Postado em: 01/12/2015

Ahpaceg na Mídia - Definição de um hospital (Artigo)

Confira o artigo do presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, publicado no jornal O Popular em 1º/12/15....

NA MIDIA 01 12 15 2

Quando alguém diz algo parecido com: você conhece o meu vizinho, o dr. José? A chance de o interlocutor imaginar alguém de jaleco e estetoscópio em um ambiente hospitalar ou de um advogado de terno e gravata em um tribunal é altíssima. Isso porque, secularmente, essas duas profissões estão associadas ao título doutor.

Da mesma forma, a menção do vocábulo hospital nos remete automaticamente à imagem de um lugar que diagnostica e trata pacientes, que possui uma emergência, centro cirúrgico, laboratório e imagem 24 horas, além de várias especialidades médicas, farmacêutica, nutricionista, fisioterapeuta e, naturalmente, uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para onde serão levados os pacientes mais graves. Enfim, o que define um hospital não é uma de suas dependências, mas o conjunto. Diferente de uma clínica que usualmente é um estabelecimento menor e com menos complexidade.

Se no caso do doutor a suposição pode gerar, no máximo, um debate sobre a origem do termo, com alguns defendendo que é exclusivo de quem fez doutorado em oposição ao costume histórico, no segundo exemplo a confusão entre hospital e clínica pode trazer graves consequências.

Nossa legislação é arcaica ou omissa, com leis da década de 70, da era em que beber e dirigir, enquanto fumava era normal; que cinto de segurança era algo que se enfiava embaixo do banco para não incomodar e segurança era um conceito intangível. E são essas leis que possibilitam que unidades de saúde sem a estrutura necessária para o completo atendimento do paciente continuem sendo chamadas de hospitais.

Como uma sociedade organizada e democrática temos a obrigação de seguir as leis, mas sem jamais abrir mão de debatê-las ou de sugerir e apoiar mudanças que possam proteger os que não são capazes de discernir e separar uma instituição comprometida com a segurança de uma clínica com bela fachada. É isso o que propõe o projeto de lei (PL) 419, de autoria do vereador Eudes Vigor (PMDB), aprovado pela Câmara de Goiânia em 14 de outubro e que torna obrigatória a implantação de leitos de UTI em hospitais públicos e privados de Goiânia.

Nós, da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade (Ahpaceg), apoiamos esse projeto, defendemos que a exigência seja ampliada para todo o Estado e consideramos inconcebível que alguém se posicione contra leis que tentam trazer mais segurança à população. Ter leitos de UTI é um dos requisitos fundamentais para que uma unidade de saúde possa ser considerada hospital. E quando falamos em UTI, nos referimos a uma estrutura que ofereça segurança no atendimento ao paciente, o que não inclui as chamadas semi-UTIs ou UTIs móveis usadas no transporte de pacientes com complicações de clínicas para hospitais.

Ao atendermos um paciente não podemos contar com a sorte nem a crença que tudo vai dar certo. Não podemos contar com a transferência às pressas para um hospital caso esse paciente apresente complicações. Precisamos, sim, contar com estruturas adequadas para a boa assistência à população e ter uma estrutura de terapia intensiva no hospital é essencial. Por isso, esperamos que o projeto seja sancionado. Assim, ao entrar em um hospital, o goianiense terá a certeza de que contará com uma unidade de terapia intensiva caso venha a precisar.

Haikal Helou é médico e presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg).