Postado em: 26/09/2024

CLIPPING AHPACEG 26/09/24

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

A força do Cooperativismo Médico

Artigo - Por Que é Preciso Capacitar Médicos Analógicos no Uso das Tecnologias Digitais

Por unanimidade, STF decide que testemunha de Jeová pode recusar transfusão de sangue

Os planos de saúde e suas coberturas

Faltam vacinas em 1,5 mil municípios brasileiros

Diagnóstico precoce e redução de riscos: como a IA pode ser usada na medicina

Atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito aumentam 5% em comparação ao ano passado

MEDICINA S/A

A força do Cooperativismo Médico

Omar Abujamra Junior, presidente da Unimed do Brasil, explora o papel vital do cooperativismo médico e os impactos do Sistema Unimed na qualidade e acessibilidade dos serviços de saúde no Brasil.

O cooperativismo médico tem desempenhado um papel essencial na ampliação do acesso aos serviços de saúde privados e na redução da desigualdade, especialmente em áreas remotas e regiões carentes. Esse modelo coletivo e local, onde cada Unimed surge para atender às necessidades específicas de sua comunidade, agora cobre 10% da população brasileira, oferecendo serviços a mais de 20,5 milhões de pessoas.

Com presença em 92% dos municípios brasileiros e liderança de 39% do mercado de planos de saúde, a Unimed se destaca por sua gestão descentralizada e pela inovação contínua. Omar Abujamra Junior, presidente da Unimed do Brasil, detalha como o Sistema Unimed, com suas 340 cooperativas, contribui para a fixação de médicos e profissionais de saúde em áreas menos favorecidas.

Em entrevista exclusiva à revista Medicina S/A, o executivo também destaca os investimentos contínuos em infraestrutura, novas tecnologias e inovação em modelos de gestão clínica para aprimorar a experiência do cliente e a eficiência dos serviços.

Medicina S/A: Como você enxerga o papel do cooperativismo médico no cenário atual da saúde no Brasil e qual o impacto do Sistema Unimed nesse contexto?

Omar Abujamra: O cooperativismo médico tem contribuído para ampliar o acesso aos serviços privados de saúde e reduzir a desigualdade, especialmente no interior do país e em regiões onde esses recursos são mais escassos. Esse é um reflexo do nosso modelo de negócios, que é coletivo e de base local. Cada Unimed nasceu de sua própria comunidade, para responder ali às necessidades de saúde. Atualmente, atendemos a 10% da população brasileira – são mais de 20,5 milhões de pessoas cobertas por nossos planos de saúde e odontológicos, em todas as regiões. Das nossas 340 cooperativas, 294 são operações de pequeno ou médio porte que contribuem para fixar médicos e profissionais de saúde no interior. Ao longo dos anos, além de viabilizar os prestadores locais, construímos estruturas de saúde robustas e introduzimos novas tecnologias em hospitais, clínicas e serviços de diagnóstico. Esses investimentos trazem qualidade e segurança aos nossos médicos e clientes.

Medicina S/A: A Unimed está presente em 92% dos municípios brasileiros. Como essa ampla capilaridade contribui para a qualidade e a acessibilidade dos serviços de saúde?

Omar Abujamra: Nossos médicos e colaboradores vivem o dia a dia da sua comunidade. Além disso, as cooperativas possuem gestão independente e autonomia para definir suas prioridades assistenciais, investir em programas de cuidado ou novos serviços, de acordo com as demandas de cada região. A capilaridade nos permite desenvolver respostas e parcerias mais adequadas, localmente, e a integração de todo o sistema facilita a oferta contínua de atenção aos clientes. No conjunto, contamos com a maior rede de assistência da saúde suplementar, com 30 mil serviços credenciados em todo o Brasil. Na rede própria, são 163 hospitais e hospitais-dia, que totalizam 13,6 mil leitos, além de unidades de urgência e emergência, clínicas, centros de apoio diagnóstico e terapêutico, laboratórios, serviços de remoção e atenção domiciliar, entre outros.

Medicina S/A: Com 39% do mercado de planos de saúde, como a Unimed pretende manter sua liderança em um setor tão competitivo?

Omar Abujamra: A Unimed é o único modelo da saúde suplementar que se organiza a partir do cuidado médico e com forte presença nas comunidades. Portanto, nossa liderança se mantém ao longo das décadas com base em nosso compromisso com a qualidade e a segurança dos serviços, sempre trazendo inovação. Investimos em tecnologias e novos modelos de cuidado com a saúde, buscamos simplificar e agilizar nossos processos e desenvolvemos soluções personalizadas, com foco no bem-estar dos clientes, na dignidade dos médicos e na sustentabilidade de todo esse ecossistema.

Medicina S/A: Quais são as principais iniciativas do Sistema Unimed para valorizar os médicos cooperados e outros profissionais de saúde?

Omar Abujamra: Esse é outro diferencial da Unimed. Nossas cooperativas surgiram para prover aos médicos acesso ao mercado, em condições dignas e espaços de trabalho qualificados. Hoje, somos o modelo privado que preserva a maior autonomia e o poder de decisão dos médicos – seja na definição de políticas e protocolos assistenciais, seja nas deliberações sobre o negócio. A gestão, incluindo os resultados, é sempre compartilhada com os cooperados. Mais uma vez, cada Unimed desenvolve programas de relacionamento e valorização dos seus profissionais, adequados à sua realidade. No conjunto, temos iniciativas de capacitação, benefícios de proteção social, como planos de saúde, seguros e previdência complementar, apoio para modernização e digitalização dos consultórios, acesso a eventos e programas culturais, apenas como exemplos.

Medicina S/A: Como a Unimed tem inovado nos modelos de gestão clínica para garantir a qualidade e a segurança dos serviços prestados?

Omar Abujamra: Temos experiências em todo o país com foco na coordenação do cuidado para acompanhar e orientar a jornada do cliente em uma rede tão ampla de serviços. Digo que a tecnologia é aliada nesse processo. Como exemplo, cito as ferramentas de análise de dados e inteligência artificial para aprimorar a gestão clínica, priorizar linhas de cuidado, otimizar diagnósticos e tratamentos. Desenvolvemos também programas de avaliação da qualidade nas redes própria e credenciada, centrados na segurança do paciente – inclusive, há casos em que a Unimed incentiva a acreditação dos prestadores e remunera de forma diferenciada, a partir de indicadores pactuados. Como resultado, o Sistema Unimed se destaca na avaliação da ANS – no último IDSS [Índice de Desempenho da Saúde Suplementar, divulgado em janeiro], 20 das 25 operadoras com nota máxima são Unimed. E nossa nota supera a média do mercado, estando na faixa de excelência do índice.

Medicina S/A: A Unimed é referência em Atenção Primária à Saúde. Quais são as principais inovações em medicina preditiva e APS dentro do Sistema?

Omar Abujamra: Nos últimos 20 anos, a Unimed acumulou grande experiência nessas frentes. Em todo o país, são 98 iniciativas de atenção primária à saúde, além de 392 programas de promoção à saúde, prevenção e manejo de doenças crônicas, o que representa 63% de todos os programas aprovados pela ANS. Também somos reconhecidos como a organização do setor mais aberta à inovação, em parceria com startups – incluindo projetos de telemonitoramento e engajamento de pacientes, diagnóstico, prontuários e prescrições, e atendimentos em telessaúde. Outro exemplo é o uso crescente de ferramentas e algoritmos para identificar riscos e antecipar intervenções, prevenindo a reinternação, por exemplo. Tudo isso beneficia o paciente e contribui para produzirmos saúde.

Medicina S/A: Quais estratégias estão sendo adotadas pela Unimed para garantir a qualidade e a sustentabilidade dos serviços no longo prazo?

Omar Abujamra: Para você ter ideia do impacto assistencial do Sistema Unimed, nossas operadoras realizaram 631 milhões de consultas, internações e procedimentos em 2023. Essa produção equivale a R$ 87 bilhões em prestação de serviços. Enquanto os atendimentos cresceram 11%, o volume de recursos aumentou 18%. Tão importante quanto acompanhar esses grandes números é assegurar que os clientes tenham acesso aos serviços necessários e adequados ao seu perfil de saúde, no tempo certo, com qualidade e sem desperdícios. Para isso, estamos investindo no aumento da nossa eficiência assistencial e operacional, aprimorando a gestão clínica, desenvolvendo a rede prestadora e otimizando os processos internos com base em dados e tecnologia. Essas iniciativas são fundamentais para garantir que os recursos disponíveis sejam utilizados da maneira mais eficaz, melhorando a saúde e a experiência de cuidado para os nossos beneficiários.

Medicina S/A: Como a Unimed está utilizando novas tecnologias, inovação aberta, para transformar a gestão e as práticas assistenciais, além de melhorar a experiência do cliente?

Omar Abujamra: Pela nossa capilaridade e dada a necessidade de integrar as operações em todo o país, o Sistema Unimed foi pioneiro e se tornou referência para o setor no que se refere aos padrões para a troca de informações e interoperabilidade. Em 2021, lançamos em âmbito nacional o Plano Diretor de Tecnologia e Inovação. Nosso objetivo é ganhar sinergia e convergência nos investimentos realizados pelo Sistema Unimed em infraestrutura, sistemas de gestão, dados e canais digitais. Outro projeto em desenvolvimento é o Registro Eletrônico de Saúde, que qualifica as decisões médicas, permite acompanhar o paciente e evita a repetição de exames e procedimentos. Na inovação aberta, nosso Lab Hub Unimed fomenta parcerias com startups, investidores, parques tecnológicos e universidades. Ainda neste ano, lançaremos um programa para acelerar ideias inovadoras em escala nacional e outro, para capacitar cooperados e colaboradores no uso da inteligência artificial.

Medicina S/A: Como a Sistema está trabalhando para aprimorar a experiência humana e o cuidado centrado no paciente?

Omar Abujamra: Desenvolvemos o Jeito de Cuidar Unimed, modelo de gestão que coloca o cliente no centro das nossas ações para assegurar a experiência positiva em toda a sua jornada conosco. O modelo já alcança 10 milhões de beneficiários – metade da nossa carteira. Ao aderir, a Unimed faz um diagnóstico interno detalhado e planeja ações de melhorias voltadas a pessoas, processos e ambientes. No total, são 27 práticas que visam impactar os indicadores de satisfação e o vínculo do cliente – que subiram na última pesquisa nacional.

Medicina S/A: A Unimed tem 17 hospitais na lista dos 115 melhores do Brasil, segundo o ranking The World’s Best Hospitals 2024, da revista Newsweek. Quais são os fatores que levaram a esse reconhecimento internacional?

Omar Abujamra: Os principais fatores são a qualidade dos serviços e a satisfação dos pacientes. Desenvolvemos o Programa de Avaliação dos Hospitais Próprios do Sistema Unimed, que permite a cada unidade analisar seu desempenho e identificar melhorias que assegurem os padrões de segurança e qualidade. Hoje, nossos hospitais possuem 60 acreditações nacionais e internacionais.

Medicina S/A: Com mais de 170 mil profissionais formados, qual o papel da Faculdade Unimed na promoção da educação continuada e no fortalecimento do cooperativismo?

Omar Abujamra: Trata-se de um papel fundamental na capacitação dos nossos times e na formação de novos quadros para o Sistema Unimed, nas áreas de gestão, saúde e cooperativismo. Desde 2016, a Faculdade Unimed é uma instituição de ensino superior credenciada pelo Ministério da Educação. Em 2024, também conquistamos o reconhecimento como Instituto de Ciência e Tecnologia junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Essa certificação nos permite conduzir pesquisas básicas e aplicadas, inserindo o Sistema Unimed em redes de ensaios clínicos e outras modalidades de inovação em saúde, além de ampliar o acesso a editais e recursos.

Medicina S/A: Quais são os principais desafios e tendências para o Sistema Unimed e para o futuro da saúde suplementar no Brasil?

Omar Abujamra: Nosso propósito é cooperar para cada vez mais pessoas terem acesso à saúde com qualidade. E, para ser inclusivo, o sistema de saúde precisa ser mais efetivo, inovador e sustentável – a atual escalada de custos é insustentável, mesmo em países de alta renda. Em todo o mundo, o setor vem sendo transformado pela tecnologia, pelas demandas da longevidade e por fatores como as mudanças climáticas. Mas, no Brasil, essa agenda tem ficado em segundo plano em razão da instabilidade nas regras da saúde suplementar e do consequente desequilíbrio das operadoras. Precisamos superar essa conjuntura e recuperar a previsibilidade, com regras claras que aumentem a segurança assistencial, jurídica e econômico-financeira para todos os envolvidos. Uma característica das cooperativas é serem resilientes às crises – o Sistema Unimed tem quase 60 anos de história. Para nós, o futuro passa por fortalecermos ainda mais os nossos diferenciais de qualidade e aumentarmos a cooperação interna, explorando oportunidades em nosso ecossistema de negócios e aprendendo com nossas melhores experiências para escalar a inovação.

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FORBES BRASIL

Artigo - Por Que é Preciso Capacitar Médicos Analógicos no Uso das Tecnologias Digitais


Medicina é um dos ramos da ciência cada vez mais permeados pelas novidades tecnológicas


Quando comecei a atuar como oftalmologista, os pacientes iam ao meu consultório para trocar de óculos. Hoje, me procuram para se livrar deles fazendo, por exemplo, a cirurgia refrativa, popularmente conhecida como cirurgia de miopia. O eletrocardiograma é um exame corriqueiro para a avaliação da função cardíaca. Mas, há cerca de quatro décadas, os especialistas do coração produziam seu diagnóstico sem o auxílio dessa ferramenta. Ela, então, não existia. Ambos os casos ilustram como a medicina sempre andou de mãos dadas com os avanços da ciência. É essa simbiose que faz surgir tratamentos inovadores, traz a cura de doenças e permite que a gente viva mais e com mais saúde.

A medicina é um dos ramos da ciência cada vez mais permeados pelas novidades tecnológicas. Tal característica, ao mesmo tempo em que pode acelerar a solução de um problema que parecia insolúvel, é vista muitas vezes com desconfiança e até descrédito, o que, de certa forma, é natural. Tudo aquilo que desafia a norma estabelecida, o procedimento conhecido, tende a ser recebido em um primeiro momento com ressalvas. Quando o uso do estetoscópio para auscultar os sons internos do corpo se popularizou definitivamente, nos anos 1960, ouviu-se muito que os médicos estavam perdendo a capacidade de fazer diagnósticos, ao trocar sua sensibilidade treinada pela intermediação de um aparelho.

Reação semelhante vejo acontecer agora diante da opção pelas consultas remotas, a chamada telemedicina. De um lado, há pacientes duvidando que o médico consiga realizar um atendimento efetivo tendo contato somente por meio de uma videochamada. De outro, representantes da classe médica mostram temor de que esse tipo de recurso possa limitar a atuação dos profissionais de saúde. Na minha opinião, nem uma coisa nem outra.

A telemedicina pode, ao contrário, dar uma grande contribuição ao ecossistema de saúde - em especial aos sobrecarregados serviços de saúde pública - se empregada de forma a aproveitar uma das suas principais virtudes: fazer a triagem inicial de pacientes. Pela consulta de vídeo o médico tem condições de avaliar sintomas como febre, dores, erupções cutâneas ou problemas respiratórios, prescrever tratamento nos casos mais simples, ou então fazer o encaminhamento para um especialista ou recomendar atendimento presencial. Esse filtro inicial ajuda a otimizar recursos, evitando visitas desnecessárias as unidades de saúde, priorizando as situações mais urgentes.

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, a telemedicina é uma maneira de levar atendimento à população de regiões remotas. Durante a pandemia e, mais recentemente, nas enchentes que atingiram o sul do país, entre abril e maio, a ferramenta mostrou como pode ser útil dando acesso às consultas, permitindo o monitoramento de pacientes e, no caso da Covid-19, mitigando o risco de contágio de pacientes e médicos.

Citei o caso da telemedicina, mas posso falar da aplicação cada vez maior da Inteligência Artificial (IA) nos vários campos da medicina: pesquisa, diagnóstico e tratamento. Trata-se de uma ferramenta formidável, um sistema que pensa mais rápido e é capaz de processar mais dados do que o nosso cérebro consegue fazer. A IA é empregada com sucesso, por exemplo, na interpretação de imagens como ressonâncias e tomografias, na robótica cirúrgica garantindo procedimentos mais precisos e menos invasivos, fazendo a análise de dados clínicos e sintomas relatados pelo paciente, auxiliando o médico na tomada de decisão em casos complexos.

O impacto das novas tecnologias para a medicina é profundo e positivo. Um grande desafio, ao meu ver, está na capacitação dos profissionais de saúde, de maneira que entendem e sejam capazes de utilizar as ferramentas digitais em sua plenitude. À geração de médicos mais jovens, que foi alfabetizada digitalmente, isso não é um problema. Refiro-me aqueles acostumados as práticas e rotinas tradicionais. É preciso treiná-los para a nova realidade. Não podemos abrir da sua experiência e conhecimento. Afinal, mesmo a melhor tecnologia não substitui o olho clínico.

Claudio Lottenberg é mestre e doutor em oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde.

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CNN

Por unanimidade, STF decide que testemunha de Jeová pode recusar transfusão de sangue

Corte também reconhece direito a procedimento alternativo do SUS; denominação cristã vê segurança jurídica com a decisão

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira (25), que, por questões religiosas, testemunhas de Jeová têm o direito de recusar tratamentos médicos que envolvam transfusão de sangue.

Os fiéis dessa denominação cristã seguem o preceito de não receber sangue de outras pessoas.

Os ministros também decidiram que que as pessoas que recusam determinado procedimento médico por causa da religião têm o direito a tratamentos alternativos que já estejam disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive fora da sua cidade de residência, se necessário.

O placar foi unânime.

Para os ministros, o direito à recusa de transfusão de sangue por convicção religiosa tem fundamento nos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e a da liberdade de religião.

Conforme a decisão do STF, existem algumas condições para que uma pessoa recuse determinado tratamento por motivo religioso:

O paciente deve ser maior de idade e a escolha deve ser livre, informada e expressa;

A opção deve ser feita antes do ato médico. A pessoa pode deixar previamente estabelecida a sua decisão;

A escolha só vale para o próprio paciente e não se estende a terceiros.

Este último ponto vale também para filhos menores de idade de pais que sigam a religião.

Nesses casos, os pais só poderão optar pelo tratamento alternativo para os filhos se ele for eficaz, conforme avaliação médica.

Tese de julgamento

A decisão do STF foi dada em dois casos com origem em disputas judiciais envolvendo testemunhas de Jeová. Os processos têm repercussão geral, ou seja, a definição deverá ser adotada em todas as ações semelhantes na Justiça.

As teses de julgamento — apresentadas pelos relatores, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes — são as seguintes, respectivamente:

“1. Testemunhas de Jeová, quando maiores e capazes, têm o direito de recusar procedimento médico que envolva transfusão de sangue, com base na autonomia individual e na liberdade religiosa. 2. Como consequência, em respeito ao direito à vida e à saúde, fazem jus aos procedimentos alternativos disponíveis no Sistema Único de Saúde – SUS, podendo, se necessário, recorrer a tratamento fora de seu domicílio.”

“É permitido ao paciente no gozo pleno de sua capacidade civil recusar-se a se submeter a tratamento de saúde por motivos religiosos. A recusa a tratamento de saúde por razão religiosa é condicionada a decisão inequívoca, livre e informada, e esclarecida do paciente, inclusive quando veiculada por meio de diretiva antecipada de vontade. É possível a realização de procedimento médico disponibilizado a todos pelo Sistema público de saúde, com interdição da realização de transfusão de sangue ou outra medida excepcional, caso haja viabilidade técnica ou científica de sucesso, anuência de equipe médica da sua realização e decisão inequívoca livre e informada e esclarecida do paciente.”

O Supremo retomou nesta quarta (25) o julgamento sobre o tema. A análise começou na última semana.

“Segurança jurídica”

Em nota divulgada ao final do julgamento, as Testemunhas de Jeová no Brasil disseram que a decisão do STF dá segurança jurídica aos pacientes, hospitais e médicos, e está em “sintonia” com o decidido em outros países.

“Essa decisão fornece segurança jurídica aos pacientes, às administrações hospitalares e aos médicos comprometidos em prover o melhor tratamento de saúde, sempre respeitando a vontade do paciente”, disse a entidade.

Segundo as testemunhas de Jeová, deliberações semelhantes à do STF foram feitas por tribunais de países como Reino Unido, Itália, Canadá, Estados Unidos, África do Sul, Argentina, Colômbia e Chile.

“Além de estar respaldada por organismos internacionais, como a Corte Europeia de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos”, afirmaram.

“As Testemunhas de Jeová amam a vida e colaboram ativamente com os profissionais de saúde para receber o melhor cuidado médico possível. Manifestam sincera gratidão a esses profissionais e às autoridades que reconhecem e protegem seu direito de escolha em tratamentos médicos. Elas confiam que a cooperação, o respeito mútuo e a comunicação eficaz são fundamentais para que, juntos, médicos e pacientes enfrentem com êxito os desafios da saúde”.

Por que as testemunhas de Jeová não aceitam transfusão de sangue?

A religião das testemunhas de Jeová é uma denominação cristã que afirma ter cerca de 8,8 milhões de adeptos no mundo, com pregação em 239 países.

Conforme mostrou a CNN, o Departamento de Informações ao Público das Testemunhas de Jeová defende o chamado “gerenciamento do sangue do paciente” (PBM, na sigla em inglês), estratégia da medicina que reúne, desde o pré-operatório, medidas para evitar a necessidade de transfusão.

explicação para a recusa à transfusão, segundo a religião, está amparada tanto no Novo quanto no Velho Testamento. A fundamentação mais importante é que “Deus manda abstenção de sangue porque ele representa a vida, que é algo sagrado”.

A justificativa dos religiosos sobre os tratamentos com transfusão de sangue está respaldada por um posicionamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda preferencialmente a abordagem centrada no desejo do paciente, o PBM.

Durante o manuseio do sangue, alguns elementos incluem a prevenção de condições para que a transfusão de sangue seja evitável, através da promoção da saúde e identificação precoce das condições que resultem a necessidade de transfusão. Isso inclui boas práticas cirúrgicas, técnicas anestésicas que minimizem a perda sanguínea e o uso de métodos de conservação do sangue.

Os processos

Os dois casos em análise pelo STF têm origem em disputas judiciais de testemunhas de Jeová.

Após terem o custeio de tratamentos alternativos rejeitado, elas buscaram na Justiça formas de realizar cirurgias sem a transfusão de sangue, alegando o direito de proteção à liberdade religiosa.

O processo relatado por Gilmar Mendes é o de uma paciente que foi encaminhada para a Santa Casa de Maceió para a realização de uma cirurgia de substituição de válvula aórtica (localizada no coração).

A mulher se negou a assinar um termo de consentimento que previa a possibilidade de realização de eventuais transfusões de sangue durante o procedimento.

Ela acionou a Justiça dizendo estar ciente dos riscos da cirurgia sem transfusão de sangue, e que optou por rejeitar esse procedimento em respeito a sua religião.

Nas instâncias inferiores, a Justiça rejeitou o pedido da paciente. O argumento principal é que, embora haja declarações de médicos apontando ser possível realizar o procedimento sem a transfusão, não há garantias de que tal método seria isento de riscos para a paciente.

Já o outro processo, que está com Barroso, é um recurso da União contra decisão que a condenou, junto com o estado do Amazonas e o município de Manaus, a arcar com uma cirurgia sem transfusão de sangue em outro estado.

A condenação envolveu a ordem para pagar toda a cobertura médico-assistencial de um procedimento de artroplastia total (substituição de articulação por prótese).

O Amazonas não ofertava esse tipo de cirurgia sem transfusão de sangue.

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CANAL COM Q

Os planos de saúde e suas coberturas

Em meio aos processos relacionados às coberturas dos planos de saúde, especialista em direito médico comenta diversas questões importantes
AS


Em 2024, até julho, já foram registrados 1.620 novos processos contra planos de saúde. Os principais motivos para a judicialização de planos de saúde são: negativa de cobertura assistencial, principalmente para cirurgias e medicamentos, suspensão de contratos e reajuste de mensalidades. A advogada, especialista em direito médico, Rafaela Queiroz, explica que o que plano de saúde deve cobrir depende do tipo de plano, de qual segmento ele atende. O plano pode ser ambulatorial, hospitalar, com ou sem obstetrícia, plano de referência e plano odontológico. Então, de acordo com ela, cada um desses tem um pacote diferenciado. Ela ressalta que, a depender dessa classificação, o plano de saúde deve cobrir todos os procedimentos que estão regulamentados pela Agência Nacional de Saúde, a ANS, e estes podem ser consultados no próprio site da agência.

A judicialização dos planos de saúde tem aumentado nos últimos anos, atingindo um recorde em 2023. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) registrou 234.111 processos em 2023, um aumento de 60% em relação a 2020. Um ponto importante registrado pela profissional é que, c aso o plano de saúde, em uma situação de urgência e emergência, venha a se negar a cobertura do tratamento necessário indicado pelo médico assistente, essa conduta é considerada abusiva, ilegal, devendo a parte recorrer imediatamente à Justiça solicitando a autorização do atendimento por meio de uma liminar.

Uma situação a ser observada é o Home Care, ao qual a advogada faz algumas considerações importantes. "Home care não significa atendimento, pagamento e cobertura pelo plano de saúde de enfermeiros ou cuidadores, de fornecimento de fralda ou de medicação. As pessoas, que estão numa situação domiciliar e que necessitam destes cuidados, têm de ter esse atendimento custeado pela própria família e não pelo plano. Somente em casos em que a condição do paciente é de internação, porém não é conveniente que ele fique dentro de um hospital, é que o home care tem cabimento. É aí que se pode falar nesse atendimento". A coleta domiciliar de sangue, por exemplo, segundo a especialista, é um procedimento que também deve ser custeado, caso o paciente não tenha condições de se locomover, por exemplo, um acamado.

No que se refere à contratação de um plano de saúde, Rafaela explica que é necessário observar algumas situações, como os prazos de carência estabelecidos em contrato, qual a vigência deste, os reajustes, se é um plano para pessoa física ou pessoa jurídica - porque tem interferência na correção de valores dos planos, quais os direitos fornecidos ao paciente, qual a área de abrangência, qual a estrutura do plano para atendimento, se satisfaz àquela pessoa, por exemplo e se atende a área que ela reside. Outra situação que deve ser observada, para ela, é se o plano é regulamentado pela ANS. Além disso, deve-se observar qual tipo de plano, se ele é ambulatorial, se ele é hospitalar, qual tipo de acomodação que vai ser fornecida, tudo isso encarece o plano de saúde e pode ser uma situação decisiva na escolha da contratação.

A advogada destaca que o plano não precisa necessariamente cobrir certas situações, como, por exemplo, cirurgias para fins estéticos, próteses, por exemplo, para uma pessoa amputada, inseminação artificial, ou algo não previsto dentro das normas brasileiras ou considerados antiéticas. "Mas, há algumas particularidades como: ele pode ser condenado a fazer uma cirurgia plástica reparatória em razão de uma pessoa ter, por exemplo, ter passado por uma cirurgia bariátrica ou fornecer medicamentos para tratamento domiciliar, em caso de câncer, por exemplo, entre outras", conclui Rafaela Queiroz.

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PORTAL G7

Faltam vacinas em 1,5 mil municípios brasileiros


Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) revelou que mais de 1,5 mil municípios brasileiros enfrentam a falta de vacinas, com destaque para os imunizantes voltados ao público infantil. A ausência de vacinas como as contra varicela, covid-19 e meningocócica C afeta, principalmente, a proteção das crianças nessas localidades.

Este levantamento, realizado entre os dias 2 e 11 de setembro, contou com a participação de 2.415 municípios. Desses, 1.563 - o que corresponde a 64,7% dos participantes e cerca de 28% do total de municípios no Brasil - relataram falta de vacinas por pelo menos 30 dias.

Este cenário levanta preocupações sérias quanto à saúde pública e à imunização da população, sobretudo em um momento em que o controle de doenças transmissíveis é fundamental para evitar surtos e epidemias. Ao menos é o que defende o advogado Thayan Fernando Ferreira, especialista em direito de saúde e direito público, membro da comissão de direito médico da OAB/MG e diretor do escritório Ferreira Cruz Advogados

"A falta de vacinas pode causar um grave retrocesso nas conquistas obtidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), que ao longo das décadas contribuiu para a erradicação e controle de diversas doenças. A ausência de imunização regular coloca a população, especialmente crianças, em risco de contrair doenças evitáveis, o que pode aumentar a taxa de hospitalizações, complicações e até óbitos", indica o especialista.

Thayan reitera que a imunização é um direito garantido pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). "Esses dispositivos asseguram que todo cidadão, especialmente as crianças, tem o direito de receber vacinas para garantir sua saúde e prevenir doenças. Caso a falta de imunizantes seja identificada, a população pode recorrer ao Ministério Público ou à Defensoria Pública para cobrar do poder público o cumprimento desse direito", completa o advogado.

O caminho para garantir o acesso à vacinação pode incluir a denúncia junto aos órgãos de saúde municipal e estadual, além de buscar apoio em entidades de proteção à saúde. "Vacina é o mais básico dos pilares de saúde. Isso não pode faltar e, se faltar, o Estado tem a obrigação de reparar. Inclusive, há meios legais para recorrer tal reposição", salienta o diretor do Ferreira Cruz Advogados.

Neste ano, segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil avançou na imunização infantil e conseguiu sair da lista dos 20 países com mais crianças não imunizadas no mundo. Para isso, Mais de R$ 6,5 bilhões foram investidos em 2023 na compra de imunizantes e a previsão é que esses recursos alcancem R$ 10,9 bilhões em 2024. Ainda assim, faltam medicamentos.

"A situação relatada pela CNM evidencia a necessidade urgente de reforço nos estoques de vacinas e melhorias na distribuição, para garantir que a imunização, um dos pilares da saúde preventiva, não seja comprometida. Sem esse cuidado, o risco de retrocessos no controle de doenças graves pode colocar o sistema de saúde sob enorme pressão e trazer consequências devastadoras para a população, especialmente os mais vulneráveis", conclui Thayan.

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O HOJE

Diagnóstico precoce e redução de riscos: como a IA pode ser usada na medicina

Segundo Eduardo Lapa, cardiologista e um dos autores, a qualidade das respostas da IA depende da qualidade das perguntas dos usuários

A inteligência artificial (IA) está se consolidando na medicina, auxiliando em diagnósticos precoces, avaliação de riscos e melhorando a precisão dos exames. Para facilitar a interação dos médicos com essas ferramentas, especialistas lançaram um e-book gratuito, desenvolvido pela Afya em colaboração com a Microsoft.

O guia, voltado para profissionais com pouco ou nenhum contato com tecnologia, aborda soluções disponíveis e o acesso a chatbots, dividindo-se em cinco partes. Segundo Eduardo Lapa, cardiologista e um dos autores, a qualidade das respostas da IA depende da qualidade das perguntas dos usuários. “Para que o médico possa tirar o máximo proveito da inteligência artificial, é importante saber como interagir com a ferramenta. A forma como você pede algo à IA influencia a resposta dela. A qualidade da resposta depende da qualidade da pergunta ou do pedido do usuário”.

O e-book também ensina a personalizar questionamentos usando a metodologia FOCO, permitindo que médicos obtenham respostas mais eficazes com base em informações específicas. Além disso, o guia também oferece orientações sobre como extrair conhecimento de materiais complexos e automatizar tarefas rotineiras.

Lapa destaca que a IA pode aliviar os médicos de tarefas burocráticas, permitindo-lhes focar mais na relação com os pacientes e na busca de referências científicas.

Pesquisa

Pesquisas recentes demonstram o potencial da IA na detecção precoce de doenças. Um modelo desenvolvido no Japão prevê a infertilidade masculina com 74% de precisão além disso, um estudo da Universidade de Cambridge consegue prever o desenvolvimento do Alzheimer com até 82% de precisão.

No Brasil, a tecnologia já está sendo aplicada em diversas iniciativas, como o OncoSeek, que detecta múltiplos tipos de câncer no estágio inicial, e um modelo assistencial do Hospital Israelita Albert Einstein, que visa detectar a piora clínica de pacientes internados. Essas soluções têm mostrado resultados promissores, como a redução de eventos adversos e otimização de internações.

A implementação da IA na medicina representa um avanço significativo, prometendo transformar a prática médica e melhorar a qualidade do atendimento.

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Atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito aumentam 5% em comparação ao ano passado

O hospital também atendeu 973 vítimas de acidentes automobilísticos e 386 de atropelamentos

O Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) atendeu 4.094 vítimas de acidentes de trânsito entre janeiro e agosto de 2024, um aumento de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 3.903 pacientes receberam atendimento.

Em celebração ao Dia Nacional do Trânsito, que ocorre nesta quarta-feira (25), a unidade usará a data para alertar a população sobre a importância de cuidados no trânsito. O atendimento a vítimas de acidentes representa 11% do total de atendimentos de urgência e emergência do hospital, que atende pacientes de todo o estado de Goiás.

Fabrício Cardoso Leão, médico ortopedista e Diretor Técnico do Hugol, enfatizou que os acidentes impactam não apenas o hospital, mas também as famílias e a comunidade. “Esses acidentes afetam não só as famílias, mas toda a comunidade. Nosso objetivo é cuidar de vidas, e, por isso, trabalhamos para tratar as vítimas e conscientizar sobre a prevenção”, comentou.

Leão destacou a importância de respeitar as leis de trânsito, usar capacete e cinto de segurança, e evitar o uso de celulares enquanto dirige. “O trânsito é responsabilidade de todos. Faça sua parte para que menos pessoas precisem ser atendidas no Hugol. Juntos, podemos salvar vidas”, concluiu.

Vítimas

De acordo com os dados do Hugol, a maioria dos atendimentos se relaciona a acidentes com motos, com 2.735 vítimas registradas entre janeiro e agosto de 2024. O hospital também atendeu 973 vítimas de acidentes automobilísticos e 386 de atropelamentos.

Entre os atendidos, 1.267 são do sexo feminino e 2.827 são do sexo masculino, representando 69% das vítimas sendo homens. Quanto à faixa etária, 47% dos pacientes têm entre 30 e 59 anos, enquanto 39% têm entre 10 e 29 anos.

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Assessoria de Comunicação