Postado em: 23/07/2024

CLIPPING AHPACEG 23/07/24

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Planos de saúde: 1,93 bilhão de procedimentos em 2023

Inteligência Artificial e adoção do Prontuário Único no Brasil

Paciente 5.0: o que credencia um serviço moderno de saúde?

CFM e sociedades médicas pedem à Anvisa liberação do uso do fenol mediante prescrição

Ministério da Saúde investiga primeiras mortes suspeitas por febre Oropouche

Médicos são indiciados por morte de grávida e bebê

MONITOR MERCANTIL

Planos de saúde: 1,93 bilhão de procedimentos em 2023


Os planos de saúde realizaram 1,93 bilhão de procedimentos, entre consultas, exames, terapias e cirurgias em 2023. O número representa um aumento de 7,4% em relação ao total de procedimentos realizados em 2022, quando foram feitos 1,8 bilhão de procedimentos. No topo do ranking estão os exames ambulatoriais, que totalizaram 1,2 bilhão de eventos informados ao sistema da ANS pelas operadoras, um aumento de 7,1% em relação a 2022.

Esses e outros dados estão disponíveis de forma detalhada no painel dinâmico Mapa Assistencial da Saúde Suplementar , no portal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A ferramenta possibilita a consulta de dados de produção dos serviços de saúde prestados pelas operadoras de planos de saúde, por ano-base, e de indicadores de produção assistencial desde 2019, permitindo uma avaliação da variação de alguns procedimentos selecionados em relação aos anos anteriores.

As consultas médicas, com 275,3 milhões, ou seja, um acréscimo de 4% em relação a 2022, estão no segundo lugar dos eventos mais realizados; seguida dos procedimentos odontológicos, com 196,2 milhões, 6,3% a mais que em 2022. As internações somaram 9,2 milhões de ocorrências no ano, representando um aumento de 4,8% em relação a 2022.

As terapias, por sua vez, tiveram aumento de 19,7% e outros atendimentos ambulatoriais (consultas e sessões com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fonoaudiólogos, psicólogos, dentre outros) subiram 10,7%, frente a 2022.

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MEDICINA S/A

Inteligência Artificial e adoção do Prontuário Único no Brasil

Por Rafael Dias da Cunha

No campo da inteligência artificial, apesar da ausência de uma regulamentação global uniforme, muitos países estão se esforçando para estabelecer diretrizes gerais para seu uso em diversos setores. No Brasil, espera-se que o Projeto de Lei n. 2338/2023, que regulamenta a matéria, avance rapidamente, embora haja preocupações de que uma tramitação acelerada possa impedir uma análise detalhada de questões sensíveis.

Os avanços tecnológicos na medicina são impressionantes e, se observarmos um recorte mais recente, vão desde robôs cirúrgicos até a inteligência artificial. No entanto, esses progressos trazem à tona um debate crucial: os desafios éticos e regulatórios das novas tecnologias na área da saúde.

Um exemplo é o avanço dos sistemas de reconhecimento de voz (SRV), que está moldando o futuro da interação entre humanos e tecnologia, especialmente no setor de saúde. Esses sistemas transformam a fala em texto, proporcionando uma interface mais intuitiva e eficiente.

Na prática cirúrgica, por exemplo, os SRVs são uma inovação crucial. Eles permitem que cirurgiões acessem e atualizem dados do paciente sem usar as mãos, mantendo a esterilidade e reduzindo o risco de infecção. A capacidade de controlar dispositivos médicos através da voz aumenta a segurança e a eficiência durante procedimentos cirúrgicos.

Os SRVs também permitem que os profissionais de saúde emitam comandos de voz para que o sistema registre e busque informações nos prontuários dos pacientes, acelerando o processo de registro de informações e reduzindo a possibilidade de erros humanos, garantindo maior precisão nos prontuários médicos.

Com o aumento dos serviços de telemedicina, os SRVs desempenham um papel vital ao permitir que os médicos interajam com os pacientes de forma mais eficaz. A tecnologia permite a transcrição automática de sintomas e históricos médicos, permitindo que os profissionais de saúde se concentrem mais na consulta do que na anotação de informações.

Apesar das vantagens, a tecnologia de reconhecimento de voz enfrenta desafios como variações de sotaques, qualidade de áudio e necessidade de treinamento específico para diferentes contextos linguísticos. Esses desafios podem impactar a precisão e a confiabilidade dos sistemas.

