Postado em: 07/05/2015

CFM aponta defasagem de até 434% na tabela do SUS

enfermeiroCom base em dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS referentes ao período de 2008 a 2014, o Conselho Federal de Medicina (CFM) fez um levantamento, que revelou que a defasagem dos valores pagos pelo Ministério da Saúde a hospitais que atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) foi de até 434%.

De acordo com o CFM, mais de 1.500 procedimentos hospitalares incluídos na tabela, que é referência para pagamento dos serviços prestados por estabelecimentos conveniados e filantrópicos que atendem a rede pública de saúde, estão defasados.

A maior defasagem, de 434%, foi encontrada nos pagamentos feitos pelo tratamento cirúrgico de fraturas da caixa torácica (gradil costal). Em 2008, o ministério pagou R$ 5.671,35 pelo procedimento. Em 2014, o valor caiu para R$1.579,76 - se atualizado pelo IPCA, ele deveria ir a R$ 8.428,76.

Outro exemplo: em 2008, os hospitais recebiam R$ 472 a cada Autorização de Internação Hospitalar (AIH) para a realização de um parto normal. Em 2014, esse valor passou para R$ 550 – quase 60% inferior ao que poderia ser pago se corrigido por índices inflacionários como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Se o fator de correção fosse o salário mínimo, o montante chegaria a R$ 823.

Situação semelhante acontece no pagamento pelo tratamento de pneumonias. Em 2008, cerca de R$ 707 eram pagos a cada internação. No ano passado o valor médio passou para R$ 960, cifra defasada em 90% quando comparada com os principais índices de inflação acumulados no período. Aplicados estes índices, estima-se que o pagamento por despesas com este tipo de internação alcançasse até R$ 1.234.

A lista, de acordo com o CFM, poderia ser ainda maior se considerados os atendimentos ambulatoriais, não apontados no levantamento. Clique aqui e confira outros valores defasados.

Custos de produtos e serviços chegaram a dobrar, diz Dieese

Entre 2008 e 2014, mesmo período pesquisado pelo CFM, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os custos de alguns produtos e serviços essenciais ao funcionamento de hospitais chegaram a dobrar. O gasto com a compra de produtos alimentícios para as refeições dos pacientes, por exemplo, aumentaram 58,4%.

O custo dos serviços de manutenção aumentou 44%, percentual idêntico ao dos reajustes de artigos de limpeza (necessários à higienização dos ambientes). No caso de serviços, a alta também foi importante: água e esgoto tiveram alta de 35,5%; eletricidade (14,2%) e combustível (38,45%).

A estes índices, que são referências para o ajustamento de planilhas de custo dos estabelecimentos, devem ser acrescidos gastos de profissionais de áreas de suporte, como agentes administrativos, equipes de cozinha e de limpeza.

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(Com informações: CFM e O Estado de S.Paulo)