Imprensa (2315)
Associados da Ahpaceg participam do 2º Workshop Planisa
Escrito por Administrador
Jacqueline Lopes Rodovalho, do associado Hospital do Coração de Goiás, e Mayra Melo, do associado Hospital Santa Helena, palestraram hoje, 18, na segunda edição do Workshop Planisa, que teve como tema “Liderança e Comunicação Eficaz na Implementação da Estratégia na Saúde” e debateu os novos caminhos para a sustentabilidade econômica dos hospitais.
Jacqueline e Mayra participaram da mesa-redonda “Direcionamento estratégico para o setor saúde”. Representantes de outras instituições associadas também compareceram ao workshop promovido pela Planisa, organização parceira do setor de saúde na busca por otimizar os resultados financeiros das empresas.
Realizado em Goiânia, das 9 às 17h30, o evento reuniu representantes da área da saúde dos setores público e privado. Em pauta, temas como a gestão estratégica de custos: do dado ao resultado, para onde caminha a regulamentação da saúde suplementar, a visão da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás sobre a gestão estratégica de custos e experiências exitosas nesta área, além de comunicação e liderança.
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
34 das 50 maiores operadoras de planos de saúde do Brasil são Unimed
Empresa CDI Premium denuncia que vem sendo alvo de golpe
CDI Premium diz ser vítima de golpe
2024: Cremego homenageia médicos que completaram 70 anos de idade ou 50 de formados
Clínica é condenada a indenizar técnica de enfermagem que foi demitida enquanto tratava câncer
Avanços e gargalos da radioterapia para o câncer de colo do útero
Golpista aterroriza pacientes com falso diagnóstico para pedir Pix
Utilização de soluções de suporte à decisão clínica cresce 14% em comparação a 2023
PORTAL G7
34 das 50 maiores operadoras de planos de saúde do Brasil são Unimed
Com presença em 9 de cada 10 municípios do país, cooperativas da marca são destaque no Valor 1000, principal ranking de negócios do país
Divulgado nesta terça-feira (17), o anuário Valor 1000 traz o ranking dos maiores planos de saúde que atuam no mercado. Dentre as 50 operadoras classificadas estão 33 cooperativas médicas e uma empresa do Sistema Unimed. O resultado reflete a liderança da Unimed no setor de saúde suplementar, com 20,5 milhões de beneficiários de planos de saúde e odontológicos, e a força do modelo cooperativista, que possibilitou que, ao longo de seus 56 anos, a marca expandisse sua atuação a todas as regiões do país, com presença em 92% dos municípios brasileiros. A Unimed do Brasil - confederação que representa institucionalmente as 340 cooperativas médicas e empresas do Sistema Unimed - tem acompanhado o crescimento da participação das cooperativas no ranking ao longo dos anos.
O presidente da entidade, Omar Abujamra Junior, analisa que o desempenho de destaque também é fruto da segurança assistencial e da qualidade dos serviços prestados, que fazem com que a marca conquiste a confiança de um número crescente de consumidores, tendo obtido aumento na carteira de clientes no último ano.
"A Unimed gera valor para a sociedade, contribuindo para movimentar a economia no segmento de saúde e para a criação de emprego e renda, com o desenvolvimento de estruturas para atender às necessidades da população, como hospitais e centros de diagnósticos, e de tecnologias para aprimorar a prestação de serviços. Nossas cooperativas também transformam vidas, pois participam do dia a dia das comunidades em que estamos presentes, por meio do investimento em programas de promoção à saúde e prevenção e em projetos socioambientais", destaca o presidente da Unimed do Brasil. Operadoras Unimed no ranking dos 50 maiores planos de saúde Unimed Nacional Unimed-BH Seguros Unimed Unimed Porto Alegre Unimed Curitiba Unimed Campinas Unimed Fortaleza Unimed Goiânia Unimed Vitória Unimed Belém Unimed Fesp Unimed Cuiabá Unimed Grande Florianópolis Unimed Recife Unimed Natal Unimed Nordeste RS Unimed São José do Rio Preto Unimed Sorocaba Unimed João Pessoa Unimed Londrina Unimed Leste Fluminense Unimed Maceió Unimed Santos Unimed Campo Grande Unimed Regional Maringá Unimed Ribeirão Preto Unimed Uberlândia Unimed de Blumenau Unimed Santa Catarina Unimed Teresina Unimed São José dos Campos Unimed Piracicaba Unimed Paraná Unimed Sergipe Anuário O Valor 1000 também divulgou o ranking com as maiores empresas que atuam nos segmentos de vida e previdência, no qual a Seguros Unimed ocupa a 21ª posição.
Em sua 24ª edição, o Valor 1000 se consolidou como um dos anuários de negócios mais respeitados e de credibilidade do país, com a organização de rankings e a premiação de empresas de diversos segmentos econômicos. A iniciativa é realizada por meio de parceria do jornal Valor Econômico com a Serasa Experian e a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. Sobre a Unimed Em mais de 56 anos de atuação, a Unimed se destaca na liderança do setor de saúde suplementar. A marca nasceu com a fundação da Unimed Santos (SP), em 1967, e hoje compõe um sistema de 340 cooperativas médicas e empresas, que estão presentes em nove de cada dez cidades brasileiras e atendem a 20,5 milhões de pessoas em planos de saúde e odontológicos. A Unimed reúne 118 mil médicos cooperados, gera 147 mil empregos diretos e dispõe da maior rede assistencial do país, com 30 mil estabelecimentos parceiros, além da rede própria, formada por 163 hospitais e hospitais-dia, 86 unidades de urgência e emergência, 509 clínicas, 42 centros de diagnósticos, 68 laboratórios e 96 serviços de terapias especiais, entre outros.
Toda essa operação injetou no sistema saúde brasileiro mais de R$ 87 bilhões em 2023, com a realização de 631 milhões de eventos assistenciais (consultas, exames, internações e outros procedimentos) no ano. As cooperativas Unimed também são destaque no Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS), avaliação oficial da ANS para o setor. Das 25 operadoras médico-hospitalares que obtiveram nota máxima no IDSS 2023 (ano-base 2022), 20 são Unimed. Além disso, 234 Unimeds foram classificadas nas duas melhores faixas de pontuação, incluindo a operadora de planos odontológicos Unimed Odonto e a operação de saúde da Seguros Unimed.
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FOLHA DO PLANALTO
Empresa CDI Premium denuncia que vem sendo alvo de golpe
Fundada há 24 anos pelos médicos cardiologistas Luiz Rassi Júnior e Colandy Nunes Dourado, a clínica CDI Premium vem sendo vítima de um golpe.
Com notícias falsas, fraudadores estão abordando médicos, clientes e parceiros da empresa, que recentemente concentrou todos os seus atendimentos em um grande prédio localizado na Av. Portugal, 496, esquina com a Rua 22, no Setor Oeste.
Em uma das abordagens, os golpistas recolherem materiais de divulgação do CDI Premium, que estavam com as pessoas abordadas, e alegaram que a clínica estaria funcionando em outro endereço e com novo telefone de atendimento aos clientes.
O CDI Premium já está adotando as medidas legais para coibir esse crime e vem alertando os seus clientes e parceiros por meio de mensagens e das redes sociais.
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DIÁRIO DA MANHÃ
CDI Premium diz ser vítima de golpe
Empresa CDI Premium denuncia que vem sendo alvo de golpe
Fundada há 24 anos pelos médicos cardiologistas Luiz Rassi Júnior e Colandy Nunes Dourado, a clínica CDI Premium vem sendo vítima de um golpe.
Com notícias falsas, fraudadores estão abordando médicos, clientes e parceiros da empresa, que recentemente concentrou todos os seus atendimentos em um grande prédio localizado na Av. Portugal, 496, esquina com a Rua 22, no Setor Oeste.
Em uma das abordagens, os golpistas recolherem materiais de divulgação do CDI Premium, que estavam com as pessoas abordadas, e alegaram que a clínica estaria funcionando em outro endereço e com novo telefone de atendimento aos clientes.
O CDI Premium já está adotando as medidas legais para coibir esse crime e vem alertando os seus clientes e parceiros por meio de mensagens e das redes sociais.
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CONGRESSO NEWS
2024: Cremego homenageia médicos que completaram 70 anos de idade ou 50 de formados
Os médicos que completaram 70 anos de idade ou 50 de formados em 2024 foram homenageados pelo Cremego, em uma cerimônia na noite da última segunda-feira (16).
Para a presidente do Conselho, Sheila Soares Ferro Lustosa Victor, a homengem é uma celebração da jornada, dedicação e legado construídos em décadas de medicina e de cuidados com os pacientes.
“Vocês ingressaram em uma era em que a tecnologia como conhecemos hoje era um sonho distante, sem a telemedicina, inteligência artificial e ferramentas de diagnóstico. Vocês enfrentaram desafios monumentais apenas com conhecimento e habilidades humanas. Mostraram resiliência e um compromisso inabalável com a ética, a medicina, a vida e os pacientes. Foram verdadeiros faróis de esperança para cada paciente”, descreveu.
Também prestigiaram a cerimônia o conselheiro e diretor da Associação dos Hospitais do Estado de Goiás (AHEG), Valdenir Ribeiro; o conselheiro e diretor de Relacionamento e Inovação do Sicoob Unicentro BR, José Umberto Vaz de Siqueira; o 2° vice-presidente do Cremego, Vagner Ruiz Gil; o 2° secretário do Conselho, Robson Paixão de Azevedo; e o diretor de Fiscalização, Antônio Carlos de Oliveira e Ribeiro.
A homenagem foi acompanhada ainda pelos conselheiros Carlos Eduardo Cabral Fraga, Elias Fouad Rabahi, Humberto Ramos Carneiro, Larissa Roriz de Castro, Loiane Moraes Ribeiro Victoy, Ricardo Borges da Silva, Rocicleia De Vlieger, Tarik Kassem Saidah, Valéria Granieri Oliveira Araújo, Thiago Maxwell Araújo Santos e Wilder Alves, além de parentes e amigos dos homenageados.
A presidente do Cremego ressaltou que os homenageados são uma inspiração para todos e para as futuras gerações. “Vocês não foram apenas testemunhas das mudanças e avanços, mas, sim, participantes ativos na construção do nosso sistema de saúde. A experiência de cada um de vocês transcende o tempo, é um patrimônio inestimável, e seu exemplo é uma fonte de inspiração para todos nós”, disse.
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PORTAL G1
Clínica é condenada a indenizar técnica de enfermagem que foi demitida enquanto tratava câncer
Mulher trabalhava na clínica há quase 22 anos e foi demitida sem justa causa. Empresa alega que não sabia do câncer.
Uma clínica psiquiátrica de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, foi condenada a pagar R$ 17,5 mil a uma técnica de enfermagem que foi demitida após receber o diagnóstico de câncer de mama. Além do pagamento de multa por danos morais, a Justiça determinou que a mulher fosse recontratada pela empresa e que tivesse o plano de saúde reativado.
A sentença foi publicada no dia 27 de agosto. Em 9 de setembro, a enfermeira e a empresa firmaram um acordo, que estabeleceu o pagamento da indenização em duas parcelas.
De acordo com informações da sentença, a técnica trabalhou na clínica por quase 22 anos. Em 28 de agosto de 2023, a mulher disse que recebeu o diagnóstico de câncer de mama e que informou seu superior em seguida. No dia 14 de setembro do ano passado, ela foi demitida sem justa causa, disse a sentença.
A empresa alegou que não tinha conhecimento da doença. O g1 entrou em contato com a defesa da clínica na manhã de terça-feira (17) por e-mail e telefone, mas não recebeu o posicionamento até a última atualização desta reportagem.
A clínica foi processada por demissão discriminatória, que significa fazer o desligamento de um funcionário por sua origem, raça, cor ou por necessidade de reabilitação profissional, entre outros motivos.
De acordo com Danyelle Zago, advogada da funcionária, ela foi reintegrada ao trabalho no início do processo, mas está afastada por motivos médicos.
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MEDICINA S/A
Avanços e gargalos da radioterapia para o câncer de colo do útero
A falta de acesso da maioria da população às tecnologias de saúde no Brasil atinge uma ampla camada de mulheres diagnosticadas com câncer de colo do útero. Até 2025, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), ao menos 17 mil mulheres, receberão o diagnóstico de câncer de colo uterino maligno no país, sendo a doença considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), em alusão à campanha Setembro em Flor organizada pelo Grupo EVA (Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos) - cujo intuito é conscientizar sobre os tumores ginecológicos - chama a atenção para a importância do acesso à radioterapia externa e as dificuldades existentes no sistema de saúde no Brasil.
A radioterapia externa, também conhecida como teleterapia, é um tratamento que consiste na emissão de radiação ionizante em um tumor, feita a partir de um aparelho que fica a uma certa distância do paciente. O feixe de radiação é geralmente de raios X de alta energia, gerados por um acelerador linear de partículas. "É um tratamento extremamente sofisticado e que tem por objetivo irradiar a região do câncer e regiões de interesse e proteger os tecidos sadios vizinhos, minimizando as toxicidades ou efeitos colaterais", explica o médico radio-oncologista da SBRT, Renato José Affonso Júnior, coordenador do Departamento de Radioterapia do Hospital de Base de São José do Rio Preto e membro da diretoria do Grupo EVA. De acordo com o especialista, a radioterapia externa consiste na realização de sessões diárias de entrega de radiação com o intuito de promover a regressão, destruição tumoral ou redução no risco de recidiva da doença (nas pacientes operadas).
Ao final desta fase de tratamento, conforme o médico, pode ser realizada a braquiterapia, (radioterapia em íntimo contato com o tumor) no caso de pacientes com câncer de colo do útero. "A radioterapia externa aumenta a taxa de sobrevida e de cura nas pacientes com tumores localmente avançados no colo do útero, quando associada à quimioterapia, no entanto é conveniente salientar que quanto mais precocemente for detectado o câncer, maiores serão as chances de cura, por isso a necessidade das campanhas de vacinação contra o HPV para jovens do sexo masculino e feminino e de exames anuais de Papanicolau", enfatiza o especialista.
Conforme o especialista da SBRT, a braquiterapia é uma modalidade de radioterapia que pode ser empregada após a radioterapia externa (câncer de colo uterino, vagina e vulva não operada), ou exclusivamente nos casos de pacientes operadas e que tenham indicação para que se reduza o risco de recidiva local. Renato Affonso explica que a braquiterapia tem a proposta de entregar uma dose elevada de radiação, com segurança, no colo uterino ou no fundo vaginal, minimizando a dose nos tecidos sadios vizinhos, podendo promovendo um maior controle local, aumentando as taxas de sobrevida global e de cura. "Na braquiterapia, são colocados dispositivos intravaginais e o tratamento é realizado em caráter ambulatorial, com a frequência de duas a quatro sessões, duas vezes por semana", complementa.
Nessa modalidade de tratamento, a dose programada de radiação chega às células cancerosas por meio de uma fonte radioativa que penetra nos aplicadores, de modo que os cateteres são inseridos com a ajuda de analgesia e quando necessário, sob sedação e preferencialmente guiados por ultrassom. Tais dispositivos são retirados após cada sessão. "O tratamento para cada paciente é definido pelo médico, a depender do estágio de evolução da doença, características pessoais de cada mulher (anatomia). Cânceres como o do colo uterino e de endométrio têm altas chances de cura se diagnosticados precocemente", enfatiza o radio-oncologista.
