Postado em: 30/12/2024

CLIPPING AHPACEG 27 A 30/12/24

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Planos de saúde voltam a crescer com aumento do emprego e da renda

Medicina diagnóstica reduz geração de resíduos e investe em práticas ESG

Governo divulga calendário de feriados e pontos facultativos em 2025; veja datas

Clínica de influenciadores suspeitos de causar lesões em pacientes cobrava até seis vezes menos que o valor de mercado, diz polícia

Envelhecimento populacional expõe desigualdades e é desafio para o Estado

BRASIL 247

Planos de saúde voltam a crescer com aumento do emprego e da renda


Segundo informações divulgadas pela colunista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, os planos de saúde no Brasil devem encerrar 2024 com 865 mil novos beneficiários na modalidade médico-hospitalar, alcançando a marca de 51,7 milhões de vidas cobertas. A previsão da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade que representa os principais grupos de operadoras de planos e seguros privados do setor no país, indicaria o maior número de usuários desde o ano 2000, quando foi iniciada a série histórica.

A estimativa representa um crescimento de 1,2% em relação ao final de 2023, quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) contabilizava 50,8 milhões de beneficiários. Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde, ressaltou que "o resultado está alinhado ao aquecimento da atividade econômica no país e à redução da taxa de desemprego. E, consequentemente, à maior oferta de planos de saúde pelas empresas a seus colaboradores."

Além do aumento no número de beneficiários, a FenaSaúde tem direcionado esforços para combater a corrupção no sistema de saúde suplementar. A entidade estima que o setor sofre um prejuízo anual de R$ 34 bilhões devido a fraudes contra os planos de saúde. Para enfrentar esse desafio, a FenaSaúde estabeleceu uma parceria com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), com o objetivo de treinar profissionais das operadoras para identificar movimentos suspeitos. Como resultado dessa colaboração, houve um aumento de 264% no número de operações denunciadas ao Coaf por suspeitas de irregularidades entre 2023 e 2024.

Vera Valente destacou ainda que "essas medidas não apenas contribuem para a sustentabilidade financeira dos planos de saúde, mas também reforçam a confiança dos beneficiários no sistema, garantindo um atendimento de qualidade e transparente."

Com a continuidade das melhorias econômicas sob o governo Lula 3, o setor de saúde suplementar espera manter seu crescimento, oferecendo cada vez mais opções nos serviços prestados aos brasileiros.

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MEDICINA S/A

Medicina diagnóstica reduz geração de resíduos e investe em práticas ESG

A gestão de resíduos é um dos pilares da agenda ESG para empresas que buscam sustentabilidade e responsabilidade socioambiental. No âmbito da saúde e, mais especificamente, na medicina diagnóstica, a implementação de práticas adequadas de tratamento, descarte e redução de resíduos faz parte das ações para minimizar o impacto ambiental e atender às exigências regulatórias.

Segundo a sexta edição do Painel Abramed - O DNA do Diagnóstico, entre 2021 e 2023, a gestão de resíduos no setor de medicina diagnóstica mostrou avanços. Os resíduos comuns gerados pelos associados diminuíram 36,63% ao longo do período, enquanto os resíduos infectantes e perfurocortantes caíram 34,48%. Os resíduos químicos tiveram uma redução de 11,6%. Por outro lado, os rejeitos radioativos aumentaram 25,25% em 2022, mas caíram em 2023, acumulando uma redução de 58,34% em relação ao início do período.

É importante destacar que essas variações nos dois últimos anos são efeito da redução de unidades monitoradas, de 93% para 86%. Além disso, houve mudança no mix de empresas que responderam.

De qualquer forma, entre as iniciativas que podem explicar parte destas reduções, Fernanda Avila, membro do Comitê de ESG da Abramed e gerente ESG da Dasa, cita investimento em inovação tecnológica, treinamentos e parcerias. A tecnologia atua como uma aliada, seja na busca de novos métodos de tratamento de resíduos, seja na pesquisa de novos materiais que impactem menos o meio ambiente.

