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AHPACEG NA MÍDIA - Associação diz que há escassez, mas não falta
O POPULAR
Associação diz que há escassez, mas não falta
A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) diz que não há falta, mas escassez de alguns produtos hospitalares. A afirmação foi uma resposta ao questionamento da reportagem sobre quais os medicamentos que não estão disponíveis na rede privada.
Reportagem do POPULAR da edição desta quarta-feira (24) mostrou que há falta de sedativos e bloqueadores neuromusculares em unidades de terapia intensiva da rede pública, substâncias necessária para a entubação de pacientes graves com Covid-19. A substituição desses medicamentos por análogos de segunda linha tem consequências para a pessoa hospitalizada, como aumento do tempo de internação, segundo especialistas.
De acordo com a Ahpaceg, os hospitais associados sempre estão compartilhando informações sobre estoques entre as unidades. "A Associação também tem trabalhado junto a autoridades competentes para agilizar a importação destes medicamentos e evitar a falta. A Central de Compras da Ahpaceg trabalha de forma intensa, com a colaboração dos compradores das 33 instituições associadas, na cotação e aquisição destes produtos, o que aumenta o leque de oportunidades de compra", diz trecho de nota enviada para a reportagem.
A presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Franscine Leão, defende a suspensão de cirurgias eletivas, que não são de urgência e emergência, para diminuir a necessidade de sedação e reservar esta medicação para os pacientes internados com Covid-19.
Sobre a possibilidade de diminuir cirurgias eletivas para economizar estes medicamentos escassos, a Ahpaceg informou que o atendimento nos hospitais associados segue normal, com o monitoramento frequente dos gestores.
AHPACEG NA MÍDIA - Situação grave em cidades sem leitos municipais
Leitos rapidamente ocupados
Demanda cada vez maior por internação em UTI impede que poder público consiga ampliar oferta de vagas a ponto de fazer cair taxa de ocupação abaixo de 80% em Goiás e na capital
Desde o dia 1º de junho, a rede municipal de Goiânia conseguiu ampliar de 40 para 90 o número de leitos de UTI dedicados para Covid-19 e de dois para quatro o número de hospitais atendendo casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Entretanto, no mesmo período, o número de pessoas internadas em estado grave nestes leitos subiu de 31 para 77 só nestas unidades reguladas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Até a noite desta quarta-feira (24), o número de leitos de UTI foi só 8,7% maior do que de novas internações simultâneas.
Na rede estadual, o drama é similar. Dos 145 leitos de UTI disponíveis em 5 hospitais, 120 estavam preenchidos nesta quarta-feira, uma taxa de ocupação de 82%. Há uma semana, no mesmo dia em que o Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia havia chegado a sua capacidade máxima de oferta de UTI (70 leitos), a taxa estava em 60,5%.
A situação também está pior, mas em menor escala, em Aparecida, onde a ocupação dos leitos de UTI da rede municipal subiu de 22% para 48% e em Rio Verde, onde subiu de 30,7% para 36,9%. Em Anápolis, a taxa de ocupação dos leitos regulados pelo município subiu de 15,1% para 24,2%.
Na rede municipal de Goiânia, a titular da SMS, Fátima Mrue, garante que nenhum paciente que necessitou de um leito de UTI com suspeita ou confirmação de Covid-19 ficou mais de 24 horas esperando. Em entrevista ao POPULAR, a secretária destacou o sucesso da prefeitura em conseguir com hospitais particulares a ampliação de vagas.
Desde o dia 11, o Gastro Salustiano Hospital vem oferecendo de forma gradativa leitos de UTI até chegar ao total atual de 24. E desde esta quarta-feira, o Jacob Facuri passou a disponibilizar 12 leitos. Destes 36, entretanto, 30 já estavam ocupados. A SMS também está contratando mais 10 leitos com a Santa Casa de Misericórdia, que depende de conseguir equipe profissional para cuidar desta ala.
Na sexta-feira passada, foi publicado um edital de credenciamento de leitos para Covid-19 no qual a SMS se dispõe a pagar R$ 3 mil por vaga de UTI (94% a mais do que se paga por um leito comum do tipo) e R$ 1 mil por um de enfermaria (233% a mais). Fátima diz que já apareceram interessados e nos próximos dias alguns destes leitos já devem estar no sistema.
A superintendente de Regulação e Políticas de Saúde da pasta, Andréia Alcântara, diz que não houve fila nem mesmo quando todos os leitos de UTI ficaram lotados, na semana passada. "Nenhum paciente nosso ficou esperando", afirmou.
A situação é mais complexa no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), que oferece de 4 a 10 vagas de UTI (o número varia conforme o perfil das pessoas internadas). A unidade é a única a atender casos mais complexos envolvendo Covid-19, como pacientes que precisam de cirurgias, grávidas e pessoas que sofreram infarto ou acidente vascular cerebral (AVC) e está sofrendo com lotação diariamente desde o dia 10 de junho. Sem conseguir encontrar profissionais para ampliar mais 8 vagas no prédio antigo e nem equipamentos para os 78 leitos no prédio novo, o HC tem dependido de uma articulação da regulação municipal para conseguir atender novos pacientes que demandam seus serviços.
De acordo com Andréia, quando há necessidade de uma internação no HC, se observa a existência de algum paciente já internado que não demanda mais de serviços na unidade, como por exemplo alguém que já fez a cirurgia que precisava, para uma transferência intrahospitalar. A expectativa é que os leitos a serem abertos na Santa Casa atendam também este perfil.
Situação grave em cidades sem leitos municipais
Em cidades que não contam com leitos de UTI na rede municipal, a situação teria começado a se complicar na última semana. O Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin), regulado pelo Estado, está com as 6 vagas ofertadas lotadas desde o fim de semana e a prefeitura não tem leitos municipais para os casos mais graves. Para ampliar a capacidade de atendimento, o hospital criou duas vagas na chamada "sala vermelha", com equipamentos para pacientes em estado crítico, mas também estão ocupadas. Por ser regional, o Hutrin estava com pacientes de Campestre de Goiás, Goiânia, Bonfinópolis e Campo Limpo.
Em Senador Canedo, uma moradora de 48 anos com Covid-19 está há 2 dias aguardando uma vaga de UTI na rede estadual. O titular da SMS local, Thiago Moura, diz que há uma semana tem demorado mais para conseguir vagas em UTIs públicas, uma vez que Senador Canedo não conta com este tipo de atendimento. Na UPA onde a paciente se encontra, há uma "sala vermelha", com leitos equipados para fornecer um atendimento similar ao de uma UTI, segundo o secretário. "Estamos em contato diário com a secretaria estadual pedindo vagas."
Hospitais privados
Na rede particular, a situação não é diferente. A taxa de ocupação dos leitos de UTI dos hospitais filiados à Associação dos Hospitais de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) caiu de 69% para 65,6% em uma semana apenas porque nesta quarta-feira (24) as unidades conseguiram ampliar a oferta de 100 para 131 leitos de UTI. Já o total de internados subiu de 69 para 86, ou seja 14 a menos que o de novos leitos.
A Ahpaceg é a única entidade que monitora e compartilha os dados sobre internações por Covid-19 na rede particular. Desde o final de março divulga um boletim com informações.
Passados mais de 100 dias desde o primeiro caso de Covid-19 registrado em Goiás - estamos no 105º dia -, o poder público ainda não tem um número fechado de leitos de UTI ofertados por todos os municípios e pela rede particular. Isso porque é grande ainda o número de unidades hospitalares que não informam ou demoram para repassar os dados.
Na noite desta quarta-feira, por exemplo, dos 334 hospitais listados pela SES-GO 47 não haviam atualizaram as informações sobre internação em mais de 48 horas.
No site da pasta estadual, constava que ao menos 355 pessoas estavam em UTI por suspeita ou confirmação de Covid-19, mas este número costuma variar bastante durante o dia.
Perfil do paciente influencia espera
O superintendente de Ação Integrada à Saúde da SES-GO, Sandro Rodrigues, diz que os problemas em relação aos leitos de UTI não se resumem a vagas, mas também ao perfil das vagas. Por isso, muitas vezes pacientes com comorbidades específicas ou em situações específicas como gravidez e necessidades cirúrgicas demoram mais para encontrar um leito do que outros que apresentam um quadro mais simples.
"O que pode acontecer (para demorar a ter leito): principalmente se tem alguma outra comorbidade associada. Exemplo clássico: gestante com Covid pode precisar de centro cirúrgico. Único da questão das gestantes é o HC, que foi desenhado nesse sentido. Pessoa que tenha tido um infarto não pode internar em lugar sem suporte para doença cardíaca, vai prioritariamente para o HC", comentou.
Na rede estadual, dois hospitais estavam com as UTIs lotadas: o de Urgências de Trindade (Hutrin), com 6 leitos, e os 12 ofertados pelo Nars Faiad (particular), em Catalão. O HCamp de Porangatu estava com 66,7% de ocupação e o de Águas Lindas, com 60%. O HCamp de Goiânia, que chegou a ficar com 95,7% durante o dia, estava no começo da noite com 87%. Já o de Urgências de Anápolis (Huana) estava com 40% dos leitos ocupados no final da tarde, mas à noite, segundo o site da SES-GO, estava com apenas uma das 15 vagas disponíveis. Já o Hospital Regional de Luziânia (HRL) e o das Clínicas Dr. Serafim de Carvalho (Jataí) estavam com 40% de lotação na UTI para Covid-19. Com exceção do HCamp de Goiânia, a taxa de ocupação mesmo baixa nos outros hospitais não representa alívio às autoridades porque o total de vagas é pequeno. (Colaborou Thalys Alcântara)
CLIPPING AHPACEG 25/06/20
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Ministério anuncia novos critérios para caracterizar casos de covid-19
Covid-19: Goiás bate novo recorde com registro de 34 mortes em um dia
Estados não têm estoque de sedativos para casos graves
Ministério da Saúde afirma que número de casos de Covid-19 ainda não parou de subir
TCU aponta falhas no combate do governo federal à Covid-19
Telemedicina: "Em casa, recebi diagnóstico, tratamento e muita atenção"
Artigo - O uso off-label da cloroquina, da hidroxicloroquina e da dexametasona para o tratamento da covid-19
Hospitais foram muito além do álcool em gel
Anvisa libera 44% dos testes para Covid-19 no Brasil. Já são 206 no mercado
“As pessoas já estão nas ruas de forma clandestina”, diz secretária municipal da Saúde ao defender decisão de reabertura do comércio
Pacientes e profissionais da saúde reclamam da falta de testes para Covid-19 em Goiânia
Começam a faltar leitos de UTI para casos de Covid-19 em Goiás
Com baixo estoque de remédios para sedação, plano de saúde suspende cirurgias eletivas
Estudo mostra que Goiás é o estado com a maior taxa de transmissão do coronavírus no país
Associação diz que há escassez, mas não falta
Pandemia afasta 479 mil do trabalho em Goiás
Leitos rapidamente ocupados
Goiás tem média de quatro mortes por dia
Pró-reitor conta como venceu a Covid
AGÊNCIA BRASIL
Ministério anuncia novos critérios para caracterizar casos de covid-19
Novas medidas vão além de exames laboratoriais
Brasília - O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (24/6) novos critérios para a caracterização dos casos de covid-19, indo além dos exames laboratoriais já adotados. Agora serão diagnosticados como infectados com o novo coronavírus também quem se enquadrar nas seguintes situações:
– Paciente com síndrome gripal (SG) ou síndrome respiratória aguda grave (SRAG) com contato próximo ou domiciliar com alguém confirmado com teste laboratorial;
– Casos ou mortes por SG e SRAG que não houve confirmação ou descarte da possibilidade de infecção por teste laboratorial e que tenham determinadas alterações mostradas nas tomografias;
- Pessoas com SG ou SRAG associados à perda de gosto ou olfato sem que estes sintomas tenham outra causa pregressa;
– Pessoas assintomáticas que tenham tido teste laboratorial positivo ou exame imunológico pelo método ELISA ou detecção de anticorpos.
De acordo com a equipe do ministério, esses novos critérios vão facilitar o diagnóstico e as consequentes medidas de prevenção e mitigação da transmissão do vírus sem a necessidade da testagem.
“Eu tenho parâmetro clínico para confirmar. Não é excludente com exames. É um somatório de coisas que ajudam o manejo clínico laboratorial do paciente com síndrome gripal com perspectiva da covid-19”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros.
O Ministério da Saúde relançou o programa de testagem batizado de Diagnosticar para Cuidar. A iniciativa havia sido anunciada pelo órgão em maio, quando ainda havia dificuldade para adquirir insumos para os testes.
A meta de exames continua na casa dos 46 milhões de unidades, estimando cobrir 22% da população brasileira. Destes, 24,5 milhões devem ser na modalidade laboratorial (chamada tecnicamente de RT-PCR). Esta tem como finalidade realizar o diagnóstico e é aplicada em pacientes até oito dias após a manifestação dos primeiros sintomas.
Até o momento, 11,5 milhões de kits deste exame já foram recebidos pelo órgão. Destes, 3,8 milhões foram distribuídos aos laboratórios definidos para analisar as amostras. Até o momento, 860 mil testes foram realizados. O secretário de Vigilância em Saúde justificou a diferença entre as unidades recebidas pelo Ministério da Saúde e as efetivamente executadas pelas dificuldades de abastecimento dos insumos.
“Tivemos alguns problemas ao longo do programa, inclusive de oferta de insumos. Houve época que não tínhamos disponibilidade de tubos por conta do próprio processo da demanda mundial com relação a isso. Havia outra questão que era capacitação tecnológica dos laboratórios em fazer a testagem molecular. Fomos vencendo etapas e hoje temos condições de avançarmos nesta testagem para nossa população”, declarou.
Da meta de 46,5 milhões de testes do programa do ministério, 22 milhões serão no formato sorológico, também conhecidos como testes rápidos. Estes têm finalidade de auxiliar na vigilância em saúde e captam os anticorpos no paciente a partir do oitavo dia da manifestação dos sintomas. De acordo com o Ministério da Saúde, até o momento foram distribuídas 10 milhões de unidades, com 1,5 milhão já processadas.
O intuito da equipe do Ministério da Saúde é que o programa de testagem auxilie a estratégia de identificação de casos neste contexto de interiorização da pandemia.
“Na perspectiva de que nas últimas semanas a gente via que a doença caminhava para o interior, existe uma população brasileira que está nos municípios que precisa ser assistida e diagnosticada nesta fase em que temos quantitativo pequeno de número de casos podemos cuidar fazendo este diagnóstico”, disse Medeiros.
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A REDAÇÃO
Covid-19: Goiás bate novo recorde com registro de 34 mortes em um dia
Adriana Marinelli
Goiânia - Com 34 registros de mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, Goiás bateu recorde de óbitos pela doença em um único dia. É o que aponta boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) na tarde desta quarta-feira (24/6). O total de mortes no Estado chega a 363.
Com 1.297 novos registros do novo coronavírus entre ontem e hoje, Goiás chega à marca de 18.926 casos confirmados.
No Estado, há 49.451 casos suspeitos em investigação. Outros 25.368 já foram descartados. O número de curados não foi informado.
Além dos 363 óbitos confirmados de covid-19 em Goiás até o momento, há 44 óbitos suspeitos que estão em investigação. Já foram descartadas 388 mortes suspeitas nos municípios goianos.
Para conferir os detalhes dos casos e óbitos confirmados, suspeitos e descartados, acesse o painel Covid-19 do Governo de Goiás por meio do link: https://extranet.saude.go.gov.br/pentaho/api/repos/:coronavirus:paineis:painel.wcdf/generatedContent
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O GLOBO
Estados não têm estoque de sedativos para casos graves
Em 22 unidades da federação não há reservas de ao menos uma das drogas essenciais para tratar Covid-19, apontam secretarias
Em 22 unidades da Federação há estoques zerados de ao menos um sedativo usado em pacientes de Covid-19 que precisam de intubação. O levantamento é do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que discutiu o tema em audiência na Câmara, ontem.
A reunião teve momentos tensos, com questionamentos sobre os reais motivos do desabastecimento. Enquanto representantes da indústria apontavam escassez de insumos no mundo, parlamentares retrucavam. Foi levantada a hipótese de represamento dos produtos por distribuidores e prática de sobrepreço.