Outro aspecto de inovação discutido recentemente na plenária do Grupo de Trabalho de Saúde (GT Saúde), realizada em Salvador, Bahia, foi o investimento em saúde digital. Este evento reuniu diversos especialistas e autoridades para discutir as inovações e os avanços necessários na área da saúde. A importância deste encontro se reflete nas discussões sobre como a digitalização pode transformar a prestação de serviços de saúde, especialmente por meio da implementação de um prontuário único do paciente.

Quer seja no âmbito da saúde pública ou privada, o prontuário único do paciente é uma ferramenta essencial para centralizar todas as informações médicas de um indivíduo em um único local. Isso inclui histórico médico, diagnósticos, tratamentos, medicamentos prescritos e resultados de exames. A centralização dessas informações traz inúmeros benefícios:

Melhoria na Qualidade do Atendimento: Profissionais de saúde têm acesso imediato a informações completas e atualizadas do paciente, permitindo diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes.

Redução de Erros Médicos: Com todos os dados disponíveis, os riscos de redundância e erros no tratamento são reduzidos. Médicos podem evitar prescrições incorretas ou exames desnecessários, aumentando a segurança do paciente.

Eficiência Operacional: A interoperabilidade entre diferentes instituições de saúde elimina a necessidade de repetição de exames e consultas, agilizando o atendimento e liberando recursos para outras necessidades.

O uso eficiente dos recursos de saúde é uma das grandes vantagens da digitalização. A implementação de um prontuário único permite a redução de custos, uma vez que a realização de exames e consultas em duplicidade é minimizada, economizando recursos financeiros que podem ser redirecionados para outras áreas críticas.

Além disso, a gestão eficiente dos dados, através da coleta e análise em larga escala, permitiria uma melhor gestão dos serviços de saúde, com identificação rápida de áreas que necessitam de melhorias ou investimentos adicionais.

Em uma perspectiva mais futurista, a bioética se destaca como a disciplina que integra essas áreas e considera diversos fatores, como a defesa dos direitos e da segurança dos pacientes, bem como a proteção dos dados. Crescem a cada dia discussões relacionadas ao viés nos algoritmos, à diversidade nas bases de dados e à propriedade das informações, ganhando cada vez mais relevância.

Embora os benefícios sejam claros, a implementação de um prontuário único enfrenta desafios, como a integração de sistemas e a proteção de dados pessoais. No entanto, com investimentos estratégicos e a adoção de boas práticas de segurança cibernética, esses obstáculos podem ser superados.

A vasta quantidade de dados gerada traz consigo o desafio de entender como serão utilizados, se de maneira adequada, e se as pessoas estão cientes e concordam com o uso de suas informações. O consentimento para o compartilhamento de dados, a proteção da confidencialidade e a manutenção da integridade desses dados permanecem como desafios no setor, envolvendo processos regulatórios complexos.

Do ponto de vista legal, é imperativo garantir que os dados dos pacientes sejam protegidos conforme as regulamentações de privacidade, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Os sistemas que viabilizam novas tecnologias devem implementar medidas robustas de criptografia e segurança para proteger informações sensíveis contra acessos não autorizados.

Para garantir a eficácia e a conformidade legal, é fundamental que os profissionais de saúde, os desenvolvedores de tecnologia e os departamentos jurídicos especializados trabalhem juntos para adaptar a inovação do setor à regulação vigente. Assim, poderemos aproveitar ao máximo o potencial desta tecnologia transformadora, sem comprometer a segurança e a privacidade dos pacientes.

O investimento em saúde digital, especialmente na implementação de um prontuário único do paciente, é um passo essencial para a modernização do sistema de saúde no Brasil. A otimização da prestação de serviços e a melhor gestão dos recursos resultantes dessa inovação são promissoras, e posicionará o país como um modelo de eficiência e qualidade em saúde.

À medida que avançamos nessa direção, é vital que todos os stakeholders, incluindo profissionais de saúde, gestores públicos e privados, bem como a sociedade em geral, estejam alinhados e engajados para garantir que os benefícios sejam plenamente alcançados e que todos os brasileiros tenham acesso a um atendimento de saúde mais eficaz e seguro.


*Rafael Dias da Cunha é advogado em Toro Advogados & Associados.

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Paciente 5.0: o que credencia um serviço moderno de saúde?