Affonso reforça que, no caso de radioterapia externa (teleterapia), preferencialmente, usa-se a técnica de radioterapia por Intensidade Modulada de Feixe (IMRT) ou Arcos Volumétricos Modulados (VMAT), pelas quais é reduzida a toxicidade do tratamento, com menos efeitos colaterais no tecido sadio. Ainda de acordo com o radio-oncologista, há também a opção da radioterapia guiada por imagem (IGRT), pela qual é possível avaliar, durante o tratamento, a regressão tumoral, facilitando assim a realização da radioterapia adaptativa (replanejamento) em meio ao curso do tratamento.
O radio-oncologista reforça que, enquanto a radioterapia externa é realizada com o paciente deitado em um equipamento conhecido como acelerador linear - que dispara feixes de radiação sobre determinada região, a braquiterapia emite radiação por uma fonte inserida na região tumoral ou no leito operatório (fundo vaginal). "A braquiterapia tem indicações clínicas para outros tipos de câncer ginecológico além do colo de útero, como o corpo do útero (endométrio), vulva, vagina", detalha.
De maneira geral, a primeira abordagem do câncer de colo de útero, quando a manifestação da doença for inicial, pode ser cirúrgica (conização, traquelectomia ou histerectomia com ou sem linfadenectomia- casos selecionados). Já para as pacientes com tumores não operáveis ou localmente avançados, costuma-se adotar protocolos que unem a quimioterapia (com uma ou mais substâncias) à radioterapia associada com o intuito de potencializar o efeito da radiação sobre o tecido neoplásico. Além disso, a imunoterapia começa a ser também administrada em tumores ginecológicos, como o câncer cervical em fase mais avançada.
RT 2030
O médico rememorou o levantamento do documento RT2030, realizado pela SBRT, cujas conclusões apontaram que 97% dos procedimentos de braquiterapia no Brasil, no ano de 2019, foram ginecológicos, com o maior impacto sendo sentido na falta de acessibilidade ao tratamento exatamente do câncer do colo do útero, que é o mais incidente entre os tumores ginecológicos. "Além disso, pode ser evidenciada a deficiência no número de equipamentos de radioterapia criando um alerta que merece ser muito bem enfatizado visto que precisamos de, no mínimo, mais 329 equipamentos (aceleradores lineares) para tratarmos da população", afirma. De acordo com Affonso Júnior, aliada à estagnação do reajuste da tabela (que não ocorre desde 2010) e ao alto custo de manutenção desses avançados equipamentos (dolarizado), se as medidas práticas e objetivas, sugeridas pela SBRT (em seu relatório RT 2030) não forem adotadas o sistema entrará em um colapso ainda maior.
Fatores de risco e sintomas
Entre os principais fatores de risco para o aparecimento de tumores ginecológicos, segundo o radio-oncologista, estão a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) em primeiro lugar, múltiplos parceiros sexuais, tabagismo e imunossupressão ( diminuição da resposta imune) devido ao uso de algumas medicações, Os sintomas mais comuns, são o sangramento vaginal intermitente ou após relação sexual, bem como dor à relação sexual. Também se destacam entre os sintomas a secreção vaginal anormal, dores pélvicas que podem piorar após a relação sexual e o desconforto urinário recorrente.
Prevenção
A vacinação contra o HPV, conforme o médico, ainda é a melhor forma de prevenção, considerada a mais eficaz. Convém lembrarmos da utilização de preservativos durante a relação sexual. No SUS, a vacina está disponível para meninas e meninos entre nove e 14 anos, pessoas imunossuprimidas, pessoas com HIV, pessoas com câncer, vítimas de violência sexual dos nove aos 45 anos ou Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) e em tratamento com retroviral. O método de rastreamento, explica, se dá pelo exame Papanicolau, que consiste em uma pesquisa de células anormais no exame de citologia de colo uterino capaz de detectar lesões pré-cancerígenas e suspeitas. O exame deve ser feito entre os 25 e 64 anos e após dois exames anuais negativos, deve ser realizado a cada três anos. "As consultas regulares com o ginecologista para exames clínicos, laboratoriais ou de imagens são fundamentais para complementação do diagnóstico dos casos positivos", explica Affonso.
Câncer de endométrio
Embora não traga os mesmos números alarmantes do câncer de colo uterino, o câncer de endométrio também chama a atenção. Segundo o especialista, a doença é mais comum em mulheres após a menopausa. Conforme dados do INCA, quase 8 mil novos casos devem ser identificados por ano no Brasil no biênio 2024-2025.
O câncer de endométrio ocorre na camada interna do corpo do útero e tem, entre os fatores de risco, a idade, obesidade, predisposição genética como antecedentes familiares e síndrome de Lynch, síndrome de ovários policísticos, terapia de reposição hormonal, não ter engravidado, menarca precoce ou menopausa tardia.
Diferentemente do câncer de colo do útero, que pode ser diagnosticado em um exame preventivo, ainda não há um método de rastreamento para o câncer de endométrio. "Os métodos de prevenção e redução do risco são comuns para diversos tipos de doença e valem para a prevenção desses tipos de câncer, como ter uma dieta equilibrada, pobre em gorduras, prática de atividade física regular, controle de peso e de demais comorbidades. Sempre devemos avaliar de forma ponderada a terapia de reposição hormonal, pesando riscos e benefícios", recomenda o médico.
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METRÓPOLES ONLINE
Golpista aterroriza pacientes com falso diagnóstico para pedir Pix
O golpista se passava por médico e informava que o paciente teria contraído bactéria e que a família precisaria fazer um Pix de R$ 4,9 mil
Jofre Eduardo Chaves Filho, 76 anos, precisou passar por uma cirurgia de descompressão do nervo ciático em um hospital privado no Distrito Federal. Após o procedimento, a esposa dele, Sandra Lima Pinheiro, recebeu, nessa segunda-feira (16/9) a ligação de um homem dizendo ser "Dr.Marcelo". O suposto médico informava que o paciente teria contraído uma bactéria no sangue e que a família precisaria fazer um Pix de R$ 4,9 mil para um procedimento de extrema urgência. Tudo não passava de um grande golpe.
O golpista usou táticas para pressionar a família, afirmando que o exame era urgente e que o plano de saúde cobriria, mas ele precisava do pagamento imediato para não atrasar o procedimento. Fingindo ser chefe do laboratório do hospital, o homem ligou e enviou mensagens insistentemente cobrando o Pix. Os parentes acreditam que tiveram informações do prontuário vazadas.
"Eu entrei em pânico a partir do momento que ele falou que meu esposo estava com uma bactéria agressiva no sangue. Eu tinha acabado de acordar, você nem raciocina. Ele [golpista] falou assim: 'O valor do exame é R$ 4,9 mil e eu preciso desse valor agora para poder realizar esse exame, eu posso marcar para às 18 horas'. Isso foi me botando pressão. [ ] Eu enlouqueci aqui, já liguei para um, para outro", conta Sandra.
No momento do contato, ela estava na casa de um parente descansando e decidiu mandar mensagem para o médico que estava acompanhando o caso do esposo. O profissional explicou que não tinha conhecimento de nenhuma bactéria e também não indicava qualquer procedimento novo. Além disso, não reconhecia a foto e o nome do suposto "Dr.Marcelo".
A esposa foi se encontrar com o marido no centro hospitalar para se certificar do quadro de saúde do homem. "O rapaz ligando, ligando, chegou a me mandar o Pix dele. Eu falei que não ia enviar qualquer tipo de pagamento para você, porque o meu esposo está aqui sem entender nada, eu estou sem entender nada ainda direito. Disse para ele: ´Então, já que está no hospital, você sobe no quarto e venha nos explicar essa situação. Só assim eu faço o pagamento´. Ele desapareceu, apagou todas as mensagens que tinha enviado", relata.
Sandra relatou o ocorrido à administração do hospital e descobriu que este era o quarto caso semelhante. O hospital já estava ciente do golpe. No elevador do centro de saúde, havia um cartaz com a foto do suposto "Dr.Marcelo", alertando sobre o golpe. Como existe uma grande chance da imagem e dos nomes completos serem falsos e pertencerem a outra pessoa, o Metrópoles preferiu não divulgar essas informações no momento.
"Quando você dá entrada no hospital, recebe todo esse tipo de informação, mas você está focado na cura do seu problema, não vai lembrar que o hospital avisou verbalmente para você fazer nenhum tipo de pagamento, que o hospital não estaria pedindo. Você nunca lembra disso porque ele pega exatamente a pessoa, sabendo todas essas informações, num momento frágil", afirma a vítima da tentativa de golpe.
A família, que mora em Formosa (GO), informou que tentou realizar um boletim de ocorrência em uma delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). No entanto, indica que o registro somente poderia ser feito na cidade onde vivem. O Metrópoles não conseguiu entrar em contato com o hospital.
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Utilização de soluções de suporte à decisão clínica cresce 14% em comparação a 2023
A crescente complexidade do setor de saúde no Brasil exige que os hospitais estejam cada vez mais preparados para enfrentar os desafios do segmento. Com esse objetivo, a ANAHP (Associação Nacional de Hospitais Privados) e a Wolters Kluwer Health, líder global provedora de soluções de suporte à decisão e informações baseadas em evidência, acabam de divulgar a segunda edição de sua pesquisa anual, que analisa o estágio atual de maturidade dessas instituições quanto à qualidade do cuidado e à segurança do paciente.
O estudo, que contou com a participação de 90 hospitais associados à ANAHP, examina como a adoção de soluções de suporte à decisão clínica e a implementação de bases de conhecimento baseadas em evidências estão impactando o setor.
De acordo com a Diretora de Estratégia de Mercado e Comercial de Global Growth Markets da Wolters Kluwer, Natália Cabrini, a pesquisa oferece uma visão detalhada das necessidades e desafios do setor, permitindo ao mercado a possibilidade de orientar melhor as ações futuras. “Compreender o nível de maturidade dos hospitais em relação à qualidade do cuidado e à segurança do paciente é fundamental para identificar áreas que necessitam de desenvolvimento e promover a adoção de práticas ainda mais efetivas”, explica.
A Medicina Baseada em Evidências como pilar da qualidade do cuidado
Os resultados indicam uma tendência sólida da adoção de soluções avançadas nos hospitais privados do Brasil. Atualmente, 92% das instituições utilizam algum tipo de recurso de suporte à decisão clínica, um aumento de 14% em comparação a 2023, refletindo a importância dessas ferramentas na prática clínica. Além disso, a integração dessas soluções ao fluxo de trabalho, presente em 85% dos hospitais, sugere um avanço em direção a uma medicina mais orientada por dados, com decisões apoiadas em evidências científicas.
Para as instituições participantes, as principais utilidades das ferramentas de suporte à decisão clínica, segundo ordem de importância, são aumentar a segurança do paciente, prevenir eventos adversos e reduzir a variabilidade clínica indesejada.
Outro destaque do estudo é a percepção dos participantes sobre a importância das informações baseadas em evidências. Para quase 50% deles, o acesso a bases de conhecimento clínico fundamentadas em evidências é considerado muito relevante para garantir a segurança do paciente, enquanto 47% avaliam essa questão como extremamente relevante.
No que diz respeito ao uso de soluções de suporte à decisão clínica para elevar a qualidade do cuidado, 53% dos participantes as consideram muito relevantes, enquanto 43% as classificam como extremamente relevantes. “Para todos os respondentes, essas ferramentas são vistas como fundamentais para ajudar as instituições a alcançar melhorias operacionais e reduzir os custos relacionados à assistência médica”, afirma Natália.
Desafios na aliança entre custo e qualidade
O estudo aborda ainda os principais desafios que os hospitais enfrentam na busca por equilibrar custos e manter elevados padrões de qualidade. Nesse sentido, a necessidade de contratar e reter profissionais qualificados é uma das principais preocupações apontadas, em um contexto onde a excelência clínica é cada vez mais exigida.
O levantamento também destaca que, embora 85% das instituições relatem uma receptividade alta ou moderada por parte das equipes clínicas em relação à adoção de novas tecnologias, 90% indicam que o maior desafio está no engajamento das equipes para implementar efetivamente essas inovações.
Outro aspecto relevante é a necessidade de otimizar os recursos disponíveis, visto que o desperdício continua sendo uma preocupação para os gestores hospitalares. “Nota-se que a busca por eficiência operacional é identificada como um fator chave para garantir a sustentabilidade financeira das instituições sem comprometer a qualidade do atendimento”, ressalta Natália.
A segurança do paciente permanece como uma prioridade central para os hospitais privados. No entanto, o estudo revela que ainda há um caminho a ser percorrido para garantir que as práticas mais avançadas sejam efetivamente incorporadas às rotinas clínicas. Os desafios mais mencionados incluem a promoção de uma comunicação clara e consistente entre as equipes, a adesão a protocolos clínicos e a prevenção de eventos adversos.
Chegada de novos profissionais ao mercado
Considerando o aumento significativo no número de escolas de medicina e novos profissionais ingressando no mercado, a pesquisa também explorou os desafios relacionados à inserção de médicos recém-formados no segmento de hospitais privados.
Para 86% dos entrevistados, o principal desafio é conciliar as expectativas dos jovens médicos com a realidade da prática clínica. Outras barreiras incluem o nível de qualidade dos profissionais recém-formados (78%), a necessidade de prover treinamento e suporte adequados para a rápida adaptação ao ambiente institucional (76%) e a dificuldade em encontrar especialistas para suprir a demanda (34%).
Diante disso, Natália realiza uma análise detalhada dos desfechos da pesquisa. “Os resultados são um reflexo claro das tendências e desafios enfrentados pelos hospitais privados no Brasil e demonstram como as ferramentas de suporte à decisão clínica e a medicina baseada em evidências estão sendo integradas ao atendimento, indicando áreas em que ainda há espaço para avanços significativos. E isso é essencial para guiar o planejamento estratégico do setor de saúde”, acrescenta.
O papel da telemedicina na evolução do setor de saúde
A telemedicina, que se destacou como uma solução importante durante a pandemia, continua a se consolidar como uma ferramenta estratégica no setor de saúde. Embora a utilização do modelo como opção de atendimento primário via teleconsultas tenha crescido 1% em comparação ao ano passado, chegando a 46%, o emprego da telemedicina para a divulgação de resultados de exames passou de 32% em 2023 para 70% em 2024. Por outro lado, a relevância da adoção dessa tecnologia ainda varia, com 50% das instituições considerando-a apenas moderadamente importante, enquanto 20% consideram extremamente importante e 18% muito importante.
Para Natália, o estudo é um indicativo de que os desafios futuros exigirão um esforço ainda maior para equilibrar custos e manter a excelência. “Adotar uma abordagem estratégica e utilizar as ferramentas certas permitirá que o setor continue a evoluir e a fornecer serviços de alta qualidade, ao mesmo tempo em que otimiza recursos, aumenta a eficiência operacional e eleva a segurança dos pacientes”, finaliza.
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Assessoria de Comunicação
Ahpaceg apresenta resultado de pesquisa salarial 2024
Escrito por AdministradorGarantir o engajamento e evitar a alta rotatividade de colaboradores são desafios enfrentados por muitas empresas e na área da saúde não é diferente, por isso, a gestão estratégica de talentos se torna um diferencial essencial para o sucesso organizacional. Para orientar os associados nesta área, o Comitê de Recursos Humanos/Gestão de Pessoas da Ahpaceg coordenou a realização de uma pesquisa salarial entre hospitais e clínicas da rede.
Aplicada pela empresa Avante e apresentada aos associados, no dia 10 de setembro, pelo especialista Milton Marinho, a pesquisa é um dos pilares da gestão de talentos e proporciona aos participantes uma visão clara e precisa sobre a remuneração de trabalhadores, comparativo com outras empresas da área e impactos da folha no orçamento das instituições.
A pesquisa contou com a participação de 15 associados da capital e interior: CDI Premium, Clínica de Imagem, Clínica São Marcelo, Hospital Amparo, Hospital do Coração Anis Rassi, Hospital do Coração de Goiás, Hospital do Rim, Hospital Evangélico Goiano, Hospital Samaritano de Goiânia, Hospital Santa Bárbara, Hospital Santa Helena, Hospital Santa Mônica, Hospital São Francisco de Assis, Hospital Ver e Instituto de Neurologia de Goiânia.
Coordenadora do Comitê, Sanny Alves Andrade (do associado Hospital do Rim), ressaltou a importância da pesquisa. Segundo ela, essa ferramenta permite que as empresas conheçam melhor a sua realidade e a do mercado, se mantenham competitivas, melhorem seu planejamento orçamentário, promovam a equidade salarial, tenham dados para a tomada de decisões e promovam maior engajamento e um ambiente de trabalho mais estável para os trabalhadores.
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Superbactérias: resistência a antibióticos pode causar mais de 39 milhões de mortes até 2050
Judicialização: Anadem defende aprovação de proposta que agiliza distribuição de medicamentos específicos pelo SUS
Beneficiários também serão atendidos no DF | 16.09.24 - 12:21
Artigo - A verdade por trás do reembolso assistido ou inteligente
Farmacêutica de opioides repete no Brasil tática que matou milhares nos EUA
Farmacêutica pagou R$ 200 mil a sociedade médica para promover opioides
O GLOBO
Superbactérias: resistência a antibióticos pode causar mais de 39 milhões de mortes até 2050
Mais de 39 milhões de pessoas em todo o mundo podem morrer diretamente devido a infecções resistentes aos antibióticos nos próximos 25 anos, segundo um estudo publicado na noite desta segunda-feira pela revista científica The Lancet, que considera possível evitar essa tragédia.
Espera-se que a resistência aos antibióticos, reconhecida como um grande desafio de saúde pública, se agrave nos próximos anos. Esse fenômeno ocorre quando bactérias ou outros patógenos sofrem alterações que os impedem de responder aos tratamentos antimicrobianos.
O estudo avalia, pela primeira vez, o impacto da resistência aos antibióticos ao longo do tempo e tenta calcular sua evolução. De 1990 a 2021, mais de um milhão de pessoas em todo o mundo morreram a cada ano devido à resistência aos antibióticos, de acordo com os autores.
Os pesquisadores analisaram 22 patógenos, 84 combinações entre patógenos e tratamentos, 11 síndromes infecciosas em pessoas de todas as idades em 204 países e territórios, com base em dados de 520 milhões de pessoas.
Em publicações em grupo, membros trocam cloroquina e outros medicamentos por gramas de ouro As mortes de crianças menores de cinco anos diretamente causadas pela resistência aos antibióticos diminuíram em mais de 50% em três décadas, pois a prevenção e o controle das infecções melhoraram em bebês e crianças pequenas.
No entanto, as mortes de adultos com 70 anos ou mais aumentaram em mais de 80% nesse período, devido ao rápido envelhecimento da população e à maior vulnerabilidade dos idosos às infecções. Em relação aos patógenos, as mortes causadas pelo Staphylococcus aureus são as que mais aumentaram no mundo.
Nas próximas décadas, as mortes provocadas pela resistência aos antibióticos crescerão ainda mais. O número de vítimas diretas pode chegar a 1,9 milhão anual em todo o mundo até 2050, um aumento de 67% em relação a 2021, segundo as projeções dos pesquisadores.
De acordo com os cientistas, a resistência aos antibióticos pode causar diretamente mais de 39 milhões de mortes no mundo e estar associada a 169 milhões de óbitos entre os anos de 2025 e 2050. Com um melhor tratamento das infecções e acesso a antibióticos, seria possível evitar 92 milhões de mortes no mundo durante esse período, especialmente no sudeste asiático e na África subsaariana, segundo os autores do estudo.
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GAZETA DA SEMANA
Judicialização: Anadem defende aprovação de proposta que agiliza distribuição de medicamentos específicos pelo SUS
STF deve analisar ação sobre o fornecimento de medicamentos em casos com recurso jurídico
Nos últimos dias, a pauta sobre a judicialização do fornecimento de medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) vem ganhando cada vez mais espaço. Isso porque o Supremo Tribunal Federal (STF) deve analisar a ação que trata do fornecimento de remédios pelo SUS em casos decididos pela Justiça.
Em linhas gerais, esse tipo de judicialização é marcado pela reivindicação, junto ao Poder Judiciário, de medicamentos não disponíveis na rede pública ou na chamada saúde suplementar. Geralmente, são remédios de alto custo, desenvolvidos para tratar doenças raras e de alta complexidade.
Acordo proposto pelo ministro Gilmar Mendes, juntamente com uma comissão especial para tratar do assunto, sugere diferentes medidas, entre elas a criação de uma plataforma nacional com o objetivo de centralizar as demandas de medicamentos.
O intuito é facilitar a gestão e o acompanhamento desses pedidos, além de padronizar o processo de distribuição de remédios, definindo as responsabilidades entre União, Estados e Municípios, e aprimorando a atuação do Poder Judiciário neste aspecto. A princípio, próteses, órteses e equipamentos médicos não fazem parte da iniciativa.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), Raul Canal, o Recurso Extraordinário (RE) 1366243, com repercussão geral (Tema 1234), precisa ser aprovado: "Assim, o Governo Federal terá ampla visão da necessidade real da população e saberá onde e em quais medicamentos o investimento deverá ser feito. Já os pacientes terão o remédio para a continuidade do seu tratamento à disposição, de forma mais simples".
Outros pontos
O acordo prevê outras regras, como a inclusão de critérios sobre quem é o responsável por julgar essas demandas (Justiça Federal ou Justiça Estadual), assim como os limites para os valores dos medicamentos fornecidos judicialmente e as respectivas compensações financeiras para Estados e cidades que bancarem tratamentos fora de sua responsabilidade.
Além disso, também serão definidos os conceitos sobre os remédios já existentes no SUS e ainda não disponibilizados. Em números, a judicialização dos medicamentos está centrada em 80% na Justiça Estadual e 20% na Justiça Federal. "Com esse cenário claro e já definido, Estados e Municípios poderão se organizar para atender à população de forma mais eficiente", reforça Canal.
Vale ressaltar que, nos pedidos apresentados à Justiça Federal ou Estadual, o juiz precisará avaliar a justificativa da Administração Pública para negar o fornecimento do remédio. No caso dos não incorporados ao SUS, deverão ser consideradas a comprovação científica de sua eficácia e a ausência de outros remédios que podem ser alternativas já disponíveis no Sistema.
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A REDAÇÃO
Ipasgo será registrado na ANS e terá novos serviços, anuncia Caiado
Beneficiários também serão atendidos no DF | 16.09.24 - 12:21
Goiânia - O Ipasgo Saúde será registrado na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) como uma autogestão, o que significa que passará a atuar sem fins lucrativos, com foco exclusivo em servidores públicos de Goiás e seus familiares. O anúncio foi feito pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) em solenidade no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia, na manhã desta segunda-feira (16/9). Caiado definiu a regulamentação como "uma das principais conquistas de sua gestão".
Com essa mudança, o Ipasgo não terá mais relação direta com as atividades do Governo de Goiás, que, no entanto, segue como patrocinador e garantidor do plano. Mesmo assim, 9.877 beneficiários federais e celetistas, de 14 entidades, que originalmente não teriam direito ao plano, continuarão recebendo assistência, graças a uma articulação direta do governador com a ANS. Segundo Caiado, o atendimento a esses beneficiários será mantido em caráter excepcional, mas em regime de extinção, ou seja, não serão permitidas novas adesões, mas os atuais beneficiários continuam sendo atendidos.
Outro ponto destacado pelo governador foi a alocação de R$ 480 milhões para a provisão técnica do Ipasgo, valor necessário para cumprir as exigências da ANS sobre a reserva financeira das operadoras de saúde. "Pela primeira vez, o Governo de Goiás destina, por meio de subvenção à economia, um valor dessa magnitude ao Ipasgo. Desse total, R$ 245,7 milhões já estão na conta da entidade, e os outros R$ 245,7 milhões serão transferidos até o final do ano. Essa é uma das maiores conquistas do Estado", destacou Caiado.
A lei ainda define o Estado como principal patrocinador do Ipasgo, participando total ou parcialmente do custeio do plano e das despesas administrativas.
Criação de 30 leitos exclusivos para beneficiários do Ipasgo Saúde
Gestantes beneficiárias do Ipasgo Saúde terão leitos exclusivos em unidades pediátricas de Goiânia. Inicialmente, o Hospital Santa Bárbara oferecerá esses leitos em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) humanizada, com direito a acompanhante, além de apartamentos e enfermarias. Segundo Caiado, o Hospital Infantil de Campinas, também em Goiânia, está em fase final de implantação e contará com 30 novos leitos pediátricos exclusivos: 10 UTIs, 10 enfermarias e 10 apartamentos.
Ampliação da rede credenciada para Brasília
Além dos novos leitos exclusivos, o Governo de Goiás expandirá a rede credenciada do Ipasgo para Brasília, atendendo a uma demanda antiga dos beneficiários do Entorno, que vem desde 2009. Agora, cerca de 30 mil beneficiários da região têm à disposição 21 prestadores de serviços de saúde do Ipasgo, com 184 filiais credenciadas apenas este ano.
Até 2022, o Ipasgo Saúde contava com 107 prestadores e 131 filiais no Distrito Federal e Entorno. Com a ampliação, o plano passa a ter 142 prestadores e 347 pontos de atendimento distribuídos em 16 cidades do Entorno do DF.
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CONSULTOR JURÍDICA
Artigo - A verdade por trás do reembolso assistido ou inteligente
Todos que contratam um plano de saúde sabem que passarão a ter direito ao atendimento pela rede referenciada da operadora ou seguradora de saúde. Neste caso, para ser atendido, basta o cliente se dirigir ao prestador referenciado e apresentar sua carteirinha, cabendo à operadora ou seguradora o pagamento diretamente ao estabelecimento de saúde.
Alguns contratos permitem, ainda, outra forma de atendimento, primada no direito de livre escolha do beneficiário: o reembolso [1]. Aqui, o cliente se dirige ao estabelecimento de saúde de sua escolha, efetua o pagamento devido e, após, solicita o reembolso da despesa ao plano, que será pago nos termos dos limites contratuais.
Também não é novidade que o preço pago aos prestadores referenciados pelas operadoras e seguradoras de saúde é menor do que aquele cobrado pelos estabelecimentos diretamente aos pacientes. Qual a vantagem do referenciamento? Ganha-se menos, mas em mais quantidade, já que a gama de pessoas atreladas a planos de saúde que procuram tais prestadores é maior do que aqueles que buscam atendimento de forma particular.
Reembolso sem pagamento prévio
O que muitos ainda não sabem, no entanto, é que alguns estabelecimentos de saúde adotaram um esquema visando a atrair clientes como se referenciados das operadoras e seguradoras fossem, mas cobrando valores de atendimento particular. Ou seja, tais prestadores ganham na quantidade de clientes atendidos e no valor cobrado.
A estratégia adotada é ludibriar os consumidores com o oferecimento de algumas facilidades. Primeiro, atua-se de forma a convencer os clientes de que os atendimentos prestados de forma particular não precisam ser previamente pagos, bastando que seja apresentado recibo ou nota fiscal à operadora/seguradora a fim de que ela efetue o reembolso da despesa.
Tem-se, então, o primeiro problema evidente: os contratos firmados com os clientes das operadoras e seguradoras preveem que, para fazer jus ao reembolso, consumidores devem apresentar nota fiscal ou recibo da despesa. O que os prestadores tentam fazer crer é que não há obrigação explícita de efetuar, antes, o desembolso pela despesa, não obstante o nome "reembolso" (que, por si, já deixa claro que, antes, tem de ter havido um desembolso) e a exigência de apresentação de nota fiscal ou recibo para comprovar o valor pago pelo consumidor (alguém recebe nota fiscal ou recibo antes de efetuar o pagamento de algum produto ou serviço?).
Exigência de comprovante de desembolso
Diante do estratagema adotado por esses prestadores mal-intencionados, as operadoras e seguradoras, agora, se veem obrigadas a exigir, também, um comprovante de desembolso (que, em verdade, pensavam ser a própria nota fiscal ou recibo). A partir daí, outras condutas ilícitas vêm sendo adotadas pelos prestadores maliciosos, como a fabricação de comprovantes de desembolso (em alguns casos, os estabelecimentos fazem transferências bancárias para o paciente, que devolve o valor para os primeiros, apenas com o fim de, falsamente, demonstrar que teria havido um desembolso prévio a justificar o reembolso).
Não bastasse isso, também sob a máscara de estar ajudando os consumidores, os prestadores adotam a prática que chamam de "reembolso assistido" ou "reembolso inteligente": afirmam que o atendimento se dá mediante reembolso, mas sem necessidade de prévio desembolso, e solicitam o login e senha do cliente de acesso ao aplicativo da operadora/seguradora a fim de fazer, por ele, o pedido de reembolso.
Com os dados sigilosos do cliente em mãos e sob a promessa de que o cliente nada terá que desembolsar, abrem-se mais algumas portas para atuação fraudulenta desses prestadores. Em muitos casos, os pedidos de reembolso são instruídos com documentos falsos (não só os comprovantes de desembolso, mas até relatórios médicos).
Risco de consumidor sofrer ação na Justiça
Em vários outros, são feitos pedidos de reembolso por serviços que sequer foram prestados ou, até, são cobrados valores muito maiores do que os usualmente praticados, já que, se não teria que pagar nada previamente pelos serviços, o valor que seria cobrado não chega a ser compartilhado ao cliente (possibilitando, assim, superfaturamento do preço).
E há, ainda, mais uma situação de extremo prejuízo ao consumidor: quando, por qualquer motivo, o reembolso não é efetuado pela operadora/seguradora, em que pese a promessa que nada teria que arcar, esses prestadores ajuízam ações de cobrança contra os clientes que, aí sim, tomam ciência das artimanhas praticadas, dentre elas, o superfaturamento do preço.
