Postado em: 21/11/2024

CLIPPING AHPACEG 20 E 21/11/24

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Médica denuncia que foi detida após policiais exigirem atendimento com prioridade em hospital de Trindade

Médica que atendeu mãe e bebê antes de morte em parto vai responder por homicídio culposo: Agiu de forma negligente , diz SSP

Leitos de UTI crescem 52% em 10 anos; distribuição é desigual

O futuro do armazenamento de imagens médicas no Brasil

Saúde Única: uma abordagem efetiva para os desafios da saúde

A influência da fonte pagadora na sobrevida dos pacientes

Quanto tempo você demora para processar uma conta hospitalar?

Por que MBAs e outras pós-graduações em gestão hospitalar têm crescido tanto?

O que precisa mudar na formação dos médicos para dar conta de um Brasil cada vez mais idoso?

PORTAL G1

Médica denuncia que foi detida após policiais exigirem atendimento com prioridade em hospital de Trindade

Em nota, a Polícia Civil de Goiás informou que o caso é apurado pela Corregedoria da instituição. Médica relata abuso psicológico e intimidação.

Médica recebe voz de prisão durante plantão em hospital de Trindade

Uma médica denunciou ter sido detida após questionar policiais civis que, acompanhados de um detento, exigiram prioridade na realização de um exame de corpo de delito durante o plantão dela no Hospital Estadual de Trindade (Hetrin). Em entrevista ao g1, a médica, que preferiu não se identificar, explicou que solicitou que os policiais aguardassem do lado de fora depois que eles interromperam uma consulta em andamento e, por isso, foi intimidada.

"Fui levada escoltada por três policiais, como uma bandida, enquanto estava trabalhando. Fui levada na frente dos pacientes e dos meus colegas de trabalho. Não consegui dormir de ontem para hoje e sigo bem ansiosa, com medo de ir trabalhar e ter que passar por tudo novamente”, desabafou.

Em nota, a Polícia Civil de Goiás informou que os fatos noticiados estão sendo apurados pela Corregedoria da instituição, e que todas as providências necessárias serão adotadas para a elucidação do caso.

O caso aconteceu durante o plantão de segunda-feira (18). Segundo o relato da profissional, os policiais entraram no consultório sem serem chamados, enquanto ela atendia outro paciente. Em seguida, ela disse que informou aos policiais que eles precisariam esperar para serem chamados e que não podiam interromper a consulta. Nesse momento, um dos policiais teria ficado alterado e gritado com ela.

"Solicitei que ele aguardasse do lado de fora para que eu pudesse fazer o corpo de delito do paciente. No entanto, colocando a mão no coldre e me intimidando, gritou que não iria sair”, explicou a médica. “A presença dele não era necessária no atendimento, pois, embora ele estivesse escoltando o preso, havia outra policial no consultório que poderia fazer a escolta”, completou.

A médica contou que terminou o exame de corpo de delito por volta das 20h40 e, às 21h, os policiais retornaram. A profissional disse que foi surpreendida quando eles entraram no consultório, começaram a filmá-la e, em seguida, deram voz de prisão em flagrante por desacato, afirmando que ela deveria acompanhá-los "por bem ou por mal".

“Levantei e fui sem questionar nada. Naquele momento, o hospital estava lotado, com cerca de 40 pacientes esperando atendimento, inúmeros retornos e a sala vermelha cheia. Perguntei a eles se iriam deixar o hospital sem médico e eles disseram que sim”, disse a médica.

O Hospital Estadual de Trindade (Hetrin) afirmou que lamenta o ocorrido e informou que está colaborando com a apuração dos fatos. A unidade disse que segue "empenhada em oferecer o melhor atendimento à população, prestando apoio a todos os profissionais que com ela se relacionam, incluindo servidores da saúde e autoridades policiais".

g1 pediu um posicionamento ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.

Na delegacia

Ao chegar à delegacia, a médica contou que teve seu celular apreendido e foi informada de que estava presa. Quando foi chamada pelo delegado para prestar depoimento, relatou os acontecimentos e ele a informou de que seria liberada após o depoimento.

No entanto, a médica afirmou que uma das policiais envolvidas na prisão começou a tentar coagi-la psicologicamente, acusando-a de tirar fotos dela de forma escondida — algo que a médica nega. O intuito, segundo a profissional, era que ela reagisse.

Desesperada, a médica afirmou que entrou em contato com sua advogada e mencionou a possibilidade de denunciar abuso de autoridade. A policial, ao ouvir isso, a intimidou novamente, dizendo que ela poderia processá-la, mas sem provas teria de arcar com a consequência de um falso testemunho.

"Ao escutar isso, [a policial] foi até mim e disse: "Você pode até entrar com processo contra, mas pensa bem porque você não tem como provar, né? A pena para falso testemunho é alta, viu? Daí, que deixaríamos você presa mesmo. Cito palavras dela", disse a médica.

A médica disse que chegou à delegacia por volta das 21h10 e o depoimento só foi registrado por volta das 23h. Enquanto aguardava, contou ter sofrido abuso psicológico. “Fui liberada às 23h50 e mandaram que eu pedisse um Uber para ir embora, o que foi bem difícil de conseguir devido ao horário e à chuva. Retornei ao hospital, mas não consegui finalizar o plantão por estar emocionalmente abalada e ansiosa”, afirmou.

Defesa da médica

Em entrevista ao g1, a advogada da médica, Luísa Siqueira, afirmou que uma ação será ajuizada contra o estado.“Iremos defendê-la no processo criminal, provando sua inocência, e ajuizaremos uma ação contra o estado buscando reparação pelos danos morais sofridos. Farei uma representação junto ao Ministério Público sobre o caso também”, afirmou.

A advogada ressaltou que, em nenhum momento, a médica desacatou os agentes, “limitando-se a agir em conformidade com os preceitos éticos e legais de sua profissão”.

NOTA CREMEGO

Cremego repudia prisão de médica e cobra apuração dos fatos

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) tomou conhecimento das circunstâncias da prisão de uma médica, na noite de ontem, 18, no Hospital de Trindade.

O Cremego vai apurar em caráter de urgência se houve falha na conduta ética da profissional, mas desde já repudia e lamenta como os policiais agiram, desrespeitando e coagindo a médica em seu trabalho, desrespeitando o paciente cujo atendimento estava sendo finalizado quando entraram no consultório e efetuando uma prisão arbitrária.

Esperamos que o governador e médico Ronaldo Caiado, que tanto preza pela segurança pública em Goiás, e que as autoridades policiais e de segurança também apurem o fato de forma rígida.

Os médicos já estão sendo muito penalizados pelas más condições de trabalho na rede pública e não podem ficar expostos a mais essa forma de agressão e desrespeito.

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Médica que atendeu mãe e bebê antes de morte em parto vai responder por homicídio culposo: Agiu de forma negligente , diz SSP

Karle e o filho Lorenzo morreram no dia 30 de outubro, no Hospital Maternidade Dona Regina, em Palmas. Segundo a polícia, médica que fez atendimento no dia anterior agiu sem a devida cautela exigida pela situação ao não solicitar exames ou encaminhar grávida para especialista.

A médica responsável pelo atendimento da paciente Karle Cristina Vieira Bassorici no dia 29 de outubro de 2023, no Hospital Maternidade Dona Regina, foi indiciada pela Polícia Civil por homicídio culposo. A paciente e o filho Lorenzo morreram após o parto no dia seguinte. Para a polícia, houve negligência no atendimento à vítima.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou apenas as iniciais da médica: M.S.C. O g1 não conseguiu contato com a defesa dela. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que a médica não faz mais parte do quadro de servidores (veja a nota abaixo).

Grávida de 38 semanas, a técnica de enfermagem Karle Cristina foi ao Hospital Dona Regina, por volta das 21h30 do dia 29 de outubro, com queixa de febre e dores lombares, segundo a família. Ela recebeu medicação e foi liberada.

No dia seguinte, a técnica de enfermagem voltou à unidade com dores com sangramento. Foi feito o parto, mas o bebê teria nascido sem vida, segundo a SES - a família questiona essa informação e diz que Lorenzo teria sido submetido a procedimentos de reanimação. Karle morreu horas depois. O laudo apontou um tromboembolismo pulmonar como causa da morte.

O caso foi investigado pela 3ª Delegacia de Polícia de Palmas. Conforme a SSP, a gestante tinha alto risco e sintomas que sugeriam complicações graves, mas a médica não adotou medidas básicas de investigação clínica e obstétrica.

"Após extensa análise dos depoimentos colhidos, laudos periciais, prontuários médicos e demais elementos de prova, foi constatado que a médica M.S.C., responsável pelo atendimento de Karle no dia 29 de outubro, agiu de forma negligente ao não adotar medidas básicas de investigação clínica e obstétrica compatíveis com o quadro apresentado pela paciente", informou a polícia.

O inquérito concluiu que a ausência de exames essenciais, como ultrassonografia e monitoramento de batimentos cardíacos fetais, bem como a falha em encaminhar a paciente para avaliação obstétrica ou manter observação hospitalar, contribuiu diretamente para o agravamento do estado de saúde de Karle e de seu bebê.

No dia seguinte, mesmo com o esforço da equipe médica para intervir emergencialmente, o quadro já havia se deteriorado, culminando no desfecho fatal", afirmou a polícia.

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Indiciada por homicídio culposo

A médica foi indiciada pelo crime de homicídio culposo, previsto no artigo 121, §3º, do Código Penal Brasileiro, por agir sem a devida cautela exigida pela situação.

O inquérito será encaminhado ao Ministério Público, que dará prosseguimento ao caso junto ao Poder Judiciário.

"A conclusão célere do referido inquérito reforça o compromisso da Polícia Civil com a transparência e a imparcialidade em suas investigações, sempre buscando justiça e respostas para as famílias afetadas", afirmou a polícia.

Vistoria e pedido de regularização

Tanto o Ministério Público Estadual (MPE) como o Conselho Regional de Medicina fizeram vistorias no Hospital e Maternidade Dona Regina. Foram apontados problemas estruturais e grande volume de trabalho para poucos profissionais nas escalas.

O MPE entrou com uma Ação Civil Pública pedindo que o Estado regularize a escala de obstetras e pediatras na sala de parto do Hospital e Maternidade Dona Regina.

Íntegra da nota da Secretaria de Estado da Saúde

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que a referida médica não faz mais parte do quadro de servidores da Pasta e as investigações internas pelas comissões de óbito e de revisão de prontuários, do Hospital e Maternidade Dona Regina Siqueira Campos, bem como da Corregedoria da Saúde seguem em curso para a apuração dos fatos no acolhimento da paciente Karle Cristina Vieira Bassorici e seu filho Lorenzo.

A SES-TO reitera seu profundo pesar pelo falecimento da paciente e seu bebê e coloca-se à disposição dos familiares para o apoio necessário.

Por fim, a Pasta pontua que colabora com todos os demais órgãos envolvidos, na elucidação dos fatos.

