Postado em: 18/06/2024

CLIPPING AHPACEG 18/06/24

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Indústria farmacêutica: uma perspectiva sobre programas de pacientes

Inteligência Artificial impulsiona modernização da infraestrutura de TI na saúde

Hospital Estadual de Águas Lindas é inaugurado com mais de 160 leitos após quase 20 anos em construção

Homem é preso com abortivos proibidos no Brasil, anabolizantes, remédios controlados e carimbos de médicos

“Questão de saúde pública”: Goiás realizou 23 abortos legais em 2024

SAÚDE BUSINESS

Indústria farmacêutica: uma perspectiva sobre programas de pacientes

Article-Indústria farmacêutica: uma perspectiva sobre programas de pacientes

Cassyano Correr*

A indústria farmacêutica é um dos pilares fundamentais da saúde global, fornecendo tratamentos essenciais que vão ao encontro de inúmeras doenças e condições médicas. Além do desenvolvimento e da comercialização de remédios, a implementação de programas de pacientes segue moldando tanto o futuro do setor quanto o atendimento na área. 

Essas iniciativas, que visam oferecer suporte além do medicamento em si, têm sido peças fundamentais no que diz respeito ao cuidado holístico das pessoas. Atualmente, existem diferentes tipos de benefícios, construídos conforme as características dos pacientes, da indústria e de seus produtos: 

Programas de acesso: O objetivo é reduzir as barreiras financeiras que impedem os indivíduos de iniciar ou continuar o tratamento. Ações desse tipo podem ajudar a mitigar disparidades, democratizando o acesso e fornecendo recursos e suporte específicos para as necessidades de pessoas que vivem em comunidades carentes, por exemplo. 

Programas de fidelização: Incentivam a lealdade do consumidor por meio de benefícios adicionais. Podem incluir sistemas de recompensas (réguas de loyalty) que estimulam os pacientes a se manterem engajados com a marca ou o tratamento. 

Programas de suporte em escala: Combinam acesso e lealdade com suporte ao longo da jornada clínica. Esses programas são mais tecnológicos, oferecendo pontos de contato humano quando necessário, operando numa escala um-para-muitos (1:n). 

Programas de suporte individualizados: Focados em doenças raras ou medicamentos de alto custo, priorizam alto nível de suporte humano e relacionamento um-para-um (1:1). São essenciais para pacientes que necessitam de acompanhamento mais próximo devido à complexidade dos tratamentos. 

Para se ter ideia, hoje, milhões de pessoas são atendidas por meio de algum PBM (Programa de Benefício de Medicamento) e diversos remédios são contemplados, entre genéricos, similares e de referência. Além disso, mais de 70 mil farmácias e drogarias em todo o país podem participar desse mercado e oferecer medicamentos e correlatos com valores muito mais acessíveis, e com grande desconto, dependendo do fornecedor. 

Nesse contexto, as unidades que não aderem a programas que facilitam, sobretudo, a vida e o bem-estar da população, provavelmente já estão perdendo uma boa oportunidade de movimentar os negócios. 

Obstáculos a superar

Mas, como nem tudo são flores, o setor também enfrenta desafios que exigem estratégias eficazes para garantir o sucesso das iniciativas. Expandir ainda mais os serviços agregados nas farmácias é um deles. Isso porque ainda há uma lacuna a ser preenchida para garantir que todas as comunidades tenham acesso a uma ampla gama de soluções de saúde. Assim, quanto mais unidades aderirem a esse progresso, mais os estabelecimentos fortalecerão o papel de parceiros essenciais no ecossistema farmacêutico. 

Outra questão crucial diz respeito à integração tecnológica. Afinal, é preciso contar com recursos de ponta para melhorar o suporte ao paciente e a eficiência dos programas, sem perder o toque humano essencial para o engajamento dos indivíduos. Além disso, assegurar a proteção da privacidade do usuário e a conformidade com as leis de saúde é também essencial frente a um mundo cada vez mais digital. 

Empresas bem-sucedidas nesse mercado são justamente aquelas que conseguem integrar a tecnologia de maneira humanizada, oferecendo serviços que atendem às necessidades individuais dos pacientes, ao mesmo tempo que navegam com sucesso pelo ambiente regulatório. 

Como se vê, os programas de pacientes representam uma evolução importante na forma como a indústria farmacêutica aborda o cuidado com a saúde. Eles reconhecem que o sucesso do tratamento vai além da eficácia do medicamento e que é necessário um enfoque holístico para garantir melhores resultados. Ao superar obstáculos que passam pela expansão de serviços, integração tecnológica e boas práticas de compliance, é possível oferecer oportunidades únicas para melhorar o acesso e promover benefícios a todos os envolvidos. 