Ação contra reembolso sem desembolso
Não se pode perder de vista que todo esse cenário causa um duplo prejuízo aos direitos dos consumidores: o prejuízo na esfera individual e o prejuízo na esfera coletiva. Afinal, se está havendo uma oneração maior às operadoras e seguradoras do que a inicialmente prevista (e não só pelo aumento do valor das cobranças em si, mas pelos custos que estas têm tido para combater as fraudes ora relatadas [2]), é claro que, ao final, toda a massa de beneficiários será afetada com aumento dos preços.
Não por outra razão, a jurisprudência dos tribunais já caminha no sentido de solidificar o entendimento de que a prática do "reembolso sem desembolso" não pode ser admitida, eis que desvirtua a lógica e o disposto na Lei nº 9.656/1998 [3].
E não é só. Diante de tudo o que foi descrito, resta evidente que a prática também abre espaço para o cometimento de ilícitos penais (como ocorre quando é identificada a falsificação dos documentos que instruem os pedidos de reembolso).
A verdade por trás do "reembolso assistido" ou "reembolso inteligente", portanto, é esta: não há qualquer preocupação com o cliente, mas, sim, o único interesse em aumentar o faturamento daqueles que adotam a prática.
[1] E, ao fazer isso, as Operadoras e Seguradoras estão, diga-se, ampliando os direitos previstos na própria Lei n.º 9.656/1998, que, em seu art. 12, inciso VI, apenas prevê o reembolso nos casos de i) urgência ou emergência ou ii) quando não for possível a utilização dos serviços próprios, contratados, credenciados ou referenciados pelas operadoras, observando-se os limites do contrato e de acordo com as despesas efetuadas pelo beneficiário.
[2] https://fenasaude.org.br/noticias/fraudes-na-saude-suplementar-pressionam-o-sistema-com-prejuizos-bilionarios-1; https://www.jota.info/tributos-e-empresas/saude/fraudes-e-desperdicios-custaram-r-34-bi-para-planos-de-saude-em-2022.
[3] STJ, REsp n.º 1.959.929/ SP, Terceira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze, pub. em 30/11/2023; TJSP, Agravo de Instrumento n.º 2296059-32.2023.8.26.0000, 4ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Alcides Leopoldo, pub em 12/12/2023; TJSP, EDs n.º 1144247-82.2022.8.26.0100, 4ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Carlos Castilho Aguiar França, julg. em 26/03/2024; TJSP; AC 1011874-38.2023.8.26.0008, 29ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Mário Daccache, julg. em 27/03/2024.
Érika Thomaka da Silva é pós-graduanda na Academia Brasileira de Direito Constitucional
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METRÓPOLES
Farmacêutica de opioides repete no Brasil tática que matou milhares nos EUA
Bruna Lima
Guilherme Amado
Empresa da crise de opioides contrata médicos para ensinar prescrição no Brasil; um deles fez projeto de lei que difunde uso das substâncias
Em fevereiro de 2023, numa sala de convenções do resort de luxo Villa Rossa, funcionários da gigante farmacêutica Mundipharma ergueram suas taças de espumante e brindaram aos bons resultados de vendas no ano anterior e aos dez anos de atividade do laboratório no Brasil. A celebração, que atravessou quatro dias no resort a 76 quilômetros de São Paulo, teve como ponto alto uma festa de carnaval com todos de abadá, e entrega de medalhas pelo empenho nas vendas de medicamentos à base de opioides, substâncias que, bem longe dali, foram protagonistas na morte de mais de meio milhão de americanos. Uma pista do passado da empresa estava nas paredes do salão, decoradas com cartazes da Mundipharma exibindo o slogan "Construindo um futuro com precisão" - uma referência à autocrítica que a empresa fez, de não terem sido precisos ao explicitar os riscos do uso da oxicodona, princípio ativo de seu principal produto, e assim terem levado a uma das mais mortais crises de saúde pública dos Estados Unidos.
A investigação jornalística Mundo da dor, uma colaboração do Metrópoles e mais dez veículos, entre eles o site americano The Examination e a revista alemã Der Spiegel, revela, porém, que a expiação do slogan talvez esteja mais para uma peça de marketing do que para uma mudança real de conduta da empresa.
Após cinco meses de apuração, a investigação mostrou que, tal qual nos Estados Unidos, a Mundipharma no Brasil repete táticas de venda usadas por lá na década de 1990 e no início dos anos 2000. O laboratório segue afirmando que a oxicodona de liberação prolongada não causa dependência, embora a ciência diga o contrário. A empresa também minimiza o eventual risco de uma crise semelhante à americana acontecer no Brasil, o que é contestado por especialistas. A Mundipharma financia, assim como fez nos Estados Unidos, eventos sobre o uso de opioides - em que médicos promovem essas substâncias a outros médicos - sob a justificativa de que são para formação e educação para o uso dos medicamentos. Nessas aulas, a farmacêutica detém o controle absoluto sobre o que os médicos falam das substâncias, e paga todas as despesas dos profissionais convidados para participar dos eventos.
A Mundipharma é conhecida mundialmente por distribuir os remédios da Purdue Pharma, empresa americana que assumiu a culpa pela morte de mais de 500 mil pessoas nos Estados Unidos por overdose causada por opioides. Fundada pelos irmãos e médicos Arthur, Mortimer e Raymond Sackler, a Purdue Pharma é responsável por desenvolver o OxyContin, remédio composto pela substância oxicodona, que tem um efeito 150% maior que a morfina e possui alto risco de dependência. O marketing e a propagação do OxyContin para o tratamento de dor no final da década de 1990 e início dos anos 2000 levaram aproximadamente 90 mil pessoas à morte só naqueles dez anos, por overdose de opioides, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano.
A Mundipharma desembarcou no Brasil em 2013, um ano antes de a Purdue começar a ser alvo de processos judiciais coletivos nos Estados Unidos pelas consequências do uso do OxyContin. A entrada do OxyContin no mercado de tratamento de dor no país era o principal objetivo da farmacêutica. Em março daquele ano, a empresa deu entrada no processo de regulamentação do medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e só conseguiu a aprovação três anos depois, em julho de 2016.
Remédios à base de oxicodona começaram a ser comercializados no Brasil em 2001 pelo laboratório Zodiac. Entretanto, os primeiros dados que a Anvisa tem sobre a venda de oxicodona são de 2014, quando foram registradas 149,8 mil vendas de caixas. Em 2016, ano em que o OxyContin, da Mundipharma, entrou para o mercado brasileiro, o número saltou para 169,5 mil caixas vendidas, um aumento de 13,5%. O crescimento aconteceu até 2017. No mesmo período, a Mundipharma começou a vender outro opioide no Brasil: o Restiva, um adesivo que tem como princípio ativo a buprenorfina e é considerado, atualmente, o principal produto da farmacêutica no Brasil.
O medicamento mais recente do laboratório a ser regulamentado pela Anvisa, em 2018, foi o Targin, que representou um retorno da empresa à promoção da oxicodona, princípio ativo em que foi pioneira. Ao contrário do OxyContin, o Targin não tem apenas a oxicodona. O remédio é associado a outra substância, a naloxona, que funciona como um antídoto para algumas reações adversas do opioide. Sua bula explica que a naloxona é usada para reduzir os efeitos colaterais, como a constipação.
Outro efeito colateral do medicamento, também citado na bula, é a dependência. Em 21 de agosto de 2024, a Mundipharma disse em resposta a esta investigação, porém, que a associação com a naloxona torna o uso do Targin seguro. A afirmação é falsa, segundo o pesquisador sênior da FioCruz Francisco Inácio Bastos. De acordo com o médico, a associação das duas substâncias não torna o medicamento seguro contra a dependência.
Um vídeo da Mundipharma usado para o treinamento de seus funcionários, e obtido pela coluna, mostra que, em 2022, a farmacêutica tinha o objetivo de transformar o ano seguinte em o "ano de Targin" no Brasil. A peça apresenta o medicamento como "equivalente ao OxyContin" e fala em construir "o futuro de Targin com precisão", em outra referência à confessa falta de precisão ao anunciar os efeitos do remédio protagonista da crise nos Estados Unidos. Mas o vídeo é impreciso na apresentação do risco de dependência. O tema foi tratado em breves quatro segundos, num longo texto com letras pequenas, somente no início do vídeo.
A exemplo do OxyContin, o Targin é um comprimido com liberação lenta na corrente sanguínea. O desbloqueio controlado da substância no sangue não causa um pico no sistema nervoso central, que está diretamente ligado a efeitos colaterais, como a dependência. Em entrevista à coluna, Walter Almeida, gerente de Acesso da Mundipharma, afirmou que, no Brasil, nunca chegou a ser vendido o mesmo OxyContin comercializado no início da década de 1990 nos Estados Unidos. "O Oxycontin de liberação rápida, que causou o problema nos Estados Unidos, nunca chegou ao Brasil. O que a gente trouxe para cá já era de liberação controlada", disse Almeida.
Mas um estudo de 2003 do Departamento de Prestação de Contas do governo dos Estados Unidos (Government Accountability Office) mostram que o OxyContin de liberação controlada, aprovado em 1995, foi apontado como o causador da crise dos opioides naquele país. A informação de que a dispensação lenta no sangue mitigaria a dependência da substância também era usada pela Mundipharma na década de 1990. Nas farmácias brasileiras, desde a chegada do Targin, o OxyContin foi substituído e há alguns anos a Mundipharma passou a vender o medicamento apenas para uso hospitalar.
Disse o estudo do Departamento de Prestação de Contas do governo dos Estados Unidos:
"Essa característica [liberação controlada] pode ter tornado o OxyContin um alvo atraente para abuso e desvio, segundo o DEA [Departamento Antidrogas dos EUA]. Funcionários da FDA [Food and Drug Administration, agência sanitária dos EUA] pensaram que o recurso de liberação controlada tornaria a droga menos atraente para os usuários. No entanto, a FDA não percebeu que o medicamento poderia ser dissolvido em água e injetado, o que reverte as características de liberação controlada e criou uma sensação imediata de euforia, aumentando assim o potencial de abuso".
Em entrevista à coluna em julho deste ano, a psiquiatra Mariana Campello, do ambulatório de dependência em opioides do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), apontou que mesmo a oxicodona de liberação controlada, como é o caso do Targin e do OxyContin, causa sintomas de abstinência no paciente. Campello afirmou que a oxicodona é a terceira substância mais presente entre os dependentes químicos do ambulatório. A primeira é a morfina, e a segunda é a fentanila. Inaugurado em janeiro de 2024, o ambulatório é o primeiro a oferecer tratamento para dependência em opioides pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A Mundipharma disse, em 21 de julho, em resposta a questionamentos desta investigação, que os produtos da empresa "não devem desempenhar um papel importante em qualquer abuso de opioides prescritos no Brasil". A farmacêutica alegou que o OxyContin presente no Brasil é do tipo "ADF [Abuse-Deterrent Formulations]". Isso significa que o uso abusivo, por exemplo via inalação, é mais difícil devido a uma resina que dificulta o medicamento de ser esfarelado. O Targin, entretanto, não tem a mesma formulação e pode ser macerado.
Um ambulatório para tratar dependentes de opioides
O medicamento mais vendido pela Mundipharma no Brasil, segundo Walter Almeida, gerente de Acesso da Mundipharma, é o Restiva. O opioide, que tem como princípio ativo a buprenorfina, é vendido em forma de adesivo e deve ser aplicado no ombro, peito ou costas. Almeida ressaltou que o medicamento é mais seguro contra efeitos colaterais do que o OxyContin e o Targin. O Restiva de fato é um dos medicamentos usados para tratar a dependência em opioides dos pacientes do ambulatório do Hospital das Clínicas da USP. O outro, segundo a psiquiatra Mariana Campello, é a metadona, opioide que tem uma liberação mais lenta do que a oxicodona no organismo e apresenta menos casos de abstinência e dependência.
Os três medicamentos à base de opioides para tratamento de dor comercializados pela Mundipharma no Brasil - OxyContin, Targin e Restiva - são indicados, segundo suas bulas, para tratamento de dores moderadas a intensas, que podem ser causadas por tumores de câncer, dores crônicas ou pós-operatórios, entre outros casos.
As artes nas paredes do Instituto Perdizes, onde funciona o ambulatório de opióides do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, dão boas-vindas a um corredor com seis salas, onde funciona a triagem de possíveis pacientes. Quem procura ajuda para curar a dependência em opioides passam por uma consulta que avalia o nível de dependência da pessoa, e se é um caso de internação.
Segundo dados de julho do Hospital das Clínicas de São Paulo, dos 60 pacientes que se trataram da dependência em opioides no ambulatório desde seu lançamento, em janeiro de 2024, oito tiveram alta, 15 ficaram internados e o restante continua em acompanhamento. A maioria das pessoas, segundo Campello, desenvolveu o vício ao usar opioides para tratamento de dor crônica ou depois de uma cirurgia.
"Os pacientes dizem que é uma droga que dá um conforto mental, psíquico e físico absoluto, como se fosse um carinho, um colo, um abraço de mãe. E que isso é uma sensação tão positiva que é quase impensável conseguir parar de usar logo depois que você usa pela primeira vez", disse a psiquiatra.
Nas consultas do Instituto Perdizes, Campello já ouviu pacientes admitirem que injetaram ou inalaram remédios à base de oxicodona para, segundo ela, "potencializarem os efeitos" da analgesia. A psiquiatra alerta que é difícil para dependentes de substâncias prescritas se considerarem usuários de droga. Entretanto, ela pontuou: o maior despreparo está nos médicos que não reconhecem os sintomas de dependência num paciente.
Apesar de especialistas afirmarem que o Brasil estar abaixo da média da prescrição desejada de opioides para a população, o consumo de substâncias opiáceas é algo que está no radar de gigantes do setor médico, como a Rede D'or. A maior rede de hospitais privados do Brasil conta com um prontuário universal em que são compilados dados de prescrição de opioides. Dessa maneira, pacientes que voltam frequentemente ao pronto-socorro solicitando opioides para tratar dores são direcionados para tratamento contra dependência.
Os bastidores da relação da Mundipharma com médicos
Walter Almeida, o gerente de Acesso da Mundipharma, contou que, quando a empresa chegou no Brasil, aulas começaram a ser ministradas para médicos aprenderem sobre o uso de opioides no tratamento de dor, prática que, segundo ele, perdura até hoje. A educação dos médicos no manuseio das substâncias, e o empenho da Mundipharma para o aumento das vendas, fez com que a prescrição de opioides aumentasse nos últimos dez anos, segundo o executivo.
Almeida começou a trabalhar na Mundipharma em 2015 como representante comercial em Minas Gerais. A farmacêutica não havia completado um ano no Brasil e não tinha nenhuma droga aprovada na Anvisa, mas fazia eventos com médicos contratados por eles para conscientizar e educar outros médicos sobre o uso de opioides para tratamento de dor crônica não oncológica. Segundo o funcionário da Mundipharma, ele participava, na época em que era representante comercial, de três a quatro eventos por mês para discutir dor com outros médicos.
Em 2018, a Mundipharma parou de promover opioides para médicos nos Estados Unidos no esteio do processo judicial que corre na Justiça americana. Entretanto, no Brasil, o cenário não é o mesmo. Esses "eventos" - que são, na prática, aulas oferecidas pela Mundipharma - geralmente acontecem à noite, em meio a jantares em salas reservadas de restaurantes. De acordo com o funcionário da farmacêutica, a opção por lugares fechados se devia ao compliance, porque clientes dos restaurantes não poderiam ter acesso ao que era falado sobre os medicamentos.
