 11 08 21 reunião novos associados

 

A primeira reunião dos associados da Ahpaceg neste segundo semestre de 2021 foi marcada pela entrada de três novos membros na Associação. A partir de agora, o Hospital e Maternidade Nossa Senhora Aparecida, de Caldas Novas; o Ver Hospital de Olhos, de Goiânia; e o Hospital Ortopédico, de Ceres, unem-se aos 33 hospitais, bancos de sangue e clínicas de diagnóstico por imagem já representados pela Ahpaceg, que completa 18 anos em 2021.

Durante a reunião, realizada de forma híbrida, o presidente Haikal Helou deu as boas-vindas aos novos membros, que ingressam na condição de filiados e, após um ano e avaliação, poderão se tornar associados. O presidente fez um breve relato do trabalho da Ahpaceg, que nasceu da necessidade de um grupo de hospitais de alta complexidade de ampliar o diálogo com os seus fornecedores e compradores de serviços.

Hoje, 18 anos depois, já consolidada e uma referência na representatividade da área da saúde em Goiás, a Associação se prepara para novos desafios e novos projetos, que, em breve, serão lançados. “A Ahpaceg cresceu e está ampliado suas ações”, afirmou o presidente, que deixou claro que a Associação nunca visou o simples aumento de seu número de associados, mas, sim, agregar e reunir instituições com os mesmos objetivos, filosofia e que visam a qualidade e a segurança na assistência.

Sonho realizado

O médico ortopedista Adriano Alves de Meneses, do Hospital Ortopédico de Ceres, citou que o ingresso na Ahpaceg representa a realização de um sonho. “Estou certo que temos muito a aprender e compartilhar, levando experiências do interior à Associação, e trabalhando em conjunto pelo melhor para a saúde”, disse.

O médico oftalmologista André Luiz Sousa, do Ver Hospital de Olhos, também definiu a entrada na Ahpaceg como a realização de um sonho. “Estamos muito felizes”, disse. O mesmo sentimento foi compartilhado por Marcos Vinicius Gomes da Costa, gerente administrativo do Hospital e Maternidade Nossa Senhora Aparecida, cujo diretor Adolfo José Peres Eccheli também participou da reunião.

Para a Ahpaceg, é uma honra contar com esses três novos membros. Com a entrada deles, a Associação também amplia a sua área de atuação, passando a representar instituições de saúde privadas de Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Caldas Novas, Catalão, Ceres e Rio Verde.

FEHOESG CIRURGIA 29 08 20

JORNAL OPÇÃO

Aumento no valor de insumos e medicamentos na pandemia afeta hospitais em retomada das cirurgias eletivas

Por Isabel Oliveira

Segundo a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), houve um aumento nos gastos, mas não tiveram contrapartida da maioria das operadoras

O avanço da vacinação em estados e municípios espalhados pelo Brasil tem feito muitos gestores retomar as cirurgias eletivas, consideradas não urgentes ou que podem ser agendadas sem prejuízo aos pacientes, e que foram suspensas durante a pandemia da Covid-19. Mas, gestores de saúde temem o futuro devido ao aumento majoritário no valor de insumos e medicamentos. Para eles o momento ainda exige cautela.

O presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Haikal Helou, explica ao Jornal Opção, que houve um grande impacto com o represamento de cirurgias eletivas. “O nosso volume SUS é muito pequeno onde foi o maior impacto. Mas, ouve um impacto grande no Ipasgo, um acúmulo assim que foi suspensa a normativa que tinha obrigado a suspensão das eletivas. Essas cirurgias na maioria das vezes não são canceladas e sim adiadas, quando acaba essa suspensão a maioria volta e gera um acúmulo de serviços e um certo transtorno”, disse.

“Entendemos que a suspensão em certos casos muito específicos se fazem necessárias, mas, tem que haver uma discussão ampla em relação a isso para não gerar o problema que está gerando agora. Algumas cirurgias são chamadas de eletivas porque não coloca a vida do paciente em risco imediato, mas elas trazem dor, transtorno, perda funcional e algumas podem agravar colocando a vida do paciente em risco como não era no início”, alerta.

Segundo Haikal, as cirurgias mais comuns nos hospitais são colectomia, hernioplastia, herniorrafia, cirurgia ortopédica e cirurgias vasculares essas são segundo ele, as eletivas mais realizadas que acabaram sofrendo, principalmente cirurgia geral e ortopedia.

Aumento no preço de insumos e medicamentos

De acordo com o presidente Haikal Helou, houve um desbalanço em relação a insumos e medicamentos. “Houve um aumento grande do que nós gastamos  e não houve uma contrapartida da maioria das operadoras. Isso é um problema, temos hoje fornecedores que se recusam a fornecer para hospitais, porque a tabela não foi alterada e o custo dele aumentou e isso tem gerado transtorno”, afirma.