Por Marcelo Casado

Autonomia e informação são duas das principais características do paciente 5.0, um perfil diretamente associado à familiaridade tecnológica da nova geração de pacientes, tendo como exigências dominantes o acolhimento, a disponibilidade e a comunicação fluida por parte dos serviços de saúde.

Esse grupo evidencia uma evolução no comportamento e nas expectativas, o que cria a necessidade de uma transformação também na gestão de empreendimentos de natureza médica. O paciente 5.0 sabe que a tecnologia é uma aliada e, por isso, os médicos precisam aprimorar seus pontos de contato com o novo perfil de pacientes.

E como podemos garantir a excelência no atendimento?

A tecnologia no centro das mudanças

O estudo da TechTarget intitulado “Estudo de Prioridades de TI” apontou que 41% das empresas de saúde globais ampliaram seus investimentos em tecnologia da informação em 2023. A ciência dos dados foi apontada como um diferencial para análise preditiva e aprimoramento da gestão da área.

Conseguimos entender com a pesquisa que a evolução tecnológica proporciona o acesso facilitado à informação, e isso torna os pacientes mais conscientes das suas possibilidades e mais desejosos de um atendimento de saúde que vá além do tradicional. O desafio, então, está dado, e as clínicas médicas precisam atualizar seus métodos para fornecer um serviço moderno e eficiente.

Como pilar dessa modernização, a tecnologia é um requisito para se adaptar ao paciente 5.0. Ferramentas como prontuários eletrônicos e plataformas de agendamento online não são apenas luxos, e sim como elementos básicos para consultórios que aspirem ao atendimento de excelência e à longevidade enquanto empreendimento.

Facilitando a gestão e otimizando processos internos, graças a ferramentas voltadas para precisão de informações, centralização de dados e acompanhamento efetivo do estado de saúde dos pacientes, a tecnologia garante eficiência na oferta dos serviços de saúde.

A praticidade é sentida dos dois lados: os médicos sentem-se mais seguros para lidar com as demandas de forma organizada e os pacientes sentem-se cuidados em todos os quesitos, tendo suas necessidades atendidas de acordo com suas realidades. A satisfação, assim, é uma conquista natural.

Descobrindo a chave para a excelência

Um aspecto crucial que credencia um serviço moderno é a personalização dos cuidados de saúde. O paciente 5.0 valoriza um tratamento que considere suas particularidades, preferências e histórico de saúde. Nesse sentido, a utilização de tecnologia de análise de dados pode proporcionar insights valiosos sobre as necessidades específicas, permitindo a elaboração de planos de tratamento mais eficazes.

Consequentemente, a eficiência tem efeitos até mesmo na otimização do fluxo de trabalho, aprimorando os processos e a comunicação dos médicos entre si e com os pacientes. A adoção de sistemas integrados que automatizam tarefas administrativas e facilitam o acesso às informações em tempo real contribui significativamente para um serviço de saúde mais ágil.

Entendemos que adaptar-se ao novo perfil do paciente 5.0 é uma tarefa de cunho estratégico para clínicas e consultórios médicos e tal demanda está altamente ligada à necessidade de oferecer um atendimento de excelência. Ao buscar por estratégias que envolvam a integração tecnológica com os processos de gestão e de operação médica, é possível tornar a rotina dos consultórios e clínicas mais leve e mais responsiva às expectativas de um público que quer ter sua individualidade reconhecida e valorizada.


*Marcelo Casado é Diretor de Crescimento e Fundador da Amigo Tech.

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AGÊNCIA ESTADO

CFM e sociedades médicas pedem à Anvisa liberação do uso do fenol mediante prescrição

O Conselho Federal de Medicina (CFM), a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) enviaram um pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que libere - exclusivamente para médicos - a compra e o uso de fenol em procedimentos de saúde em geral.

Desde 25 de junho, quando a agência publicou a Resolução 2.384/2024, atividades com a substância estão suspensas, o que vem prejudicando o tratamento de pacientes com doenças de pele, urológicas, neurológicas, dor crônica e até câncer, afirmam as entidades médicas.

O pedido foi encaminhado à Anvisa na última sexta-feira (19/7), e apresentado em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (22/7). "Infelizmente, essa medida administrativa poderá gerar, em pouco tempo, o agravamento de quadros clínicos, com danos incalculáveis à vida e a saúde da população e à autonomia dos médicos", diz o documento.