O estudo levou em conta uma lista de 22 remédios considerados essenciais para o procedimento de intubação feito em pacientes graves. Mato Grosso tem a maior quantidade de tipos de medicamento em falta: 13. No Maranhão e no Ceará, há escassez de 12 produtos.
No caso de remédios que ainda não acabaram, os estoques estão baixos. Há 23 unidades da Federação com medicamentos que duram dez dias no máximo. O Amapá tem situação emblemática: dos 22 remédios listados, 11 estão em falta e 11 têm estoques de dez dias ou menos. Sem eles, as equipes ficam impossibilitadas de fazer a intubação para salvar vidas.
Também há casos no Sudeste. Na Santa Casa de Araraquara, no interior de São Paulo, o estoque de sedativos, analgésicos e relaxantes neuromusculares deve durar apenas dez dias. São ao menos 15 drogas.
Heber Dobis, consultor de assistência farmacêutica do Conass, cobrou mais agilidade do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na compra e distribuição dos remédios. Os órgãos estudam acionar o mercado internacional para fazer uma aquisição emergencial e reforçar as compras na indústria nacional.
Segundo Dobis, de 20 secretarias que tentaram abrir processos nos últimos meses para comprar as drogas, em 13 não houve interessados em fornecer ou os requisitos não foram atendidos. Há também 18 estados que, segundo ele, têm aquisições abertas com atraso na entrega.
Assessor especial da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, Alessandro Glauco afirmou que aguarda parecer da Anvisa sobre regularidade de compra a ser feita por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Outra ação é uma ata de registro de preços que, segundo ele, deve estar publicada em três semanas no máximo. O objetivo é centralizar o processo para que os estados possam aderir à licitação e fazer suas compras.
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Ministério da Saúde afirma que número de casos de Covid-19 ainda não parou de subir
Na semana passada, técnicos disseram que doença estaria se aproximando do chamando 'platô'. Mas, nesta quarta (24), mudaram o discurso.
Nesta quarta-feira (24), técnicos do Ministério da Saúde confirmaram um aumento expressivo da doença no país. Foi mais uma entrevista sem a presença do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello.
Na semana passada, os técnicos disseram que a doença estaria se aproximando de uma situação de estabilidade, o chamado platô. Mas, nesta quarta, mudaram o discurso e afirmaram que o número de novos casos voltou a acelerar.
"A gente tinha falado na semana anterior que parecia que a curva tenderia a uma certa estabilização ou uma diminuição nos números de casos, a gente vê que, nesta semana, nós tivemos um aumento significativo de casos novos, entre a semana 24ª e a 25ª, comparando também o número de casos novos por semana epidemiológica com os principais países do mundo, como Estados Unidos, Rússia, Índia, Reino Unido, Peru e Itália. Nesse caso, a gente viu número de evolução de óbitos que, de novo, a gente tinha, até a semana 24, nos parecia que havia um platô, por assim dizer, um platô com relação ao crescimento dos números de óbitos.
Houve um aumento nesta semana, entre a 24ª e a 25ª, mas, quando você compara a inclinação do crescimento de casos novos com o crescimento do número de óbitos entre a 24ª e a 25ª, a gente verifica que, na verdade, o número de óbitos foi, graças a Deus e a todo esforço dos profissionais, muito menor em termos de inclinação, de agressividade quando compara com o número de novos casos confirmados de Covid", afirma Arnaldo Correia, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
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PORTAL UOL
TCU aponta falhas no combate do governo federal à Covid-19
SÃO PAULO (Reuters) - O Tribunal de Contas das União (TCU) apresentou nesta quarta-feira um relatório apontando falhas na governança e na política de comunicação do governo federal no combate à pandemia da Covid-19.
Segundo o documento, após entrevistas com representantes do Centro de Coordenação de Operações do Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19 (CCOP) e de respostas a informações pedidas, o TCU observou a ausência de diretriz estratégica de combate à disseminação e ao tratamento mais adequado para a doença, "como denota a saída de dois ministros da Saúde num intervalo de um mês, durante a maior pandemia deste século".
Dentre as fragilidades apontadas pelo relatório na estratégia do governo está a falta de critérios técnicos para priorizar as regiões mais necessitadas na construção de hospitais de campanha.
Como consequência, o TCU considerou que isso pode levar ao surgimento de planos locais de Estados e municípios, que "podem estabelecer cursos de ação não socialmente ótimos, como o superdimensionamento nas compras de equipamentos para combate à Covid-19, a construção de hospitais de campanha sem dados demográficos e sanitários que a embase e o decretamento do isolamento social além ou aquém do estritamente necessário", aponta o TCU.
O relatório cita ainda que pela "ausência de representantes permanentes de áreas da medicina e da ciência no Comitê de Crise da Covid-19 e da não participação de especialistas dessas áreas em reuniões específicas do Comitê (...) poderão ser adotadas decisões não baseadas em questões médicas e científicas resultando em baixa efetividade das medidas adotadas de prevenção e combate à pandemia, desperdícios de recursos públicos e aumento de infecções e mortes".
Assim, o TCU conclui por alertar à Casa Civil que essas fragilidades podem comprometer os custos e os resultados do enfrentamento à pandemia.
O Ministério da Saúde informou nesta noite o segundo maior número de casos diários do novo coronavírus desde o início da pandemia e que o número de óbitos pela doença atingiu 53.85 mil, sendo o segundo país com maior número de casos e mortes devido ao vírus, atrás apenas dos Estados Unidos.
Questionado sobre o relatório do TCU, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, afirmou que não consegue "enxergar onde exista essa ausência de profissionais de saúde".
Segundo ele, "o ministério é composto por um corpo de técnicos de excelente qualidade técnica, de reconhecimento nacional e internacional".
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Telemedicina: "Em casa, recebi diagnóstico, tratamento e muita atenção"
Depois de uma noite mal dormida, com vômito e enjoo, a pedagoga Lenir Aparecida Rodrigues Cordeiro, 64 anos, amanheceu com dor de garganta. Como está no grupo de risco da covid-19, ela ficou com medo de ir até um hospital e se expor ao novo coronavírus. Então, decidiu usar um serviço de telemedicina que uma amiga havia compartilhado em um grupo no Whatsapp.
"Mandei mensagem na sexta-feira e, na segunda, já estava com a minha consulta agendada. Eu sentia dificuldade para comer. Era como se eu engolisse a comida e ela parasse no peito. O médico foi superatencioso e fez uma série de perguntas. Recebi o diagnóstico de esofagite, ele passou um medicamento e, desde então, estou bem melhor", conta Lenir.
Regulamenta pelo Ministério da Saúde devido à pandemia, a telemedicina tem sido importante para reduzir o número de pessoas que buscam atendimento em hospitais e clínicas, se expondo ao coronavírus. Com isso, nos últimos meses surgiram muitas ferramentas que oferecem serviços de saúde online --algumas delas acessíveis para grande parte da população.
No início de junho, por exemplo, o UOL lançou o UOL Med. Com planos a partir de R$ 12,90 por mês, além de descontos em medicamentes, consultas presenciais e exames clínicos com preços bastante acessíveis, o UOL Med oferece consultas por vídeo, garantindo segurança durante a pandemia.
Outra ferramenta criada este ano é a Nilo Saúde, usada por Lenir para descobrir a causa de sua dor de garganta. Focada na saúde da população acima de 50 anos, a plataforma foi lançada em janeiro mas, durante a quarentena, passou a oferecer acompanhamento médico e psicológico gratuito.
Uma opção importante nesse momento de isolamento, em que muitas pessoas estão com a saúde mental abalada.
Sozinha em seu apartamento por conta da pandemia, Lenir estava se sentindo especialmente solitária porque ia comemorar seu aniversário longe das amigas. Por isso, também iniciou o acompanhamento psicológico à distância.
"A psicóloga foi supersensível, me deu várias ideias para comemorar a data e sugeriu fazer uma festa por videoconferência. E foi ótimo! No dia do meu aniversário, inclusive, ela e o médico que me atenderam enviaram um vídeo de parabéns. Fiquei superemocionada com esse carinho", conta Lenir.
Segundo Victor Marcondes, um dos fundadores da Nilo, mesmo em pouco tempo, o atendimento online já se mostrou eficaz para o tratamento de sintomas físicos, como dores, e psicológicos, como ansiedade, tristeza e estresse. "A telemedicina é aliada nesse momento em que cuidar da saúde física e mental deve ser prioridade", diz Marcondes.
Telemedicina não só para covid-19
Os sintomas não precisam estar diretamente relacionados com o novo coronavírus para uma pessoa receber teleatendimento, como foi o caso de Lenir. Ela nunca tinha feito consultas online e gostou da experiência, tanto pela atenção que recebeu do médico como da comodidade de não ter de sair de casa, enfrentar trânsito, perder tempo aguardando na recepção etc.
"O médico fez a consulta com muita calma e atenção. Fiquei mais de 40 minutos conversando com ele. E não precisei me deslocar. Faço acompanhamento com muitos médicos e às vezes preciso ficar embaixo do prédio, por não ter espaço na sala de espera. Acho que as consultas virtuais são uma excelente opção", afirma.
A médica Denise Gobo, psiquiatra e membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), concorda. Ela começou a atender via telemedicina desde a regulamentação do atendimento remoto e afirma que a interação à distância tem sido positiva.
"Achei que os pacientes fossem estranhar um pouco porque, na psiquiatria, você precisa de um ambiente acolhedor para poder falar sobre suas feridas e angústias. Mas agora atendo pacientes do Norte e Nordeste, que antes precisavam vir até São Paulo para ter tratamento. A pandemia fez a medicina evoluir", acredita.
Obviamente, existem entraves. Segundo Gobo, eles surgem principalmente em especialidades em que o toque é fundamental para confirmar alguns diagnósticos --como dermatologia, ginecologia e ortopedia. Porém, nesses casos, o paciente pode fazer uma triagem online e, se o médico achar necessário, vai solicitar uma consulta presencial.
"Idosos também podem ter eventuais dificuldades com a telemedicina, pois muitas vezes possuem alguma dificuldade auditiva ou cognitiva para o entendimento de algumas perguntas, por exemplo. Por isso, é preciso avaliar cada atendimento caso a caso", afirma Gobo.
Entenda os serviços de telemedicina
A Resolução nº 2.227/18 do CFM (Conselho Federal de Medicina) define a telemedicina como o exercício da medicina, mediado por tecnologias para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças, lesões e promoção da saúde. A conversa entre o profissional da saúde e o paciente pode ser em tempo real (síncrona) ou não (atendimento assíncrono).
Entre as possibilidades de atendimento à distância estão:
Teleconsulta É a consulta médica remota. Deve ser feita com a presença do profissional da saúde e do paciente. Em casos que exigem longo acompanhamento ou de doenças crônicas (como diabetes), é recomendado que seja feita uma consulta presencial em intervalos não maiores que 120 dias.Teletriagem O médico avalia os sintomas e direciona o paciente para um especialista ou assistência mais adequada (consulta presencial, por exemplo).
Na teletriagem não há diagnóstico da doença.Telemonitoramento É o acompanhamento à distância de um paciente em tratamento, feito pelo médico com base em resultados de exames solicitados, dispositivos de monitoramento (um termômetro, por exemplo) ou avaliação de sintomas. Tudo pode ser feito sem a necessidade do paciente se deslocar até a unidade de saúde.
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O ESTADO DE S.PAULO
Artigo - O uso off-label da cloroquina, da hidroxicloroquina e da dexametasona para o tratamento da covid-19
Há poucos dias, pesquisadores da Universidade de Oxford divulgaram os resultados de estudo clínico realizado com mais de 6.000 pacientes, que indicaram a eficácia do corticoide dexametasona na redução da mortalidade de pacientes de covid-19 que se encontrassem em ventilação mecânica. A notícia, inegavelmente positiva, trouxe novamente à tona a seguinte questão:
Diante de estudos promissores, estariam os médicos autorizados (ou mesmo obrigados) a prescrever a dexametasona (assim como a cloroquina e a hidroxicloroquina) a pacientes de covid-19, antes mesmo da sua aprovação pelas autoridades reguladoras?
É evidente que, diante do atual momento de pandemia - envolvendo doença para qual não existe vacina ou medicamento aprovado por qualquer autoridade reguladora do mundo -, a questão chama mais atenção. Contudo, a utilização de medicamentos consagrados para novas indicações terapêuticas, ainda não aprovadas, não é algo novo . É tema que as comunidades médica, regulatória e jurídica enfrentam há muito tempo.
Salvo em situações excepcionais, para que um medicamento possa ser comercializado e dispensado no Brasil, é necessário que ele seja registrado perante a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O registro sanitário indica a segurança e a eficácia de um medicamento para indicações terapêuticas específicas , constantes da bula do produto e comprovadas por estudos clínicos robustos.
Com o passar do tempo, contudo, é possível que a comunidade científica identifique novas indicações para um medicamento já registrado (seja por meio de estudos científicos, seja pela própria experiência clínica). A utilização de um medicamento já registrado, para indicações não constantes de sua bula, é popularmente conhecida pela expressão "uso off-label". A expressão decorre do termo em inglês para rótulo/bula ( label ): se estiver indicado no rótulo/bula, o uso é considerado " on-label "; se não estiver indicado no rótulo/bula, o uso é considerado " off-label ".
É nesse contexto que se inserem os casos da cloroquina, da hidroxicloroquina e, agora, da dexametasona . Apesar do destaque que tem sido conferido ao tema - de todo justificável, diante do grave cenário de pandemia -, do ponto de vista médico, regulatório e jurídico, está-se diante de algo já bastante conhecido: o "uso off-label" de medicamentos. Mas o que diz a legislação/regulamentação sobre o tema?
Não há lei que autorize ou vede expressamente o uso off-label no Brasil . Por esse motivo, a interpretação historicamente conferida ao tema parte de quatro pilares : (i) a legislação sobre registro e publicidade de medicamentos; (ii) o posicionamento da Anvisa; (iii) o posicionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), e (iv) as normas de autorregulamentação do setor farmacêutico.
Embora vedem a publicidade do uso off-label , tais dispositivos autorizam o seu uso racional , desde que amparado em evidências científicas , sob responsabilidade do médico e mediante consentimento esclarecido do paciente.
Isso quer dizer que uma indústria farmacêutica que tenha descoberto um novo uso para seu medicamento, não pode promover ativamente esse uso até que ele seja aprovado pela Anvisa. Contudo, o médico que tiver conhecimento dessa descoberta poderá avaliar as evidências científicas disponíveis (os resultados dos estudos clínicos são publicados em revistas científicas de ampla circulação) e, caso esteja convencido, prescrever o medicamento ao seu paciente . Como essa nova descoberta ainda não foi validada pela Anvisa - tratando-se, ao menos formalmente, de tratamento experimental - exige-se que o médico discuta essa alternativa com o paciente (que tem o direito de participar das decisões relacionadas ao seu tratamento, sabendo dos potenciais benefícios e dos riscos envolvidos ) .
Nesse sentido, por exemplo, já se posicionava a Assessoria Jurídica do CFM em 2013, por ocasião do Despacho SEJUR nº 482/2013 que assim dizia: " o uso OFF LABEL de material/medicamento ocorre por uma indicação médica pontual e específica, em desconformidade com a bula e sob o risco e responsabilidade do profissional que a indicou ". E o CFM ia ainda mais longe, ao afirmar que não seria " cabível a edição de uma norma geral pelo CFM para tratar de uso OFF LABEL de medicamentos/materiais, pois esta Autarquia Federal estaria disciplinando de forma genérica situações que são específicas e casuísticas, as vezes até mesmo sem comprovação científica ".
Mas se o tema é tão estabelecido, a pergunta que fica é a seguinte: qual o efetivo valor do recente posicionamento do CFM acerca da cloroquina , da hidroxicloroquina e da dexametasona ? Muda alguma coisa com relação ao cenário anterior?
As notas emitidas pelo CFM acerca da cloroquina , da hidroxicloroquina e da dexametasona, pouco acrescentam ao cenário jurídico-regulatório, já bastante sedimentado, acerca do uso off-label de medicamentos . Simplesmente reforçam que o uso off-label não seria proibido , desde que mediante avaliação das evidências científicas disponíveis e consentimento esclarecido do paciente . É exatamente isso que dizem o Parecer CFM nº 4/2020 (e demais declarações do órgão sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina ) e o Parecer emitido pelo CFM em 18.6.2020 (acerca do uso da dexametasona ).
