Postado em: 25/11/2014

AHPACEG NA MÍDIA - Sepse: mortalidade no Centro-Oeste é a mais alta do País

Confira a entrevista do presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, ao jornal O Popular. Ele fala sobre os índices de infecção nos hospitais. Uma pesquisa do  Instituto Latino Americano da Sepse (Ilas) aponta que a região Centro-Oeste apresenta o maior índice de mortalidade por sepse do Brasil.

 

 

O POPULAR

 

Sepse

sepse 2Mortalidade no Centro-Oeste é a mais alta do País

Caso de óbitos por infecção generalizada é de 70%, segundo pesquisa nacional realizada em UTIs. Estimativa é de 240 mil mortes por ano no Brasil

Janda Nayara

 

A taxa de mortalidade por sepse (infecção generalizada) na região Centro-Oeste do Brasil é de 70%, a maior do País. A informação é do Instituto Latino Americano da Sepse (Ilas), que realizou pesquisa qualitativa em 229 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) brasileiras, investigando 2.705 pacientes. O órgão estima que 400 mil novos casos são diagnosticados por ano no Brasil, causando a morte de 240 mil pessoas neste mesmo período. Dos pacientes internados em tratamento intensivo com a síndrome, 55,7% morrem. Nos EUA, a taxa de mortalidade é de 18%. Em países da Europa, como a França, 30%. Na Austrália, 18%.

A sepse ocorre quando um agente infeccioso - tais como bactérias, vírus ou fungo - entra na corrente sanguínea de uma pessoa. A infecção afeta todo o sistema imunitário, o que então desencadeia uma reação em cadeia que podem provocar uma inflamação descontrolada no organismo. Esta resposta de todo o organismo à infecção produz mudanças de temperatura, da pressão arterial, frequência cardíaca, contagem de células brancas do sangue e respiração. As formas mais graves de sepse também podem causar uma disfunção de órgãos ou o chamado choque séptico.

A infectologista Andrea Spadeto, gerente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Alberto Rassi (HGG), destaca que qualquer tipo de infecção, leve ou grave, pode evoluir para sepse. “Quanto menor o tempo com infecção, menor a chance de surgimento da sepse e quanto mais cedo for o diagnóstico, mais chances de reduzir a mortalidade”.

sepse 3Para o médico Haikal Helou, presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), diversos fatores podem contribuir para os altos índices do País, inclusive o hábito de usar antibióticos indiscriminadamente. “Já temos trabalhado no sentido de combater a venda sem prescrição, mas sabemos que ainda existe. Isso gera a criação de uma seleção de bactérias não sensíveis, fazendo da redução da mortalidade um desafio ainda maior”.

Helou afirma que a afirma que a falta de estrutura de muitos hospitais também podem contribuir para as complicações. “Não é privativo de Goiás, muitos Estados estão sofrendo com as consequências da abertura de inúmeros Centros de Terapia Intensiva, que contrastam com a estrutura da unidade. Uma CTI precisa de grau de qualidade, suporte de especialistas, laboratórios etc”.

De acordo com o presidente, a Ahpaceg pretende divulgar os índices de seus hospitais para que os pacientes possam compará-los com os demais, inclusive internacionais. “Muita gente ainda tem medo de pegar infecção em um hospital de alta complexidade, mas as infecções podem ocorrer em todo local. O que precisa ser feito é baixar os índices para números aceitáveis”.

SUPERAÇÃO

A funcionária pública Nilda Lopes de Oliveira Lisita, de 52 anos, não teve tempo para ficar surpresa com o diagnóstico de sepse. Ela começou a sentir dores nas costa, cansaço e febre horas depois de passar por uma endoscopia. No dia seguinte, também com diarreia e vômito, voltou a procurar atendimento médico e foi diagnosticada com dengue. Na madrugada seguinte, ela já daria entrada direto na UTI e logo após, perderia a consciência, permanecendo em coma por 41 dias. “Só não morri porque não era a minha hora. Já havia sido desenganada pelos médicos.”

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EDITORIAL - Perigo nas UTIs

 

É assustadora a taxa de mortalidade por sepse (infecção generalizada) na Região Centro-Oeste: 70%. Esse porcentual aparece em pesquisa qualitativa do Instituto Latino-Americano da Sepse (Ilas) feita em 229 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) brasileiras, com 2.705 pacientes. Nas demais regiões, os índices são também preocupantes, acima de 50%. E no País é de 55,7%, bem acima dos 18% da Austrália, por exemplo.

A sepse causa a morte de 240 mil pessoas por ano no Brasil, ainda segundo o Ilas. A síndrome consiste em inflamação generalizada em resposta a uma infecção, leve ou grave, em qualquer órgão. Segundo especialistas, as mais comuns são pneumonia, infecções urinárias e na barriga.

Esse perigo ronda principalmente pacientes mais debilitados, como crianças, idosos, portadores de HIV, os que sofrem de doenças crônicas. E persiste por uma série de fatores que já deveriam estar sob controle, mas ainda exigem severo combate. Em reportagem na edição de hoje deste jornal, especialistas lembram que o uso indiscriminado de antibióticos, que persiste apesar de ilegal, contribui para seleção de bactérias mais resistentes aos antibióticos, um fator de alto risco para sepse. Também citam UTIs sem estrutura apropriada e sem especialistas, imprescindíveis para o atendimento seguro nessas unidades de alta complexidade. Mencionam ainda como agravante o diagnóstico tardio de infecção.