Como exemplo, laboratórios estão utilizando tubos menores e placas no processamento de amostras, o que reduz significativamente o uso de água e reagentes, diminuindo também a geração de resíduos. Além do benefício ambiental, essa prática melhora a experiência do paciente ao exigir volumes menores de amostras coletadas. "Neste ponto, os treinamentos são importantes, pois permitem compartilhar a responsabilidade para encontrar soluções", acrescenta Fernanda.

Para uma boa gestão de resíduos, é preciso que as pessoas compreendam o tema, seus desafios e impactos. Nesse processo, o papel das lideranças merece destaque, pois elas ensinam pelo exemplo, promovendo a conscientização e o engajamento. Importante lembrar que as práticas de ESG demandam intencionalidade e consistência para superar os desafios de implementação e garantir resultados efetivos a longo prazo.

Além das soluções tecnológicas e treinamentos, que são fundamentais, a gestão contínua e a mensuração dos resíduos também precisam ser priorizadas pelas equipes responsáveis pelo tema. "Elas possibilitam identificar e corrigir erros de processo, além de acelerarem as oportunidades de redução de resíduos de forma mais efetiva. Isso contribui para uma operação mais eficiente e responsável na escolha do investimento", diz.

Dados do Painel Abramed mostram que todas as empresas participantes possuem políticas de gestão de resíduos e oferecem treinamento sobre o tema, enquanto 84% promovem campanhas de conscientização e realizam inspeções ou auditorias internas para monitoramento das práticas. Além disso, 92% implementaram coleta seletiva, 54% reutilizam materiais e 76% reaproveitam recursos.

Em termos de metas específicas, 62% das associadas estabeleceram objetivos de redução de resíduos e realizam acompanhamento regular desses resultados, refletindo um compromisso crescente com a sustentabilidade no setor de medicina diagnóstica.

"Sempre digo que o ESG impacta as pessoas 'pelo amor ou pelo bolso'. Ambas são estratégias válidas, e a coexistência das duas é recomendável nas empresas. Campanhas e metas, por exemplo, são ferramentas que aceleram resultados, criam um ambiente propício à inovação e atraem soluções eficazes", comenta Fernanda.

Sobre o futuro, ela acredita que é importante dar mais relevância e direcionar mais investimentos às pesquisas e tecnologias voltadas para sustentabilidade. "Já existem muitas soluções interessantes disponíveis, mas o custo de implementação ainda é elevado em comparação àquelas que não focam no impacto positivo para o meio ambiente. Os desafios de sustentabilidade são complexos e exigem a colaboração de diversos setores. Não há uma 'bala de prata' para essas questões; os desafios são sistêmicos e estruturais, assim como suas soluções", diz.

Para lidar com esses desafios, são fundamentais espaços de troca de experiências, como o Comitê ESG da Abramed. "É importante perceber que muitos desses desafios são comuns a todos os associados, independentemente do tamanho ou grau de maturidade da empresa. Vejo o Comitê como uma oportunidade para o setor crescer nesse debate e acelerar sua participação nas soluções que as questões de sustentabilidade trazem para todos", declara Fernanda.

Como entidade representativa do setor de medicina diagnóstica, a Abramed vem mobilizando os associados em torno da sustentabilidade, alinhando práticas e estratégias que contribuem para um setor mais responsável, como salienta a diretora-executiva, Milva Pagano. "Atuamos como facilitadora do diálogo, promovendo a disseminação de boas práticas e a implementação de soluções que não só atendem às demandas ambientais, mas também geram valor para as empresas e para a sociedade. Nosso compromisso reflete a necessidade de uma abordagem integrada, que considere o impacto de todas as ações no longo prazo", finaliza.