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AGÊNCIA BRASIL

Leitos de UTI crescem 52% em 10 anos; distribuição é desigual

O número de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) cresceu 52% no Brasil na última década, passando de 47.846 em 2014 para 73.160 em 2024. A alta mais expressiva se deu em 2021 e 2022, durante a pandemia de covid-19.

Os dados fazem parte do estudo A Medicina Intensiva no Brasil: perfil dos profissionais e dos serviços de saúde, divulgado  pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib). Em nota, a entidade avalia que, apesar do aumento considerado significativo, a distribuição permanece “gravemente desigual”, tanto pelo aspecto territorial, quanto pelo social.

“Uma análise crítica sobre as informações do estudo demonstra a necessidade de adoção de políticas públicas que promovam uma distribuição mais justa da infraestrutura hospitalar e de profissionais intensivistas pelo país”.

De acordo com a Amib, a disparidade começa pela comparação entre a oferta de leitos para a rede pública e para rede privada de saúde. Em 2024, do total de leitos de UTI existentes no Brasil, 51,7% ou 37.820 são operados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os demais 48,3% ou 35.340 estão no sistema suplementar.

“Apesar da proximidade dos números de leitos de cuidados intensivos disponíveis entre as redes pública e privada, a diferença entre a população atendida pelos dois universos evidencia o problema”, completou a associação.

Os números mostram que no SUS, sistema do qual dependem 152 milhões de pessoas, há 24,87 leitos por 100 mil habitantes. Já na rede privada, que tem 51 milhões de beneficiários de planos de saúde, a disponibilidade de leitos de UTI é de 69,28 por 100 mil beneficiários.

Outra disparidade é verificada entre as regiões brasileiras. Enquanto o Norte apresenta 27,52 leitos de UTI por 100 mil habitantes, o Sudeste registra 42,58 leitos. Em todo o país, a densidade de leitos por 100 mil habitantes é de 36,06. Entretanto, 19 dos 27 estados da federação estão abaixo desse patamar – os extremos vão de 20,95, no Piauí, a 76,68, no Distrito Federal.

Intensivistas

O estudo destaca ainda que, enquanto o número total de médicos, com ou sem especialidade, cresceu 51% entre 2011 e 2023 em todo o país, a quantidade de médicos especialistas em medicina intensiva cresceu 228% no mesmo período – foram contabilizados 8.091 intensivistas em 2023, e 2.464 em 2011.

De acordo com a Amib, a maior parte dos médicos intensivistas em atividade no Brasil se formou há mais de 10 anos, sendo que mais de 75% acumulam entre 10 e 39 anos de prática profissional.

Dentre os intensivistas, a maioria é do sexo masculino (60%) e a faixa etária predominante fica entre 35 e 64 anos, com uma idade média de 52 anos. As mulheres estão as médicas mais jovens, “sugerindo uma possível tendência de aumento da participação feminina na especialidade ao longo do tempo”.

Apesar do crescimento geral da especialidade, Norte e Nordeste registram uma média inferior de intensivistas por habitante quando comparadas às demais regiões, acompanhando a tendência apresentada pela presença menor de leitos de UTI. O Sudeste soma 6.239 registros profissionais, enquanto o Centro-Oeste tem 899 registros. Já o Norte conta com 348 registros.

O Distrito Federal responde pela maior densidade de médicos intensivistas no país, com 14,06 especialistas para cada 100 mil habitantes. O índice representa quase o dobro da densidade do Sudeste (7,35) e quase três vezes a densidade do Mato Grosso do Sul (4,9), que tem base populacional semelhante.

No outro extremo, o Amapá conta com cinco intensivistas, “o que gera uma densidade praticamente nula de especialistas para cada 100 mil habitantes”.

“Nas capitais, a probabilidade de encontrar esse profissional é significativamente maior. A densidade de intensivistas nas 27 capitais brasileiras (14,28) é cinco vezes maior do que a encontrada na soma de todos os outros municípios (2,84)”, concluiu a Amib. 

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MEDICINA S/A

O futuro do armazenamento de imagens médicas no Brasil

Por Ricardo Prudêncio

A gestão de imagens médicas no Brasil enfrenta desafios crescentes, especialmente em relação à infraestrutura necessária para garantir o armazenamento seguro e eficiente desses dados. Desde 1983, o padrão DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine) se consolidou como o formato ideal para exames como ultrassonografias, raios X, mamografias, tomografias, ressonâncias magnéticas e PET/CTs. Contudo, o volume crescente de informações médicas, geradas diariamente, tornou o armazenamento e a gestão desses dados cada vez mais complexos e dispendiosos. Segundo a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a telerradiologia tem se desenvolvido cada vez mais no país, gerando valor para toda a cadeia de saúde. Além disso, o mercado global de diagnóstico por imagem projeta um crescimento anual de aproximadamente 8-10% nos próximos cinco anos, alcançando um valor estimado entre 40 a 50 bilhões de dólares até 2028.

A necessidade de modernizar o armazenamento de dados e reduzir os custos crescentes no setor de saúde tem impulsionado a adoção de soluções em nuvem em todo o mundo. O mercado global de armazenamento em nuvem na saúde deve alcançar US$ 153,1 bilhões até 2030, com um crescimento anual de 15,8%. Esse cenário deixa claro que não se trata apenas de uma inovação isolada, mas uma transformação global, com a promessa de enfrentar os desafios modernos de segurança, eficiência e escalabilidade no setor de saúde.

Quando comecei a trabalhar com sistemas de PACS em 2010, vi de perto a realidade das instituições de saúde brasileiras. Era comum encontrar grandes salas dedicadas apenas a servidores de TI, ocupando espaço valioso e exigindo manutenções constantes. Em muitos casos, era preciso alugar áreas externas para garantir que, em caso de desastre, os dados estivessem minimamente protegidos. Isso representava um custo alto e um risco considerável, tanto financeiro quanto operacional.

A nuvem, então, surge como uma alternativa revolucionária a esses antigos métodos de armazenamento. Com sistemas de arquivamento e comunicação de imagens (PACS) em nuvem, os custos associados a infraestrutura física, manutenção e atualização de servidores são substancialmente reduzidos. E há um benefício crucial: a escalabilidade. À medida que a demanda cresce, a nuvem se adapta, permitindo o armazenamento de dados de maneira flexível, sem a necessidade de investimentos adicionais em hardware.

Mesmo com esses avanços, a realidade é que muitas instituições de saúde ainda permanecem apegadas a soluções cliente-servidor e armazenamento local. Essa resistência à mudança geralmente está enraizada em modelos de negócios ultrapassados e na falta de inovação de certos fornecedores de tecnologia. Infelizmente, essa postura limita o potencial de modernização e expõe as instituições a riscos operacionais e financeiros evitáveis.

Mas, migrar para a nuvem envolve mais do que simplesmente modernizar a infraestrutura. Há questões fundamentais que precisam ser abordadas para que essa transição seja realmente bem-sucedida. Como a equipe de TI lida com os altos custos iniciais e contínuos? Como será garantida a segurança dos dados sensíveis dos pacientes? Existe um plano robusto para recuperação de desastres que proteja informações críticas? E, conforme a demanda cresce, como o sistema será escalado para suportar o aumento no volume de dados?

Além disso, a mobilidade e o acesso remoto exigem uma adaptação cuidadosa da equipe médica. Em um país como o Brasil, onde o número de médicos radiologistas é limitado, especialmente nas áreas mais remotas, como a equipe médica pode contar com um sistema que permita diagnósticos rápidos e precisos, sem comprometer a qualidade do atendimento? Essas são perguntas que destacam a importância de uma análise cuidadosa e de uma implementação estratégica de soluções em nuvem.

Quando falamos de PACS em nuvem, os benefícios vão muito além da redução de custos. A segurança dos dados, por exemplo, é um aspecto essencial. Provedores de nuvem como a Amazon Web Services (AWS) projetam suas infraestruturas para atender aos mais altos padrões de conformidade e segurança, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e a HIPAA nos Estados Unidos. Esse tipo de proteção é vital para as instituições de saúde, que lidam diariamente com dados sensíveis de seus pacientes.

Outro ponto importante é a mobilidade. Em emergências ou em áreas remotas, onde especialistas locais podem ser escassos, o acesso rápido às imagens e laudos é essencial para garantir diagnósticos ágeis e precisos. Além disso, a continuidade do negócio é garantida em casos de desastres naturais, como as enchentes recentes no Rio Grande do Sul, que destruíram servidores e resultaram na perda de dados críticos. O armazenamento em nuvem protege essas informações e assegura a continuidade das operações, oferecendo uma camada de segurança que o armazenamento local simplesmente não consegue alcançar.

Mesmo com todos esses benefícios, algumas instituições ainda optam por soluções híbridas, armazenando dados recentes localmente e transferindo apenas arquivos mais antigos para a nuvem. Essa abordagem, embora econômica à primeira vista, pode prejudicar a eficiência dos profissionais de saúde, dificultando o acesso rápido a históricos de pacientes e ainda comprometendo o diagnóstico. A decisão de migrar para um PACS em nuvem vai muito além do porte ou do orçamento da instituição; trata-se de uma busca por eficiência, segurança e excelência no atendimento ao paciente. Para garantir um sistema de saúde moderno e sustentável no Brasil, é fundamental que as instituições reavaliem seus modelos de armazenamento e gestão de imagens médicas, adotando tecnologias que estejam em sintonia com as demandas contemporâneas.

A modernização do armazenamento de imagens médicas não é uma escolha, mas uma necessidade imperativa para o setor de saúde brasileiro. A nuvem é um caminho sólido nessa direção, proporcionando benefícios tangíveis que impactam positivamente tanto as instituições quanto os pacientes.

*Ricardo Prudêncio é Country Manager da Eden no Brasil.

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Saúde Única: uma abordagem efetiva para os desafios da saúde

Por Marina Domenech

Com o encontro do G20 no Rio de Janeiro e a um ano da COP30 em Belém, o Brasil tem a oportunidade de se tornar não apenas palco, mas também protagonista nas discussões globais sobre saúde e sustentabilidade. Um tema central nessa agenda é a adoção do conceito de Saúde Única (One Health), proposto pela Organização Mundial da Saúde, como um modelo eficaz para enfrentar os desafios da saúde global. Essa abordagem sugere uma visão integrada da saúde humana, animal e ambiental para prevenir, detectar e responder de forma eficaz a questões que surgem na interação dessas três esferas — uma necessidade cada vez mais urgente.

Um estudo publicado na revista Nature revelou que cerca de 60% das doenças infectocontagiosas são exacerbadas por eventos climáticos extremos, como ondas de calor e enchentes. Além disso, um artigo recente no The Lancet indica que, com o aumento previsto de 2,7 °C na temperatura global até 2100, óbitos relacionados ao calor — decorrentes de desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico — podem quadruplicar. Esse tipo de impacto já é observado no Brasil: no início do ano, as enchentes no Rio Grande do Sul acenderam o alerta para possíveis surtos de doenças respiratórias, dengue, leptospirose, tétano e hepatite A, todas ligadas às condições adversas enfrentadas pela população.

Eventos recentes na Europa também ilustram a importância da abordagem de Saúde Única. A Espanha sofreu uma catástrofe com inundações devastadoras, que não apenas causaram destruição de infraestruturas e mortes, mas também elevaram o risco de surtos de doenças infecciosas devido ao aumento da exposição à água contaminada e à proliferação de mosquitos vetores em regiões antes livres dessas condições. Esse exemplo, junto ao aumento de casos de dengue registrados no último ano em países como França, Itália e Espanha, reforça a urgência de integrar as respostas de saúde pública com estratégias ambientais.

Pois as doenças tropicais negligenciadas não respeitam fronteiras. Mesmo assim, países de baixa e média renda tendem a ser mais afetados, dada a vulnerabilidade de alguns grupos — como vimos durante a pandemia de COVID-19. No Brasil, onde cerca de 80% da população depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde e um em cada três brasileiros não tem acesso à saúde básica (especialmente no Norte e Nordeste), quais ações concretas poderiam mitigar esses impactos?

Ao considerar as frentes possíveis para enfrentar futuros desafios globais de saúde, o Brasil tem duas áreas de destaque. Primeiramente, um olhar estratégico para nossa biodiversidade, diferencial competitivo para o desenvolvimento científico. Nossa variedade de biomas, fauna e flora, o saber ancestral dos povos originários — que ainda carecem de protocolos específicos de saúde — e a vasta miscigenação do nosso povo tornam o Brasil um território promissor para a inovação, desde a descoberta de novas moléculas até a condução de estudos clínicos.

A segunda frente envolve a articulação entre setor público e privado e a formulação de políticas públicas eficientes. Isso inclui iniciativas que tornem a América Latina mais autossuficiente na produção de vacinas e tratamentos em geral. Ao reduzir a dependência externa — seja de conhecimento ou insumos —, fortalecemos nosso ecossistema de inovação científica e direcionamos mais recursos para necessidades de saúde não atendidas na região.

Para se ter uma ideia, de acordo com a Fiocruz, menos de 5% do financiamento global de medicamentos é destinado a doenças tropicais negligenciadas. Enquanto isso, indígenas e ribeirinhos enfrentam problemas como febre tifoide e malária, que, embora de baixa letalidade, causam grande impacto físico, social e econômico nas comunidades e no sistema de saúde.

Investir em educação e pesquisa científica, capacitar profissionais para lidar com novos desafios, aprimorar a infraestrutura de vigilância, criar sistemas de monitoramento de doenças zoonóticas e mudanças ambientais, expandir redes de telemedicina e atendimento remoto e garantir estruturas de saneamento básico são passos essenciais.

Com comunicação, cooperação e coordenação, o Brasil pode se posicionar como um modelo de aplicação prática da abordagem One Health, ampliando o acesso à saúde de qualidade para sua população e consolidando-se como líder global no avanço de soluções integradas para saúde e sustentabilidade.


*Marina Domenech é fundadora e CEO da SAIL for Health.

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A influência da fonte pagadora na sobrevida dos pacientes

Por Ana Beatriz Barra

hemodiálise é essencial para manter a vida de pacientes com falência renal, mas no Brasil os resultados em longo prazo podem variar, dependendo da fonte de financiamento do tratamento. Este foi o principal insight de um estudo que publicamos no Brazilian Journal of Nephrology, uma revista reconhecida internacionalmente e a mais lida entre os nefrologistas do país.

O estudo ratifica a percepção dos médicos que atuam na área. Apesar de reconhecermos os avanços do SUS na última década, os pacientes que dependem da diálise financiada pela iniciativa pública não vêm recebendo a atenção e os investimentos necessários para garantir a melhor sobrevida e qualidade de vida possível para os indivíduos nestas condições.

Os pacientes em diálise, além de complicações relativas à própria doença renal, frequentemente têm muitas outras doenças concomitantes que também precisam ser controladas. A complexidade desse contexto tem um enorme impacto na expectativa de vida. A maioria tem dificuldades para transplantar rapidamente, alguns têm contraindicações para o transplante, então muitos permanecerão necessitando de um tratamento de hemodiálise em uma clínica especializada, pelo menos 3 vezes por semana, durante muitos anos. Mas, tanto com base em nossos próprios dados, quanto nos dados nos dados do censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia, estima-se que aproximadamente 40% dos pacientes em hemodiálise não sobrevivem após cinco anos de tratamento.

Nosso estudo analisou cerca de 5 mil pacientes de 21 clínicas no Brasil que recebiam a mesma qualidade de tratamento de diálise. O grupo de pacientes cujo tratamento era financiado pelo SUS, era mais jovem e tinha um menor percentual de diabéticos, uma doença que traz outros agravos aos pacientes com falência renal. Por outro lado, utilizavam mais cateteres temporários na admissão na clínica e um percentual menor tinha tido acompanhamento nefrológico na fase pré-dialítica, características que podem impor um maior risco de complicações, mesmo em longo prazo. Em uma primeira análise, a taxa de sobrevivência em cinco anos foi semelhante para pacientes do SUS (51,1% versus 52,1%). No entanto, quando foram realizados ajustes para as diferenças entre os grupos, como idade e diabetes, ter o tratamento financiado pelo SUS aumentava o risco de morte em 22%.