No entanto, diante da grave pandemia enfrentada pelo país, os pareceres do CFM possuem o valor de conferir à comunidade médica a segurança necessária para atuar no melhor interesse de seus pacientes , afastando o risco de questionamento futuro pela adoção de condutas experimentais que, eventualmente, vierem a se provar ineficazes .
Por força do artigo 2º da Lei nº 3.268/1957, o CFM possui competência para regular eticamente a medicina, cabendo-lhe " zelar e trabalhar por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão ". E é exatamente no limite dessa competência legal que o CFM editou seus pareceres, indicando claramente aos médicos brasileiros que a prescrição de cloroquina , hidroxicloroquina e dexametasona , durante a pandemia da covid-19, ainda que amparadas em estudos científicos preliminares , não será considerada violação ético-profissional . Sem prejuízo, o CFM aponta para a " extrema relevância " de se manter o " constante acompanhamento dos resultados dos estudos com medicamentos", a fim de "atualizar, periodicamente, as recomendações sobre o tratamento da covid-19 ".
Frise-se: o CFM atua no limite de sua competência legal, pois não cabe a ele avaliar a eficácia e a segurança de um medicamento . Na maior parte dos casos, o CFM sequer tem (ou busca) acesso aos volumosos dossiês científicos que comprovam a eficácia e segurança de um medicamento . Mais do que isso, como tem atuação extremamente abrangente, os comitês deliberativos do CFM não costumam concentrar os maiores experts nos diversos ramos da medicina. Por isso, os pareceres tecnicamente mais profundos acerca da eficácia de medicamentos são, via de regra, exarados pelas Sociedades e Associações Médicas especializadas ( p.ex. , no caso da covid-19, a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, dentre outras), porque é nelas que se concentram os profissionais com mais elevado grau de conhecimento em seus ramos de atuação.
Por força da Lei nº 6.360/1976 e da Lei nº 9.782/1999, a avaliação da eficácia e segurança de um medicamento é de competência exclusiva da Anvisa : são os técnicos da Anvisa - e apenas eles - que devem analisar os dossiês de registro e pós-registro de medicamentos, a fim de determinar se há evidências científicas robustas que suportem a aprovação genérica (e não " caso a caso" ) do medicamento para o tratamento de determinada enfermidade.
Se a regularidade, forma e consequências do uso off-label de medicamentos é algo já bastante estabelecido - notadamente no âmbito da Anvisa e do CFM, cada qual nos limites de sua competência legal - resta entender o papel do Ministério da Saúde, e a celeuma criada pelo órgão em torno de uma recomendação geral quanto ao uso da cloroquina e da hidroxicloroquina .
De acordo com o artigo 9º da Lei nº 8.080/1990, cabe ao Ministério da Saúde a direção federal do Sistema Único de Saúde (SUS). Nessa condição, incumbe ao Ministério da Saúde determinar os protocolos clínicos que deverão ser seguidos no âmbito do SUS - e, assim, os medicamentos que poderão ser dispensados mediante custeio público .
A constituição de protocolos clínicos , assim como a incorporação de novos medicamentos à rede pública de saúde, são procedimentos administrativos formais e complexos , conduzidos pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), órgão do Ministério da Saúde, com o objetivo de avaliar científica e economicamente os candidatos à incorporação. No caso de incorporação de medicamentos, cabe à Conitec: (i) averiguar se o produto teve eficácia e segurança aprovadas pela Anvisa, para a indicação terapêutica pretendida; e (ii) apurar se a incorporação do produto representa ganhos (clínicos e econômicos) ao sistema público, quando comparado aos produtos já disponibilizados pelo SUS.
Como regra geral , a Lei nº 8.080/1990 e a Portaria SAS/MS nº 375/2009 determinam que os medicamentos sujeitos ao processo de incorporação, pela Conitec, sejam registrados perante a Anvisa para a indicação pretendida . Há, no entanto, duas hipóteses para dispensação excepcional de produtos para uso off-label, no âmbito do SUS : (i) para o cumprimento de ordem judicial ; ou (ii) mediante autorização expressa da Anvisa , após solicitação da Conitec (artigo 21 do Decreto nº 8.077/2013).
A celeuma provocada pelo Ministério da Saúde quanto ao uso da cloroquina e da hidroxicloroquina , portanto, teve como pano de fundo, única e exclusivamente, a possibilidade de custeio dos referidos medicamentos pelo Poder Público . Foi para resolver esse entrave que, em 20.5.2020, o Ministério da Saúde publicou a Nota Informativa nº 9/2020, autorizando amplamente o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no âmbito do SUS.
É bem verdade que, dadas as pressões políticas que envolviam o tema, o Ministério da Saúde não parece ter se atentado para qualquer das formalidades (ainda que bastante simplificadas) previstas pelo artigo 21 do Decreto Lei nº 8.077/2013 para a incorporação de medicamentos para uso off-label . Até onde se sabe, não houve qualquer processo administrativo minimamente documentado, qualquer análise técnica dos produtos, nem participação da Conitec, ou ainda autorização da Anvisa para a incorporação excepcional. Ao menos em tese, essas omissões poderiam, se confirmadas, representar irregularidades procedimentais (e, eventualmente, até improbidade administrativa ), razão pela qual foram objeto de questionamento pelo Ministério Público Federal ao Ministério da Saúde (Ofício nº 80/2020/CNF/GIAC-COVID19). Até o momento, não há notícia de resposta.
Fato é que, como já era de se esperar, a Nota Informativa Nº 9/2020 não alterou, em absolutamente nada , a vida dos milhares de médicos do sistema privado de saúde, além de muito pouco impactar a vida dos médicos do sistema público (se já podiam prescrever, segundo sua autonomia profissional, a cloroquina e a hidroxicloroquina aos seus pacientes, ficaram mais tranquilos de que não seriam alvo de sindicância por prescreverem medicamentos incorporados ao SUS). Qualquer instrução oriunda do Ministério da Saúde acerca da regularidade, forma e consequências do uso (ou não uso) off-label da cloroquina e da hidroxicloroquina, seria absolutamente ilegal e ineficaz.
Curiosamente, o debate acalorado que cercou a cloroquina e a hidroxicloroquina não se repetiu no recentíssimo caso da dexametasona . Embora se trate de situação bastante semelhante (uso off-label de medicamento, com base em estudos científicos bastante preliminares, ante as particularidades da pandemia da covid-19), notícias publicadas nos últimos dias dão conta de que a dexametasona já estaria sendo amplamente utilizada nos hospitais brasileiros, particulares e públicos, sem qualquer necessidade de pronunciamento oficial do Ministério da Saúde a esse respeito.
O tratamento diferenciado que foi conferido pelo Ministério da Saúde à cloroquina e à hidroxicloroquina - com base em estudos clínicos amplamente questionados pela comunidade científica e em evidências científicas interpretadas com extrema cautela pela Organização Mundial de Saúde - sugere motivações que extrapolam o universo médico, regulatório e jurídico. Mas, como dizia José Saramago, " de que adianta falar de motivos? Às vezes, basta um só. Às vezes, nem juntando todos ".
*Rubens Granja, sócio de Kestener, Granja e Vieira Advogados; Tatiana Gualberto Kascher, advogada de Kestener, Granja e Vieira Advogados
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Hospitais foram muito além do álcool em gel
Os hospitais, mesmo com ambientes de maior assepsia e acostumados a lidar com situações de risco, adotaram uma rotina diferente para evitar a propagação da covid-19. Foram mudanças que foram além da higienização dos ambientes e da distribuição de equipamentos de proteção individual.
A adoção rápida de um comitê de crise pelo Grupo Oncoclínicas e da opção de "pecar pelo excesso", nas palavras do presidente do Conselho de Administração, o médico Bruno Ferrari, deu resultado. Além da distribuição de máscaras e luvas para profissionais, desde o início da crise o grupo reduziu a densidade de pessoas nas suas 67 unidades focadas no atendimento a pacientes com câncer. A telemedicina, que era um projeto do grupo, foi rapidamente adotada após a autorização pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Sobre o colapso no sistema público de saúde, o médico vê o tema como um alerta para que ele tenha mais atenção. "A história de leitos de UTIs lotados em hospitais públicos não é nova, mas a pandemia a torna mais grave. Nunca se viu tanto a necessidade de investir em saúde. E fundamental dar atenção ao SUS."
A Superintendente de Responsabilidade Social do Hospital Sírio-Libanês, Vânia Bezerra, tem a mesma visão e afirma que "o gigante acordou" se referindo à necessidade de investir no SUS. O Sírio-Libanês integra o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, que visa transferir conhecimento em gestão, capacitação de profissionais e assistência especializada. Um ganho para a rede pública, depois da pandemia, segundo Vânia, é o uso da telemedicina. O hospital já atendia postos de saúde do SUS de forma remota em cinco cidades. "Na pandemia passamos a fazer telemedicina médico-paciente também no Recife e vamos aos poucos para as demais praças. São médicos do Sírio atendendo pacientes SUS."
O uso maior da tecnologia é um legado da pandemia também na opinião do cirurgião e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Sidney Klajner. "A telemedicina que nós disponibilizamos para os médicos que atuam de forma autônoma teve 7 mil atendimentos entre o fim do mês abril e o início de maio."
De acordo com Klajner, a estratégia do Einstein de separar totalmente o atendimento dos pacientes com covid-19 daqueles que procuram o hospital por outros motivos tem dado bons frutos. "Cada paciente que passou a frequentar o hospital acabou se tornando um comunicador da segurança que sentiu desde a chegada, porque o próprio estacionamento mudou o processo." Desde os elevadores até as equipes e salas cirúrgicas são totalmente distintas, diz Klajner. Com isso, o nível de internação, que era de quase 90% antes da pandemia, chegou a 80% nos últimos dias.
PLATAFORMA DE SAÚDE
A seguradora Porto Seguro, também preocupada com a saúde dos clientes, desenvolveu uma plataforma de orientação médica por telefone ou vídeo destinada aos clientes dos produtos Saúde e Saúde Ocupacional.
"Neste momento de retomada é fundamental que as empresas, independentemente do tamanho, tenham condições de receber seus colaboradores em um ambiente seguro, higienizado e consciente das restrições que ainda são necessárias para todos", diz Marcelo Zorzo, diretor-executivo dos produtos da plataforma. O projeto está focado em quatro pilares: apoio multidisciplinar, soluções digitais, comunicação para o retorno e recursos de proteção.
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METRÓPOLES
Anvisa libera 44% dos testes para Covid-19 no Brasil. Já são 206 no mercado
O mercado brasileiro conta com 206 testes para a detecção da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus , autorizados - a maior parte, com resultados rápidos. Os exames desse tipo apresentam o resultado em poucos minutos e têm sido usados por governos e empresas durante a pandemia.
Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) , obtidos pelo Metrópoles , mostram que o órgão regulador recebeu 501 pedidos de empresas para comercializarem testes no país. Desses, 470 foram analisados.
Após a avaliação da Anvisa, 206 tiveram a autorização concedida. Ou seja, a agência considerou seguros e confiáveis 43,9% dos exames. Outros 264 (56,1%) acabaram reprovados e não podem ser vendidos ou usados em todo território nacional.
O juiz titular da 6ª Vara do Trabalho de Brasília negou pedido de liminar que queria obrigar plano de saúde a fazer os exames a cada 15 dias
Em locais onde testagem é obrigatória o empregador deve pagar. Se não há obrigação legal, a cobrança é optativa.
Liminar foi concedida pela 3ª Vara Cível de Águas Claras após a filha do casal testar positivo para a doença
O valor estimado da aquisição é de R$ 134.330.000,00. A compra será por registro de preço e propostas vão até 24 de junho
O primeiros testes liberados pela Anvisa chegaram ao mercado em 19 de março - 20 dias após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, em 28 de fevereiro. Inicialmente, o órgão liberou oito testes. O tempo médio para avaliação dos registros na Anvisa está em torno de 15 dias.
Resultados duvidosos
Apesar da oferta de testes rápidos, esse meio de averiguar o adoecimento não é consenso na comunidade científica. Esses exames geram controvérsia pela possibilidade de falsos resultados. Isso, segundo estudiosos, pode acontecer devido à qualidade do produto e a fatores como tempo de contaminação do paciente.
O teste rápido usa a metodologia imunocromatografia, que é a geração de cor a partir de uma reação química. O antígeno, que é a substância estranha ao organismo - neste caso, o coronavírus -, e o anticorpo, que é o elemento de defesa.
Os resultados obtidos são chamados de IgM e IgG . A imunoglobulina IGM aparece na fase aguda da doença, quando o paciente apresenta sinais. A IGG é identificada quando o organismo já reconhece o vírus e produz certa imunidade.
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JORNAL OPÇÃO
“As pessoas já estão nas ruas de forma clandestina”, diz secretária municipal da Saúde ao defender decisão de reabertura do comércio
Por Fernanda Santos
Fátima Mrué considera decreto assinado por prefeito Iris Rezende (MDB) acertado. Com flexibilização, secretária espera que empresas cumpram os protocolos sanitários
Para a secretária municipal de saúde Fátima Mrué a decisão da prefeitura de reabrir parte do comércio foi acertada. “As pessoas já estão nas ruas de forma clandestina. Então, reabrir 30% das atividades, impor regras e fiscalizar talvez sejam medidas mais eficientes para controlar o contágio pelo coronavírus do que os segmentos econômicos continuarem abertos de forma irregular”, falou durante coletiva nesta quarta-feira, 24.
Com isolamento social em apenas 37%, a secretária espera que, com o decreto 1.187 as empresas cumpram ao menos com os protocolos de segurança estabelecidos pela medida.
Ela ainda considerou que o prefeito Iris teve atenção com vários aspectos sociais, econômicos e, principalmente ao fato de as pessoas já estarem nas ruas sem proteção e que a prefeitura, por meio da SMS está tomando todas as medidas para garantir assistência de saúde à toda população.
“Hoje nós temos uma taxa de ocupação de leitos de UTI bem mais confortável, em torno de 80%, e de enfermaria 84%. Isso porque a gente já vem de um processo de compra de leitos, inclusive do setor privado, com recursos próprios”, informou Mrué.
A secretária destacou a ampliação de 48 leitos de UTI na Maternidade Célia Câmara, 98 leitos contratados em outras unidades em Goiânia e que a capital, até o momento, tem conseguido atender à demanda nos casos de Covid-19.
“Até hoje nós conseguimos dar assistência a todos que precisaram, não tivemos na rede pública municipal de saúde nenhum paciente aguardando mais do que 24 horas para entrar num leito de UTI ou de enfermaria”, salientou.
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TV ANHANGUERA
Pacientes e profissionais da saúde reclamam da falta de testes para Covid-19 em Goiânia
https://globoplay.globo.com/v/8650091/programa/
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Começam a faltar leitos de UTI para casos de Covid-19 em Goiás
https://globoplay.globo.com/v/8650444/programa/
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Com baixo estoque de remédios para sedação, plano de saúde suspende cirurgias eletivas
https://globoplay.globo.com/v/8650442/programa/
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Estudo mostra que Goiás é o estado com a maior taxa de transmissão do coronavírus no país
http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=77041006
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O POPULAR
Associação diz que há escassez, mas não falta
A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) diz que não há falta, mas escassez de alguns produtos hospitalares. A afirmação foi uma resposta ao questionamento da reportagem sobre quais os medicamentos que não estão disponíveis na rede privada.
Reportagem do POPULAR da edição desta quarta-feira (24) mostrou que há falta de sedativos e bloqueadores neuromusculares em unidades de terapia intensiva da rede pública, substâncias necessária para a entubação de pacientes graves com Covid-19. A substituição desses medicamentos por análogos de segunda linha tem consequências para a pessoa hospitalizada, como aumento do tempo de internação, segundo especialistas.
De acordo com a Ahpaceg, os hospitais associados sempre estão compartilhando informações sobre estoques entre as unidades. "A Associação também tem trabalhado junto a autoridades competentes para agilizar a importação destes medicamentos e evitar a falta. A Central de Compras da Ahpaceg trabalha de forma intensa, com a colaboração dos compradores das 33 instituições associadas, na cotação e aquisição destes produtos, o que aumenta o leque de oportunidades de compra", diz trecho de nota enviada para a reportagem.
A presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Franscine Leão, defende a suspensão de cirurgias eletivas, que não são de urgência e emergência, para diminuir a necessidade de sedação e reservar esta medicação para os pacientes internados com Covid-19.
Sobre a possibilidade de diminuir cirurgias eletivas para economizar estes medicamentos escassos, a Ahpaceg informou que o atendimento nos hospitais associados segue normal, com o monitoramento frequente dos gestores. ()
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Pandemia afasta 479 mil do trabalho em Goiás
Pesquisa do IBGE mostra que 15,4% dos trabalhadores goianos foram afastados em maio por causa do isolamento social e mais da metade deles deixou de receber remuneração
As medidas de isolamento social para evitar a proliferação do coronavírus impactaram fortemente o mercado de trabalho em Goiás e no Brasil. Em maio, 479 mil pessoas ainda estavam afastadas do trabalho por causa da pandemia, o equivalente a 15,4% da população ocupada no Estado, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Covid-19, divulgada ontem pelo IBGE. Mais da metade destes trabalhadores afastados deixou de receber alguma remuneração, o equivalente a 305 mil pessoas.
Antes da pandemia, Lucia Vieira Fernandes trabalhava como vendedora de pacotes de festa em bufê infantil da capital, onde ela já estava há cerca de dez anos. Ela lembra que, cerca de 15 dias após o isolamento social ter sido decretado pelo governo estadual, no dia 19 de março, os funcionários tiveram seus contratos de trabalho suspensos dentro da Medida Provisória 936. Com isso, sua remuneração mensal, que antes oscilava entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil, foi reduzida para R$ 1.240.
"Eu fui muito prejudicada porque recebia comissão pelos pacotes vendidos. Nosso ramo de festas foi um dos mais afetados porque nem sabemos quando poderemos voltar a trabalhar", avalia Lucia. Agora, o bufê onde ela trabalhava ofereceu um acordo para o desligamento dos funcionários. A estimativa é de que cerca de 90% dos trabalhadores ligados à realização de eventos em geral já tenham sido demitidos.
Mais afetados
A pesquisa foi realizada com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal no Brasil. De acordo com o superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, entre os trabalhadores mais afetados pelo afastamento do trabalho, além dos ligados aos setores de turismo e eventos, estão os do comércio, os empregados domésticos, diaristas e com ocupações informais.
A feirante Maria do Carmo Rodrigues tinha como única fonte de renda uma pequena banca na Feira Hippie. Desde março sem poder trabalhar, sozinha com dois filhos pequenos e ainda enfrentando um câncer na mama, ela conta que ficou totalmente sem renda e está vivendo da ajuda de parentes e amigos, além do auxílio emergencial do governo, de R$ 1,2 mil, liberado em maio. "Não há trabalho no mercado. Passei muita necessidade até conseguir o auxílio", lembra.
O superintende do IBGE em Goiás lembra que muitos trabalhadores tiveram os contratos de trabalho suspensos e passaram a depender do recurso liberado pelo governo, que geralmente foi menor que sua renda anterior, sofreram com o corte de horas trabalhadas ou simplesmente perderam toda remuneração. Para muitos, o socorro veio do auxílio emergencial de R$ 600 ou R$ 1,2 mil do governo federal. Entre as pessoas que continuaram ocupadas no mercado, muitas perderam renda: em maio, elas receberam cerca de 80% da média normal, uma redução de R$ 422.
Desalento
A pesquisa também mostrou que 412 mil pessoas deixaram de procurar trabalho por conta da pandemia em maio. Edson lembra que esses trabalhadores optaram por não buscar uma vaga no mercado de trabalho por medo da pandemia ou por acharem que não existem vagas disponíveis neste momento. "São pessoas que não procuraram trabalho, mas que gostariam de trabalhar", destaca.
A Pnad Covid-19 revelou que apenas 9,4% dos trabalhadores ocupados trabalharam de forma remota em Goiás em maio, porcentual menor que a média nacional, de 13,3%, equivalente a 238 mil pessoas. "Geralmente, os trabalhadores que podem ficar no regime de home office são aqueles com nível superior. As atividades mais básicas não costumam oferecer esta possibilidade", comenta o superintendente.
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Leitos rapidamente ocupados
Demanda cada vez maior por internação em UTI impede que poder público consiga ampliar oferta de vagas a ponto de fazer cair taxa de ocupação abaixo de 80% em Goiás e na capital
Desde o dia 1º de junho, a rede municipal de Goiânia conseguiu ampliar de 40 para 90 o número de leitos de UTI dedicados para Covid-19 e de dois para quatro o número de hospitais atendendo casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Entretanto, no mesmo período, o número de pessoas internadas em estado grave nestes leitos subiu de 31 para 77 só nestas unidades reguladas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Até a noite desta quarta-feira (24), o número de leitos de UTI foi só 8,7% maior do que de novas internações simultâneas.
Na rede estadual, o drama é similar. Dos 145 leitos de UTI disponíveis em 5 hospitais, 120 estavam preenchidos nesta quarta-feira, uma taxa de ocupação de 82%. Há uma semana, no mesmo dia em que o Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia havia chegado a sua capacidade máxima de oferta de UTI (70 leitos), a taxa estava em 60,5%.
A situação também está pior, mas em menor escala, em Aparecida, onde a ocupação dos leitos de UTI da rede municipal subiu de 22% para 48% e em Rio Verde, onde subiu de 30,7% para 36,9%. Em Anápolis, a taxa de ocupação dos leitos regulados pelo município subiu de 15,1% para 24,2%.
Na rede municipal de Goiânia, a titular da SMS, Fátima Mrue, garante que nenhum paciente que necessitou de um leito de UTI com suspeita ou confirmação de Covid-19 ficou mais de 24 horas esperando. Em entrevista ao POPULAR, a secretária destacou o sucesso da prefeitura em conseguir com hospitais particulares a ampliação de vagas.
Desde o dia 11, o Gastro Salustiano Hospital vem oferecendo de forma gradativa leitos de UTI até chegar ao total atual de 24. E desde esta quarta-feira, o Jacob Facuri passou a disponibilizar 12 leitos. Destes 36, entretanto, 30 já estavam ocupados. A SMS também está contratando mais 10 leitos com a Santa Casa de Misericórdia, que depende de conseguir equipe profissional para cuidar desta ala.
Na sexta-feira passada, foi publicado um edital de credenciamento de leitos para Covid-19 no qual a SMS se dispõe a pagar R$ 3 mil por vaga de UTI (94% a mais do que se paga por um leito comum do tipo) e R$ 1 mil por um de enfermaria (233% a mais). Fátima diz que já apareceram interessados e nos próximos dias alguns destes leitos já devem estar no sistema.
A superintendente de Regulação e Políticas de Saúde da pasta, Andréia Alcântara, diz que não houve fila nem mesmo quando todos os leitos de UTI ficaram lotados, na semana passada. "Nenhum paciente nosso ficou esperando", afirmou.
A situação é mais complexa no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), que oferece de 4 a 10 vagas de UTI (o número varia conforme o perfil das pessoas internadas). A unidade é a única a atender casos mais complexos envolvendo Covid-19, como pacientes que precisam de cirurgias, grávidas e pessoas que sofreram infarto ou acidente vascular cerebral (AVC) e está sofrendo com lotação diariamente desde o dia 10 de junho. Sem conseguir encontrar profissionais para ampliar mais 8 vagas no prédio antigo e nem equipamentos para os 78 leitos no prédio novo, o HC tem dependido de uma articulação da regulação municipal para conseguir atender novos pacientes que demandam seus serviços.
De acordo com Andréia, quando há necessidade de uma internação no HC, se observa a existência de algum paciente já internado que não demanda mais de serviços na unidade, como por exemplo alguém que já fez a cirurgia que precisava, para uma transferência intrahospitalar. A expectativa é que os leitos a serem abertos na Santa Casa atendam também este perfil.
Situação grave em cidades sem leitos municipais
Em cidades que não contam com leitos de UTI na rede municipal, a situação teria começado a se complicar na última semana. O Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin), regulado pelo Estado, está com as 6 vagas ofertadas lotadas desde o fim de semana e a prefeitura não tem leitos municipais para os casos mais graves. Para ampliar a capacidade de atendimento, o hospital criou duas vagas na chamada "sala vermelha", com equipamentos para pacientes em estado crítico, mas também estão ocupadas. Por ser regional, o Hutrin estava com pacientes de Campestre de Goiás, Goiânia, Bonfinópolis e Campo Limpo.
Em Senador Canedo, uma moradora de 48 anos com Covid-19 está há 2 dias aguardando uma vaga de UTI na rede estadual. O titular da SMS local, Thiago Moura, diz que há uma semana tem demorado mais para conseguir vagas em UTIs públicas, uma vez que Senador Canedo não conta com este tipo de atendimento. Na UPA onde a paciente se encontra, há uma "sala vermelha", com leitos equipados para fornecer um atendimento similar ao de uma UTI, segundo o secretário. "Estamos em contato diário com a secretaria estadual pedindo vagas."
Hospitais privados
Na rede particular, a situação não é diferente. A taxa de ocupação dos leitos de UTI dos hospitais filiados à Associação dos Hospitais de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) caiu de 69% para 65,6% em uma semana apenas porque nesta quarta-feira (24) as unidades conseguiram ampliar a oferta de 100 para 131 leitos de UTI. Já o total de internados subiu de 69 para 86, ou seja 14 a menos que o de novos leitos.
A Ahpaceg é a única entidade que monitora e compartilha os dados sobre internações por Covid-19 na rede particular. Desde o final de março divulga um boletim com informações.
Passados mais de 100 dias desde o primeiro caso de Covid-19 registrado em Goiás - estamos no 105º dia -, o poder público ainda não tem um número fechado de leitos de UTI ofertados por todos os municípios e pela rede particular. Isso porque é grande ainda o número de unidades hospitalares que não informam ou demoram para repassar os dados.
Na noite desta quarta-feira, por exemplo, dos 334 hospitais listados pela SES-GO 47 não haviam atualizaram as informações sobre internação em mais de 48 horas.
No site da pasta estadual, constava que ao menos 355 pessoas estavam em UTI por suspeita ou confirmação de Covid-19, mas este número costuma variar bastante durante o dia.
Perfil do paciente influencia espera
O superintendente de Ação Integrada à Saúde da SES-GO, Sandro Rodrigues, diz que os problemas em relação aos leitos de UTI não se resumem a vagas, mas também ao perfil das vagas. Por isso, muitas vezes pacientes com comorbidades específicas ou em situações específicas como gravidez e necessidades cirúrgicas demoram mais para encontrar um leito do que outros que apresentam um quadro mais simples.
"O que pode acontecer (para demorar a ter leito): principalmente se tem alguma outra comorbidade associada. Exemplo clássico: gestante com Covid pode precisar de centro cirúrgico. Único da questão das gestantes é o HC, que foi desenhado nesse sentido. Pessoa que tenha tido um infarto não pode internar em lugar sem suporte para doença cardíaca, vai prioritariamente para o HC", comentou.
Na rede estadual, dois hospitais estavam com as UTIs lotadas: o de Urgências de Trindade (Hutrin), com 6 leitos, e os 12 ofertados pelo Nars Faiad (particular), em Catalão. O HCamp de Porangatu estava com 66,7% de ocupação e o de Águas Lindas, com 60%. O HCamp de Goiânia, que chegou a ficar com 95,7% durante o dia, estava no começo da noite com 87%. Já o de Urgências de Anápolis (Huana) estava com 40% dos leitos ocupados no final da tarde, mas à noite, segundo o site da SES-GO, estava com apenas uma das 15 vagas disponíveis. Já o Hospital Regional de Luziânia (HRL) e o das Clínicas Dr. Serafim de Carvalho (Jataí) estavam com 40% de lotação na UTI para Covid-19. Com exceção do HCamp de Goiânia, a taxa de ocupação mesmo baixa nos outros hospitais não representa alívio às autoridades porque o total de vagas é pequeno. (Colaborou Thalys Alcântara)
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Goiás tem média de quatro mortes por dia
Desde o dia 26 de março, quando Goiás registrou a primeira morte pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), 363 pessoas morreram de Covid-19. Isso quer dizer que, em média, quatro pessoas por dia perderam a vida no Estado em decorrência do vírus. O sinal de alerta vem ficando mais forte porque a quantidade de óbitos acelerou nos últimos dias.
Em duas semanas, o número de óbitos dobrou. Na última semana, 99 morreram e, nesta quarta-feira (24), Goiás bateu recorde de registros diários, com 34 mortes confirmadas nas últimas 24 horas, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO).
O painel Covid-19 do Estado detalha que 65 municípios goianos confirmaram mortes. Goiânia, Aparecida de Goiânia , Águas Lindas, Rio Verde e Valparaíso de Goiás são as cidades que concentram o maior número de vítimas.
Os homens são a maioria das vítimas (59,7%) no Estado e os idosos, os que mais morrem. Mas 108 do total de óbitos são jovens e adultos. As principais comorbidades identificadas entre as vítimas são: doença cardiovascular, diabetes, doença respiratória e imunossupressão. (Pedro Nunes)
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Pró-reitor conta como venceu a Covid
Após 13 dias de internação, 8 deles em UTI, Laerte Júnior, encarregado da área de Pós-Graduação da UFG, revela que teve 70% dos pulmões comprometidos, apesar dos poucos sintomas apresentados
No início deste mês, quando auxiliava o pai idoso que se preparava para uma cirurgia, o professor doutor Laerte Guimarães Ferreira Júnior, de 55 anos, pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), percebeu que não estava bem. Resfriado e sentindo cansaço, decidiu fazer o teste para Covid-19 em um laboratório da instituição. "Fui informado de que, além de positivo, eu estava com uma carga viral muito grande", conta ao POPULAR. Do dia 9 até a última segunda-feira (22), ele ficou internado no Hospital do Coração Anis Rassi, em Goiânia, oito dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), com 70% dos pulmões comprometidos, mesmo sentindo poucos sintomas.
Em casa, convalescendo antes de retomar as atividades acadêmicas, ele fala da experiência de vivenciar uma doença ainda desconhecida e do privilégio de ter sido envolvido numa enorme rede de solidariedade. "Isso é muito gratificante. O que mais quero agora é agradecer às pessoas." Laerte Guimarães se considera uma pessoa de sorte por ter adoecido num momento em que há muito conhecimento sobre a doença e protocolos consolidados. "Me dei conta do quanto eles evoluíram em tão pouco tempo. Há muita gente engajada. Me chamou a atenção o quanto os médicos estão estudando essa doença", afirma.
O pró-reitor, que ainda ficou quatro dias em casa após o resultado do teste antes de ir para o hospital, acredita que a asma, da qual sofre, pode ter influenciado em seu quadro. "Não sei o quanto a asma contribuiu, mas me chamou a atenção a rapidez da evolução. No primeiro exame de imagem meus pulmões estavam 50% tomados pela infecção e quando fui internado tinha atingido 70%. As radiografias mostraram um quadro devastador do meu pulmão e, ao mesmo tempo, meus sintomas foram leves. Sentia algum desconforto, mas não na mesma proporção". Na UTI precisou usar uma máscara para receber oxigênio.
Planos
Laerte Guimarães diz que aos poucos vai tomando conhecimento de tudo o que aconteceu aqui fora, da rede de amigos e familiares que correu contra o tempo para que ele ficasse livre da Covid-19. Ainda busca o momento de responder as mensagens que recebeu durante a internação e faz planos para um futuro breve. "Quero voltar ao hospital para agradecer pessoalmente a todos os profissionais tudo o que fizeram por mim".
Ele menciona profissionais que foram pontuais desde o início. "Foram pessoas que me monitoraram e me disseram o que deveria ser feito." Entre eles estão os médicos Antônio Fernando Carneiro, diretor da Faculdade de Medicina da UFG e do Anis Rassi, e Hélvio Martins Gervásio, uma das pessoas que mais tem atuado junto aos pacientes contaminados pelo novo coronavírus e que precisam de cuidados em UTIs. Também foi muito presente a epidemiologista, professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, Cristiana Toscano. A professora foi a única brasileira indicada para compor o grupo de trabalho de vacinas para Covid-19 coordenado pela Organização Mundial da Saúde.