O conselho pede a revogação da medida e sua substituição por uma nova resolução, que possibilite a venda e o uso do fenol apenas com prescrição médica. Um dos principais argumentos listados no texto é o prejuízo da proibição para tratamentos em vigência. De acordo com o documento, o fenol é utilizado em problemas urológicos, como controle de sangramentos e hiperatividade da bexiga; na neurologia, para manejo de dor crônica; e também em casos de câncer, no auxílio do controle de tumores.

Segundo Heitor Gonçalves, presidente da SBD, há alguns substitutos ao fenol nos tratamentos dermatológicos, mas eles oferecem outros riscos. A dor da hidradenite supurativa, por exemplo, é tão intensa que, para substituir o fenol, às vezes é necessário usar derivados da morfina que podem causar dependência.

O dermatologista explicou ainda que, sem a utilização do fenol, alguns casos tornam-se cirúrgicos, como verrugas resistentes e recidivantes, retirada da matriz da unha, granuloma piogênico e leucoplasia pilosa (que ocorre, por exemplo, na região bucal de pessoas que convivem com HIV). "Nesses casos, o fenol é a primeira escolha", afirmou na coletiva.

O que diz o documento?
"Trata-se de técnica segura, de realização ambulatorial, com resultados de taxa de cura altos, de baixo custo e fácil realização, sendo uma importante terapêutica, promovendo benefícios aos pacientes. É amplamente empregado no mundo inteiro, sem restrições. Não é justificada a sua proibição, diante dos benefícios e baixo risco apresentado, desde que realizado por médico", afirma o documento.

O pedido reitera o posicionamento do conselho de que a compra e o uso do fenol devem ser restritos aos médicos, para uso exclusivo em ambiente controlado, uma vez que a substância demanda procedimentos invasivos que só competem aos profissionais de medicina.

"Entendemos que todos os procedimentos invasivos podem ter efeitos adversos. Qual o efeito adverso muito grave do fenol? Você tem a absorção de um ácido que é cardiotóxico, pode provocar arritmia cardíaca e levar a óbito. Qual o profissional habilitado para reconhecer uma arritmia cardíaca no monitor, tratar essa urgência caso ela ocorra e tomar as providências necessárias? Só tem um: é o médico", afirmou o presidente da SBD.

O pedido também referencia 214 estudos que concluem que o fenol é seguro quando utilizado com supervisão médica. Quando suspendeu o uso da substância, a Anvisa alegou que, até aquele momento, não haviam sido apresentados à agência estudos que comprovassem a eficácia e a segurança do fenol em procedimentos de saúde geral e estéticos. Segundo o presidente do CFM, José Hiran Gallo, as tratativas com a Anvisa têm sido produtivas.

No início de julho, representantes do conselho se reuniram com a diretoria da agência para conversar sobre o tema e expor o posicionamento do CFM. Com o envio do pedido formal, a entidade solicitou celeridade na resolução do caso. "O Conselho Federal de Medicina está constantemente em contato com a Anvisa em relação a uma resposta e à revogação dessa resolução, que com certeza viabilizará vários tratamentos que são preconizados em várias especialidades. Nós estamos aguardando uma resposta da Anvisa e, com certeza, ela irá nos atender depois desse documento encaminhado com todos os estudos do fenol para várias especialidades", afirmou. 

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Ministério da Saúde investiga primeiras mortes suspeitas por febre oropouche

O Ministério da Saúde investiga três mortes suspeitas de febre oropouche no Brasil, sendo uma em Santa Catarina e duas na Bahia. Caso confirmadas, essas serão as primeiras mortes pela doença documentadas no mundo. No Maranhão, um caso também estava sendo investigado, mas foi descartado. O País já registrou neste ano mais de 7 mil casos da doença.

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) afirma que registrou os dois óbitos como febre do oropouche, mas aguarda confirmação por parte do ministério. Os casos do Estado aconteceram nas cidades de Camamu e Valença, no sul baiano, e chamam a atenção pois as vítimas, de 21 e 24 anos, não possuíam comorbidades.

Um estudo ainda não revisado por outros especialistas (pré-print) elaborado por 20 cientistas de diversos órgãos da Bahia, como a Secretaria da Saúde, o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), analisou os óbitos registrados na região. O relatório destaca que a rápida disseminação do vírus da febre Oropouche, também chamado de OROV, "já representa um surto de grande preocupação para a população".