Essa diferença de sobrevida sugere que fatores além da qualidade do tratamento dialítico desempenham um papel crucial no risco de morte para destes pacientes. Especialmente o acesso a cuidados de saúde mais abrangentes que exigem um atendimento eficaz. Os pacientes em diálise frequentemente apresentam outras doenças, especialmente as cardiovasculares, além de uma suscetibilidade maior às infecções de diversas causas. O cuidado integrado deste paciente precisa envolver consultas com outros especialistas, exames e acesso à internação hospitalar. A falta desse suporte pode levar a complicações graves e afetar diretamente a sobrevida dos pacientes.

Para os pacientes do SUS, o desafio de acessar o sistema de saúde de forma assertiva é maior. Muitos enfrentam dificuldades em hospitalizações e em obter atendimento especializado rápido, o que pode resultar em um manejo inadequado de suas complicações e comorbidades. De fato, identificamos que apesar de uma sobrevida reduzida, os pacientes do SUS internam menos do que aqueles cujos tratamentos são financiados por convênios privados.

Além disso, os pacientes que dependem do SUS não têm oportunidade de utilizar uma terapia mais completa para substituição da função renal, a hemodiafiltração (HDF), que hoje no Brasil é somente garantida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para pacientes que têm convênios privados. Em um outro estudo, apresentado também pelo meu grupo, no Congresso Brasileiro de Nefrologia, que aconteceu agora em setembro, em Salvador, avaliamos um grupo de quase 9000 pacientes dialisados em 29 clínicas de diálise por um período de dois anos, e demostramos que o risco de morte, ajustado para diversas variáveis, foi 25% menor para o grupo de pacientes que realizava HDF versus aquele grupo que realizava hemodiálise tradicional. Nessa análise, essa redução de mortalidade favoreceu ainda mais o subgrupo de pacientes mais jovens.

É importante entender que esses pacientes com doença renal crônica mais jovens potencialmente ainda não desenvolveram doenças cardiovasculares graves, e, sem acesso às terapias mais modernas, tanto eles quanto o sistema de saúde público perdem grandes oportunidades. Para os pacientes, pode significar a chance de evitar complicações que representam não somente melhora da expectativa, mas também da qualidade de vida. Para o governo, trata-se de uma importante redução de custos com o tratamento de complicações como infarto, acidentes vasculares cerebrais e falência cardíaca, sem falar no impacto social. Mais saudáveis e dispostos os indivíduos em diálise mais jovens podem se manter ainda ativos e no mercado de trabalho.

Portanto, é imperativo destacar a urgência no foco na melhora do cuidado para os pacientes em diálise no Brasil. O pleito não é apenas para melhoria nas condições do tratamento, mas também garantir que todos os pacientes, independentemente da fonte pagadora, tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade que possam prolongar suas vidas e melhorar seu bem-estar. Somente com uma abordagem mais integral e equitativa poderemos reduzir as disparidades nos desfechos clínicos e assegurar que todos os pacientes renais tenham a oportunidade de viver mais e com mais qualidade e tornar mais sustentável o financiamento do tratamento dessa doença no nosso país.


*Ana Beatriz Barra é médica nefrologista e diretora médica na Fresenius Medical Care.

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Quanto tempo você demora para processar uma conta hospitalar?

Por Bruno Lee

O ciclo de faturamento hospitalar é um processo complexo e, quando ineficiente, pode comprometer seriamente a saúde financeira das instituições. O relatório BTG Pactual Quarterly Healthcare Appointment mostrou que, em 2023, o tempo médio que as grandes redes hospitalares no Brasil levaram para receber os pagamentos das operadoras de saúde foi de 112,5 dias — um aumento de 19% em relação a 2018. Esse cenário não só coloca pressão sobre o fluxo de caixa dos hospitais, como também revela a urgência em otimizar o processo de faturamento.

Os atrasos começam na coleta e organização dos dados. Muitas vezes, as contas hospitalares ficam semanas aguardando para serem fechadas, devido a informações incompletas, erros na documentação ou falhas na comunicação entre departamentos. Isso não apenas prolonga o tempo para envio das contas às operadoras, mas também aumenta as chances de glosas. Para se ter uma ideia, segundo balanço do Observatório da ANAHP (Associação Nacional dos Hospitais Privados) em 2024, a média de glosa inicial gerencial, que calcula os valores glosados pelas operadoras de planos de saúde ainda em fase de negociação, foi de 11,89% em 2023 (início da coleta) entre os hospitais associados. Considerando os primeiros trimestres de 2023 e 2024 (último dado fechado), a média de glosa inicial gerencial aumentou de 7,26% no primeiro trimestre de 2023 para 10,76% no primeiro trimestre de 2024.

Outro agravante é a falta de visibilidade sobre o status de cada conta. Sem um sistema eficiente que permita acompanhar em tempo real o andamento de cada etapa do faturamento, o hospital perde tempo e recursos. Em muitas instituições, essa ineficiência gera uma pressão enorme sobre a gestão financeira e impede que os recursos sejam reinvestidos de maneira adequada. A 27ª Pesquisa Anual Global de CEOs da PwC apontou que 41% dos líderes brasileiros não estão confiantes de que suas organizações sobreviverão pelos próximos dez anos, caso a situação atual permaneça inalterada.

A chave para reverter esse cenário está na adoção de processos padronizados e tecnologias que permitam a centralização e automação das operações de faturamento. Ferramentas que organizam e padronizam a documentação necessária, bem como tecnologias que acompanham a conformidade das contas com as regras de cada operadora, são essenciais para reduzir os gargalos. Um faturamento mais ágil e preciso não só reduz o tempo para receber as receitas, mas também diminui drasticamente as taxas de glosas de administrativas.

