Postado em: 27/04/2015

Ahpaceg na Mídia - Goiás ainda sofre com falta de UTIs

Matéria publicada pelo jornal O Hoje, em 27 de abril de 2015, aborda o problema da escassez de leitos de UTI em Goiás. O presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, é um dos entrevistados e ressalta que os hospitais associados estão negociando com o governo a ampliação da oferta de leitos na rede privada. Confira:

 

ahpaceg na mídia O HOJE 27 04 15Goiás ainda sofre com falta de UTIs
O desespero de famílias, em busca de leitos em unidades de tratamento intensivo, infelizmente ainda é frequente

Jéssica Torres

Casos de famílias na busca desesperada por UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) na rede pública de Goiânia infelizmente ainda são frequentes no noticiário em Goiás. Não há espaço para todos entre o número de leitos oferecidos pelo governo do Estado e a rede municipal da capital.

De acordo com dados do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES), do Ministério da Saúde, existem em Goiás, contando leitos de UTI, internação, enfermaria, obstetrícia, clínico, de observação, reanimação, especialidades diversas, seja em unidades públicas ou conveniadas, 5.689 leitos SUS. Em Goiânia estão 3.497 desses leitos, ou seja, a maior parte se encontra na capital.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), no momento, há 669 leitos de UTI pelo SUS em todo o Estado. Considerando a população de Goiás, o ideal seria 851. De acordo com o SES, o aumento do número de leitos depende de gestões compartilhadas entre o Estado, os municípios e o Ministério da Saúde e do credenciamento de hospitais privados ao SUS, entre outros fatores.

Em junho do ano passado, o governo do Estado prometeu criar 40 novas vagas de UTIs infantil, porém ainda não aconteceu. A SES informa que a demanda será atendida à medida que os hospitais em construção forem inaugurados e colocados em funcionamento e que, atualmente, além dos leitos da rede própria da SES e conveniados, continuam locados dez leitos de UTI neonatal do Hospital Vila Nova.

Para incentivar o credenciamento, a Secretaria de Estado da Saúde explicou em nota enviada à redação, que complementa o valor da diária, que pode chegar a R$ 1.100,00. Na rede própria, segundo a SES, houve aumento do número de leitos de UTI no Hospital de Urgência de Goiânia (Hugo) e no Hospital Geral de Goiânia (HGG).

Rede conveniada

Para piorar, hospitais particulares, conveniados à rede pública, estão cada vez mais desinteressados em abrigar leitos para o SUS, devido ao baixo valor pago pelo serviço. Segundo o presidente da Associação dos Hospitais de Alta Complexidade do Estado de Goiás (AHPACEG), Haikal Helou, hospitais particulares ameaçam a qualquer momento suspender o atendimento ao SUS. “Infelizmente todos os dias famílias se frustram ao verem seus parentes morrerem por falta de UTIs, e isso nos preocupa, por isso estamos tentando entrar em um acordo com o governo ”, diz.

Medidas são propostas pelo MP

O coordenador do Centro de Apoio Operacional da Saúde do MP-GO, Érico de Pina Cabral, esteve na semana passada com o secretário estadual de Saúde, Leonardo Vilela, e integrantes das Secretarias Municipais de Saúde de Goiânia e Aparecida de Goiânia para tratar de medidas emergenciais para a ampliação do atendimento nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em todo o Estado, com especial atenção para a Região Metropolitana da capital.

Entre as medidas apresentadas está a implementação de 20 leitos de UTI no Hospital Vila Nova, em Goiânia. Outro ajuste acordado foi a intensificação das providências para o desenvolvimento do serviço de atendimento domiciliar semi-intensivo, a ser desenvolvido em conjunto pelo Estado e os municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia. Quando implementado, este serviço possibilitará a redução na ocupação dos leitos de UTI e a disponibilização de cerca de 30 vagas somente em Goiânia e outras 10 em Aparecida de Goiânia.

Por fim, foi apontada a necessidade de maior participação da regulação estadual na intermediação das vagas demandadas pelos municípios do interior, o que deverá ser definido por meio do desenvolvimento do projeto de integração dos sistemas de regulação municipais com a regulação estadual, utilizando um mesmo sistema e em um só quadro de vagas. O desenvolvimento deste arranjo está em fase final de estudo.

Drama que vira tragédia

Carolyne Alves da Silva, uma jovem de 17, foi mais uma das dezenas de vítimas que morrem a espera de uma vaga de UTI, e de um drama a sua história acaba virando uma tragédia para toda sua família que lutou, mas não consegui salvar a vida de seu ente querido. No mês passado, ela morreu no Hospital Municipal de Itumbiara, a espera de um leito de UTI, após complicações de uma crise epilética. A família acredita que ela poderia ter sido salva se tivesse sido transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva.

A adolescente deixou uma filha de três meses. “Depois ela deu entrada no hospital dando convulsão e logo ela foi induzida ao coma”, afirma a tia Marineusa Rodrigues da Silva.

Segundo o diretor clínico do hospital, Hernani Oliveira Rodrigues, o quadro da garota foi considerado grave e a unidade solicitou uma das dez vagas de UTI que a rede municipal tem em convênio com um hospital particular, mas todas estavam ocupadas. Por isso, o hospital municipal também fez a solicitação de transferência para Goiânia. Ele explica que, na espera, o estado de saúde da adolescente se agravou.