*Cassyano Correr é diretor de Marketing da Interplayers. 

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MEDICINA S/A

Inteligência Artificial impulsiona modernização da infraestrutura de TI na saúde

Nutanix, empresa de computação multicloud híbrida, anunciou as conclusões de sua sexta pesquisa e relatório anual global de pesquisa Healthcare Enterprise Cloud Index (ECI), que mede o progresso empresarial de adoção de nuvem na indústria. A investigação mostrou que a adoção da multicloud híbrida está crescendo dentre as organizações de saúde, uma vez que a maioria está a aumentar significativamente os investimentos na modernização da TI.

O relatório ECI Healthcare deste ano revelou que o uso de modelos multicloud híbridos na área da saúde deverá duplicar nos próximos três anos. Os decisores de TI nas organizações de saúde estão a enfrentar novas pressões para modernizarem as infraestruturas de TI para aproveitarem eficazmente o poder da IA, mitigarem os riscos de segurança e serem mais sustentáveis.

As organizações de saúde lidam com grandes quantidades de informações pessoais de saúde (PHI) que podem ser complexas de gerenciar devido à necessidade de permanecerem em conformidade com regulamentações como a Lei de Responsabilidade e Portabilidade de Seguros de Saúde (HIPAA). À medida que as organizações de todos os setores continuam a lidar com as complexidades da movimentação de aplicações e dados entre ambientes, as soluções multicloud híbridas proporcionam benefícios importantes às organizações de saúde, incluindo ajudá-las a simplificar as operações, proporcionar melhores resultados aos pacientes e melhorar a produtividade dos médicos. O relatório ECI Healthcare constatou que a adoção do modelo operacional multicloud híbrido nas organizações de saúde aumentou 10 pontos percentuais em relação ao ano passado, saltando de 6% para 16%. Embora a implantação tenha ficado atrás de outros setores no ano passado, a saúde está agora no mesmo nível de todos os setores (15%).

“As organizações de saúde têm ficado para trás na adoção de tecnologia, mas vimos um aumento impressionante na modernização somente no último ano – impulsionado pela IA e pela necessidade de portabilidade de dados”, disse Scott Ragsdale, diretor sênior de vendas, U.S. Healthcare na Nutanix. “Em todos os setores, 80% dos entrevistados do ECI em saúde planejam investir na modernização da TI, com 85% planejando aumentar seus investimentos especificamente para apoiar a IA. As organizações de saúde não são diferentes, concentrando-se hoje em infraestruturas de TI preparadas para o futuro para se prepararem para as necessidades de amanhã – incluindo IA e sustentabilidade.”

Os entrevistados da pesquisa de saúde foram questionados sobre seus desafios atuais na nuvem, como estão executando aplicativos de negócios hoje e onde planejam executá-los no futuro. As principais conclusões do relatório deste ano incluem:

As organizações de saúde aceleraram a utilização de vários modelos operacionais de TI e as suas implementações mistas de TI, atuais e planeadas, ultrapassam agora as do conjunto de respostas globais. Conforme o estudo, 73% dos entrevistados do ECI em organizações de saúde relataram o uso de vários modelos de TI este ano, em comparação com 53% no ano passado. Ano passado, os cuidados de saúde estavam sete pontos percentuais atrás da média dos vários setores e agora ultrapassam a média em 13 pontos.

Quando as organizações de saúde investem em infraestrutura de TI, a portabilidade da carga de trabalho e o suporte de IA são prioridades — e os orçamentos do próximo ano refletem essas prioridades. Os entrevistados do ECI no setor de saúde identificaram a IA e a flexibilidade para movimentar cargas de trabalho entre infraestruturas de nuvem pública e privada como o fator mais importante que impulsiona as decisões de compra, com 17% cada, seguido em importância pelo potencial de desempenho da infraestrutura (14%) e quão bem ele se presta ao sucesso da soberania dos dados e ao gerenciamento da privacidade (14%).

As flutuações e preocupações de segurança e conformidade são os principais motivos pelos quais as empresas transferem suas aplicações para uma infraestrutura diferente. A esmagadora maioria dos entrevistados do setor de saúde (98%) e de todos os setores (95%) responderam que migraram uma ou mais aplicações nos últimos 12 meses, impulsionando a necessidade em suas organizações de carga de trabalho simples e flexível entre nuvens e portabilidade de aplicativos. Isto está a ser largamente alimentado pela mudança dos requisitos relacionados com a segurança, de acordo com os inquiridos.

A IA tem ampla aplicabilidade no sector da saúde e os entrevistados consideram-na uma prioridade e um desafio. Os entrevistados do ECI compartilharam que o suporte à IA é considerado o principal critério de compra de infraestrutura de TI entre as organizações de saúde. Além disso, a implementação de estratégias de IA ficou em segundo lugar quando os entrevistados da área de saúde classificaram o que consideravam a maior prioridade para os CIOs, CTOs e liderança de suas organizações (17%). 84% das organizações de saúde afirmaram que iriam aumentar os investimentos na estratégia de IA no próximo ano. O mesmo grupo, no entanto, considerou amplamente a gestão da IA um desafio (82%).

Os desafios mais bem classificados nos departamentos de TI da área da saúde estão relacionados com operações em vários ambientes, segurança e sustentabilidade. Quando solicitados a nomear seu principal desafio de gerenciamento de dados atualmente, uma porcentagem igual de entrevistados de ECI de saúde identificaram o cumprimento das diretrizes de armazenamento/uso de dados e a vinculação de dados em ambientes distintos (20%) como o principal fator. Outras questões de segurança de dados, incluindo o combate ao ransomware e a garantia da privacidade dos dados, foram citadas pelo próximo maior número de entrevistados (17%).

Pelo sexto ano consecutivo, Vanson Bourne conduziu uma pesquisa em nome da Nutanix, entrevistando 1.500 tomadores de decisão de TI e DevOps/Engenharia de Plataforma em todo o mundo em dezembro de 2023. A base de entrevistados abrangeu vários setores, tamanhos de negócios e geografias, incluindo Norte e Sul América; Europa, Médio Oriente e África (EMEA); e região Ásia-Pacífico-Japão (APJ).

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PORTAL G1

Hospital Estadual de Águas Lindas é inaugurado com mais de 160 leitos após quase 20 anos em construção

Unidade vai funcionar por meio de encaminhamentos feitos pelo Complexo Regulador Estadual para casos de urgência e emergência. Expectativa é beneficiar cerca de 1,2 milhão de moradores de 31 municípios.

O Hospital Estadual de Águas Lindas de Goiás (Heal) foi inaugurado nesta segunda-feira (17) depois de quase 20 anos em construção. Segundo o governo estadual, a unidade vai funcionar por meio de encaminhamentos feitos pelo Complexo Regulador Estadual para casos de urgência e emergência e terá um total de 164 leitos (veja abaixo quais os serviços oferecidos).

A inauguração aconteceu com a presença do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), e da ministra de Saúde, Nísia Trindade Lima. Segundo o governo estadual, o Hospital Estadual de Águas Lindas vai contar com 16 mil metros quadrados de área construída divididos em 18 blocos. Além disso, os mais de 160 leitos incluem uma maternidade e 40 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) (veja detalhes dos serviços oferecidos abaixo).

“Só a região do Entorno do Distrito Federal que não tinha nenhum [hospital estadual]. Hoje é um momento muito especial para mim. Agradeço a Deus em poder ter um hospital como esse, que tem médicos, enfermeiros, servidores atendendo e examinando pacientes [...] com carinho e com gestos humanitários", comemorou o governador.

Serviços oferecidos

Além dos mais de 160 leitos, a unidade conta com maternidade, exames e serviços de média e alta complexidade. Entre esses serviços, estão:

tomografia;

ressonância magnética;

raio-X;

ultrassom;

bancos de sangue e leite;

cirurgias.

Com a inauguração, a expectativa, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), é de beneficiar cerca de 1,2 milhão de moradores de 31 municípios da região nordeste de Goiás. Além disso, o governo disse que a meta anual de atendimento é de 6,5 mil internações, 660 cirurgias eletivas, 15,9 mil consultas médicas, 17,5 mil consultas multiprofissionais, 1,6 mil atendimentos de hospital dia e 342,7 mil exames.

Obras e inauguração

A obra do hospital foi licitada em 2005 e, depois de se arrastar por anos, foi retomada em 2021. Segundo o governo de Goiás, o investimento feito no hospital é de mais de R$ 157 milhões, sendo R$ 110,1 milhões de construção e R$ 47,7 milhões na aquisição de equipamentos e de mobiliário.

A secretaria detalhou que, após a realização da licitação em 2005, que seria custeada por um convênio realizado entre o Estado de Goiás e o município de Águas Lindas, as obras oficialmente começaram em 2007. No entanto, o governo estadual destacou que as obras foram paralisadas em 2008 depois de questionamentos feitos pelo Ministério Público.

Ainda segundo a secretaria, em 2009 foi feita uma nova licitação e em 2013, por decisão do Ministério da Saúde, o projeto foi transferido para a gestão estadual. No entanto, o governo acrescentou que, ainda assim, as obras continuaram paradas e avançaram lentamente até 2018.