Ao otimizar o ciclo de faturamento, os hospitais passam a operar com maior previsibilidade financeira, podendo planejar melhor suas despesas e investimentos. Além disso, com um fluxo de caixa mais eficiente, a instituição tem condições de focar no seu objetivo principal: oferecer um cuidado de qualidade e segurança para os pacientes.


*Bruno Lee é diretor de estratégia de produtos da Osigu no Brasil.

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O ESTADO DE S.PAULO

Por que MBAs e outras pós-graduações em gestão hospitalar têm crescido tanto?

Renata Okumura

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Ano a ano, aumenta o número de programas de MBA e pós-graduação em gestão hospitalar. Para o profissional que deseja atuar nessa área, o objetivo principal é criar uma visão estratégica do setor de saúde, entendendo as tendências, os desafios e as oportunidades de mercado.

Hoje, além de trabalhadores da saúde que buscam especializações, há ainda profissionais de outros setores que procuram uma oportunidade no ramo. "Embora a gente tenha muitos profissionais oriundos de cursos de graduação do setor da Saúde, há muitas pessoas que migraram para a área porque ela passou a oferecer mais oportunidades", afirma Laura Schiesari, coordenadora do Executive MBA Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Tudo o que o aluno vai aprender no curso vai ajudá-lo a entender sobre a gestão propriamente dita e as especificidades do setor. Há várias oportunidades de atuação."

Formado em Medicina, Alexandre Meluzzi, de 51 anos, especializou-se em neurocirurgia há mais de 25 anos. Posteriormente, fez especialização em cirurgia da base do crânio e de coluna vertebral. Nos últimos anos, para adquirir mais conhecimento e expertise em gestão de organizações, fez pós-graduação em Gestão de Sistemas Hospitalares. "Pretendo atuar como consultor na área, especificamente relacionada à gestão de utilização de órteses, próteses e materiais especiais (OPME), que são insumos utilizados na assistência à saúde e relacionados a uma intervenção médica."

Na área de gestão hospitalar, ele espera adquirir desenvolvimento contínuo de práticas que possam ser aplicadas a instituições e sistemas de saúde - no âmbito privado ou público. "A boa gestão hospitalar é o pilar essencial, a 'coluna vertebral' que deve estar saudável para manter a sustentabilidade financeira de uma instituição de saúde", afirma.

Para capacitar profissionais, não somente instituições de ensino, mas hospitais expandiram a atuação também na área da educação em saúde. "Teve um crescimento na oferta, sobretudo, porque vários hospitais de referência começaram a ter cursos, primeiramente adaptados para o seu público interno, depois, percebendo que era algo atrativo, também para pessoas de fora", afirma Laura, da FGV, instituição que também oferece cursos na área.

O que precisa mudar na formação dos médicos para dar conta de um Brasil cada vez mais idoso?

Por que centros de excelência hospitalares estão apostando na formação de novos profissionais?

Por meio da Faculdade e da Escola Técnica de Educação em Saúde, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz oferta o curso de Tecnologia em Gestão Hospitalar, em formato de ensino a distância, com três anos de duração. Na Faculdade Sírio-Libanês, além de cursos voltados para especialidades médicas, há um portfólio de gestão que inclui administração, gestão de processos, marketing e práticas necessárias para o gerenciamento de hospitais e clínicas. São oferecidos nas modalidades 100% presencial e híbrida.

Na Faculdade Unimed, além da graduação Tecnológica em Gestão Hospitalar (EAD e Presencial), há o MBA em Gestão Hospitalar e Organizações de Saúde (EAD) e a pós-graduação em Arquitetura, Organização e Gestão Hospitalar (EAD). No Centro Universitário São Camilo, o MBA em Gestão Hospitalar é ofertado com aulas assíncronas (gravadas) e tem duração de 12 meses.

Para a biomédica Karine Minaif Martins, de 44 anos, que desde a formação em 2002 trabalha na área assistencial de diagnóstico, a atuação em vertentes relacionadas com a administração a influenciou, nos últimos anos, a fazer uma pós. "A gestão hospitalar está cada vez mais obrigatória, mesmo para quem não faz gestão direta, porque tem mudado muito a questão de como a gente vê a saúde, tanto pública quanto privada. Você tem uma questão de valor, de entrega de valor para o paciente muito mais do que o recebimento por cada atividade ou cada exame que você faz."

Hoje, na área hospitalar, os desafios são bastante complexos. Eles envolvem o envelhecimento da população, múltiplos stakeholders (partes interessadas) na gestão e na prestação dos serviços. Há laboratórios, hospitais, o médico, a equipe multiprofissional, a fonte pagadora e o governo, por exemplo. E ainda existe a necessidade de incorporar, de alguma forma, as novas tecnologias dentro da assistência. Tudo isso priorizando a qualidade do atendimento ao paciente e o foco em ações que considerem custos e sustentabilidade.

"O que eu vejo, atualmente, é uma necessidade cada vez maior e mais crescente de profissionais que consigam compreender todos os desafios que existem no mercado e, de uma certa forma, se antecipar também para os desafios do futuro", afirma Cleber Mota, coordenador do curso de pós em Gestão de Serviços Hospitalares do Ensino Einstein.

O curso, ministrado no formato híbrido e com carga horária de 360 horas, tem como foco a formação de lideranças. "Formar profissionais que tenham essa visão de qualidade da assistência, mas de uma forma sustentável. E, para isso, a gente precisa de um profissional que tenha uma visão sistêmica e coordenada, além de um bom entendimento de mercado e capacidade de se adaptar às inovações e incorporar mudanças significativas", afirma ele. "É gerar valores para responder de forma positiva para um ecossistema que envolve a qualidade no atendimento ao paciente assim como a instituição hospitalar e as fontes pagadoras."