Plasma
"Fico imaginando o quanto fui beneficiado pela minha rede de conhecimentos e que a maioria das pessoas não tem essas oportunidades." O professor soube da enorme mobilização nas redes sociais para que ele conseguisse plasma de convalescente da Covid-19 com anticorpos contra a doença, uma solução que vem sendo utilizada com sucesso em casos graves da doença. Por não se tratar ainda de um protocolo oficial, sua mulher, Maria Cristina, optou por não assinar o termo de autorização para que ele fizesse uso do soro. Por outro lado, houve também uma grande movimentação pela internet para a obtenção de um medicamento de última geração. "Vivi o lado positivo das redes sociais. Uma mobilização de pessoas que fez toda diferença."
Laerte Guimarães, que se considera um trabalhador inveterado - "férias para mim sempre foram um problema" - não vê a hora de retomar a função na UFG. Ele diz que o momento agora é de cuidar da saúde e da alimentação, o que não faz há anos. "Estou esperando uns dias para entender o pós-doença", explica, antes de mencionar que está usando medicação para evitar coagulação e para melhorar a respiração. "Estou fraco e ainda tenho dificuldade para dormir", diz, mesmo assim acredita que já, na segunda-feira (29), tenha condições de retomar suas atividades de forma remota, embora a recomendação médica tenha sido para repouso de 30 dias.
"A UFG nunca parou", diz professor
Quando estiver de volta à UFG, Laerte Guimarães retoma os debates em andamento num grupo de trabalho criado para decidir sobre atividades acadêmicas remotas. "As discussões demandam tempo e energia, mas construções feitas na busca do consenso tendem a ser mais robustas." Aos críticos sobre a ausência de aulas virtuais na UFG a partir da instalação da pandemia no Brasil, ele ressalta que a instituição nunca parou. "Essa crise sanitária teve um impacto muito grande na universidade. Num primeiro momento a UFG teve a preocupação de cuidar das pessoas, foi quando entramos no isolamento social. Já na semana seguinte montamos um grupo de trabalho para ver como poderíamos nos engajar nas ações de combate a Covid-19.
O pró-reitor ressalta que foram várias frentes, com centenas de alunos e professores envolvidos. "Naquele momento não podíamos falar em aula porque precisávamos entender o que estava acontecendo. Foi extremamente bonito ver as pessoas se voluntariando. Partimos para conserto de equipamentos, fabricação de respiradores e de equipamentos de proteção individual (EPIs). A UFG foi a primeira instituição do Estado a montar uma plataforma com números, mapas e projeção da Covid-19. Agora, sim, está tendo uma ampla discussão sobre o retorno das aulas e já com aprovação do Conselho Universitário a retomada de algumas atividades, entre elas da pós-graduação."
Laerte Guimarães faz questão de enfatizar a complexidade da UFG. Somente na pós-graduação, com 8 mil alunos, 5% possuem dificuldades concretas, de equipamentos e de acesso a dados. "Precisamos encontrar uma solução para eles. Temos de enfrentar essa crise com o princípio da isonomia, a inclusão é um valor forte na UFG." O pró-reitor estima que a crise estará totalmente vencida apenas em março de 2021. Os debates na UFG convergem para a retorno das aulas em agosto, mas de forma virtual.
Para o professor, que quase perdeu a vida para a Covid-19, crise traz vulnerabilidades, mas também oportunidades de melhorarmos como pessoas, como nação e como país. "Se não fosse o Sistema Único de Saúde e as universidades estaríamos com cadáveres nas ruas. Espero que o País consiga se recuperar e refletir sobre tudo isso e começar uma reconstrução de valores. Experimentei muito o valor da solidariedade, me curei por isso. Está sendo muito importante dizer obrigado".
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação
Covid-19: Boletim Ahpaceg 24|06|20
Confira o boletim de hoje, 24 de junho, com os números de atendimentos relacionados ao novo coronavírus (Covid-19) em 22 instituições associadas da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg).
Neste boletim estão detalhados os casos suspeitos e confirmados de altas médicas e de pacientes internados nas últimas 24 horas e o número de óbitos confirmados acumulados desde 4 de abril, data da primeira morte em hospitais associados, e hoje.
CLIPPING AHPACEG 24/06/20
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
De exemplo a colapso: o que levou Curitiba a quintuplicar casos de covid-19 e lotar UTIs
Covid-19: Goiás registra 917 novos casos e 18 mortes em 24 horas
Pesquisa aponta 22% de incidência de câncer de mama hereditário em Goiás
Governo nomeia médico contra 'ativismo pró-aborto' para atenção primária na Saúde
Comissão externa vai debater remuneração da telemedicina no pós pandemia
Hospitais e clínicas defendem retomada de tratamentos parados em razão da pandemia
Tragédia familiar causada pelo novo Covid-19
Operadoras de saúde também serão impactadas pela pandemia de Covid-19
Câmara deve investigar leitos de hospitais privados de Goiânia
Ahpaceg prepara dados sobre oferta e ocupação de leitos para Câmara Municipal
É falso que repasses de verbas aos estados estejam relacionados ao número de mortos e infectados
Substituição de medicamentos causa danos
Dividida, Câmara de Goiânia cria CEI para investigar UTIs privadas
Aumentam surtos de Covid em empresas
PORTAL TERRA
De exemplo a colapso: o que levou Curitiba a quintuplicar casos de covid-19 e lotar UTIs
Com pandemia controlada até a metade de maio, Curitiba teve explosão repentina de doentes e está com sistema de saúde no limite
Pouco mais de 100 dias após registrar os cinco primeiros casos de coronavírus, Curitiba, capital do Paraná, passou de uma situação confortável para dramática em relação à pandemia. Até metade de maio, eram 600 casos de covid-19 e taxa de ocupação de UTIs que não ultrapassava os 50%. Em março, quando entraram em vigor as medidas de isolamento social, a adesão dos curitibanos foi boa, bem como a obrigatoriedade do uso de máscara nos locais públicos.
Com o surto controlado, a prefeitura de Curitiba relaxou as regras e permitiu a reabertura de shoppings e academias no dia 20 de maio. O resultado: os casos quintuplicaram.
Na segunda-feira (22), eram 3.032 casos confirmados e 114 óbitos. Na terça-feira passada (16 de junho), houve recorde de 510 registros. Em todo o Paraná, são 14.336 casos e 460 mortes, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Na segunda, também foi confirmada a morte do primeiro médico no Paraná pelo coronavírus no exercício da atividade: Caio Martins Guedes, de 33 anos. Ele era residente no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul (Região Metropolitana de Curitiba). Tanto o hospital como o Conselho Regional de Medicina do Paraná emitiram notas de pesar sobre a morte precoce do médico.
A ocupação dos 223 leitos de UTI do SUS exclusivas para a covid-19 na cidade beira 80%. Na semana passada, esse porcentual chegou a 85%. Dados da Sesa do dia 22 de junho mostram que hospitais como Evangélico e Hospital do Trabalhador (ambos em Curitiba) estavam com 100% das UTIs de covid ocupadas.
A situação é dramática também em cidades como Cascavel (95% de ocupação no Hospital Universitário) e Francisco Beltrão (100% de ocupação no Hospital Regional do Sudoeste).
"Isso é consequência direta do relaxamento das medidas de distanciamento social. Se circularmos normalmente, teremos várias oportunidades ao longo dos dias de transmitir ou contrair o vírus" alerta o infectologista e professor da Escola de Medicina da PUC-PR, Giovani Breda.
Nas Unidades de Saúde de Curitiba, os profissionais também sentiram o aumento brusco. Médico da família e comunidade e coordenador das recomendações covid-19 da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade, Rogerio Luz Coelho Neto conta que, na última semana, os atendimentos "explodiram" na Unidade de Saúde Osternack, uma das regiões de maior vulnerabilidade social da capital paranaense.
"A gente vinha atendendo de seis a sete pessoas por dia. Na semana passada, 27 pessoas, às vezes 30. E aconteceu bem 15 dias depois do relaxamento. Isso preocupou a gente", fala o médico, que trabalha na área de avaliação da covid-19 fazendo a triagem, encaminhamento dos pacientes e o teste de PCR.
"Antes não tínhamos aceso ao teste. O paciente precisava estar internado para fazer. Hoje posso solicitar e, caso o resultado seja positivo, conseguimos realizar o rastreamento com a família" explica Rogerio.
' A gente sabia que a covid chegaria '
Atualmente no patamar laranja (risco médio), conforme o Protocolo de Responsabilidade Sanitária e Social, sistema de monitoramento adotado na cidade para rastrear a doença, e que estabelece quais medidas devem ser tomadas em cada nível, a Prefeitura de Curitiba restringiu acessos, mas não totalmente, o que, invariavelmente, propicia a circulação de pessoas. Impôs horários reduzidos ao comércio de rua, aos restaurantes e shoppings (que não operam aos finais de semana), mas os manteve abertos, apostando na colaboração da população.
A estratégia não funcionou: a cidade voltou à normalidade no início do mês. Comércios (como supermercados) que antes mantinham medidas rígidas de higiene e de controle de pessoas passaram a não limitar o número de clientes, e restaurantes ficaram cheios.
"A gente fez uma escolha para proteger a sociedade, equilibrando economia e saúde. Como a onda veio tardia, o que é bom porque ganhamos expertise nas nossas equipes e no manejo dos pacientes, a população cansou. Um pouco também é negação e ausência de lideranças na esfera federal. A gente fica falando sozinho" lamenta a secretária municipal da Saúde, Marcia Huçulak.
O setor de urbanismo da Prefeitura apertou as fiscalizações no último fim de semana, e tenta dar conta de denúncias particulares que chegam, como a de festas particulares com mais de 40 convidados e pessoas com covid-19 que moram em condomínios de luxo e não tomam os cuidados necessários.
"Recebemos informação de uma família inteira que está contaminada e circula sem máscara pelo prédio, não faz o isolamento corretamente. O que você faz com uma pessoa assim? Não sei. Eu começo a desacreditar na humanidade."
Marcia está presente em boa parte das lives diárias da prefeitura com o boletim dos casos, que é transmitida via Facebook. Conhecida pelo tom assertivo, ela reitera a necessidade de baixar a contaminação urgentemente para evitar o colapso do sistema de saúde, mesmo com a abertura de mais 95 leitos de UTI até o fim do mês.
"Você pode conseguir leitos, respirador, mas precisa de um intensivista, enfermagem especializada em UTI, técnicos. E isso não se forja da noite pro dia". Ela não descarta a possibilidade de a cidade decretar a bandeira vermelha, uma espécie de lockdown - ação que não dependeria de um decreto estadual, explica o advogado, mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Coimbra e proferir da FAE Centro Universitário, André Portugal.
"No Brasil, a Constituição Federal institui o federalismo cooperativo, ou seja, não existe hierarquia dos entes federativos. O que há são previsões para que a união coordene ações e Estados e municípios complementem com medidas para o seu território. O que vemos é que com esse governo federal fica só no plano da fantasia."
A guerra do setor fitness
As academias de ginástica se destacam entre as atividades que mais pressionam pela volta do funcionamento integral em Curitiba - no sábado (13), quando o alerta laranja foi decretado, empresários fizeram um "buzinaço"e protestaram em frente ao apartamento do prefeito Rafael Greca (DEM), no bairro Batel.
Em reunião na segunda-feira (15), o setor se reuniu com a prefeitura para definir mais regras de funcionamento, mas logo voltou atrás e manteve a restrição. "Investimos pesado em medidas para segurança dos alunos, mas a gente fica perdido. Saímos de uma reunião com tudo acordado, e logo a regra muda", queixa-se o proprietário da rede de academias Studio Corpo Livre, Raphael Bonatto.
Ele argumenta que "antes do aspecto econômico", o segmento quer a reabertura baseada em "evidências científicas". "A atividade física é fundamental na prevenção e curas de doenças, desde um cardiopata até controle de diabetes. Pessoas morrem muito mais por sedentarismo do que por coronavírus", diz Bonatto.
Apesar de o sedentarismo ser uma causa de morte importante no Brasil - segundo dados do Ministério da Saúde, 34 mil óbitos registrados no Brasil em 2017 estão ligadas a doenças cardiovasculares, diabetes e cânceres como o de mama e cólon, doenças que podem ser influenciadas pela falta de atividade física. No entanto, a covid-19 vitimou, em três meses, mais de 50 mil pessoas no país. O número é o último divulgado pelo levantamento do consórcio dos veículos de imprensa com base nos dados das secretarias de saúde. O vírus matou mais brasileiros até agora do que todo o trânsito em 2019.
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A REDAÇÃO
Covid-19: Goiás registra 917 novos casos e 18 mortes em 24 horas
Adriana Marinelli
Goiânia - Goiás registrou 917 casos de covid-19 e 18 mortes pela doença nas últimas 24 horas. É o que aponta boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) na tarde desta terça-feira (23/6). Com as novas confirmações, o Estado vai a 17.629 casos de covid-19 e 329 óbitos confirmados.
Segundo a SES-GO, há em Goiás 47.356 casos suspeitos em investigação. Outros 24.572 já foram descartados. O total de curados não foi informados pela pasta.
Além dos 329 óbitos confirmados de Covid-19 em Goiás até o momento, há 39 óbitos suspeitos que estão em investigação. Já foram descartadas 383 mortes suspeitas nos municípios goianos.
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Pesquisa aponta 22% de incidência de câncer de mama hereditário em Goiás
Estudo foi realizado pela UFG
Goiânia - Uma pesquisa feita em Goiás identificou a taxa de 21,56% de incidência de câncer de mama e ovário hereditário. Isso quer dizer que, no Estado, em cerca de 22% dos casos, os filhos e familiares de pacientes com câncer de mama e ovário podem também desenvolver a doença. O índice está acima da média de outros estados brasileiros.
A pesquisa foi desenvolvida pelo Centro de Excelência em Genética Humana e Médica (ICB/UFG), em parceria com o Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (CORA) do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Ao todo, 102 pacientes do Hospital das Clínicas participaram do estudo. Foram avaliados o histórico familiar, realizados heredogramas – ferramenta na genética utilizada para identificar grau de parentesco – e o diagnóstico molecular, que é o sequenciamento de nova geração. “Percebemos que 21,56% tiveram o BRCA1 e o BRCA2 mutado. Esses são os dois genes principais associados ao câncer de mama e ovário”, afirmou a pesquisadora e professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG, Elisângela de Paula Silveira Lacerda.
O índice identificado em Goiás é compatível com a média nacional e até internacional. No entanto, é bem superior se comparado aos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, por exemplo, onde as taxas de câncer de mama e ovário hereditário ficaram em 2,3% e 3,5%, respectivamente.
Segundo professora Elisângela Lacerda, o acesso ao diagnóstico molecular, único capaz de mapear a probabilidade genética do câncer, contribui para a detecção precoce da doença. Também oferece oportunidade de prevenção aos familiares e pode contribuir com a indicação de tratamento. “A confirmação sobre a presença de mutação genética permite a adoção de medidas preventivas à manifestação do câncer, que devem ser discutidas com o médico, como a quimioprevenção ou a retirada cirúrgica das mamas e ovários”, explica.
Tratamento no SUS
De acordo com o estudo da UFG, cerca de 70 a 80% da população não têm acesso ao teste genético, uma vez que não são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Goiás, os diagnósticos genéticos são realizados com o envio do material para fora do Estado.
O diagnóstico molecular realizado pela UFG, durante o segundo semestre do ano passado, foi pioneiro no Estado de Goiás e só foi possível com o fomento do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), que garantiu a compra do aparelho e insumos. “Com o fim do projeto, nosso objetivo, agora, é buscar novas fontes de fomento e fazer parcerias para conseguir os reagentes, que acabaram, para continuar a fazer os exames”, afirma professora Elisângela Lacerda. “Com parcerias, podemos disponibilizar exames com um valor bem menor do que o de mercado”.
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FOLHA ONLINE
Governo nomeia médico contra 'ativismo pró-aborto' para atenção primária na Saúde
O governo nomeou nesta terça-feira (23) o médico ginecologista Raphael Câmara Medeiros Parente para o cargo de secretário de atenção primária no Ministério da Saúde, área que responde pela organização de ações voltadas a unidades de saúde e diretrizes de cuidados básicos no atendimento na rede.
A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União, e assinada pelo ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto.