“Então coisas que não usávamos e que usamos agora como os EPIs, equipamento de proteção individual aumentou e mudou o conceito do que era é EPI. Antibióticos, relaxantes neuromusculares houve um aumento no consumo e no preço. Essas coisas liberaram um desbalanço econômico financeiro importante e não houve contrapartida da maioria das operadoras, na Unimed acertamos mas, nas outras tem muita pendência ainda. Isso gera um problema e tem hospital hoje pagando para trabalhar e essa situação não permanecerá assim por  muito tempo. Na expectativa de que tenha uma solução se não vier essa solução a situação tende a piorar”, diz.

Outro problema é a questão de pessoal e capacitação para o atendimento. “É um problema, porque perdemos pessoas. É tudo um novo treinamento, e tudo passou a ser potencialmente perigoso, é um momento tenso. Houve aumento de gasto em pessoal, em capacitação, em contratação, em afastamento. Nós ainda estamos analisando o tamanho do dano”, pontua.

Para Haikal não há dúvidas de que isso impacta nas cirurgias sem urgência. “Fica cheio de pacientes que não é da especialidade, porque a maioria dos hospitais são de especialidade cirúrgicos, com gastos de insumos, com a redução do que fazemos, porque o paciente eletivo também não quer ir ao hospital, eles têm medo de se contaminar no ambiente hospitalar, tanto que aumentou os óbitos por câncer. Houve uma diminuição do que o hospital fatura porque ele saiu do que é usual para atender outro, houve um aumento de custo, isso é uma tempestade perfeita”, ressalta.

Segundo o presidente do Ipasgo, Dr. Hélio José Lopes existe o mesmo problema com relação a majoração de preços. “Tanto dos insumos quanto dos medicamentos. Temos tentado negociar com nossa rede, porque o Ipasgo não compra medicamento, quem compra é a rede credenciada e o Ipasgo  tem uma tabela, pratica-se essa tabela, e quem é nosso credenciado que dá o atendimento e toda a aquisição desses insumos. Mas temos recebido muita  reclamação de que houve uma majoração muito grande e que eles não tem tido uma boa margem e lucro”, relata.

Regularização das filas cirúrgicas

De acordo com o representante da Ahpaceg, um aumento nas filas foi notado no Ipasgo durante o período. “Houve um aumento muito grande, principalmente, com relação ao Ipasgo, logo depois que voltou a realizar essas cirurgias eletivas. Acredito que tenha normalizado, mas nas primeiras duas ou três semanas teve um volume muito alto e muitos hospitais tem cota e isso gerou um problema, porque não podia dar razão a todas as cirurgias porque existiam cotas que limitavam o número de cirurgias, mas como ninguém tem queixado mais nos últimos dias eu imagino que tenha normalizado”, destaca Haikal.

O presidente do Ipasgo, Dr. Hélio José Lopes disse ao Opção, que no ano de 2020 no início da pandemia, quando houve a lotação total dos leitos, principalmente de UTI, para tratamento da Covid-19, as cirurgias eletivas foram suspensas. “Permanecemos com elas suspensas até 14 de agosto. A nossa maior demanda de cirurgias eletivas no ano passado eram bariátricas, nós chegamos a realizar 884 cirurgias bariátricas no ano de 2020. As demais não tivemos dificuldade nos hospitais credenciados, da rede do Ipasgo”, explica.

Segundo Dr. Hélio, na primeira onda da pandemia em 2020  houve um decréscimo muito grande a partir de outubro, e não viu dificuldade no atendimento as cirurgias. “Neste ano na segunda onda que aconteceu entre março e início de abril, nós tivemos no caso do Ipasgo especificamente, com lotação dos leitos de UTIs e foi necessário novamente suspender por portaria normativa as cirurgias eletivas. Quando chegou em 10 de maio já teve um decréscimo, e tivemos facilidade na colocação de pacientes em leitos de UTIs e  liberamos  as cirurgias eletivas e de lá pra cá não tivemos dificuldade na nossa rede credenciada”, afirma.

De acordo com o gestor, o Ipasgo hoje conta com 184 hospitais credenciados nos 246 municípios de Goiás. “Dentro do Instituto analisando o que vivenciamos no dia-a-dia nós não temos tido dificuldade. Não temos este número de que tem encontrado dificuldade de cirurgias eletivas, pelo contrário quando liberamos  em 10 de maio o paciente que estava previsto para setembro ou outubro, temos informações que a rede está fazendo antecipação dela, então posso afirmar que nós temos uma certa tranquilidade dentro do instituto com relação as cirurgias eletivas”, conclui.