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O que precisa mudar na formação dos médicos para dar conta de um Brasil cada vez mais idoso?


Especializações, como gerontólogos e odontogeriatras, têm de crescer, mas todos os profissionais necessitam lidar com esse público
De acordo com dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de pessoas com mais de 50 anos já ultrapassou a marca de 55 milhões, o que representa 26% da população brasileira. Um dos reflexos desse envelhecimento é a necessidade do sistema de Saúde se adaptar às peculiaridades no atendimento. Os cursos superiores de Saúde ainda enfrentam desafios e resistências.

De acordo com Patrícia Ferreira, coordenadora do programa de longevidade da Rede D'Or, o número de geriatras em atividade é insuficiente. "Uma das questões é que o Brasil envelheceu antes de enriquecer."

Brasil possui 55 milhões de pessoas com mais de 50 anos, aponta o IBGE. Foto: interstid/Adobe StockPara ela, o País precisa investir na formação de gerontólogos e odontogeriatras, além de psicólogos e fisioterapeutas especializados nessa faixa etária. Ela esclarece que hoje a maioria das faculdades de Medicina já mantém um currículo específico. "A questão do envelhecimento atravessa quase todas as especialidades. É preciso melhorar a formação básica de todos os profissionais de Saúde para atender essa faixa etária e educá-los para essa situação."

Patrícia observa que ainda existem dificuldades para atrair o interesse dos estudantes para essas especialidades. "Uma delas é a questão do tempo que o profissional precisa dedicar ao paciente. É também uma população que tem mais doenças crônicas, o que exige uma avaliação ampla. Na Rede D'Or, temos esse trabalho com profissionais de todas as áreas. É necessário acolher essa população, que não para de crescer e tem necessidades específicas."

Outro aspecto que merece ser analisado com atenção é a concentração de geriatras nas regiões Sudeste e Sul do País. "Existem divergências econômicas e geográficas que precisam ser enfrentadas."

Patrícia Ferreira, coordenadora do programa de longevidade da Rede D'Or, reforça que o Brasil precisa investir na formação de gerontólogos e odontogeriatras, além de psicólogos e fisioterapeutas. Foto: DivulgaçãoLuciana Machado Paschoal, geriatra e preceptora da residência de geriatria do Hospital Israelita Albert Einstein, acredita que durante a formação médica é importante destacar as peculiaridades das pessoas com mais de 50 anos. "É um desafio educacional. Todos os formandos precisam ter experiência para lidar com essa faixa etária, que geralmente convive com mais comorbidades e síndromes geriátricas, o que muitas vezes exige avaliação multidisciplinar."

De acordo com ela, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia já oferece orientações específicas, mas nem todas as faculdades seguem. "Nos nossos cursos, a Saúde do Idoso já está incluída como disciplina do 3.º ano e os estudantes passam por estágios específicos."

A existência de uma disciplina específica ajuda, pois reforça o trabalho com as particularidades e integra aspectos físicos, psicológicos e sociais. Luciana explica, porém, que o número de profissionais dedicados a esse segmento ainda não acompanha o crescimento da população mais idosa.

Conforme André Fattori, docente responsável pela área de Geriatria na Faculdade de Medicina da Unicamp, o que acontece de modo geral é que não existe uma legislação sobre incluir o cuidado com idosos na formação dos estudantes da área de Saúde. "Não conseguimos acompanhar o desenvolvimento dessa faixa etária. Estamos em uma fase de transição."

De acordo com ele, o atendimento à população idosa é uma área para o futuro, mas que exige boa vontade pessoal dos profissionais, algo completamente diferente de uma rotina. "O paciente pode ter complicações físicas que dificultam a comunicação e a mobilidade. É preciso ter disponibilidade de tempo."

Segundo Fattori, nos países de primeiro mundo o envelhecimento foi mais lento. "Eles se adaptaram melhor. Aqui estamos sendo atropelados. Daqui a alguns anos a população com mais de 65 anos pode superar a de crianças com menos de 10 anos."

Por isso, existe uma insistência muito grande da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia na necessidade de supervisão qualificada dos novos profissionais que vão atuar com essa faixa etária e também com a reformulação dos currículos dos cursos superiores. "Enquanto isso não for institucionalizado, vamos sempre postergar essa formação."

Campanhas expõem preocupação com o diagnóstico de câncerO público com mais de 50 anos tem até 11 vezes mais risco de desenvolver câncer, segundo a Comissão de Oncogeriatria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Por isso, com marco nessa faixa etária, os cuidados com a Saúde se intensificam, o que faz com que campanhas sejam realizadas para diagnóstico e tratamento precoces, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul.

De acordo com Renata Maciel, chefe da Divisão de Detecção Precoce do Instituto Nacional do Câncer, o aumento de procura por esses procedimentos ocorre durante a realização das campanhas, mas cuidados precisam ser adotados o ano inteiro e orientações podem ser obtidas em www.inca.gov.br.

Ela ressalta que no caso do câncer de mama alguns cuidados podem ser tomados para evitar a ocorrência da doença, como reduzir o uso de álcool, ter uma alimentação saudável e realizar atividade física. No caso do tumor de próstata, "se for constatado qualquer sintoma em relação ao sistema urinário, como dificuldade em urinar, o homem deve procurar imediatamente um serviço de Saúde."

Paulo Hoff, presidente da Oncologia da Rede D'Or, alerta que entre os cânceres que mais preocupam estão exatamente esses dois. "A política brasileira para se fazer a prevenção do câncer de mama é razoável, a de próstata ainda não."

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Assessoria de Comunicação