"Esses eventos são em locais fechados. A Mundipharma se preocupa muito em relação a esse compliance. Quando a gente for falar sobre dor, sobre drogas, tem que ser em um ambiente onde somente há profissionais, médicos, um lugar fechado onde não vai ter ruído, onde nenhuma pessoa leiga vai ter acesso, vai escutar", afirmou.
Almeida disse ter percebido um aumento do interesse dos médicos pelo tratamento de dor.
"Desde 2015, eu vi uma mudança drástica, mas drástica, muito drástica no interesse de médicos por dor. Antes a gente tinha poucos especialistas [em dor], nenhum médico queria ser médico da dor. [ ] A gente recebia pedidos de ajuda de médicos que queriam estudar mais sobre dor. Acabou que foi um nicho também que o médico viu de mercado e oportunidade e acabou se especializando", disse Almeida.
Pós-graduado em Dor no Instituto de Ensino Albert Einstein, Almeida foi promovido em 2020 para o cargo de gerente de Acesso da Mundipharma, área encarregada de abrir mercados para a empresa junto a planos de saúde, clínicas e outros grandes clientes. Segundo ele, a farmacêutica busca médicos que são "formadores de opinião" para ministrarem as aulas para outros médicos sobre o uso de opioides.
Os profissionais contratados pela Mundipharma para darem aulas, segundo Almeida, devem compartilhar todo o material da aula com especialistas da empresa no Reino Unido, onde está a sede da farmacêutica, para avaliação do alto escalão. Caso a aula não seja aprovada, ou seja, se o médico falar algo com que a Mundipharma não concorde, o trecho pode ser retirado do material a ser usado.
Médico que deu aula paga pela Mundipharma fez projeto de lei
A coluna entrevistou um dos médicos "formadores de opinião" que foi contratado para dar aula para Mundipharma. Presidente da Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (Sbed) desde o início de 2024, e com mandato até 2025, o anestesiologista Carlos Marcelo de Barros, especialista em dor, deu uma aula para a farmacêutica em 2023 sobre casos clínicos oncológicos.
Barros afirmou ter recebido US$ 900 pela aula - cerca de R$ 4,9 mil na conversão de 16 de setembro de 2024. Segundo Barros, ele teve que mandar seu material para análise da Mundipharma, e 80% da aula apresentada foi de sua autoria e 20% foi orientação da farmacêutica. O médico também disse que não teve qualquer contrato com a farmacêutica após a "primeira e única aula" que lecionou e alegou que já teve essa relação profissional com outras farmacêuticas de opioides.
Entre 2019 e 2023, a Sociedade Brasileira de Estudo da Dor recebeu US$ 39 mil - cerca de R$ 214,8 mil na conversão de 16 de setembro de 2024 - em investimentos da Mundipharma. O dado foi enviado pela farmacêutica a esta reportagem em 13 de setembro. A empresa disse que o "suporte" foi para atividades como simpósios educacionais, programas médicos e presenças em congresso realizados pela entidade. A Mundipharma, entretanto, ressaltou que o aporte financeiro "não foi limitado a essas atividades".
Em seu mandato na Sociedade Brasileira de Estudo da Dor, Carlos Marcelo de Barros também teve um enfoque legislativo. No começo deste ano, Barros apresentou um projeto de lei à deputada Bia Kicis, do PL do Distrito Federal, que propõe uma série de iniciativas de tratamento de dor crônica no Brasil.
O projeto de lei 336/2024 está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a principal da Câmara dos Deputados, desde junho deste ano. A proposta pede a institucionalização da disciplina de dor nas faculdades; a criação do "Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento da Dor Crônica" em 5 de julho e o atendimento integral pelo Sistema Único de Saúde a pessoas que sofrem de dor crônica. Segundo especialistas, o projeto de lei pode ser uma janela para o aumento de prescrição e circulação de opioides no país.
À coluna, a Mundipharma disse não ter havido qualquer interferência da farmacêutica na formulação da proposta. A informação foi confirmada pelo presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Dor, que negou qualquer envolvimento além da aula que ministrou em 2023 sob patrocínio do laboratório.
A deputada Bia Kicis alegou à coluna que sabe dos riscos que o aumento de prescrição de opioides pode causar, mas que considera mais importante "as pessoas sofrendo". A parlamentar afirmou também que a proposta ficará parada na CCJ para "maior discussão". Segundo ela, haverá audiências públicas sobre o projeto de lei. Kicis afirmou também que não sabia que Barros - que lhe apresentou o projeto de lei - teve qualquer tipo de vínculo com a Mundipharma, mas considera que "não tem nada a ver" com isso e que o projeto de lei "se distancia" de qualquer interesse de grandes farmacêuticas.
À coluna, o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Dor defendeu o aumento da prescrição de opioides para pacientes com dor crônica não oncológica, mas considerou que o controle de substâncias como a oxicodona deveria ser mais rígido por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (Anvisa). Barros também disse que médicos deveriam ser mais bem orientados a manipular e reconhecer o uso abusivo de opioides para evitar uma crise como a dos Estados Unidos.
Lá, a crise dos opioides ganhou contornos dramáticos. Investigações de autoridades americanas mostraram que a Purdue Pharma, produtora dos medicamentos distribuídos pela Mundipharma, sabia, desde meados da década de 1990, que o OxyContin estava transformando milhares de pacientes em dependentes químicos, principalmente nos subúrbios da classe média americana. Analgésicos opioides passaram a ser prescritos, principalmente para adolescentes, para torções, retirada de dentes e dores nas costas, por exemplo.
A oxicodona, como qualquer medicamento, faz o paciente desenvolver uma tolerância durante seu uso e, além da analgesia, causa uma sensação de euforia. Para potencializar essa sensação, pacientes passaram a usar o medicamento com mais frequência, de maneira inalada ou injetada. Estudos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano mostraram que a partir de 2014 dependentes de oxicodona passaram a usar outras substâncias, como fentanila e heroína, agravando a crise.
A situação americana aparentemente está distante no Brasil, mas o risco não pode ser ignorado, conforme explicou a psiquiatra Mariana Campello, do Hospital de Clínicas da USP:
"A gente vai minimizando, vai colocando esse problema como 'aqui não vai chegar, não vai ser tão abrangente como dessa forma'. Mas a gente sabe que cada vez mais esse problema vai ser uma questão que vai crescer e precisamos começar a falar sobre isso e considerar esse problema com tal seriedade justamente para a gente evitar os mesmos erros que foram cometidos, evitando essa grande epidemia de opioides como a dos Estados Unidos".
Em 1926, num ensaio de cunho autobiográfio, Virginia Woolf (1882-1941) escreveu sobre a dor. Disse a escritora em "Sobre estar doente", enquanto sofria com severas enxaquecas: "A mais simples colegial quando se apaixona tem Shakespeare ou Keats para exprimir seus pensamentos, mas peça a alguém que sofre para tentar explicar sua dor de cabeça a um médico e a linguagem imediatamente emudece". Woolf talvez não imaginasse que, cem anos depois, as prateleiras de respostas oferecidas pelas grandes farmacêuticas são engenhosamente sedutoras.
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Farmacêutica pagou R$ 200 mil a sociedade médica para promover opioides
Bruna Lima
Guilherme Amado
Empresa da crise de opioides contrata médicos e promove congressos para ensinar e incentivar prescrição no Brasil
A farmacêutica Mundipharma, distribuidora de uma das empresas protagonistas da crise dos opioides nos Estados Unidos, pagou US$ 39 mil dólares, cerca de R$ 200 mil na cotação desta segunda-feira (16/9), para a Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (Sbed), entre 2019 e 2023. O investimento, segundo a própria farmacêutica, foi para promover o uso de opioides no Brasil.
A informação foi revelada na série de reportagens Mundo da dor, uma colaboração do Metrópoles e mais dez veículos, entre eles o site americano The Examination e a revista alemã Der Spiegel. A investigação revela que a Mundipharma reproduz no Brasil, e ao redor do mundo, as mesmas táticas que levaram os Estados Unidos a uma das maiores crises de saúde pública de sua história, do uso abusivo de opioides.
A Purdue Pharma é fabricante do OxyContin, remédio que tem como princípio ativo a oxicodona, substância 150% mais forte do que a morfina e com alto poder de adicção. As táticas de venda e marketing do medicamento foram os causadores da crise dos opioides nos Estados Unidos. O drama na saúde pública americana causou a morte de mais de 500 mil pessoas, estimou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país.
Segundo a Mundipharma disse no dia 10 de setembro a esta investigação, o investimento na Sociedade Brasileira de Estudos de Dor foi para a realização de simpósios educacionais, programas médicos e presenças em congressos do grupo médico. A empresa, entretanto, ressaltou que o aporte financeiro "não foi limitado a essas atividades".
Em 2018, a Mundipharma parou de promover opioides para médicos nos Estados Unidos, no esteio do processo judicial que corre na Justiça americana. Entretanto, no Brasil, o cenário não é o mesmo. Esses eventos são, na prática, uma forma de promover o uso de opioides.
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Assessoria de Comunicação
Hospital do Coração Anis Rassi tem dois trabalhos selecionados para apresentação no Conahp 2024
Escrito por Administrador
O associado Hospital do Coração Anis Rassi teve dois trabalhos aprovados para apresentação no Conahp 2024, que acontecerá em São Paulo (SP) nos dias 16 e 17 de outubro.
Um deles, o método Árvore da Vida, é voltado para a experiência dos pacientes e foi implantado em 2021 com o objetivo de conhecer os pacientes além da sua patologia, como ser humano.
O segundo é sobre as buscas ativas dos pacientes pós-cirurgia limpas. O NIRAS, junto com o departamento de TI do hospital, desenvolveu um método que permite que os pacientes respondam por chatbot, o que possibilitou um aumento da adesão em até 80%, proporcionando mais segurança aos pacientes.
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Planos de saúde e hospitais se unem para reduzir custos: entenda o novo modelo para o consumidor
STF vai decidir se religião pode influenciar no tipo de tratamento oferecido pelo SUS
O GLOBO
Planos de saúde e hospitais se unem para reduzir custos: entenda o novo modelo para o consumidor
Consolidação avança no setor em busca de ganho de escala e alívio na pressão por reajustes
Rede D’Or e SulAmérica, Bradesco e Fleury, Amil e Dasa, aliança de hospitais filantrópicos em São Paulo. A consolidação intrassetorial na saúde privada avança e começa a transformar a forma como esse mercado opera e oferece produtos ao consumidor.
É um movimento ancorado em ganho de escala, eficiência e controle de custos, e que tende a aliviar as pressões sobre o reajuste nos planos de saúde. Mas não está claro ainda se, no futuro, poderá direcionar os usuários a ter seu atendimento concentrado em grupos específicos de hospitais, clínicas e seus profissionais.
A busca por parcerias entre planos e hospitais foi impulsionada pelo salto nas despesas de assistência, sobretudo após a pandemia, quando muitos usuários retomaram a busca por atendimentos de saúde represados.
O setor ficou no vermelho desde 2021 e só agora, no primeiro semestre deste ano, as operadoras de planos médico-hospitalares tiveram o primeiro resultado operacional positivo desde então, com as receitas superando as despesas em R$ 2,4 bilhões, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Na ponta do consumidor, isso significou anos seguidos de reajustes acima da inflação. Em 2024, nos planos coletivos, a alta foi de 13,8%.
As aquisições, sociedades e joint ventures concluídas no setor refletem esse cenário de busca por uma maior sustentabilidade financeira. Vinicius Figueiredo, analista de Saúde do Itaú BBA, explica que a operação de saúde em rede fechada — quando o atendimento do paciente dos planos acontece em hospitais e clínicas próprios da operadora — reduz os custos pelo maior controle da empresa sobre toda a jornada do usuário. Mas esses ganhos também podem vir através de outros modelos.
— Quando você tenta trazer mais eficiência, não precisa comprar um hospital. Pode ser uma estratégia mais contratual, como fechar um pacote entre plano de saúde e rede hospitalar no qual os usuários ficam fidelizados, e os preços se tornam mais vantajosos para a operadora, já que há previsibilidade maior dos custos na negociação com o prestador.
Números do setor de planos de saúde — Foto: Editoria de Arte/O Globo
Custo alto na livre escolha
Mário Vasconsellos, líder de Saúde da Accenture Brasil, argumenta que o modelo tradicional de saúde privada no país, em que o usuário tem livre escolha para hospital e médicos de referência, gera um custo muito alto:
— É uma baixa gestão da saúde. Muitas vezes o usuário toma decisões equivocadas ou que não são necessárias, vai a um pronto-socorro ou hospital de alta complexidade quando o problema poderia ser resolvido numa consulta virtual ou num médico de família, o que reduziria custos.
Ele vê no mercado ainda muito espaço para mais consolidações e parcerias:
— As três maiores redes de saúde do Brasil, Hapvida, Rede D’Or e Dasa, respondem por só 20% dos leitos disponíveis do país.
Ampliar o acesso
Marcos Novais, diretor executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), diz que a entidade é “entusiasta desse modelo de integração entre prestadores e pagadores”:
— Há modelos sendo testados para dar conta do formato de acesso à saúde privada que escolhemos no país. Quando integra, deixa-se de olhar para o retorno e passa-se a olhar para a demanda. Acordos e parcerias estratégicas entre empresas devem gerar resultados positivos e ampliar acesso.
Figueiredo, do Itaú BBA, pondera que o setor viveu, desde 2021, “forte deterioração” por erros de precificação na volta dos procedimentos postergados pela pandemia, além de mudanças regulatórias que tornaram a cobertura dos planos mais ampla:
— As operadoras, além de repassar reajustes superaltos aos consumidores, começaram a pressionar os hospitais para mudar prazos e negociar pagamentos. É um caminho de tentar “dividir as dores”.
Antônio Britto, diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados, diz que a estratégia das operadoras encurtou o caixa dos hospitais. O prazo de pagamento foi de 70 dias, em 2022, para 110 dias agora:
— Com o resultado das operadoras, esperamos melhora nisso. Veremos mais desses novos arranjos empresariais que permitam estabelecer projetos em comum. Há demanda, necessidade de expansão, e o custo do capital está muito elevado. Um acordo entre hospital e operadora traz uma garantia de demanda.
Sócio-líder de Health Sciences & Wellness da EY Brasil, Leandro Berbert lembra que a consolidação no setor surgiu como forma de entregar um serviço com mensalidade menor. Mas diz que é difícil usar esse modelo no segmento premium. Até porque os movimentos recentes de parcerias e aquisições envolvem empresas de rede aberta (hospitais e clínicas que atendem a clientes de diferentes planos).
— Houve uma primeira onda de consolidação em medicina diagnóstica. Depois veio a dos hospitais e, por fim, entre operadoras. Parte delas atua em modelo no qual o cliente só é atendido na sua própria rede e (a empresa) comprou outras operadoras e ativos para ser competitiva. E isso mexe com os hospitais — diz Berbert.