De acordo com o governo estadual, as obras foram novamente paralisadas em 2018 por acúmulo de dívidas e posteriormente retomadas em 2019.

Primeiros pacientes

O hospital vai ser administrado pela Organização Social de Saúde Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (OSS HMTJ). Os primeiros pacientes já foram recebidos no hospital no domingo (16) anterior à inauguração. O chamado paciente "número um" foi um agricultor de 69 anos que estava internado no Hospital Municipal Dom Luiz Fernandes, em Santo Antônio do Descoberto, desde o dia 6 de junho. Segundo o governo de Goiás, o homem aguardava transferência para tratamento de pneumonia.

O "paciente um" foi levado ao leito e avaliado pelos profissionais do novo hospital estadual. Os médicos informaram que ele passaria por um raio-x para análise da função pulmonar após os exames laboratoriais. Ainda na tarde de domingo, outros três pacientes trazidos de ambulância de municípios próximos a Águas Lindas de Goiás deram entrada na unidade.

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Homem é preso com abortivos proibidos no Brasil, anabolizantes, remédios controlados e carimbos de médicos

Na casa dele, foram encontrados 22 carimbos de médicos e diversos blocos de receitas em branco. Polícia investiga se os carimbos foram falsificados ou há outras pessoas envolvidas no crime.

Homem é preso com abortivos proibidos no Brasil, anabolizantes e remédios controlados

A Polícia Civil prendeu um homem suspeito de vender anabolizantes, remédios controlados e até abortivos que são proibidos no Brasil, em Goiânia. Na casa dele, foram encontrados 22 carimbos de médicos e diversos blocos de receitas em branco.

g1 não localizou a defesa do suspeito até a última atualização da reportagem.

A prisão do homem foi feita em flagrante durante uma ação na casa dele, no Setor Colorado, na última sexta-feira (14). A polícia afirma ter recebido uma denúncia anônima sobre a atuação ilegal do suspeito e, após também fazer alguns levantamentos de inteligência, decidiu realizar uma operação.

Foram encontrados 22 carimbos de médicos e diversos blocos de receitas em branco na casa do suspeito, em Goiânia — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Com isso, a polícia descobriu que a casa do homem funcionava como um depósito para diversos medicamentos que causam dependência e são sujeitos a controle rigoroso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como morfina, e também medicamento abortivo, proibido de ser comercializado no Brasil.

Além disso, foram encontrados 22 carimbos de médicos e diversos blocos de receitas em branco, com assainatura de médicos e psiquiatras goianos. Agora, a polícia vai investigar se os carimbos foram falsificados ou se tem outras pessoas envolvidas no crime.

"Esses carimbos, a maioria deles, assinados por psiquiatras e neurologistas aqui do estado de Goiás. Há suspeita e as investigações vão continuar no sentido de verificar a provável falsificação de receitas e usos indevidos desses carimbos pelo suspeito", disse o delegado do caso, Murillo Leal.

A polícia também fez buscas no carro do suspeito, pois ele foi abordado quando dirigia, e encontrou mais remédios.

A ação contou com o apoio da Vigilância Sanitária de Goiânia (VISA), que constatou que o homem não possui alvará ou autorização para a comercialização dos medicamentos e não apresentou notas fiscais de aquisição dos mesmos. Por conta disso, a VISA autuou o suspeito com uma multa de R$ 70 mil e apreendeu todos os medicamentos para fins de descarte.

"É de suma importância que a população, ao adquirir medicamentos, principalmente de tarja preta, remédios controlados, procure um médico especializado e procure a drogaria, porque um medicamento fora da lei pode causar sérios riscos à saúde. A pessoa, além de criar dependência, ela pode chegar até a suicídio com o tipo de medicamento que ela toma", orientou o diretor da Vigilância Sanitária, Leonardo Catoira.

O suspeito foi conduzido para a Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde foi lavrado o auto de prisão em flagrante pelo crime de manter em depósito produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais sem registro do órgão de Vigilância Sanitária competente.

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JORNAL OPÇÃO

“Questão de saúde pública”: Goiás realizou 23 abortos legais em 2024

Ao Jornal Opção, José Ricardo Lopes, ginecologista obstetra e ex-titular do ambulatório de Apoio às Vítimas de Violência Sexual do Hemu analisa PL 1904/24

Informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostram que o estado de Goiás realizou, até maio deste ano, 23 interrupções legais de gestações. Destes casos, 19 se deram devido à gestação oriunda de violências sexuais e quatro por diagnóstico de anencefalia fetal. Vale ressaltar que o único estabelecimento em Goiás autorizado a realizar interrupções legais de gestações é o Hospital Estadual da Mulher (Hemu).

