Postado em: 23/03/2016

Na Mídia - Francisco Arruda alerta para possível ligação entre zika e epilepsia

Em entrevista ao jornal A Redação, o médico Francisco Arruda. diretor administrativo do Instituto de Neurologia de Goiânia, associado da Ahpaceg, alerta sobre possível ligação entre zika e epilepsia. Confira:

Francisco Arruda  A Redação

Médico goiano alerta para possível ligação entre zika e epilepsia

 

 

 

Mônica Parreira

 

 

 

Goiânia - Em novembro do ano passado o Ministério da Saúde confirmava a relação entre o zika vírus e a microcefalia em recém-nascidos. Desde então a doença é alvo de estudos, especialmente devido ao crescente número de pessoas afetadas. Para o neurofisiologista goiano Francisco Arruda*, há riscos de que a epidemia cause outro efeito colateral: a epilepsia.

 

 

 

A epilepsia é caracterizada por uma alteração do funcionamento do cérebro e a causa mais comum está associada a partos complicados ou distorção genética. A patologia pode desencadear convulsões e comprometer temporariamente a consciência do paciente. Estima-se que cerca de 2% da população brasileira tenha a doença e a tendência, segundo o médico goiano, é aumentar.

 

 

 

Em entrevista ao jornal A Redação, o dr. Francisco Arruda disse temer que a epilepsia seja um dos efeitos do zika vírus em recém-nascidos, já que ele afeta o desenvolvimento do cérebro do embrião.

“Não vi nenhum caso comprovado ainda, mas é uma situação que merece atenção e precisa ser estudada. O quadro de microcefalia é muito mais do que uma cabeça de volume menor, tem uma questão cognitiva. Existe uma preocupação grande da parte dos neurologistas de que talvez venhamos a ter pacientes com novos problemas neurológicos em decorrência disso”, argumentou. 

 

O médico comentou alguns casos onde a epilepsia aparece como consequência de problemas que passam da mãe para o bebê durante a gestação, o que fortalece a hipótese. “Temos a epilepsia surgindo por causa de outras infecções congênitas já conhecidas e que acometem o feto, como a rubéola ou a toxoplasmose. Nesses casos já há a relação confirmada de uma doença com a outra”, explicou. “Como já existe isso para outras infecções, é muito provável que a associação ao zika seja definitivamente reconhecida”.

 

 

 

Microcefalia

 

Na última quarta-feira (16/3), o Ministério da Saúde divulgou um boletim dizendo que são investigados 4.268 casos suspeitos de microcefalia ligados ao zika vírus em todo o país. Desde o ano passado já foram confirmados 863 recém-nascidos com microcefalia ou outras alterações do sistema nervoso. Em menos de cinco meses, o número investigado no Brasil foi de quase 6,5 mil.

 

 

 

Em Goiás, a Secretaria de Estado da Saúde informou à reportagem que foram registradas 117 suspeitas de microcefalia no ano passado. A infecção congênita está confirmada em sete dos casos locais. 

 

 

 

O zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, vetor de outras doenças como a dengue e a chikungunya. O neurofisiologista reforça que a melhor forma de contornar a epidemia é a prevenção. Especialmente no período chuvoso, os cuidados com água parada, criadouro do mosquito, tornam-se essenciais. “A gestante ou a mulher que está planejando ter filhos precisa redobrar a atenção e os cuidados”, disse.

 

 

 

*Francisco Arruda é diretor administrativo do Instituto de Neurologia de Goiânia e também lidera a equipe especializada no tratamento da epilepsia. A ala da unidade hospitalar já atende há 30 anos e é uma das referências nacionais no assunto. 

 

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