Até 2016, havia entre 15 e 25 operações de fusão e aquisição no setor ao ano. Em 2018, foram 54, e no ano seguinte, 73. Isso aqueceu o preço dos ativos e atraiu investidores. Teve início um movimento de abertura de capital em Bolsa — vieram ofertas públicas de ações (IPOs) como as de Hapvida, entre as operadoras, e Rede D’Or, entre os grupos hospitalares.
A Hapvida é a operadora de maior rede fechada no país. Suas subsidiárias, incluindo a NotreDame Intermédica, adquirida em 2022, têm taxas de reajuste menores que as de suas principais concorrentes, segundo analistas.
A pandemia interrompeu o movimento de fusões e aquisições. E, na sequência, vieram as operações intrassetoriais. Em 2021, a Bradesco Diagnósticos entrou no Fleury, detendo hoje um quarto do capital social da rede de laboratórios. No ano seguinte, a SulAmérica foi comprada pela Rede D’Or que, este ano, anunciou parceria com o Bradesco Saúde, originando a Atlântica D’Or. O grupo investe, de largada, em três hospitais, em Macaé, no Norte Fluminense, e Alphaville (Barueri) e Guarulhos, na Grande São Paulo.
Por meio da Atlântica, a Bradesco Saúde também fechou sociedade com Beneficência Portuguesa de São Paulo e Fleury, num negócio de oncologia. E firmou parceria com o Albert Einstein para construir um hospital de 300 leitos na Zona Sul da capital paulista. Criada em 2021, a empresa já tem 15 unidades.
— As parcerias visam ampliar o acesso a cuidados de alta qualidade e criar soluções que atendam à crescente demanda por serviços médicos, inclusive fora dos grandes centros. Melhoram a eficiência e garantem a sustentabilidade a longo prazo — afirma Carlos Marinelli, diretor-presidente da Bradesco Saúde.
A rede mineira Mater Dei, com dez hospitais em três estados, é uma das que firmaram parceiras com a Bradesco Saúde. A empresa fechou uma joint venture com a operadora para a construção de um hospital de 250 leitos em Santana, bairro da Zona Norte de São Paulo, primeira unidade da rede no estado.
Com 49% da sociedade, a Mater Dei entrará com a gestão hospitalar, enquanto a seguradora cuida da construção do espaço, num terreno que já pertencia ao grupo. José Henrique Salvador, CEO da rede, diz que a parceria dá mais segurança financeira na expansão da empresa para uma nova praça:
– Nosso mercado já esteve muito tensionado, com operadoras de um lado, e hospitais de outro, mas o que todos querem é a sustentabilidade e o crescimento do setor. Ao lançar um projeto como esse, prezamos por uma relação de confiança e transparência entre as partes, onde o hospital se torna um alavancador de vendas do plano para mais vidas, e o prestador ganha na diminuição do risco financeiro, por um alinhamento mais próximo com quem paga a conta hospitalar, que é a operadora de saúde. É uma oportunidade ganha-ganha.
Parceria filantrópica
Em meio ao cenário de parcerias, em junho, seis hospitais de São Paulo – A.C.Camargo Cancer Center, Beneficência Portuguesa, HCor, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hospital Moinhos de Vento e Sírio-Libanês – criaram a Associação dos Hospitais Filantrópicos Privados (Ahfip).
— O objetivo é aprofundar discussões e propostas sobre o setor em parceria com agências reguladoras, operadoras de planos de saúde de saúde e demais integrantes do sistema — diz José Marcelo de Oliveira, presidente do Conselho da Ahfip e CEO do Oswaldo Cruz.
Cidades do interior
O UnitedHealth Group vendeu no fim de 2023 a Amil para José Seripieri Jr., fundador da Qualicorp. Em meados do ano, Amil e Dasa anunciaram uma joint venture para a criação de um gigante hospitalar no país, ficando atrás apenas da Rede D’Or.
“Espera-se que a Amil, com 3,2 milhões de beneficiários, tenha presença maior na rede hospitalar combinada, (…) aumentando o poder de negociação com planos de saúde terceiros, especialmente nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro”, segundo relatório do Itaú BBA.
Em outro relatório, o Itaú BBA descreve os projetos da Atlântica D’Or em Macaé, Guarulhos e Alphaville como apostas em microrregiões, não em cidades, onde há base relevante de usuários de SulAmérica e Bradesco Saúde, ausência da presença consolidada de um concorrente do grupo hospitalar e menor uso de operadoras com rede fechada (que só atendem os clientes em instalações próprias).
— Em várias regiões, SulAmérica e Bradesco são planos de saúde fortes. E a gente acaba podendo crescer com a solidez dessas duas empresas, implementar um hospital de referência para toda a região — diz Rodrigo Gavina, CEO dos Hospitais da Rede D’Or.
Com 11.900 leitos no país, a Rede D’Or tem mais 5.400 a serem entregues nos próximos quatro anos. Gavina afirma que a operação da SulAmérica ocorre “da forma mais dividida possível”. E que o foco está em garantir efetividade do sistema sem desperdício, mas não só para a SulAmérica:
— A gente não quer verticalizar, mas você quebra a desconfiança que existe no setor (entre hospitais e planos). Acho que o Bradesco acabou entendendo isso, vai-se fazendo coisas positivas para os dois. Não se trata de privilegiar rede. Pode até passar por isso, desde que faça sentido para todo mundo, principalmente para quem paga a conta. Se amplia volume, tem preço melhor.
Um alto executivo do setor frisa que é preciso usar ao máximo a capacidade das redes próprias, pois isso reduz despesas e traz eficiência:
— Entendo que um sócio investidor deve ter um benefício no uso daquela rede. Um pequeno desconto faz grande diferença.
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STF vai decidir se religião pode influenciar no tipo de tratamento oferecido pelo SUS
Casos envolvem pessoas da religião Testemunhas de Jeová, que não permite o recebimento de transfusão de sangue de terceiros
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve começar a julgar nesta semana duas ações que discutem a influência da religião em tratamentos de saúde. O objetivo é definir duas questões: se a crença religiosa permite à pessoa exigir determinado procedimento cirúrgico e se a liberdade religiosa justifica o pagamento de um tratamento de saúde diferenciado pela União.
Os dois casos envolvem pessoas da religião Testemunhas de Jeová, que não permite o recebimento de transfusão de sangue de terceiros, baseado em interpretações de trechos da Bíblia. Os processos têm repercussão geral, ou seja, as teses que serão firmadas serão aplicadas em todos os casos semelhantes, o que pode incluir pessoas de outras religiões.
As ações, que devem ser julgadas em conjunto, são o terceiro e o quarto item da pauta de quarta-feira do STF. Caso não haja tempo, a análise pode ocorrer na quinta-feira. Os relatores são o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e o ministro Gilmar Mendes.
Casos em análise Em um dos casos, uma paciente foi encaminhada para a Santa Casa de Maceió (AL) para a realização de uma cirurgia cardíaca. O procedimento não ocorreu, contudo, por ela ter se negado a assinar um termo de consentimento que previa a possibilidade de realização de eventuais transfusões de sangue. Ela acionou a Justiça, mas nas instâncias inferiores os juízes rejeitaram o pedido para fazer a cirurgia sem transfusão.
Quando a repercussão geral foi reconhecida, em 2019, Gilmar Mendes afirmou que a discussão é de "inegável relevância", e disse que "a liberdade de credo deve ser assegurada de modo igual a todos, desde os membros de pequenas comunidades religiosas aos das grandes igrejas".
No mês passado, o STF já ouviu as sustentações dos advogados do caso. A advogada Eliza Akiyama, afirmou que a recusa da cliente não foi por um "capricho" e nem "expressão de fanatismo religioso".
Em 2020, o então procurador-geral da República, Augusto Aras, apresentou seu parecer na ação e alegou que um paciente tem direito de escolher um tratamento que não envolva transfusão de sangue, desde que receba informações dos médicos sobre os riscos envolvidos. Aras opinou, contudo, que esse entendimento deve não valer para crianças, adolescentes ou incapazes, nem para casos que envolvam risco à saúde pública ou à coletividade.
Já o segundo caso envolve uma discussão sobre as obrigações do Estado. Nele, a União recorre contra decisão que a condenou, junto com o estado do Amazonas e o município de Manaus, a arcar com toda a cobertura de uma cirurgia de artroplastia total (substituição de uma articulação) em outro estado para o paciente.
A União alegou que a decisão violou o princípio da isonomia, porque haveria um tratamento diferenciado, e da razoabilidade, porque qualquer procedimento cirúrgico pode ter complicações que exigiriam uma transfusão.
A repercussão geral foi reconhecida em 2017. Luís Roberto Barroso, que é o relator, afirmou que há um conflito entre a liberdade religiosa e o dever do Estado de fornecer tratamento de saúde universal e igualitário.
A advogada Mychelli Fernandez, que defende o paciente, argumentou ao STF que o SUS tem capacidade de fornecer outros tratamentos, que não exigem transfusão de sangue, sem despesas adicionais.
Em parecer apresentado no ano passado, Augusto Aras defendeu que o Poder Público tem a obrigação de arcar com um tratamento alternativo, mas desde que ele já seja disponibilizado pelo SUS.
Ética médica Josimário Silva, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e presidente da Academia Brasileira de Bioética Clínica (ABBC), afirma que não existe uma hierarquia entre a autonomia do paciente e o dever do médico, e que é preciso analisar as particularidades de cada caso.
- Alguns aspectos precisam ser considerados, por exemplo, se a situação é emergência ou não é emergência. Quando tem uma emergência, a prioridade é promover uma assistência que evite a morte do paciente. Isso é um dever legal que temos.
Silva afirma que existem grupos multidisciplinares, chamados de comitês de bioéticas, que servem justamente para avaliar o melhor encaminhamento para cada situação.
- O médico aciona o comitê de bioética e o comitê tem a função de deliberar, analisar, entender esse caso e a partir daí, ele vai emitir um parecer para que o profissional possa subsidiar a decisão dele. O comitê não toma a decisão pelo médico.
O professor, que também é autor do livro "Bioética Clínica - Testemunhas de Jeová", explica que existem alternativas à transfusão de sangue, mas que esses serviços não estão disponíveis em todos os hospitais:
- O sangue não é a primeira escolha. A gente utiliza uma série de outros recursos para não chegar à transfusão. Hoje já existem estruturas hospitalares que disponibilizam alguns recursos que facilitam para o profissional o não uso do sangue. Isso já tem sido feito, inclusive com cirurgias grandes.
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Assessoria de Comunicação
Divulgação de novos cursos e compartilhamento de experiências marcam reunião do Comitê de Enfermagem da Ahpaceg
Escrito por Administrador
A coordenadora do Comitê de Enfermagem da Ahpaceg, Madalena Del Duqui, reuniu-se hoje, 13, com os gestores de enfermagem das instituições associadas. O encontro, realizado na sede da Associação, foi marcado pelo compartilhamento de experiências exitosas e a apresentação de dois importantes assuntos da área de educação.
A professora Dra. Ana Karina, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás, participou do encontro e divulgou o curso de “Especialização em Enfermagem em UTI em Neonatologia”. O curso terá carga horária de 380/horas e duração de 18 meses, com aulas remotas e presenciais. O investimento é de 560 reais/mês.
Quem também participou da reunião foi a enfermeira professora Dra. Danielle Perdigão, que divulgou o curso “Transformação dos Modelos de Remuneração em Saúde: DRG, Governança Clínica e o Papel das Informações em Saúde”. Agendado para 5 de outubro, na sede da Ahpaceg, esse será o primeiro curso da Educa Ahpaceg, empresa de educação continuada da Associação.
Outros cursos também já estão agendados e, logo, as inscrições serão anunciadas.
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DESTAQUES
Cultura de segurança: melhoria constante para as instituições
A falta de especialização e o crime de exercício ilegal da profissão
Em caráter emergencial, Saúde de Goiânia aluga 22 ambulâncias para o Samu
Representantes da saúde defendem ajustes na reforma tributária
Sustentabilidade na saúde: um desafio global e urgente
MEDICINA S/A
Cultura de segurança: melhoria constante para as instituições
Por Camilla Covello
Em um cenário, em que os cuidados de saúde estão se tornando cada vez mais complexos, a segurança do paciente e das pessoas envolvidas se destaca como um pilar fundamental para garantir a qualidade e a integridade dos serviços prestados. O aumento da complexidade nos processos de atendimento eleva o risco de incidentes. É nesse contexto que a cultura de segurança ganha relevância, visto que um ambiente comprometido com a segurança impacta diretamente no comportamento dos profissionais e os resultados obtidos, tanto para os pacientes quanto para a própria instituição.
Mas o que significa, de fato, uma “cultura de segurança”?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cultura de segurança é um conjunto de crenças compartilhadas que sustentam práticas seguras dentro das instituições. Trata-se de uma mentalidade coletiva que valoriza a comunicação aberta, o trabalho em equipe, o reconhecimento da interdependência entre os profissionais e o aprendizado contínuo com base em relatos de eventos. Acima de tudo, coloca a segurança como prioridade em todos os níveis organizacionais.
A cultura de segurança não existe de forma isolada: ela está profundamente conectada à cultura organizacional. E é aqui que o papel do líder se torna crucial: seu comportamento serve como modelo para os colaboradores, influenciando diretamente a forma como a segurança é percebida e praticada dentro da organização. Uma cultura sólida organiza e orienta a maneira como as coisas são feitas, criando pressupostos que, embora nem sempre explícitos, permeiam todos os níveis da instituição.
Esses pressupostos culturais se manifestam em três níveis distintos. Primeiro, temos os artefatos que são as coisas concretas que os colaboradores ouvem, veem e sentem no ambiente de trabalho. Em segundo, são os valores compartilhados que motivam as ações diárias dos profissionais. E, por fim, temos os pressupostos básicos que englobam as crenças, percepções e sentimentos mais profundos dos colaboradores.
Ao falarmos sobre a cultura de segurança, é importante reconhecer que existem níveis de maturidade, abrangendo desde a segurança dos funcionários, coleta de dados e a segurança dos pacientes. O nível mais avançado desse processo ocorre quando todos os níveis da organização compartilham um objetivo comum: promover a segurança.
Dentro dessa cultura de segurança, existem quatro pilares essenciais que a sustentam:
Cultura de Notificação: Encorajar a transparência e o relato de erros ou quase acidentes, garantindo que as informações sejam utilizadas para prevenir futuros incidentes.
Cultura Justa: Promover a responsabilização adequada sem recorrer à culpabilização, criando um ambiente onde os erros são vistos como oportunidades de aprendizado e, não, como falhas individuais.
Cultura Flexível: A capacidade da organização de se adaptar e reconfigurar diante de perigos ou incidentes, mantendo a segurança como prioridade.
Cultura de Aprendizagem: Fomentar o aprendizado contínuo, não apenas a partir dos erros, mas também a partir das práticas bem-sucedidas, garantindo a evolução constante da cultura de segurança.
Trabalhar esses pilares de forma integrada fortalece e sustenta a cultura de segurança, criando um ambiente onde a proteção das pessoas não é apenas uma meta, mas uma prática diária.