Parente é mestre em saúde pública pela UERJ, doutor em ginecologia pela Unifesp e conselheiro do CFM (Conselho Federal de Medicina). Ele é relacionado à ala ideológica do presidente e um dos defensores do projeto de abstinência sexual proposto pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
Vinculado ao Instituto de Ginecologia da UFRJ, o novo secretário tem sido conhecido nos últimos anos por defender, em debates, posição contrária ao aborto.
Em outubro de 2019, Parente escreveu um artigo na Folha contra o que chamou de "ativismo pró-aborto". No texto, ele dizia que a militância usava dados falsos sobre o impacto do aborto ilegal e que, por isso, o quadro não deveria ser considerado um problema de saúde pública.
Sua nomeação foi recebida com indignação e críticas por vários profissionais da saúde, especialmente por representantes das equipes que trabalham na atenção básica em todo o país.
Em várias ocasiões, Câmara já contestou as alarmantes estatísticas de mortes provocadas por abortos clandestinos no Brasil. Ele afirma que os números são "superestimados por má-fé".
Em 2018, o próprio Ministério da Saúde apresentou estimativa em audiência pública no Supremo Tribunal Federal estimando em cerca de 1 milhão os abortos induzidos no país.
Os procedimentos inseguros de interrupção voluntária da gravidez levariam à hospitalização mais de 250 mil mulheres por ano -e causariam uma morte a cada dois dias.
No artigo, ele também criticava a postura do Ministério da Saúde sobre o tema. "Embora o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tenha dito ser contra o aborto, até aqui o Ministério da Saúde não agiu. Em julho, eu e senadores demos sugestão não incorporada para diminuir aborto provocado. Uma portaria vigente de governo anterior permite o aborto quando a mulher diz ter sido estuprada sem se denunciar o estupro, o que contraria lei de 2018, que obriga a denúncia", disse.
O artigo gerou polêmica e foi rebatido por outros médicos, segundo os quais Parente deixou de apontar a ocorrência de subnotificação de casos de aborto ilegal -situação já consolidada em literatura científica-, e colocou em dúvida a palavra das mulheres.
Parente escreveu o artigo diante da possibilidade de julgamento de ações que pediam o direito ao aborto para mulheres vítimas do vírus da zika. Neste ano, o plenário virtual do Supremo rejeitou as ações.
Em outro artigo, defendeu a abstinência sexual entre jovens, afirmando que a "iniciação sexual precoce" estaria relacionada à maior chance de contração de doenças sexualmente transmissíveis e gestações indesejadas.
"Então, como não incluir a abstinência sexual em uma política dirigida para este público de adolescentes?", escreveu.
A nomeação de Parente ocorre semanas após o Ministério da Saúde revogar uma nota técnica que citava a importância de manter ações em apoio à saúde das mulheres durante a pandemia, as quais incluíam acesso a contraceptivos e ao aborto nos casos previstos em lei.
O documento foi distorcido pelo presidente Jair Bolsonaro, que afirmou via redes sociais ser contra proposta de legalização do aborto (o que não constava do texto) e que o ministério buscava a autoria do que chamou de "portaria apócrifa" (que, na verdade, era uma nota técnica assinada pela coordenação de saúde das mulheres, vinculada à secretaria).
Após a declaração de Bolsonaro, a equipe que assinou o documento foi exonerada da pasta. O ministério justificou a medida alegando "reestruturação da equipe".
Parente assume no lugar de Erno Harzheim, que deixou o cargo no fim de abril, após a saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. A pasta estava sem titular desde então.
Em artigo recente no jornal O Globo, Parente criticou a falta de equipamentos de proteção a profissionais de saúde e apontou erros das três esferas no combate à pandemia.
Segundo ele, o governo federal "errou por não ter feito a prometida carreira de Estado, não ter fechado fronteiras quando a Covid-19 ainda não tinha entrado, e ter liberado o Carnaval com o vírus já circulando no Brasil".
Em carta recente à Folha, publicada no Painel do Leitor, o novo secretário também comentou coluna de Hélio Schwartsman sobre a diferença entre as estratégias da Suécia e da Nova Zelândia no combate à pandemia da Covid-19.
"Hélio Schwartsman diz em sua coluna que a estratégia neozelandesa se terá mostrado melhor que a sueca se a vacina contra o coronavírus não demorar. Mas o provável é que demore. Quem defende 'lockdown' tem de mostrar como sustentar milhões em casa em um país quebrado e como impor isolamento para quem vive em área comandada pelo tráfico", escreveu.
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AGÊNCIA CÂMARA
Comissão externa vai debater remuneração da telemedicina no pós pandemia
Debate vai reunir representantes do governo, da área médica e da academia
A comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de combate ao novo coronavírus realiza reunião técnica por videoconferência nesta quinta-feira (25), com o tema: Telemedicina, Teleconsulta e aspectos remuneratórios no pós pandemia .
Foram convidados para o debate:
- o representante da Associação Paulista de Medicina (APM), Jefferson Gomes Fernandes;
- o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Britto Ribeiro;
- o gerente de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, Eduardo Cordioli;
- a secretária substituta de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Daniela de Carvalho Ribeiro;
- o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Chao Lung Wen;
- o diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Rodrigo Rodrigues de Aguiar;
- o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Lincoln Lopes Ferreira;
- o coordenador científico do Sistema Integrado Catarinense de Telemedicina e Telessaúde, e professor da UFSC, Aldo Von Wangenheim;
- a coordenadora de telessaúde do Sistema Integrado Catarinense de Telemedicina e Telessaúde, e professora do Departamento de Saúde Pública da UFSC, Maria Cristina Marino Calvo; e
- o presidente da Iniciativa Fórum Inovação Saúde (FIS), Josier Vilar.
Hora e local
A reunião será no plenário 3, às 9h30, e será interativa.
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Hospitais e clínicas defendem retomada de tratamentos parados em razão da pandemia
Associação Médica Brasileira teme desastre econômico com o fechamento de clínicas e laboratórios
Médicos e representantes de hospitais afirmaram, nesta terça-feira (23), que as clínicas e os consultórios médicos brasileiros estão preparados para voltar a atender casos não relacionados à Covid-19, com responsabilidade e segurança.
Em videoconferência promovida pela comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de combate ao novo coronavírus, especialistas defenderam a realização de uma campanha para que pacientes voltem a seus tratamentos pelo menos nos estados ou nas cidades que já ultrapassaram o pico da pandemia.
"A gente tem visto em alguns estados hospitais parados, porque a população ainda não retomou essa atividade. E a gente tem visto número de óbitos por câncer superior a Covid. Muitos pacientes interromperam seus tratamentos, esperando a pandemia passar", afirmou o deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ) , coordenador do colegiado.
Relatora da comissão, a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) também defendeu o debate, agora que existe mais tranquilidade quanto ao abastecimento de equipamentos de proteção individual (EPI). "Tenho uma preocupação com a demanda reprimida neste período. Já tínhamos fila de espera para vários procedimentos. Essa fila de espera com certeza está sendo ampliada em razão da pandemia", ponderou.
O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Lincoln Lopes Ferreira, acrescentou que o conhecimento sobre a pandemia também vem aumentando, o que permite que determinadas decisões sejam tomadas agora. "Se formos esperar a evolução natural da doença e um achatamento da curva, vamos ficar dois, três, quatro anos. Por outro lado, o desastre econômico [com o fechamento de clínicas] teria um custo maior de vidas do que o da própria pandemia", afirmou.
Outra preocupação de médicos em relação às clínicas vazias é justamente a falência de laboratórios e consultórios e demissão de funcionários. "Se os hospitais estão perdendo receita, as clínicas e os laboratórios perderam ainda mais", disse o secretário executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Bruno Sobral. Ele reforçou que hospitais estão preparados para a retomada, tendo investido em segurança e formação profissional. "O não tratamento é que vai ter consequência", acredita.
Medidas
Conselhos de diferentes categorias médicas estão orientando profissionais a adotar medidas de segurança nas clínicas, como distanciamento entre pacientes nas recepções, correta higienização de aparelhos utilizados em exames, notificação de casos suspeitos e uso de EPIs, entre outras.
Consultora da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), a médica infectologista Camila Almeida também disse ser possível fazer triagem segura de pacientes de Covid e não Covid. "Em hospitais grandes, existem 3% de positividade em pacientes assintomáticos. Aqui fazemos 2,3 mil partos por mês e 3,5% de pacientas positivas vêm para parto eletivo. Não tinham nenhum tipo de sintoma e testaram positivo", exemplificou ela, que atua em uma maternidade em São Paulo.
Representante da Unimed na videoconferência, Gabriel Massot disse ver o retorno das atividades como necessário para evitar complicações de doenças crônicas nas emergências. Segundo ele, a telemedicina ajuda, mas não é suficiente, sendo importante o exame físico. Ele destacou, entretanto, que os hospitais que já percebem uma queda nos casos de Covid-19 devem estar preparados para "um novo pico a qualquer momento".
Informações
De seu lado, representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do Ministério da Saúde disseram que estão disseminando informação e recomendando que tratamentos importantes não sejam interrompidos, como pré-natal e atendimento de pacientes com câncer ou doentes renais crônicos.
A chefe de gabinete da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes) do Ministério da Saúde, Maria Inez Gadelha, explicou que a retomada deve levar em conta a potencialidade de dano ao paciente por não ir ao médico e o nível de transmissão do coronavírus em uma região.
"Seria possível adotar protocolos rígidos e que todos observem porque, sim, é possível fazer os dois atendimentos", disse Maria Inez Gadelha. Ela ressaltou, no entanto, que outros cuidados devem ser tomados, inclusive fora dos hospitais, como com o transporte.
Medicamentos
Parlamentares voltaram a manifestar preocupação com relação à falta de medicamentos sedativos necessários ao tratamento da Covid-19, assunto já discutido em outras reuniões. Carmen Zanotto disse que o papel do Ministério da Saúde é fundamental para resolver o problema. A deputada acredita que a indústria possa vender diretamente aos hospitais, caso se aponte que a responsabilidade pela falta é dos distribuidores.
Para Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr., o governo pode fazer uma requisição de estoque. "Tem que pegar a Polícia Federal e invadir estoque para ver o que tem", defendeu. "Tem que a Procuradoria-Geral da República fazer uma requisição e tomar o estoque da indústria e depois ver como paga", disse ainda.
Na visão do parlamentar, problemas como esse é que deveriam causar preocupação. "A imprensa quer saber se nomeou militar, outro quer saber de fake news. Ninguém quer saber se o que afeta a população é falta de medicamento sedativo", declarou.
Politização
Por sua vez, a representante do Ministério da Saúde criticou a "politização excessiva da medicina" e disse que tal fato desnorteia a população, gerando insegurança. Maria Inez Gadelha classificou como "irresponsabilidade" o consórcio feito por veículos de imprensa para obter diretamente das secretarias de saúde dados sobre a pandemia de Covid-19 no Brasil.
"As fontes são as mesmas. Isso eu chamo de irresponsabilidade com a sociedade, abrir outro ponto de informação e surpreendentemente utilizando os mesmos dados. Quem gera o dado é o atendimento. Esses dados são compilados e jamais manipulados", afirmou Maria Inez Gadelha.
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DIÁRIO DA MANHÃ
Tragédia familiar causada pelo novo Covid-19
As irmãs Dalylla Lopes, de 27 anos, Talytta 22, e Samylla, 21, se mudaram em 11 de junho da cidade mato-grossense de Alto Araguaia, na divisa com Goiás. Foi necessário deixarem a cidade em que nasceram em busca de um pouco de paz, em meio a maior tragédia da família, causada pela pandemia do novo coronavírus.
Entretanto, seis dias anteriores, a mãe delas, Lígia Suely Lopes, 42 anos, morreu em decorrência da Covid-19. No fim de maio, as irmãs haviam perdido o avô materno, Joaquim de Oliveira, 74 anos, para a mesma enfermidade. "Tem sido o período mais difícil das nossas vidas", elas contraíram a Covid-19 e se recuperaram, assim como outros quatro membros da família.
Conforme o relato,os casos na família foram os primeiros diagnósticos de Covid-19 no município de 17,5 mil habitantes. Atualmente, mais de um mês depois, Alto Araguaia tem 23 casos confirmados e três mortes, incluindo as de Lígia e Joaquim.
Durante a doença causada pelo novo coronavírus, a família passou a receber comentários e acusações nas redes sociais. "Disseram que fomos as responsáveis por levar o vírus para nossa cidade. Recebemos muitas críticas. Isso tudo é muito triste", comentou Dalylla.
As irmãs relatam que as diversas críticas que recebem têm tornado o atual período ainda mais difícil. "Estamos vivendo à base de remédios para dormir. A nossa vida nunca vai ser a mesma. Além das perdas, precisamos lidar com a falta de empatia das pessoas. Toda hora recebemos algum comentário maldoso nas redes sociais", lamentou Talytta.
As irmãs destacam que a tragédia teve início após a primeira semana de maio, depois que Dalylla visitou uma amiga, em uma cidade vizinha. "Foi uma infelicidade muito grande. Eu estava de folga e decidi encontrá- la", contou Dalylla.
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REVISTA SEGURO TOTAL
Operadoras de saúde também serão impactadas pela pandemia de Covid-19
O Ibracon - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil alerta que as seguradoras de saúde e operadoras de planos de saúde também serão impactadas pela pandemia de Covid-19, sendo necessária atenção especial aos aspectos financeiros e contábeis no que se refere a manutenção de suas atividades. Segundo a entidade, os diversos reflexos que a pandemia tem causado na economia poderão atingir fortemente muitas operadoras do setor.
"Por enquanto, os impactos ainda não estão sendo fortemente sentidos, uma vez que o isolamento social reduziu os gastos das operadoras de saúde com outros tipos de atendimento, como, consultas regulares, cirurgias, as internações por acidente de trânsito", explica Érika Ramos, do Grupo de Trabalho Seguradoras do Ibracon.
"O impacto no fluxo de caixa deverá manifestar-se num futuro próximo, principalmente por causa de fatores econômicos, como desemprego, redução da taxa de juros e corte de gastos por empresas que levam a desistência de pagamento de um plano de saúde", alerta Érika Ramos.
Os procedimentos cirúrgicos e ambulatórias que não estão acontecendo, por conta do isolamento, estão, na sua essência, sendo postergados, e isso afetará o fluxo de caixa das seguradoras.
Esse contexto também deve propiciar uma movimentação no mercado de saúde, em termos de aquisição, com as pequenas operadoras sendo adquiridas pelas grandes. "As entidades que têm mais caixa conseguem passar melhor pela crise e manter as operações, enquanto as pequenas podem não ter tanto fôlego", explica Érika.
A Agência Nacional de Saúde (ANS) determina a emissão de apenas um balanço anual, mas, com o atual cenário da pandemia, os impactos nos fluxos de caixa e nos balanços das operadoras já começam a ser sentidos. No total, o País conta com 746 operadoras de planos de assistência médica, sendo 718 ativos, que operam 17.378 planos.
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MAIS GOIÁS
Câmara deve investigar leitos de hospitais privados de Goiânia
Requerimento foi apresentado pelo presidente do Legislativo, Romário Policarpo
O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Romário Policarpo (Patriota) apresentou requerimento para criação da Comissão Especial de Investigação (CEI) dos Leitos dos Hospitais Particulares. O argumento para instaurar a investigação é uma suposta falta de transparência em relação a dados dessas unidades.
“Algo aqui em Goiânia me chamou a atenção. Goiânia faz história de forma negativa e me deixa preocupado, é a primeira cidade em que o sistema particular entra em colapso primeiro do que a rede pública”, indagou o parlamentar.
Romário Policarpo disse que uma UTI era alugada ao poder público por R$ 1,8 mil e agora por R$ 6 mil. Destacou que não há liberação para realização de cirurgias eletivas. “Essa Casa tem o dever de entender o que está acontecendo no comércio dessas vagas de UTI”, argumentou Policarpo.
Para instaurar uma CEI é preciso obter 12 assinaturas. Para a aprovação, basta que o número suficiente de vereadores assine. Com registros colhidos, líderes de partidos e bancadas poderão indicar os membros para compor a Comissão Especial de Inquérito. O critério é a proporcionalidade.
O líder do prefeito na Câmara, Wellington Peixoto (DEM), disse que de pronto concordou com a instauração da CEI. Ele relatou que não conversou com o prefeito Iris Rezende sobre o assunto e que é uma decisão da Câmara investigar possíveis irregularidades.