Em nota, o Ministério da Saúde declara que ainda não é possível confirmar mortes, pois é preciso fazer uma avaliação criteriosa dos aspectos clínicos epidemiológicos, considerando o histórico pregresso do paciente e a realização de exames laboratoriais específicos.

Casos na Bahia
Os casos baianos ocorreram em março e junho deste ano. A primeira paciente teve sintomas como dores musculares, abdominal, na cabeça e atrás dos olhos; além de diarreia, náuseas e vômitos. Ela chegou a buscar atendimento em unidades básicas de saúde e, dois dias após o início dos sintomas, recorreu a um hospital de referência, relatando visão turva e dificuldade para enxergar. Já internada, a paciente desenvolveu agitação, pressão baixa e falta de oxigênio no sangue.

A segunda paciente teve febre, fraqueza e dores em múltiplos locais do corpo, incluindo nas articulações. Ela também apresentou erupção cutânea vermelha e manchas roxas, além de sangramento no nariz, nas gengivas e na área vaginal. A jovem se queixou, ainda, de sonolência e vômitos.

O que isso representa
De acordo com a análise dos especialistas no estudo, os casos destacam alguns pontos importantes a serem observados: a rápida progressão dos sintomas até a morte, a presença de coagulopatia grave (uma condição em que o sangue tem dificuldade em coagular corretamente, levando a sangramentos e complicações), e a ocorrência de problemas no fígado, que podem ter contribuído para a coagulopatia e, consequentemente, para as mortes.

"Fica claro que a infecção por OROV pode levar a fenômenos hemorrágicos, como estudos anteriores demonstraram, e o envolvimento hepático também pode ser esperado nesta infecção", diz o relatório. O relatório destaca ainda que a evolução clínica dos pacientes com febre oropouche foi muito semelhante à de uma febre hemorrágica grave, comumente observada em casos de dengue.

Para eles, isso representa um desafio para o diagnóstico que merece atenção. "Se não fosse pela extensa avaliação laboratorial e pelo surto de OROV em curso na região, esses casos provavelmente teriam sido classificados inadequadamente como mortes por dengue", diz o relatório.

Por isso, segundo o documento da Sesab, os casos mostram como é de extrema importância implementar uma vigilância epidemiológica ativa e garantir a coleta de amostras suficientes para monitorar outras doenças, além de realizar a vigilância genômica.

Caso em Santa Catarina
Já a Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Santa Catarina informou estar acompanhando a investigação de um caso suspeito de óbito da doença conduzida pelo Estado do Paraná e com apoio do ministério. Segundo a pasta, o caso foi identificado pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná e o paciente atendido por serviços de saúde locais paranaenses, onde o óbito aconteceu no mês de abril.

No entanto, "durante a investigação, foi estabelecido que o local provável da transmissão foi em Santa Catarina, uma vez que o paciente teve registro de viagem ao Estado", explica em nota. No texto, a secretaria explica que, neste momento, Santa Catarina não investiga outros casos suspeitos de óbito pela doença. Segundo a pasta, os municípios com maior número de casos confirmados são Luiz Alves (65), Botuverá (35) e Blumenau (9). Santa Catarina registra um total de 140 casos confirmados até o momento.

Sobre a doença
A febre oropouche é uma doença causada por um vírus chamado Orthobunyavirus (OROV), que pertence à família Peribunyaviridae e é transmitido por artrópodes (como mosquitos). Os sintomas são semelhantes aos da dengue e incluem dor de cabeça, dores musculares, náuseas e diarreia. Em alguns casos, a doença pode evoluir para formas mais graves, com sintomas neurológicos. Atualmente, não há vacina ou tratamento específico para a doença. Pacientes com sintomas devem descansar, fazer tratamento para aliviar os sintomas e seguir o acompanhamento médico.

Recentemente, o Ministério da Saúde alertou para a importância dos cuidados das gestantes com a doença, diante de suspeitas de casos de microcefalia possivelmente associados à doença. Como medidas de proteção para gestantes, a pasta recomenda: - Evitar áreas onde há muitos insetos (maruins e mosquitos), se possível, e usar telas de malha fina em portas e janelas; - Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele; - Manter a casa limpa, incluindo a limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, e o recolhimento de folhas e frutos que caem no solo; - Se houver casos confirmados na sua região, siga as orientações das autoridades de saúde locais para reduzir o risco de transmissão.