Medir a cultura de segurança do paciente nos serviços de saúde é fundamental. Essa medição permite diagnosticar e prevenir potenciais riscos, possibilita o benchmarking interno e externo, implementar intervenções de segurança eficazes e acompanhar a evolução ao longo do tempo. Ao medir e monitorar continuamente essa cultura, as instituições não apenas previnem incidentes, mas também garantem a eficácia e a sustentabilidade das melhorias implementadas.
Assim, construir e fortalecer uma cultura de segurança dentro das organizações de saúde não é apenas uma questão de evitar erros: trata-se de criar um ambiente onde a segurança e a excelência caminham juntas, promovendo um cuidado de saúde mais seguro e eficaz para todos.
*Camilla Covello é sócia e CGO da QGA – Quality Global Alliance.
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A falta de especialização e o crime de exercício ilegal da profissão
Por Marcela Freire
Recentemente, em março de 2024, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou dados alarmantes sobre o exercício ilegal da medicina no Brasil. De acordo com o CFM, nos últimos 12 anos, o país registrou quase dois casos por dia de exercício ilegal da medicina, com o Estado do Rio de Janeiro liderando em número de ocorrências. Em 2023, o Tribunal do Estado foi o que mais registrou processos relacionados a essa prática ilegal.
Muitos dos registros de ocorrência, entretanto, são feitos de forma equivocada, frequentemente confundindo médicos não especialistas com indivíduos praticando medicina de forma ilegal. Essa confusão evidencia a necessidade de uma maior clareza na definição e diferenciação entre falta de especialização e exercício ilegal da profissão médica.
Em abril de 2024 todo o país tomou conhecimento, através da rede televisiva e demais meios de comunicação, da prisão em flagrante de um médico por exercício ilegal da medicina no Pará. Alguns veículos de informação ainda utilizaram o título “exercício ilegal da psiquiatria”, visto que o mencionado médico não possuía Registro de Qualificação de Especialista (RQE) e atuava no âmbito da psiquiatria. O delegado responsável pelo caso pontuou que a prisão se fazia necessária para coibir a prática delituosa do exercício ilegal da medicina. Posteriormente, fora reconhecida a arbitrariedade da prisão, sendo o médico colocado em liberdade.
Considerando os inúmeros casos de registros e até mesmo de prisões equivocadas, é necessário discutir sobre a regulamentação profissional da medicina.
A Lei 3. 268/ 57, que dispõe sobre os Conselhos de Medicina e outras providências, estabelece em seu art. 17, os requisitos necessários para o exercício da medicina, e, a partir dele, o Conselho Federal de Medicina (CFM), emite resoluções e pareces tratando sobre o exercício da profissão em qualquer de seus ramos:
Art. 17. Os médicos só poderão exercer legalmente a medicina, em qualquer de seus ramos ou especialidades, após o prévio registro de seus títulos, diplomas, certificados ou cartas no Ministério da Educação e Cultura e de sua inscrição no Conselho Regional de Medicina, sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade.
A Resolução CFM nº 1.627/2001 define o ato médico como todo procedimento técnico-profissional praticado por um médico legalmente habilitado, direcionado à promoção da saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento ou reabilitação de enfermos.
A resolução especifica que tais atos são privativos de médicos formados em instituições reconhecidas e registrados no Conselho Regional de Medicina (CRM) de sua jurisdição. Ela destaca que o exercício dos atos médicos deve ser fundamentado em conhecimentos aceitos pela comunidade profissional, cientificamente embasados, e voltados para o bem-estar dos pacientes, sempre respeitando os limites legais, éticos e técnicos disponíveis.
A resolução também enfatiza que, embora a especialização possa aprimorar a capacidade de um médico em determinadas áreas, a formação médica básica e o registro no CRM são suficientes para o exercício da medicina em geral. Isso permite que médicos sem especialização possam atuar em diversos campos da medicina, desde que respeitem os princípios éticos e as limitações técnicas de sua formação.
A Resolução CFM nº 2.311/2022 regulamenta a prática da cirurgia robótica no Brasil, estabelecendo requisitos específicos para que médicos possam realizar este tipo de procedimento. Segundo a resolução, a cirurgia robótica deve ser realizada exclusivamente por médicos com formação específica e treinamento adequado, visando garantir a segurança e a qualidade do atendimento aos pacientes.
A resolução determina que o médico responsável pela realização de cirurgias robóticas deve possuir certificação em cirurgia robótica, emitida por uma instituição reconhecida pelo CFM. Além disso, é necessário que o profissional tenha experiência comprovada em procedimentos cirúrgicos tradicionais na especialidade correspondente.
Portanto, enquanto a prática médica geral permite que médicos devidamente registrados no Conselho Regional de Medicina (CRM) atuem em diversas áreas, a cirurgia robótica é uma exceção que exige especialização e certificação específicas, conforme estabelecido pela Resolução CFM nº 2.311/2022.
O Parecer CFM nº 9/ 2016 reforça que a inscrição regular no CRM é suficiente para permitir que o médico atue em diversas áreas da medicina, e que a especialização é recomendada para garantir a qualidade do atendimento em áreas específicas, mas não é um requisito obrigatório para o exercício geral da profissão médica. Nesse mesmo sentido são os pareceres do CFM mencionados a seguir.
O Parecer CFM nº 21/2017 aborda a questão da fiscalização do exercício da medicina e reitera que qualquer médico registrado no CRM pode exercer a profissão, inclusive em áreas onde não possui especialização formal, desde que não exceda suas competências e habilidades profissionais.
O Parecer CFM nº 21/2019 explora a atuação de médicos em diferentes especialidades e reafirma que, enquanto o médico estiver devidamente registrado no CRM, ele está autorizado a atuar em qualquer ramo da medicina, desde que siga os princípios éticos e os limites de sua formação e experiência .
O Parecer CFM nº 21/10 aborda a questão da atuação dos médicos em áreas onde não possuem especialização específica. Ele conclui que, desde que o médico esteja devidamente inscrito no Conselho Regional de Medicina (CRM), ele está apto a exercer legalmente a medicina em qualquer de seus ramos ou especialidades. O parecer reforça que o anúncio de especialidade médica só pode ser realizado após o efetivo registro de qualificação do especialista no CRM .
O Parecer CFM nº 17/04, emitido pelo conselheiro Solimar Pinheiro da Silva, esclarece que os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) não exigem que um médico seja especialista para trabalhar em qualquer ramo da medicina. O parecer afirma que um médico devidamente registrado pode exercer a medicina em sua plenitude nas mais diversas áreas, desde que se responsabilize por seus atos.
Considerando o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM), suas resoluções e pareceres, não há dúvidas de que um médico devidamente inscrito no Conselho Regional de Medicina (CRM) de seu estado pode praticar todos os atos médicos existentes, independentemente de especialização, desde que respeite suas limitações técnicas e os princípios éticos.
A única exceção existente está prevista na prática de um ato médico por um médico que não tenha expertise técnica específica em uma área não configura exercício ilegal da medicina, mas pode ser considerada imperícia, que, nesse contexto, refere-se à falta de habilidade técnica ou conhecimento necessário para a execução adequada de um procedimento médico, o que pode levar a consequências legais e éticas para o profissional.
Portanto, só se pode falar em prática de exercício ilegal da medicina quando o sujeito ativo do crime que pratica ato médico é um profissional não médico. Um médico devidamente inscrito no CRM, mesmo sem ser especialista, não comete o crime de exercício ilegal da medicina; nesse caso, como dito, a questão seria de imperícia, e não de exercício ilegal da profissão.
Considerando a nova resolução de publicidade médica do CFM de 2024 (Resolução CFM nº 2.317/2024), um médico que não possui especialização não pode se declarar especialista, sob risco de responder por falta ética. Isso significa que ele não pode se identificar como especialista nem fazer publicações exclusivas sobre essa área em suas redes sociais.
Além disso, se o médico possui uma pós-graduação e deseja divulgar essa informação em suas redes sociais, ele deve incluir ao lado do termo “pós-graduado em …” a expressão “NÃO ESPECIALISTA”, em caixa alta, para deixar claro que a qualificação não implica em especialização. Ex.: “Pós- graduado em Dermatologia – NÃO ESPECIALISTA”.
Considerando a diferenciação entre a falta de especialização e a prática ilegal da medicina, médicos devidamente inscritos no CRM estão autorizados a exercer a medicina em todas as suas áreas, observadas a exceção da cirurgia robótica, suas limitações técnicas e os aspectos ético-profissionais. Essa distinção é crucial para evitar confusões e injustiças no julgamento de tais situações, garantindo que apenas indivíduos não médicos sejam penalizados por praticar ilegalmente a medicina.
*Marcela Freire é Advogada atuante em Direito Médico e da Saúde. Vice- Presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB/ Duque de Caxias e Conselheira no Conselho Municipal de Saúde de Duque de Caxias.
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A REDAÇÃO
Em caráter emergencial, Saúde de Goiânia aluga 22 ambulâncias para o Samu
Cumprindo determinação do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia vai alugar 22 ambulâncias para dar mais celeridade ao trabalho realizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo a pasta, o processo de contratação, em caráter emergencial, já está na fase final e vai custar aos cofres públicos R$ 347 mil por mês.
A informação foi divulgada pelo jornal O Popular. Segundo o veículo, o Grupo CDM Saúde, de Contagem (MG), fez a melhor proposta entre as nove interessadas, oferecendo 16,5% de desconto para o valor estimado pela SMS para as 17 ambulâncias de suporte básico e 37,3% para as 5 de suporte avançado.
O contrato é de 180 dias e prevê que a empresa ficará responsável também por reposição de peças e acessórios, lavagem e lubrificação, seguro total do veículo, monitoramento, e rastreamento, sem limitação de quilometragem. Todo o processo tem sido comunicado ao TCM-GO, que desde julho faz uma auditoria na situação do Samu.
A portaria, que designa os servidores municipais que serão fiscal e gestor do contrato, assim como informa sobre a existência de uma reserva financeira de R$ 1,2 milhão para o serviço, foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de terça-feira (10/9).
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AGÊNCIA SENADO
Representantes da saúde defendem ajustes na reforma tributária
Mesmo inseridos no regime especial de tributação previsto na reforma tributária, com redução de 60% dos tributos, representantes do setor da saúde defendem mudanças no projeto de lei complementar que regulamenta a reforma tributária (PLP 68/2024). Esse posicionamento foi apresentado nesta quinta-feira (12), durante mais uma roda de debates promovida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Representantes dos serviços de saúde afirmaram que, caso o texto seja aprovado da forma como se encontra, a atividade terá um aumento de tributação geral em torno de 27%. Já os representantes do sistema educacional, apesar de reconhecerem o texto como "equilibrado" e "justo", alertaram para o risco de um aumento da tributação para empresas que concedem bolsas de estudos aos empregados.
A reforma tributária foi promulgada em dezembro de 2023, com a Emenda Constitucional 132. Ela trata da criação de um novo sistema de tributos sobre o consumo: PIS, Cofins, IPI, ISS e ICMS serão substituídos pelo Imposto sobre Valor Agregado, o IVA. Este, por sua vez, será dividido em dois: a Contribuição sobre Bens e Serviços - CBS (que substituirá os tributos federais) e o Imposto sobre Bens e Serviços - IBS (que substituirá os tributos estaduais e municipais). Além disso, será criado o Imposto Seletivo.
O PLP 68/2024, que regulamenta a reforma tributária, trata da definição das alíquotas dos tributos e quais bens e serviços estarão isentos. O projeto já foi aprovado na Câmara dos Deputados e atualmente está em tramitação em um dos colegiados do Senado: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Com a reforma, tanto o setor de educação quanto o de saúde foram inseridos em um regime especial, com alíquota reduzida em 60%. Mas, especialmente para os representantes da saúde, o texto da regulamentação, da forma como está, acabou retirando a essência inicial da matéria, que era a de preservar a neutralidade e a não comutatividade do sistema tributário brasileiro.
De acordo com o representante da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, Renato Nunes, o setor de serviços de saúde tem um resíduo tributário, atualmente, de 4,4% sobre a receita bruta. Com a regulamentação da reforma, prevalecendo uma alíquota de 27,97% (alíquota prevista pelo Ministério da Fazenda após a aprovação do texto na Câmara), ele afirma que haveria um aumento para 5,5%, resultando num aumento de tributação geral para o setor de 27% - números que impressionaram os senadores.
Para o senador Izalci Lucas (PL-DF), é preciso rever o texto e buscar sensibilizar o relator da matéria, senador Eduardo Braga (MDB-AM), no sentido de evitar desequilíbrios e injustiças.
- Foi dito aqui, por todos, que a gente vai ter de ajustar para não ter aumento significativo, porque aumento haverá com certeza, mas tem de amenizar, com essas ponderações que foram feitas aqui - afirmou, Izalci, que preside o grupo de trabalho sobre reforma tributária instituído pela CAE.
Planos de saúde
Na avaliação dos representantes do setor de operadoras de planos de saúde, em especial os que atuam em cooperativas, o texto do projeto, da forma como está, vai aumentar o custo dos convênios para as empresas que oferecem o benefício aos trabalhadores. Isso porque a proposta prevê que as empresas não poderão aproveitar o crédito tributário gerado na contratação de planos de saúde para funcionários.
A incidência do IVA nesse setor pode gerar efeitos diferentes em cada modelo de negócio, já que a atividade é formada por empresas de diferentes perfis. Há no mercado seguradoras, cooperativas médicas, medicinas de grupo, operadoras de autogestão e filantrópicas.
Para os planos e seguros de saúde, a alíquota será a reduzida em 60%. Essa alíquota incidirá sobre a receita dos serviços (prêmios, mensalidades e participações) e a receita financeira das reservas técnicas, deduzidos os pagamentos de indenizações ou serviços de saúde (pagos ao usuário ou a outro plano se houver cessão de responsabilidade), taxas pagas a administradoras de benefícios e as comissões de corretores. Reembolsos não pagam tributo e também não geram créditos.
Para as cooperativas de saúde, a dedução das indenizações, antes proibida, passará a ser de 50% dos valores quando pagos aos associados, mesmo que a operação seja beneficiada por redução de alíquotas estabelecida em regime específico para todos os tipos de cooperativas. No entanto, o setor defende 100% de dedução.
A consultora tributária da Unimed do Brasil, Letícia Fernandes de Barros, argumentouque o projeto torna a tributação sobre os planos de saúde essencialmente cumulativa para quem contrata o benefício, contrariando o objetivo da neutralidade e da não comulatividade que o Executivo defendeu quando apresentou a proposta de reforma. Segundo a consultora, a operadora possui mais de 20 milhões de clientes e é geradora de quase 142 mil empregos diretos, atuando em regime de cooperativismo.
- Se eu também sou cooperativa e faço as deduções que me são permitidas, e, portanto, fico com a limitação dos 50% [trava de 50% para deduções do IR] que se pretende, eu passo a ter um aumento tributário de 147%. O meu custo tributário total passa a ser de R$ 45 milhões. Por quê? Porque eu só posso deduzir 50% do que foi repassado ao cooperado. Quando eu penso nisso, incluindo o restante do custo tributário, e é necessário que se faça isso, porque a Constituição traz a necessidade de que a sua competitividade seja resguardada, quando eu incluo aqui que o meu cooperado, ao contrário do prestador de serviço das demais operadoras, que normalmente é pessoa jurídica, se submete a uma tributação de 27,5% de Imposto de Renda, os números ficam ainda mais gritantes.