“Realmente há um colapso por causa da Covid? Acho que tem vagas e o que estão querendo é reduzir a quantidade de vagas para aumentar o valor. Não estou afirmando, pretendemos investigar denúncias que chegaram a Câmara que tem o dever de apurar”, destacou Peixoto.
Ahpaceg
A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) informou que atenderá solicitação feita pela Câmara Municipal de Goiânia sobre a oferta e ocupação de leitos nos hospitais associados estão sendo repassadas à presidência da Casa.
Segundo a entidade, os dados incluem não apenas as instituições de Goiânia, conforme solicitado, mas também do interior do Estado e abrangem os leitos comuns e de Unidade de Terapia Intensiva exclusivos para casos suspeitos e confirmados de Covid-19 e os leitos para outros atendimentos.
De acordo com a Ahpaceg, o monitoramento da evolução da pandemia de Covid-19 nos hospitais associados, já vem sendo regularmente e voluntariamente divulgada pela Ahpaceg, de segunda-feira a sábado, há quase três meses.
O material é publicado no site e redes sociais da Associação, enviado a diversos veículos de imprensa e encaminhado a instituições, como o Ministério Público Estadual, reforçando os dados também informados diariamente aos órgãos de saúde competentes.
A Ahpaceg informou ainda que vê com bons olhos a iniciativa da Câmara Municipal de Goiânia de abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a disponibilidade de leitos em hospitais particulares na capital durante a pandemia de Covid-19 e sugere que a investigação seja ampliada a todas as instituições privadas para que cada uma possa apresentar sua rede de leitos, sua estrutura e taxa de ocupação e que o trabalho envolva também todos os setores da sociedade e dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciários que possam contribuir com esse enfrentamento da pandemia.
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JORNAL OPÇÃO
Ahpaceg prepara dados sobre oferta e ocupação de leitos para Câmara Municipal
Por Fernanda Santos
Em comunicado, associação aprovou interesse do legislativo em investigar evolução da pandemia
Na última segunda-feira, 22, a Câmara Municipal de Goiânia solicitou à Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) informações sobre a oferta e ocupação de leitos em hospitais associados.
De acordo com a associação, os dados incluem não apenas as instituições de Goiânia, conforme solicitado, mas também do interior do Estado e abrangem os leitos comuns e de Unidade de Terapia Intensiva exclusivos para casos suspeitos e confirmados de Covid-19 e os leitos para outros atendimentos. A Câmara solicitou apenas Goiânia e a Ahpaceg teve a iniciativa de repassar interior também.
A associação informou que os dados já eram coletados há cerca de três meses, quando a instituição decidiu realizar o monitoramento da evolução da pandemia de Covid-19 no Estado. Todo material tem divulgação no site e redes sociais da Ahpaceg, além de divulgados na mídia, site e encaminhados para instituições, como Ministério Público Estadual, além de órgãos de saúde competentes.
A Ahpaceg ainda sugere que a investigação seja ampliada a todas as instituições privadas para que cada uma possa apresentar sua rede de leitos, sua estrutura e taxa de ocupação e que o trabalho envolva também todos os setores da sociedade e dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciários que possam contribuir com esse enfrentamento da pandemia. A Câmara está se limitando a investigar alguns leitos particulares e a Ahpaceg propõe um trabalho mais amplo, com a investigação de todos os leitos/estrutura privada e do trabalho que outros órgãos/poderes estão desenvolvendo ou possam vir a fazer.
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O POPULAR
É falso que repasses de verbas aos estados estejam relacionados ao número de mortos e infectados
Ao contrário do que afirma um vídeo postado por um enfermeiro no YouTube, as verbas distribuídas pela União aos estados e municípios para o combate à covid-19 são para hospitais de campanha e compras de equipamentos de proteção, entre outras ações, e não há relação entre o número de infectados e de mortos com os repasses.
São falsas as afirmações de um enfermeiro do Rio de Janeiro que diz, em vídeo publicado no dia 10 de junho, que corpos de vítimas da Covid-19 são vendidos por milhões para governos estaduais e municipais. Ele também afirma, erroneamente, que 60% dos óbitos registrados com a doença foram por outros motivos. Segundo o Projeto Comprova verificou, a União disponibiliza verbas para que Estados possam usá-las para o combate ao vírus - hospitais de campanha e compras de equipamentos de proteção, entre outras ações -, mas não há relação entre o número de infectados e de mortos com os repasses.
Procurado, o Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro informou que não há qualquer investigação envolvendo possíveis fraudes em óbitos por Covid-19 no Estado. A Polícia Federal não divulga informações sobre investigações em andamento, mas não há citação de nenhuma apuração envolvendo este tema. A Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) não se manifestaram.
Em entrevista ao Comprova, o autor do vídeo que viralizou nas redes sociais, Anthony Ferrari Penza, que vive em Cabo Frio (RJ), disse que pode confirmar suas "denúncias" com relatos de pessoas que buscaram atendimento médico. "Eu tenho provas disso, eu coloco cem pessoas para falar", declarou Penza - sem apresentar nenhum documento.
Como verificamos?
O Comprova procurou o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro para saber quanto a União repassou ao Estado para o combate à Covid-19. Também questionou aos órgãos sobre os critérios usados para definir o valor repassado aos Estados.
O Comprova procurou ainda o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro para saber se há alguma investigação, concluída ou em andamento, sobre possíveis fraudes no registro de óbitos causados pela Covid-19.
Também levantamos informações sobre Anthony Ferrari Penza, autor do vídeo. A partir de dados de sua página no Facebook, o Comprova confirmou por e-mail com a Universidade Veiga de Almeida que ele é formado em Enfermagem. Também por e-mail, o Comprova checou com o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) do Rio de Janeiro que ele possui registro profissional. Descobriu ainda com o Coren e com o Conselho Federal de Enfermagem que Anthony tem "diversas denúncias" nas ouvidorias dos dois órgãos e que há um processo administrativo para apurar infrações.
Por fim, o Comprova entrou em contato com o autor do vídeo. Fez uma entrevista de 44 minutos e, no dia seguinte, voltou a conversar com o enfermeiro via WhatsApp.
Verificação
No vídeo, Penza afirma que governos estaduais e municipais estão lucrando a cada registro de óbito por Covid-19. Ele também diz que 60% das pessoas mortas pelo novo coronavírus "não morreram de Covid; morreram por estarem assustadas, morreram por causa da corrupção, morreram porque muitos falaram 'fique nas casas'". De acordo com as afirmações do enfermeiro, "existia e existe ainda venda de mortos pelo (sic) Covid-19".
As afirmações, no entanto, não são verdadeiras. Segundo o Ministério da Saúde, os valores repassados a Estados e municípios para o combate à pandemia não são definidos de acordo com o número de mortos.
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro foi procurada por e-mail no dia 15 de junho. Depois, foi contactada por telefone nos dias 16, 17, 18 e 19 de junho. Mas não respondeu até o fechamento dessa verificação.
Óbitos
O Rio de Janeiro registrou 8.875 mortes causadas pelo novo coronavírus até o dia 22 de junho. Segundo uma nota técnica divulgada pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) no dia 27 de março, os médicos devem incluir a Covid-19 como causa da morte na Declaração de Óbito dos pacientes quando a vítima tiver testado positivo para o vírus SARS-CoV-2. "Se a morte ocorrer antes do resultado de exames confirmatórios para COVID-19, recomenda-se ao (à) Médico (a) registrar COVID-19 (suspeito)", orienta o documento. Nesses casos, a confirmação ou descarte ficará sob responsabilidade das secretarias municipais e estaduais de Saúde.
Por e-mail, o Ministério Público Federal declarou que não há investigações relacionadas a fraude no registro de óbitos pela Covid-19 no Rio de Janeiro. A Polícia Federal informou que não divulga informação sobre investigações. O Ministério Público Estadual e a Polícia Civil não responderam ao Comprova.
Quem é Anthony Ferarri Penza
Nascido no Rio de Janeiro, Anthony Ferarri Penza se formou em Enfermagem em 2014, na Universidade Veiga de Almeida, na mesma localidade. Ele diz trabalhar em hospitais de Cabo Frio, mas, na entrevista feita pelo Comprova por telefone, não disse quais são as instituições em que atua. Antes da graduação em Enfermagem, Anthony foi dono de um jornal, o "Diário Cabofriense", que diz ter vendido "em 2012 ou 2013".
Politicamente, Penza diz que não é nem de direita, nem de esquerda, mas, nos vídeos, costuma destacar "políticos de esquerda" e chamá-los de canalhas.
No jaleco que usa nas gravações, há a inscrição "Doutor Anthony Ferreira Enfermeiro". Nos comentários do vídeo, alguns internautas questionam o uso do título "doutor", mas a Resolução 256/2001 do Conselho Federal de Enfermagem autoriza tal utilização por enfermeiros.
No início da pandemia, em 17 de março, ele postou um vídeo pedindo que as pessoas ficassem em casa. Ele afirmava: "Pelo amor de Deus, desculpa o meu desespero, mas é importante que eu fale isso porque nós não temos condições de atender os pacientes normais, quanto mais atender essa epidemia, ou melhor, pandemia de coronavírus". E continuava a gravação dizendo que Cabo Frio poderia vir a ter uma "carnificina de coronavírus". Ao ser questionado pelo Comprova sobre a mudança de postura em relação ao isolamento, Penza respondeu: "Ali era importante. Não sabemos como vai ser o vírus no Brasil e como o Brasil vai se comportar. Tanto que no Brasil como é que se comportaram Estados e municípios? Apenas com corrupção".
Vídeos
O enfermeiro contou na entrevista ao Comprova que faz o que define como "vídeos de revolta" há quatro anos. Possui um canal no YouTube desde março do ano passado. O primeiro vídeo tem 245 visualizações e o mais recente, de 11 de junho, alcançou 6.040 views. Penza disse que quem criou o canal foi sua mulher e já pediu que ela o cancelasse, por não saber mexer no site. A plataforma que ele mais utiliza para divulgar as gravações é o Facebook.
Denúncias contra o enfermeiro
Entre os comentários nos vídeos postados na página de Penza no Facebook, alguns são de usuários que questionam a veracidade do conteúdo e falam em denunciar o enfermeiro. Procurado, o Conselho Federal de Enfermagem afirmou ao Comprova, por e-mail, ter recebido "diversas denúncias" contra Anthony e que foi instaurado um processo administrativo para apurá-las no Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro.
Por que investigamos?
O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais. Quando o material aborda assuntos relacionados à Covid-19, a verificação se torna ainda mais importante, pois coloca a saúde das pessoas em risco. O vídeo checado pelo Comprova tinha mais de 8.646 visualizações no YouTube até a publicação desta investigação e alcançou mais de 99 mil compartilhamentos no Facebook até o dia 22 de junho, quando foi apagado por Penza.
Temas relacionados ao novo coronavírus têm sido usados politicamente, seja para reforçar narrativas ou desacreditar recomendações de cientistas, entre outras razões. Embora o autor do vídeo se defina como "apolítico, nem de direita, nem de esquerda", a gravação segue a linha de outros conteúdos que se alinham ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vê os governos estaduais e municipais como alvo preferencial na crise política e econômica causada pela pandemia do novo coronavírus.
Ao afirmar ainda que pessoas morreram "porque muitos falaram 'fique nas casas'", Penza trata a orientação de distanciamento social como um erro que teria causado mortes. Além disso, faz acreditar que não é preciso seguir a recomendação de distanciamento em um país que, até 22 de junho, havia perdido mais de 50 mil vidas para o vírus.
Falso, para o Comprova, é todo o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.
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Substituição de medicamentos causa danos
Falta de sedativos em UTIs obriga médicos a usarem outras opções, mas com risco de implicações indesejadas, como prolongar internação
A falta de sedativos e bloqueadores neuromusculares para pacientes entubados com o novo coronavírus é uma realidade na rede pública de Goiás. Equipes médicas têm recorrido à substituição dos medicamentos em falta por similares, mas isso tem consequências para o paciente. Aumento do tempo de internação, dificuldade de se adaptar ao ventilador mecânico, maior risco de quadros de delírio e queda de pressão arterial são alguns dos efeitos colaterais.
Esta escassez destes medicamentos é um problema no mercado hospitalar e tem sido registrada em todo o Brasil. Reportagem do POPULAR do dia 11 de junho já alertava para a dificuldade de compra destes materiais e a baixa quantidade no estoque.
Pacientes graves com o novo coronavírus necessitam ser entubados com os tão necessários respiradores. No entanto, além do equipamento, esse procedimento demanda anestesia constante com o uso de sedativos e dos chamados bloqueadores neuromusculares. Este último causa uma espécie de paralisia dos músculos, para que o paciente não "brigue com ventilador", jargão médico para a situação em que o corpo do paciente tenta respirar em descompasso com o respirador mecânico, causando falta de oxigenação.
"A maioria dos pacientes entubados antes da Covid-19 não ficava tantos dias na UTI, por mais de uma semana. Diferente destes pacientes com coronavírus. Há relatos de pacientes entubados por três meses. Imagine o tanto de sedativo e bloqueador necessário", explica o vice-presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de Goiás (Saego), Cláudio Diniz de Moraes.
Sedativo usado normalmente em pacientes entubados, o Midazolam é um dos que faltam em hospitais de Goiânia. Pelo menos três relatos de falta dele, em três unidades, chegaram ao Saego. De acordo com Cláudio, na falta deste sedativo, se usa o anestésico Propofol. "Ele é ótimo para cirurgias eletivas, mas tem mais contraindicações, para o paciente que teve enfarte recente e tem insuficiência cardíaca."
Um médico de UTI com pacientes graves com coronavírus de um importante hospital da capital, que pediu para não ser identificado, conta que só se usa bloqueadores neuromusculares no momento da entubação, para economizar o estoque. O medicamento deveria ser aplicado mais vezes enquanto o paciente está entubado, para ele não "brigar com o ventilador."
"Ainda encontra uma dose (de bloqueador) aqui e outra acolá para fazer a entubação, mas para manter relaxado não tem. Aí usa só mais sedativos para fazer com que ele aceite mais o ventilador", relata o médico. De acordo com ele, essa maior dose de sedativos pode levar a uma queda da pressão e diminuir a oxigenação dos tecidos do paciente. Além disso, aumenta-se a chance de quadros de delírio (veja quadro).
Presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás, Franscine Leão alerta que a falta dos sedativos é um problema que pode afetar os pronto-socorros. Com o aumento da ocupação dos leitos, pacientes terão de ficar mais dias entubados em unidades de urgência e emergência. Ela exemplifica que entubou dois pacientes recentemente onde trabalha e que havia os sedativos. No entanto, quando faltar, ela teme que a situação se agrave, já que este tipo de unidade não costuma ter anestesista.
"A gente vai ter de começar a usar droga que não tem de usar e não sabemos exatamente como vai ser o efeito nos pacientes com Covid-19, que já são diferentes por si só. No paciente com Covid-19, tudo que você estudou, você tem que reaprender. Não somos mais habilitados a lidar com drogas de segunda e terceira linha. Profissionais que sabem lidar com elas são anestesistas. A grande maioria dos pronto-socorros não tem anestesistas", relata a médica.
"A gente não tem estoque grande para dois meses"
O secretário estadual de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, reconheceu durante entrevista na tarde desta terça-feira (23) ao POPULAR que já estão sendo usadas medicações alternativas para sedar pacientes entubados. Ele lembrou que a falta de alguns medicamentos é um problema nacional e há promessa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) de regularização da situação entre sete e dez dias.
"Todo mundo que precisa ser sedado está sedado. Todo mundo que precisa ser entubado está entubado. Mas as vezes tem que utilizar algumas medicações que não são de extrema última geração, porque de última geração, infelizmente, no Brasil já não está tendo", relata o secretário.
De acordo com Alexandrino, não se consegue mais realizar compras em quantidade suficiente para dois meses e os prazos de entrega não são cumpridos. "A gente não tem estoque grande para dois meses. Ninguém mais vende estoque suficiente para 120 dias. Essa situação que estamos passando aqui, outros Estados também estão passando", relatou.
Ainda na entrevista, ao ser questionado sobre as consequências da substituição de sedativos, Alexandrino relatou a maior demora para o paciente acordar. Segundo ele, há drogas mais modernas que fazem o paciente se recuperar da sedação mais rápido, em minutos. Na falta delas, são usadas medicações menos modernas, que o paciente demora mais horas para recuperar a consciência.