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PORTAL G1

Governo divulga calendário de feriados e pontos facultativos em 2025; veja datas

Ano terá quatro feriadões, que podem vir a proporcionar quatro dias de folga seguidos para o trabalhador. Por outro lado, outros quatro feriados nacionais caem em finais de semana.

O governo publicou uma portaria com a lista de feriados e dias de ponto facultativo em 2025. O calendário foi divulgado na edição desta segunda-feira (30) do Diário Oficial da União.

Ao todo, 2025 terá quatro feriadões:

O primeiro deles é o da Páscoa, que começa em 18 de abril com a Paixão de Cristo, numa sexta-feira. O Dia de Tiradentes cai na segunda-feira seguinte, dia 21 de abril, podendo proporcionar ao trabalhador quatro dias de folga seguidos.

Os outros três feriadões caem em quintas-feiras, por isso, podem ser emendados com a sexta e o fim de semana, a depender da decisão de cada empresa. São eles: 1º de maio (Dia do Trabalhador), 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) e o Natal, em 25 de dezembro.

Apesar disso, o calendário conta com quatro feriados que caem em finais de semana:

7 de setembro (Independência do Brasil), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida), 2 de novembro (Finados) e 15 de novembro (Proclamação da República).

Municípios e estados também podem determinar em lei feriados locais, como o Carnaval e Corpus Christi, que são considerados pontos facultativos nacionais (entenda o que é no vídeo abaixo).

Assim, para ajudar no seu planejamento para o próximo ano, o g1 preparou um calendário com os pontos facultativos e feriados de 2025.

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Clínica de influenciadores suspeitos de causar lesões em pacientes cobrava até seis vezes menos que o valor de mercado, diz polícia

Cirurgias de nariz eram realizadas por R$ 5 mil, enquanto médicos cobram cerca de R$ 30 mil pelo procedimento. Dentista chegou a fazer oito cirurgias num único dia.

A Polícia Civil divulgou que a clínica dos influenciadores suspeitos de causar lesões em pacientes com procedimentos estéticos cobrava até seis vezes menos que o valor de mercado. De acordo com o dentista, que era um dos responsáveis técnicos pelo estabelecimento, a clínica cobrava R$ 5 mil para uma cirurgia de nariz. No mercado, um cirurgião-plástico cobra uma média de R$ 30

Karine Gouveia e Paulo César Dias, donos da clínica, foram presos no dia 18 de dezembro em uma operação policial que investiga a realização de procedimentos estéticos e cirúrgicos que causaram danos físicos e psicológicos a pacientes. Mais de 60 pessoas já procuraram a polícia para denunciar o estabelecimento.

O casal segue temporariamente preso na Casa do Albergado, que abriga pessoas que foram presas por crimes cometidos sem violência. Em nota, a defesa do casal informou que todos os fatos serão devidamente esclarecidos, reafirmou que não há motivação para a manutenção da prisão e que eles nunca tiveram a intenção de praticar qualquer crime (leia a nota ao final do texto).

Segundo a PC, o dentista relatou que o baixo custo dos procedimentos gerava uma alta demanda por atendimento. “Ele revelou que havia agendamentos com intervalos menores que uma hora, totalmente insuficientes para procedimentos cirúrgicos”, diz texto enviado pelo delegado Daniel Oliveira.

Em nota enviada no domingo (29), a defesa do dentista disse que ele "sempre atuou com responsabilidade e dentro dos mais elevados padrões éticos e profissionais". A advogada Nayara Caixeta afirmou ainda que o profissional apresentou todas as informações importantes às autoridades e que está à disposição para novos esclarecimentos (veja a nota completa ao final do texto).

O dentista afirmou que chegou a realizar até oito cirurgias num único dia. O profissional declarou que fazia procedimentos como lipoaspiração de papada, retração de orelha e rinomodelação.

O responsável-técnico disse ainda à polícia que a clínica tinha uma política de comissionamento. Assim, as consultoras vendiam o máximo de procedimentos possível.

Além disso, o dentista declarou que não tem formação para realizar os procedimentos e que seu conhecimento era apenas prático. Karine Gouveia e Paulo César Dias, donos da clínica, tinham conhecimento disso, de acordo com o homem.

“[O dentista] relatou que ingressou na clínica por meio de um teste proposto por Karine Gouveia, no qual realizou cirurgias em dois pacientes sem que eles soubessem que eram objeto de um teste”, afirmou texto da PC.

O Conselho Regional de Odontologia (CRO/GO) informou que "eventuais procedimentos administrativos de fiscalização do órgão são sigilosos, não sendo possível compartilhar sua existência ou desdobramentos". A instituição disse ainda que cirurgiões-dentistas têm formação e capacidade técnica para realizar procedimentos de harmonização orofacial, desde que respeitados os limites de atuação da profissão, a legislação vigente e os princípios éticos que regem a Odontologia.

A clínica conta com outra responsável técnica, que é biomédica. O Conselho Regional de Biomedicina - 3ª Região (CRBM-3) declarou que está apurando as informações divulgadas e só vai comentar o caso após ser notificado. O CRBM-3 dise ainda que a biomédica possui habilitação em biomedicina estética e que seu registro profissional está regular.

Sobre o caso

De acordo com a polícia, os procedimentos eram realizados sem condições adequadas. O delegado Daniel Oliveira afirmou que os profissionais não tinham habilitação necessária para o manejo das substâncias usadas, e as instalações da clínica apresentavam problemas, como falta de esterilização e uso de bisturis cegos.

Segundo o delegado, a Vigilância Sanitária documentou pelo menos 18 irregularidades durante a inspeção feita na unidade de Goiânia da clínica. Já unidade de Anápolis, de acordo com a investigação, não possui alvará de licença sanitária e nem projeto arquitetônico aprovado pelo órgão sanitário competente.

A Polícia Civil explicou que Karine Gouveia não possui formação superior na área da Saúde. O marido dela cuidava da parte administrativa. O delegado afirmou que eles chegaram a intimidar pacientes que buscavam reparação.

A polícia divulgou que muitos famosos frequentaram a clínica de estética de Karine Gouveia e que eles costumavam realizar "procedimentos pouco invasivos". Nesses casos, segundo a PC, dona da clínica usava "produtos de boa qualidade". Esses famosos não são investigados.

“Esses famosos, em geral, realizam procedimentos minimamente invasivos e os relatos são de que, com eles, eram usados bons produtos. As outras vítimas, em sua maioria pessoas de baixo poder aquisitivo, se propunham a fazer procedimentos invasivos”, explicou o delegado.

Nota - Defesa do casal

Sobre os procedimentos estéticos realizados na clínica, todos os pacientes sempre foram tratados com profundo respeito e cuidado. A defesa e os investigados acreditam que todos os fatos serão devidamente esclarecidos, inclusive — mas não se limitando — aos procedimentos realizados em 2017, que só agora estão vindo a público. É necessário compreender o que ocorreu nesse intervalo de tempo. Esse entendimento é tanto um direito quanto um dever dos empresários, diante dos 8 anos de atuação no mercado e dos mais de 30 mil clientes atendidos e procedimentos realizados.

As publicações baseadas em informações fornecidas pela autoridade policial, de forma unilateral e sem a realização de perícia técnica com a participação de ambas as partes, promovem a execração pública dos investigados, tratando-os como se já estivessem condenados, sem que tenham tido acesso ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa. Tal postura fere gravemente os direitos humanos, desrespeitando normas internacionais protegidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, estabelecida em Haia, a qual está sendo acionada.

Quanto ao número crescente de pessoas que têm se manifestado, os investigados respeitam profundamente, mas é necessário analisar cada caso individualmente. Por exemplo, há pessoas que não seguiram as recomendações pós-procedimento; portanto, as consequências disso não se devem ao procedimento em si. Por isso, é essencial entender cada caso de forma isolada. A defesa também alerta para a importância de se realizar perícias em cada caso, com a participação de todas as partes envolvidas, incluindo os conselhos responsáveis, para garantir que todas as questões técnicas sejam devidamente validadas.

A decretação de prisão temporária é uma medida desproporcional e injustificável, especialmente diante da ausência de qualquer elemento concreto que impeça os investigados de responderem às acusações em liberdade. Vale ressaltar que, neste período sensível de Natal, essa decisão manteve um menino de apenas 7 anos afastado abruptamente de seus pais.

Por se tratar de um processo que tramita sob segredo de Justiça, a defesa não entrará no mérito das acusações, mas tem a absoluta certeza de que os fatos serão esclarecidos no processo, caso a caso.

Reforçam ainda que Karine Gouveia e Paulo César nunca tiveram a intenção de praticar qualquer crime.

Nota - Defesa do dentista

A defesa do dentista responsável técnico pela Clínica Karine Gouveia reitera sua confiança no esclarecimento completo dos fatos e na Justiça. Ele sempre atuou com responsabilidade e dentro dos mais elevados padrões éticos e profissionais.

Ressaltamos que todas as informações relevantes foram devidamente apresentadas às autoridades competentes e permanecemos à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários.

Por fim, destacamos que qualquer julgamento precipitado deve ser evitado, respeitando o direito à ampla defesa e ao contraditório.

Nayara Caixeta - Firmes Caixeta Advogados

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CORREIO BRAZILIENSE

Envelhecimento populacional expõe desigualdades e é desafio para o Estado


Em um país onde a taxa de natalidade era de dez filhos por mulher e a expectativa de vida não chegava aos 45 anos, o Brasil experimenta aos poucos a inversão total da pirâmide etária. Especialistas avaliam que nova realidade exige redesenho do sistema de saúde

O envelhecimento da população brasileira se mostra presente há mais de três décadas, mas apenas agora é possível perceber um crescimento significativo de idosos residentes. Em um país onde, há menos de 100 anos, a taxa de natalidade era de dez filhos por mulher e a expectativa de vida não chegava aos 45 anos, o Brasil experimenta aos poucos a inversão total da pirâmide etária.

Com quase 33 milhões de pessoas idosas no país, o envelhecimento da população se tornou um desafio para o Estado, que precisa investir em políticas públicas que visam o bem-estar e a saúde da pessoa idosa.

O Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a população de pessoas de 60 anos ou mais é de 32.113.490 pessoas, o que representa um acréscimo de 56,0% em relação à pesquisa de 2010.

Dessa população total, 17.887.737 (55,7%) são mulheres e 14.225.753 (44,3%) são homens. Em 1980, o Brasil tinha apenas 6,1% da população com 60 anos ou mais de idade. Já em 2022, esse grupo etário representou 15,8% da população total, enquanto em 2010 o percentual da população idosa era de 10,8%.

Os dados ainda mostram que o grupo com o maior crescimento, em relação a 2010, foram as pessoas de 65 a 69, saltando de quase 5 milhões de pessoas para 8 milhões de pessoas, um aumento percentual de 63%. Já o grupo de maior proporção populacional são as pessoas de 60 a 65 anos, que representam 10 milhões de brasileiros em 2022.

De acordo com o IBGE, o envelhecimento da população é observado quando os grupos mais jovens passam a representar menores proporções da população total, relativamente aos grupos de adultos e pessoas idosas. Esse fenômeno tem como principal indutor a redução do número médio de filhos tidos por mulher, que no Brasil ocorreu de forma progressiva e rápida desde o final da década de 1960, e, em menor medida, devido à redução da mortalidade em todos os grupos etários, incluindo entre as pessoas idosas.

Com o envelhecimento, problemas de saúde começam a ficar cada vez mais presentes e, com uma população cada vez mais velha, as doenças da velhice começam a refletir no Sistema Único de Saúde () e na falta de políticas públicas voltadas para o bem-estar dos idosos.

De acordo com médica geriatra Karla Giacomin, líder da Frente Nacional de Fortalecimento às Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) e consultora da Organização Mundial da Saúde (OMS) para políticas públicas e envelhecimento, o Brasil ainda está muito atrás de outros países em relação a oferta de políticas públicas voltadas para pessoas idosas.

Políticas públicas

"O Brasil ainda precisa melhorar muito. Nós temos muito menos ofertas de instituições de longa permanência, ou programas de apoio às famílias e comunidades. Não temos centros de convivência ou de estimulação cognitiva suficientes. Tudo isso poderia estar sendo ofertado, mas ainda não está, exatamente pela dificuldade que a nossa sociedade tem de reconhecer o envelhecimento como uma realidade", argumenta Giacomin.

Segundo a médica Maria Fernanda Lima-Costa, pesquisadora e líder do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), melhorar a saúde e o bem-estar dos idosos no Brasil requer a implementação de ações integradas, que incluem o fortalecimento do sistema público de saúde, o incentivo à prevenção de doenças e agravos à saúde, a promoção da inclusão social e o combate ao isolamento e à solidão.

"É fundamental implementar e fortalecer a Política Nacional de Cuidados, com especial atenção aos cuidados de longa duração, para atender às necessidades crescentes da população idosa, promovendo suporte qualificado aos cuidadores e garantindo acesso a serviços integrados e humanizados", diz Lima-Costa.

"Além disso, a mitigação das desigualdades em saúde entre idosos exige políticas públicas que atendam às necessidades dessa população de forma igualitária e eficiente, como o fortalecimento do , a promoção da equidade regional, as políticas intersetoriais e de longo prazo e investimento em pesquisas na área", completa a pesquisadora.

Preconceito etário

Além das dificuldades apontadas pelas especialistas, Karla Giacomin também ressalta um outro problemas que o envelhecimento traz: o , ou idadismo. De acordo com a geriatra, as pessoas que são discriminadas por conta da idade têm uma expectativa de vida até oito anos menor do que uma pessoa que não sofreu preconceito. "No Brasil, a gente ousa dizer que se você ainda não sofreu o preconceito de raça, gênero ou classe social, pode ficar tranquilo que você vai sentir o preconceito etário. E o acúmulo desses preconceitos durante a vida também adoecem", diz.

Segundo Lima-Costa, o preconceito e o exercem impactos profundos no processo de envelhecimento, que afetam tanto a saúde física quanto a mental dos idosos. A pesquisa aponta que a discriminação baseada na idade pode levar os idosos a internalizarem estereótipos negativos sobre o envelhecimento, como a ideia de que são inúteis, frágeis ou incapazes. Essa internalização pode reduzir a autoestima, gerar insegurança e desmotivar os idosos a buscarem novas experiências ou adotarem um estilo de vida ativo.

"Uma pessoa idosa que se sente discriminada pode se isolar, deixando de participar de atividades familiares, profissionais e sociais. Essa exclusão intensifica a sensação de solidão e pode desencadear problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão", explica a líder do ELSI-Brasil.

Lima-Costa também aponta a subestimação dos problemas de saúde dos idosos como uma das barreiras que envolvem o . "Por exemplo, muitos profissionais de saúde podem encarar condições como quedas como algo 'natural da idade' e não oferecer a atenção clínica necessária. Essa negligência pode resultar em diagnósticos tardios, tratamentos inadequados e piora das condições de saúde".

Além disso, outro impacto significativo do , segundo a pesquisadora, é a limitação da implementação de políticas públicas voltadas ao envelhecimento saudável. "Os parlamentares podem achar que não vale a pena investir na saúde, educação e lazer das pessoas idosas, perpetuando assim ciclos de exclusão e vulnerabilidade", complementa.

Desigualdade escancarada

Além dos obstáculos na implementação de políticas públicas, o Brasil encara outro desafio no envelhecimento da população. De acordo com a médica Karla Giacomin, a desigualdade social e econômica é um grande influenciador do tipo de envelhecimento que as populações de diferentes classes sociais enfrentaram. "O Brasil é um país marcadamente desigual. Desigualdade racial, de gênero, econômica e social. Todas essas desigualdades chegarão na velhice e vão se concretizar em demandas de cuidados que não serão iguais para todos", afirma.

Segundo ela, a chance de uma pessoa com menos de quatro anos de escolaridade precisar de cuidados é três vezes maior do que uma pessoa que tem o nível superior completo. Além disso, a chance de uma pessoa não branca precisar de cuidados é maior do que entre as pessoas brancas, assim como as chances de uma mulher precisar de cuidados também é maior do que a de um homem.

"Essas desigualdades vão nos acompanhar ao longo da vida e vão repercutir, sem sombra de dúvida, em um adoecimento piorado ou crônico que precisa de mais recursos", argumenta. "Por isso que, lutar por um de qualidade para todo mundo é obrigação de todo o brasileiro, para que o envelhecimento seja justo e igual para todos", acrescenta Giacomin.

Ademais, segundo a médica Maria Fernanda Lima-Costa, indivíduos com menor escolaridade e renda possuem menor letramento em saúde e tendem a adotar estilos de vida menos saudáveis, especialmente no que diz respeito à alimentação e à prática de atividade física. Essa realidade está diretamente associada a uma maior probabilidade de desfechos negativos em saúde.

Um estudo recente com dados do ELSI-Brasil evidenciou disparidades em cinco indicadores de envelhecimento saudável - vestir-se, tomar medicamentos, administrar dinheiro, função cognitiva e força de preensão manual. A comparação foi feita entre o Brasil, um país de renda média-alta, e Inglaterra, um país de alta renda. Os resultados mostraram que, em geral, mulheres e homens idosos ingleses (60 anos ou mais) apresentam melhor saúde em comparação aos idosos brasileiros, reforçando o impacto das condições socioeconômicas na saúde das populações.

Entre os diversos problemas que a desigualdade econômica traz, a dificuldade no acesso à saúde é um dos maiores empecilhos, em especial na velhice. Considerando que 75% desse grupo depende exclusivamente do sistema público de saúde, Lima-Costa aponta que a falta de acesso a cuidados de saúde adequados impacta de forma significativa no bem-estar dos idosos no Brasil, contribuindo para o agravamento de doenças crônicas não transmissíveis, a piora da qualidade de vida e o aumento da mortalidade.

Acesso à saúde

"Muitos idosos enfrentam dificuldades para acessar serviços de saúde regulares, como consultas médicas e tratamentos especializados, o que resulta no controle inadequado de condições como diabetes mellitus, hipertensão arterial e doenças cardíacas, levando a complicações graves e até a morte prematura. Além disso, dificuldades financeiras representam um obstáculo importante para a aquisição de medicamentos essenciais e a realização de exames preventivos e diagnósticos", avalia a líder do ELSi-Brasil.

Outro aspecto relevante é a desigualdade no acesso aos serviços de saúde em diferentes áreas de residência. Idosos que vivem em regiões periféricas ou rurais enfrentam maiores barreiras para acessar unidades de saúde, resultando em atrasos no diagnóstico e tratamento.

Um estudo conduzido pela ELSI-Brasil, entre 2015 e 2016, revelou que idosos com planos de saúde privados visitaram especialistas com maior frequência, enquanto aqueles que utilizavam a Estratégia Saúde da Família (ESF) e postos de saúde tradicionais apresentaram maior probabilidade de consultas com clínicos gerais.

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Assessoria de Comunicação