Reservas técnicas
Segundo os representantes do setor de saúde, o PLP 68/2024 aumenta a carga tributária para as operadoras ao determinar a tributação das receitas financeiras das reservas técnicas, aplicações obrigatórias instituídas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) como garantia da operação, e ao não prever a dedução, da base de cálculo do imposto, dos valores destinados a essas reservas.
O projeto ainda é visto como prejudicial ao setor de cooperativas por vedar que cooperativas médicas que operam planos de saúde, como é o caso da Unimed, deduzam na integralidade da base de cálculo do imposto os repasses de honorários aos médicos cooperados, caso optem também pelo regime das sociedades cooperativas, que é próprio do modelo. Uma diferenciação considerada injusta para os representantes das cooperativas de planos de saúde, já que o texto permite a dedução dos custos médicos para as demais operadoras.
Para eles, o dispositivo cria um custo significativo para compatibilizar o regime econômico de operadora com o regime próprio das cooperativas. Para o consultor jurídico da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), João Caetano Muzzi Filho, o texto, da forma como está, torna os planos das cooperativas mais caros do que os das operadoras comerciais.
- O projeto comete uma distorção grave. Pior do que ter um aumento de tributo, é persistir numa sobrecarga desigual na cadeia do serviço para players diferentes. ( ) A cooperativa não quer favor, não quer benefício; ela quer a garantia da sua competitividade no ambiente econômico em que ela atua - afirmou ele.
Dispositivos hospitalares
Outra preocupação manifestada pelo setor de saúde se relaciona à tributação dos dispositivos hospitalares e médicos, como próteses e aparelhos de raio-x. Assim como a cadeia dos serviços de saúde, a Emenda Constitucional 132 assegurou alíquota reduzida de 60% para esses itens. No entanto, o projeto em tramitação (o PLP 68/2024) separa os itens por listas. Ou seja, nem todos os dispositivos terão a redução prevista na emenda.
Para os representantes dessa área, o Senado precisa garantir que todos os dispositivos médicos e hospitalares estejam cobertos pela taxação reduzida, além de garantir que as operações intermediárias estejam livres de bitributação.
Consultora tributária da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (Abiis), Hella Gottschefsky, destacou essa preocupação:
- Porque vejam: vai ser a Unimed, vai ser a Santa Casa, vai ser o hospital da nossa cidade que vai adquirir esse dispositivo médico 100% tributado. Nós estamos falando de o consumo hospitalar ser 100% tributado e não poder, efetivamente, deduzir todo o custo que haverá com essa aquisição. Em última instância, nós, cidadãos, pessoas físicas, vamos sofrer um impacto extremamente elevado em função dessa distorção em que o produto é tributado em 100%, mas o serviço de saúde, o serviço hospitalar, vai ter uma redução de 60% da suas alíquotas - enfatizou Hella Gottschefsky.
Os representantes do setor também sugeriram que o PLP 68/2024 garanta 100% de imunidade tributária aos produtos adquiridos pela Sistema Único de Saúde (SUS), quando comprados por meio da cadeia local. Para eles, isso seria um incentivo à inovação e às pesquisa nacionais.
- Essa ação contribuirá com a ação de 175 milhões de brasileiros que hoje têm a saúde pública como único espaço de tratamento da saúde e também estabelecerá a isonomia tributária para os fabricantes locais - defendeu Márcio Bósio, diretor institucional da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo).
Produtos farmacêuticos
Apesar de estarem atendidos com a redução de 60% prevista na reforma tributária, os representantes da indústria de produtos farmacêuticos avalia que o setor, assim como todo o sistema de saúde, deveria ser beneficiado com 100% de isenção do IVA. Segundo eles, a reforma tributária deveria ser construída e aprovada com o objetivo de desenvolver a indústria e os serviços de saúde no país, mantendo como foco de preocupação o valor final do serviço ofertado ao consumidor (que não recorre ao produto ou ao atendimento por opção, mas por necessidade).
- A redução de 60% foi muito boa, mas mesmo assim nós continuaremos entre os quatro países com a maior carga [tributária] sobre medicamentos. Na maioria dos países desenvolvidos [a carga tributária] é zero. E a gente tem de brigar. Esta casa tem de defender o zero. Para quê? Para que a gente amplie a saúde e reduza o custo do SUS - disse Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos.
O PLP 68/2024 traz entre seus dispositivos a inclusão de todos os medicamentos em alíquotas reduzidas, com desconto de 60% ou zerada. Aqueles que já estavam na alíquota zero, cerca de 383 medicamentos, para tratamentos mais graves e que exigem receita médica, permanecem com isenção total de impostos.
Diogo Penha Soares, representante do Ministério da Saúde, destacou o que chamou de "linhas de cuidado":
- Nós temos defendido a criação das linhas de cuidado, em que, estando a finalidade daquele medicamento aderida a uma linha de cuidado, ele está isento do IVA: medicamentos para cuidar de doenças raras, negligenciadas, vacinas e soros, oncologia, diabetes, DSTs e aids, entre outros.
Unidades filantrópicas
Já o representante da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, Renato Nunes, defendeu a manutenção da imunidade tributária para esse setor, assegurada na Constituição. Mas ele pediu a derrubada do dispositivo do PLP 68/2024 que nega a tomada dos créditos do IBS e da CBS por entidades filantrópicas.
- Por qual motivo uma Santa Casa, que exerce uma atividade fundamental para a população que ela assiste, não vai também manter o crédito? - questionou Renato Nunes, lembrando que serviços como os de TV aberta serão beneficiados pela tomada de créditos.
Diogo Penha Soares, do Ministério da Saúde, reconheceu a importância das santas casas e das identidades filantrópicas. Segundo ele, elas são hoje responsáveis por 60% da produção do Sistema Único de Saúde, seja em atendimento ambulatorial ou hospitalar, de média e alta complexidade. Para ele, é preciso trabalhar no Senado para se garantir a desoneração do orçamento da saúde. Soares também disse que a aquisição de dispositivos hospitalares pelas unidades filantrópicas precisam estar nesse marco legal.
- O orçamento da saúde é limitado e tem um crescimento limitado ao longo dos anos. Então, tudo que a gente consegue desonerar em saúde vira investimento e vira geração de valor e de qualidade de vida para a população. Quando a gente está desonerando a aquisição de equipamentos, por exemplo, para santas casas, nós estamos indiretamente desonerando o orçamento do SUS. É o SUS que compra esses serviços. Não é o SUS que está comprando diretamente os equipamentos, então não é ele que está sendo desonerado. Mas, se a compra da Santa Casa for onerada, o orçamento do SUS é onerado também.
Educação
Já no entendimento dos representantes da educação, o PLP 68/2024 se apresenta como um conjunto equilibrado para o setor, principalmente no que se refere às unidades educacionais com fins lucrativos. Apesar disso, profissionais ligados a unidades que prestam serviços filantrópicos criticaram a não tomada dos créditos do IBS e da CBS por essas entidades. Os participantes do debate também apontaram uma possível insegurança jurídica em relação à tributação das bolsas de estudos fornecidas por empresas a empregados. Ele defenderam a manutenção explícita da isenção desse tributo.
- A Câmara dos Deputados trouxe algo dizendo que as bolsas de estudo para empregados não seriam tributadas, o que trouxe um alívio, mas se colocou lá: "desde que esse benefício seja oferecido a todos os empregados, autorizada a diferenciação em favor dos empregados de menor renda ". Aí você começa a criar um conjunto de inseguranças que desestimula. Às vezes, uma escola que poderia dar menos bolsas, enfim, mas daria algumas bolsas, vai acabar sendo desestimulada - ressaltou Emerson Casali, consultor da Associação Brasileira de Academias (Acad Brasil).
Já na opinião da presidente da Associação das Universidades Particulares (Anup), Elizabeth Guedes, é preciso refazer os cálculos e observar se, com a nova previsão do IVA de quase 27%, divulgado pelo próprio Ministério da Fazenda, o regime diferenciado aplicado ao setor da educação ainda reflete um sistema com base na neutralidade e na não comutatividade.
- O redutor de 60% era para uma alíquota de 24%. Então, o Ministério da Fazenda já está falando de 26%, e, quando ele fala em 26%, 60% já não é neutralidade tributária. Nós vamos pagar mais do que a gente pretendia. Perdão, não é porque a gente pretendia, mas é porque a gente paga hoje. A nossa intenção nunca foi reduzir a nossa carga tributária, mas pagar o que pagávamos sem aumento, apesar da OCDE, que coloca alíquota zero ou alíquotas muito reduzidas para saúde e educação.
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SAÚDE BUSINESS
Sustentabilidade na saúde: um desafio global e urgente
Se o setor de saúde fosse um país, ele seria o 5º maior responsável pelas emissões de CO2 no mundo. Esse dado ilustra a urgência e a necessidade de discutir a sustentabilidade no campo da saúde.
A convite da IHF (International Hospital Federation), participei como moderadora no 47º World Hospital Congress, realizado em 2024 no Rio de Janeiro, no painel Designing and Demonstrating the Impact of Sustainable Healthcare. Apesar de a discussão ser ampla e envolver diversos setores, o painel trouxe exemplos práticos de ações que já estão gerando resultados em diferentes partes do mundo, provando que é possível conciliar interesses financeiros com metas sustentáveis.
Participaram representantes da Inglaterra, Estados Unidos, Espanha, Colômbia e Brasil. Abaixo, destaco os principais pontos apresentados:
Steve Bellingham, do Bupa Cromwell Hospital (Inglaterra), mostrou como a sustentabilidade foi integrada nos projetos do hospital por meio do envolvimento de todos os funcionários, capacitando-os a serem agentes de inovação. Além disso, o hospital colabora com diversas startups, como a Upcycled Medical, que fabrica uniformes hospitalares a partir de plásticos retirados dos oceanos e a Cassava Bags, uma empresa australiana que produz plásticos de uso único 100% biodegradáveis a partir de plantas.
Sohayla Eldeeb, do Stanford Healthcare (Estados Unidos), apresentou um projeto sobre o uso da telemedicina no tratamento do tabagismo. Ela destacou que os hospitais são grandes contribuintes para as emissões de carbono, especialmente em relação ao transporte de pacientes. A implementação da telemedicina mostrou uma redução significativa nessas emissões.
Mónica Castaño-Tovar, da Fundación Valle del Lili (Colômbia), apresentou um projeto que prova ser possível alinhar interesses financeiros com iniciativas sustentáveis. A fundação vem substituindo materiais de uso único por produtos reutilizáveis, diminuindo custos e a pegada de carbono. Ela também destacou o desafio de encontrar fornecedores qualificados, mas apontou que o mercado está evoluindo e oferecendo soluções.
Professor Andrew Garman, da Rush University (Estados Unidos), compartilhou o projeto da universidade, que busca reduzir em 50% as emissões de gases até 2030 e atingir emissão zero em 2050. Ele ressaltou que o setor de saúde dos EUA é responsável por 27% das emissões de carbono do país, enquanto o Brasil responde por 2%. Para alcançar esses objetivos, ele destacou etapas cruciais, como o engajamento dos funcionários, a alocação de recursos financeiros, a busca por parcerias com instituições sociais e governamentais, e a inclusão de metas sustentáveis para os colaboradores.
Fernando Lira, da Santa Casa da Bahia (Brasil), apresentou os resultados preliminares do Hospital Santa Izabel em projetos ambientais, como a redução significativa do consumo de água e a adoção de fontes de energia limpa.
Por fim, Miguel Ángel Martínez Sánchez, da Fundación Sanitària Mollet (Espanha), enfatizou a importância de envolver todos os stakeholders no projeto de transformar o hospital em um centro com zero emissões. Ele destacou que, além dos funcionários, a prefeitura, as escolas e os moradores do entorno também devem ser parte desse esforço.
Fica claro que a sustentabilidade já não é mais apenas uma estratégia para fortalecimento de marca, mas uma agenda obrigatória nas instituições de saúde. Moderar esse painel reforçou uma crença que compartilho: a troca de experiências entre instituições beneficia a todos e possibilita que bons exemplos inspirem outros profissionais. Por isso, nos eventos de saúde da Informa Markets no Brasil, a sustentabilidade tornou-se um tema obrigatório em todos os programas de conteúdo, assim como no Portal Saúde Business, onde o tema é constantemente debatido. Nos próximos anos, expandiremos ainda mais nossa atuação nesse setor, criando novas oportunidades para discussões sobre o tema.
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Assessoria de Comunicação
Em parceria com a FacUnicamps, Ahpaceg amplia ações de educação continuada e anuncia novos cursos
Escrito por Administrador
A área de educação continuada da Ahpaceg está entrando em uma nova fase. As novidades, que incluem a realização de cursos de capacitação e atualização profissional de curta duração e a parceria com a FacUnicamps, foram anunciadas ontem,11, pela coordenadora Madalena Del Duqui.
“Vamos promover esses cursos para associados e para o público externo e programar outros de acordo com as demandas da rede Ahpaceg”, explicou Madalena.
A programação será aberta no dia 5 de outubro, com a realização do curso Transformação dos Modelos de Remuneração em Saúde: DRG, Governança Clínica e o Papel das Informações em Saúde, que será ministrado por Danielle Perdigão.
Na sequência, em 11 de outubro, Madalena Del Duqui ministrará o curso Segurança do Paciente, abordando aspectos, como o registro e a análise de indicadores assistenciais, a prevenção de erros de medicação e muito mais.
Essa nova fase inaugura também as ações da Educa Ahpaceg, uma empresa do Hub Ahpaceg focada em educação. “Estamos ampliando as ações de educação continuada para capacitar e especializar profissionais para a rede Ahpaceg e o mercado, de acordo com nossas demandas e filosofia de trabalho”, disse o presidente Haikal Helou.
Madalena convidou todos os associados a participarem dos cursos e também a encaminharem suas demandas, que serão avaliadas e poderão resultar em novos projetos educacionais.
Ahpaceg homenageia Renato Daher, Victor Barbosa, Virgílio Freitas e equipe
Escrito por Administrador
A Ahpaceg homenageou ontem, 11, o médico Renato Daher, diretor de Relacionamento da Associação; Victor P. Barbosa, do associado Hospital Santa Helena, e Virgílio Batista de Freitas, assessor da presidência do Ipasgo, pelo apoio no processo de mudança do sistema operacional do Instituto.
Virgílio, foi representado por Pedro Facuri, que recebeu o certificado que estende a homenagem a toda a equipe do Ipasgo.
O presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, recordou transtornos enfrentados pelos prestadores durante o processo de implantação do novo sistema e agradeceu o empenho e trabalho intenso dos homenageados na busca de soluções rápidas para as instituições de saúde.
“Toda mudança está sujeita a problemas em sua fase de implementação. A grande diferença está na forma como as pessoas lidam e buscam sanar esses transtornos e vocês três e equipes fizeram a diferença neste caso”, disse, enfatizando que essa atuação foi fundamental para minimizar os desafios e solucionar as pendências que comprometiam os serviços e a assistência aos pacientes.