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PORTAL G1

Médicos são indiciados por morte de grávida e bebê

Saiury Pereira Correia estava grávida de oito meses e morreu após ser internada com fortes dores no estômago. Investigação concluiu que houve negligência por parte dos médicos.

Por Augusto Sobrinho, g1 Goiás

A Polícia Civil (PC) indiciou dois médicos que atenderam Saiury Pereira Correia, de 19 anos. A jovem estava grávida de oito meses e morreu após ser internada no Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) com fortes dores no estômago, em Aragarças, no oeste de Goiás.

Os médicos, que não tiveram os nomes divulgados, foram indiciados por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A informação foi divulgada pela Polícia Civil (PC) na sexta-feira (19). O g1 não localizou as defesas dos profissionais até a última atualização desta reportagem.

Saiury foi atendida no HMGV e no Hospital e Pronto Socorro Municipal Milton Pessoa Morbeck, em Barra do Garças, no Mato Grosso. O g1 também pediu por e-mail um posicionamento das secretarias de saúde das duas cidades, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Conclusão da investigação

As investigações foram encerradas um ano após a morte de Saiury e do bebê dela depois que um parecer avaliou os protocolos adotados no atendimento da gestante. Segundo a PC, a investigação concluiu que houve negligência por parte dos médicos e, por isso, os responsabilizou pelas mortes.

Relembre o caso

Saiury e o bebê morreram no dia 1º de junho de 2023 após ela ser internada no HMGV, em Aragarças. Segundo o esposo da vítima, Marcos Denyver Fernandes da Silva, ela foi transferida para uma unidade de saúde em Barra do Garças (MT), mas “já era tarde demais” para a gestante e o bebê.

Marcos contou que a esposa chegou ao hospital goiano por volta das 8h com fortes dores no estômago. Na ocasião, a jovem estava com sinais vitais normais, mas com a pressão arterial com indícios de aumento. De acordo com ele, a mulher recebeu atendimento e foi medicada.

Apesar disso, Marcos relatou que os remédios não foram o suficiente para aliviar a dor que Saiury sentia. Com o passar das horas, o quadro de saúde da gestante foi se agravando e a equipe médica solicitou a transferência para um hospital especializado em Goiânia.

Ele ainda ressaltou que, antes do episódio, a esposa não apresentava complicações na gestação ou tinha problemas de saúde.

“A consulta de pré-natal era todo dia 8. Ela nunca deu uma alteração, nunca deu um ataque ou acelerou o coração. Ela era atleta. Sentiu dor de cabeça só uma vez e passou em duas horas”, contou Marcos.

Durante a espera, já no final da tarde, a saúde da gestante apresentou diversas complicações, inclusive, segundo Marcos ela teria sido diagnosticada com Síndrome de Hellp, grave alteração na pressão arterial. Diante disso, ela foi encaminhada para um pronto-socorro em Barra do Garças.

Marcos contou que, antes de sair da cidade, Saiury sofreu uma parada cardíaca e que chegou em Barra do Garças sem vida. Ele contou que pediu para a enfermeira “salvar a vida de Saiury”, porém, ela teria afirmado “que a jovem já tinha chegado na unidade sem pulso e que a cesariana, não salvou o bebê”.

"Eles esperaram ela morrer para transferir. Eles mandaram ela para a Barra morta. Não avisou a família que ela tinha morrido…. A missão deles era salvar a criança”, desabafa Marcos.

Na época, o médico obstetra Wladimir Farias afirmou que Saiury apresentou um agravo no quadro de saúde no início da tarde. “Por volta das 17h15 saíram os resultados dos exames. Foram assustadores os resultados. Dava uma complicação grave da doença hipertensiva gestacional”, relatou o médico.

Diante dos resultados, o obstetra disse ter solicitado a transferência dela para Goiânia, porém ela não poderia ser transferida em uma ambulância normal. Uma Ambulância de Suporte Avançado (USA) precisava ser liberada pela Secretaria de Saúde de Iporá. Entretanto, que não chegou até às 20h.

Portanto, transferir Saiury para Barra do Garças, “era a única alternativa, para tentar salvar a vida dela e do bebê”, afirmou o médico.

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Assessoria de Comunicação