Planos de saúde perdem 766 mil beneficiários em 2015, mostra boletim do IESS
O mercado brasileiro de planos de saúde médico-hospitalares perdeu 766 mil beneficiários em 2015, o que representou uma queda de 1,5% em relação ao ano anterior. Os dados constam no boletim “Saúde Suplementar em Números”, produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que, dessa forma, registrou um total 49,73 milhões de beneficiários em dezembro de 2015, ante 50,50 milhões, em dezembro de 2014. A base de dados pode ser consultada no IESSData, serviço interativo disponibilizado pelo IESS para consulta de indicadores do setor de saúde e da economia brasileira.
Os contratos coletivos empresariais, aqueles oferecidos pelas empresas aos seus funcionários, foram o principal segmento a pressionar as perdas: o saldo foi negativo em 404,8 mil vínculos, uma diminuição de 1,2% em relação a 2014. Isso significa que, somente os planos coletivos empresariais responderam por 52,85% de todos os beneficiários que deixaram de ter plano de saúde em 2015.
“A saúde suplementar, da mesma forma que toda a economia brasileira, passa por um momento difícil por conta da crise econômica. A situação aqui é mais preocupante porque a queda de receitas não está sendo acompanhada pela diminuição da variação dos custos para o setor. Até junho de 2015, a Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) apurada pelo IESS teve alta de 17,1% em 12 meses. Experiências nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, mostram que, quando houve crise financeira, a variação dos custos da saúde cedeu. No caso brasileiro, isso não está acontecendo”, afirma o superintendente-executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro.
O IESS constatou retração em todos os tipos de contratação de planos de saúde. Os planos coletivos por adesão (aqueles firmados por intermédio de entidades de classe, por exemplo) registraram queda de 1,9% do total de vínculos em 2015 em comparação a 2014, ou saída de 128,7 mil beneficiários. Já o total de beneficiários de planos individuais ou familiares caiu 1,6%, o que representa 158,6 mil vínculos a menos que em 2014.
Apesar de expressiva a queda do número de beneficiários, Carneiro analisa que o setor demonstra a resiliência em relação ao conjunto da economia. Ele observa que o Produto Interno Bruto (PIB) encerrou 2015 com retração de 3,8% e o mercado de trabalho registrou, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, fechamento de 1,54 milhão de postos com carteira. “Se olharmos para o conjunto da economia, a saúde suplementar sofreu os impactos, mas em menor intensidade, porque o plano de saúde é um bem muito valorizado e as pessoas tentam, na medida de suas possibilidades, manter esse benefício”, observa.
Mas, em função da queda generalizada do número de beneficiários, ele qualifica a situação como “grave”. “Nossa hipótese é que os planos coletivos por adesão receberam, num primeiro momento, a migração de beneficiários de planos empresarias de trabalhadores que perderam o emprego. Entretanto, com o agravamento da crise e o efeito sobre renda, é possível que os beneficiários de planos coletivos por adesão, independentemente do momento de ingresso, tenham dificuldade para conseguir manter seus planos”, analisa.
Fonte: IESS