"Quando substitui, não é que não é para aquilo. É para aquilo. Mas os benefícios que com a tecnologia foram ganhados, a gente acaba perdendo. Paciente que era para acordar dentro de 20 minutos, acorda com 6 horas, 12 horas. Isso retarda a alta do paciente, retarda a entubação do paciente", descreve o secretário.
Hospitais de campanha
Por nota, a Associação de Gestão Inovação e Resultados em Saúde (Agir), organização social responsável pela gestão do Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia, disse que tem encontrado dificuldades para manter o abastecimento em todas as unidades. No caso dos bloqueadores neuromusculares, estão sendo usados fármacos com ação similar, com maior disponibilidade no mercado e priorizando o uso racional na prescrição.
"Estamos otimistas com a normalização do abastecimento pelas indústrias até o final do mês de junho", diz trecho da nota. A OS também cuida da gestão do Hospital de Urgências da Região Noroeste, o Hugol.
O Hospital e Maternidade Célia Câmara (HMMCC), administrado pela Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da UFG (Fundahc), informou que está trabalhando diuturnamente, com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, para aquisição dos sedativos e bloqueadores neuromusculares em falta. "Sabemos da escassez desses itens no mercado e estamos utilizando substitutos que encontram-se disponíveis para compra dentro da segurança e aplicação individual de cada medicamento", explica o diretor-técnico do HMMCC, Marcelo Cupertino, em nota.
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Dividida, Câmara de Goiânia cria CEI para investigar UTIs privadas
Sob acusação de que proposta busca 'holofotes', requerimento foi apresentado pelo vereador Paulo Daher (PMN); MDB não vai participar
Em clima de divisão interna, a Câmara de Goiânia criou na manhã de ontem uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a oferta e a ocupação de leitos de enfermaria e de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dos hospitais particulares da capital para o tratamento de pacientes com coronavírus.
Em acordo do grupo favorável à CEI, do qual faz parte o presidente Romário Policarpo (Patriota), o requerimento foi apresentado pelo vereador Paulo Daher (PMN), que é médico, com mais 11 assinaturas. À tarde, o MDB, maior bancada da Casa e sigla do prefeito Iris Rezende, decidiu que não vai participar da comissão.
Durante a sessão de ontem, quatro vereadores se manifestaram contra a instalação da CEI, alegando que a proposta busca holofotes e que não há necessidade de se criar uma investigação dessa proporção na Casa. Nos bastidores, outros quatro também fizeram críticas afirmando não ser momento de criar "tumultos".
O requerimento da CEI ocorreu no dia seguinte ao envio de ofícios por parte da presidência da Câmara para que a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) e outros órgãos forneçam informações sobre a quantidade de leitos. Questionado se não seria melhor aguardar as respostas das instituições, Paulo Daher disse que uma CEI tem "maior poder" para exigir respostas mais rápidas e aprofundadas e abre possibilidade de convocações.
"Talvez seria suficiente (o conteúdo das respostas aos ofícios), mas é uma questão de extrema emergência, então precisamos de algo mais resolutivo. Acho que o momento pede uma CEI", afirma o vereador.
O líder do prefeito na Casa, Welington Peixoto (DEM), que assinou o requerimento, afirmou que sua participação ocorre de forma pessoal e não como representante do prefeito. "A minha assinatura e meu apoio não têm a ver com a liderança. Acho que devemos averiguar as denúncias que chegaram a esta Casa. Não estou falando em nome do prefeito", disse na sessão.
À reportagem, Welington disse que estranhou a decisão do MDB porque a reunião de segunda-feira, na presidência, em que foi decidida a instalação da CEI teve a participação de dois vereadores do partido. "Recebemos denúncias de que alguns hospitais tiraram vagas para tratamento de coronavírus e depois falaram de lotação. Precisamos saber a real quantidade de vagas e ouvir os dois lados", afirma o vereador.
Policarpo já havia decidido enviar os ofícios, quando foi divulgada a informação por parte da Ahpaceg de que a taxa de ocupação dos leitos para Covid-19 nos hospitais credenciados à rede municipal é de 85%, com risco de colapso. Como a manifestação ocorreu logo após a publicação de decreto de Iris flexibilizando atividades comerciais na capital, na sexta-feira (19), os vereadores favoráveis à retomada da economia consideram que é estratégia para barrar o plano de reabertura ou forçar cobranças mais altas. Além do ofício à Ahpaceg, também foram feitos pedidos à Secretaria Municipal de Saúde, Instituto Municipal de Assistência à Saúde (Imas), Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) e Unimed.
Questionado sobre se não seria mais adequado aguardar as respostas das entidades, Welington disse que pode até haver recuo na CEI. "Se chegarem as respostas e forem satisfatórias, esclarecedoras, a CEI pode até ser retirada. Mas parece que há certa resistência. Precisamos ter respostas o mais rápido possível. Não será uma comissão sensacionalista, para acusar, mas apenas para esclarecer de forma rápida e objetiva", diz.
Instalação
Com a criação da CEI, os partidos devem indicar integrantes conforme a proporcionalidade. Como o MDB não vai participar, o Patriota, como segunda maior bancada, ficará com mais membros. Paulo Daher manifestou intenção de presidir a comissão, mas ainda não há definição.
O plano da presidência é ter os nomes até amanhã para que a instalação ocorra nesta quinta-feira (25). Pelo requerimento, a CEI trabalhará no prazo de 30 dias, prorrogáveis por igual período. Segundo o documento, também será investigado o valor cobrado dos entes estatais e das administradoras de planos de saúde pela utilização do leito.
Welington afirma que não pretende compor a comissão porque não quer misturar com a função de líder do prefeito.
A alta ocupação dos leitos da capital foi usada pela promotora de Justiça Marlene Nunes Freitas Bueno como argumento no pedido para que a Justiça suspendesse a flexibilização das atividades.
Em nota, a Ahpaceg informou que prepara o envio de informações à Câmara e disse ver com bons olhos a iniciativa de levantar os dados sobre leitos.
Três vereadores de Goiânia testam positivo para coronavírus
Pelo menos três vereadores de Goiânia testaram positivo para o coronavírus. Cabo Senna e Milton Mercêz (ambos do Patriota) confirmaram o diagnóstico, mas o terceiro nome não revelou publicamente e a direção da Câmara não informa, alegando que a publicidade deve ser de iniciativa pessoal.
A Casa iniciou testes com todos os servidores e vereadores no dia 8 de junho. No dia 12, foram detectados 95 casos ativos ou inativos (53 com a carga viral e possibilidade de transmissão e 42 já curados).
Cabo Senna afirma que o teste da Câmara deu negativo, mas que começou a sentir sintomas no dia seguinte e fez o exame em laboratório. O resultado saiu nesta segunda-feira (22). O vereador, que também preside uma entidade de policiais militares, diz que se sentiu muito mal, com febre, dores no corpo, perda de olfato e paladar e dor de cabeça. "É uma loucura. Os sintomas chegam muito rápido. Eu não tinha nem forças para levantar os braços. Perdi quase quatro quilos", diz. A mulher e o irmão do vereador também tiveram o vírus. Segundo Senna, o irmão chegou a ser internado em UTI mas já saiu. O vereador postou nas redes sociais que estava em isolamento por conta dos sintomas.
O teste que Milton Mercêz fez na Câmara deu positivo, assim como de uma servidora de seu gabinete, mas ele afirma que ambos não sentiram nenhum sintoma. Uma semana depois, ele diz que fez exame na rede particular (PCR) e não foi detectada a doença. "Não tive nem dor no dedo. Fiquei de castigo, isolado de todo mundo, mas estou em dúvida se tive mesmo. Se eu tive, já foi", afirma. Um dos filhos, que é da PM, foi contaminado, mas já se curou. Na segunda-feira, o vereador afirma que fará novo teste.
A Casa realizou hoje sessão presencial, mas com a possibilidade de vereadores participarem remotamente. A direção afirmou que a parte administrativa não está em funcionamento de forma presencial.
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Aumentam surtos de Covid em empresas
Locais de trabalho de pelo menos seis cidades goianas, no último mês, já tiveram de realizar testes em massa depois do alto número de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus
Em pelo menos seis cidades de Goiás grandes empresas foram confirmadas como focos da pandemia do novo coronavírus , que causa a Covid-19. Após um alto número de contaminados em estabelecimentos do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia) e em um frigorífico localizado no município de Rio Verde, já estão registrados casos de surto em locais de trabalho em Quirinópolis, São Simão, Mineiros e Ceres (veja quadro).
Nesta semana, um frigorífico foi parcialmente interditado em Mineiros, no Sudoeste goiano, mesma região em que um estabelecimento da mesma atividade teve de ser paralisado no começo do mês em Rio Verde. Em todos os casos, as autoridades têm feito a interdição dos locais e exigido a aplicação de exames para o novo coronavírus em todos os funcionários. Com isso, a quantidade de casos do frigorífico de Rio Verde chegou a ser 80% do total da cidade, de acordo com a prefeitura.
No caso do frigorífico da Marfrig em Mineiros, o registro de 43 casos representa cerca de 16% do total da cidade. A prefeitura chegou a fazer um decreto interditando totalmente as atividades no local até que fossem realizados os testes em todos os funcionários. Mas nesta terça-feira (23) o prefeito Agenor Rezende (MDB) assinou nova determinação permitindo que a empresa realizasse o abate de animais em currais ou em trânsito nesta quarta-feira (24) e as atividades fim a indústria até às 18 horas desta quinta-feira (25). A explicação é de que os animais já aos cuidados da indústria poderiam sofrer maus-tratos por ficarem sem destinação definida e também porque a empresa já havia iniciado as medidas de contingência.
Estas ações estão sendo feitas em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi) e contemplam um trabalho de conscientização junto aos servidores e a testagem em massa, com o exame sorológico. Diretora da unidade integrada Sesi/Senai em Mineiros, Tays Almeida de Souza explica que os 1.178 servidores da Marfrig serão testados e que este serviço já estava programado para ocorrer nesta quinta-feira (25), mas, em razão dos decretos municipais, tiveram de ser adiantados. "Antes era produção em segurança e isolamento dos contaminados, estava bem tranquilo. O primeiro caso lá surgiu depois que a cidade já tinha dezenas e eles logo se manifestaram. Só que tivemos de antecipar em razão do surto, o trabalho de conscientização ficou para depois." A Marfrig não quis se pronunciar.
Em Quirinópolis, a decisão da prefeitura de notificar a empresa responsável pela construção do trecho da Ferrovia Norte-Sul na cidade a realizar a testagem nos servidores encontrou mais 140 confirmações. Isso se deu depois que 12 de 27 profissionais estavam com a doença e, então, os outros 200 passaram pela testagem. Os testes foram feitos pela secretaria municipal. A mesma obra foi suspensa pela Justiça após ação conjunta do Ministério Público do Estado de Goiás e do Ministério Público do Trabalho em São Simão.
A ação se deu depois que 32 servidores da construtora que opera no trecho foram confirmados como pacientes para Covid-19 e 4 foram internados. Outros 106 funcionários estavam à espera dos resultados. Em Ceres, uma fábrica de sorvetes realizou testes em massa nos servidores depois que 3 tiveram diagnóstico positivo, um deles veio a óbito pela doença.
Método preocupa
O método utilizado pela maioria das empresas goianas para a realização da testagem em massa não é o mais adequado, segundo a epidemiologista e professora da Universidade Federal de Goiás, Erika da Silveira. De acordo com ela, o ideal era que as empresas realizassem o teste RT-PCR que verifica a presença do novo coronavírus em todos os funcionários.
Este teste é o correto para fazer o diagnóstico da doença, ou seja, ele é mais confiável para estabelecer se a pessoa está ou não infectada. Já o teste sorológico, que apresenta resultados em um menor tempo e é mais barato, só verifica a presença de anticorpos e, por isso, é necessário que o vírus esteja no corpo da pessoa por pelo menos oito dias, que é o período para que o ser humano produza os anticorpos. "Não pode afirmar que todos ali não têm o vírus, pois o teste rápido tem alta incidência de falso negativo", diz. Neste caso, a pessoa está infectada, mas o exame ainda não é capaz de detectar o coronavírus.
A opção seria o RT-PCR em todos os servidores sintomáticos, realizando antes o trabalho de conscientizar sobre quais são os sintomas e, então, isolar aqueles funcionários positivos neste exame. Erika também conta que, no caso de só ser possível fazer o teste rápido, é necessário repeti-lo a cada dez dias. "Entendo a necessidade, mas estamos abrindo as empresas no pior momento, pois pode chegar ao ponto de piorar a curva e ter de fechar tudo de novo", diz.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação
Covid-19: Boletim Ahpaceg 23|06|20
Confira o boletim de hoje, 23 de junho, com os números de atendimentos relacionados ao novo coronavírus (Covid-19) em 20 instituições associadas da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg). O Hospital Santa Helena e o Hospital Clínica do Esporte não informaram.
Neste boletim estão detalhados os casos suspeitos e confirmados de altas médicas e de pacientes internados nas últimas 24 horas e o número de óbitos confirmados acumulados desde 4 de abril, data da primeira morte em hospitais associados, e hoje.
Ahpaceg prepara envio de informações à Câmara Municipal de Goiânia e sugere ampliação de CEI
As informações solicitadas ontem, 22 de junho, à Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) pela Câmara Municipal de Goiânia sobre a oferta e ocupação de leitos nos hospitais associados estão sendo repassadas à presidência da Casa. Os dados incluem não apenas as instituições de Goiânia, conforme solicitado, mas também do interior do Estado e abrangem os leitos comuns e de Unidade de Terapia Intensiva exclusivos para casos suspeitos e confirmados de Covid-19 e os leitos para outros atendimentos.
Essa informação só agora solicitada pela presidência da Câmara Municipal de Goiânia e que possibilita o monitoramento da evolução da pandemia de Covid-19 nos hospitais associados, já vem sendo regularmente e voluntariamente divulgada pela Ahpaceg, de segunda-feira a sábado, há quase três meses. O material é publicado no site e redes sociais da Associação, enviado a diversos veículos de imprensa e encaminhado a instituições, como o Ministério Público Estadual, reforçando os dados também informados diariamente aos órgãos de saúde competentes.
A Ahpaceg vê com bons olhos a iniciativa da Câmara Municipal de Goiânia de abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a disponibilidade de leitos em hospitais particulares na capital durante a pandemia de Covid-19 e sugere que a investigação seja ampliada a todas as instituições privadas para que cada uma possa apresentar sua rede de leitos, sua estrutura e taxa de ocupação e que o trabalho envolva também todos os setores da sociedade e dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciários que possam contribuir com esse enfrentamento da pandemia.
Ahpaceg e Academia Danone vão promover o evento “Acompanhamento do Paciente Covid: Admissão, Internação e Alta Hospitalar”
A Ahpaceg e a Academia Danone vão promover no dia 2 de julho o evento “Acompanhamento do Paciente Covid: Admissão, Internação e Alta Hospitalar”. Aberto a médicos, intensivistas, nutricionistas, enfermeiros e demais profissionais de saúde das instituições associadas da Ahpaceg, esse será o primeiro evento nacional da Academia Danone, um portal exclusivo para a atualização profissional de quem trabalha na área da saúde.
Todo o evento será online, inclusive a emissão do certificado dos participantes. Anote na agenda. Em breve, divulgaremos o link de acesso.
Covid-19: Boletim Ahpaceg 22|06|20
Confira o boletim de hoje, 22 de junho, com os números de atendimentos relacionados ao novo coronavírus (Covid-19) em 22 instituições associadas da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg).
Neste boletim estão detalhados os casos suspeitos e confirmados de altas médicas e de pacientes internados nas últimas 24 horas e o número de óbitos confirmados acumulados desde 4 de abril, data da primeira morte em hospitais associados, e hoje.
Covid-19: Boletim Ahpaceg 22|06|20
Confira o boletim de hoje, 22 de junho, com os números de atendimentos relacionados ao novo coronavírus (Covid-19) em 22 instituições associadas da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg).
Neste boletim estão detalhados os casos suspeitos e confirmados de altas médicas e de pacientes internados nas últimas 24 horas e o número de óbitos confirmados acumulados desde 4 de abril, data da primeira morte em hospitais associados, e hoje.