Na unidade, vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS), existe um ambulatório de Atendimento à Vítimas de Violência Sexual que fornece atendimento e acompanhamento multidisciplinar para essas mulheres, incluindo psicólogos. Até maio deste ano, foram 1.324 atendimentos realizados pela equipe do Hemu, dos quais resultaram em 23 abortos legais. Em nota, o Hemu disse que “o ambulatório se destaca por seguir as normativas que estabelecem a realização de Interrupção Legal da Gravidez (ILG) anteriormente às 22 semanas de gestação”.

Em entrevista ao Jornal Opção, o ginecologista obstetra e ex-titular do ambulatório de Apoio às Vítimas de Violência Sexual do Hemu, José Ricardo Lopes, reforça que “no estado de Goiás, nós só realizamos interrupções abaixo de 22 semanas”. O especialista afirma que os critérios para definição do aborto legal são estipulados pela lei, e não pelas diretrizes de cada hospital. Nesse sentido, só se realizam interrupções legais de gravidez em três casos: anencefalia fetal comprovada por dois médicos diferentes (e em momentos diferentes da gestação), risco à vida da gestante e casos de gravidez oriundas de estupro. 

O Hemu explica que os atendimentos às vítimas de violência sexual “incluem exames físicos, anticoncepção de emergência, profilaxia de doenças sexualmente transmitidas, atendimento psicológico e orientações legais”. No ano passado, foram realizados no ambulatório 3.857 atendimentos, dos quais 44 levaram à interrupção legal das gestações antes da 22° semana de gravidez. Qualquer interrupção legal em Goiás após esse período, deve acontecer via determinação judicial. 

Após a 22° semana 

Quando questionado sobre os motivos que levam as pacientes a procurarem o sistema de saúde após a 22° semana de gestação, o ginecologista obstetra afirma que a desinformação é um dos principais motivos. A maioria das pacientes que buscam o atendimento de forma tardia, segundo afirma o especialista, são meninas e adolescentes vítimas de violência. “É difícil para essa criança, muitas das vezes, identificar que foi vítima de uma violência sexual”, explicou. 

Ciclos menstruais irregulares, descrença por parte dos familiares quando a criança denuncia a violência e educação sexual inexistente (o que impossibilita as crianças lerem os sinais do próprio corpo) podem atrasar o diagnóstico da gravidez.  “Essa violência vem geralmente de um familiar ou conhecido da família”, elencou outro ponto que pode dificultar qualquer tratamento à vítima. 

PL 1904/24

José Ricardo comenta o projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional, o PL 1904/24, que prevê igualar abortos após a 22° semana de gestação ao crime de homicídio, mesmo em casos de gravidez oriunda de estupro. Após destacar que a maioria dos casos de aborto legal no país acontecem antes da 22° semana, o especialista diz que “se esse PL fosse votado, aprovado e sancionado, ele estaria condenando essas crianças a uma gestação, com 11, 12 anos”. 

Na perspectiva do ginecologista, a forma como essa discussão surgiu dentro do Congresso Nacional foi equivocada, evitando as comissões de Constituição e Justiça e de Defesa dos Direitos da Mulher. O médico afirma que a discussão surgiu com caráter político, religioso e eleitoreiro. “O aspecto de saúde pública foi deixado de lado, e a questão do aborto é uma questão de saúde pública”, declarou. 

Quando questionado sobre a intenção do PL de também aumentar a pena para profissionais de saúde que realizam os procedimentos, o ginecologista é categórico ao afirmar: “Criminalizar a ação do médico é interferir na saúde pública, interferir na profissão e interferir no corpo feminino”.

Procedimento

Todo procedimento legal de interrupção de gestação, seja anterior ou posterior à 22° semana, é determinado por instituições internacionais, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). José Ricardo conta que, segundo os parâmetros internacionais adotados pelo Brasil, abortos anteriores à 22° semana de gestação se dão por via medicamentosa, enquanto aqueles posteriores a esse período demandam a assistolia fetal (procedimento para parar o batimento cardiáco do feto fazendo uso de técnica de medicina fetal guiada por ultrassom) junto ao procedimento medicamentoso. 

“Ninguém gostaria de que ele [interrupção após a 22° semana de gestação] acontecesse. A paciente não gostaria, o serviço de saúde não gostaria e o profissional de saúde não gostaria de realizar esse aborto”, resumiu o especialista. 

José Ricardo acredita que o endurecimento legal sobre o assunto não garante o fim da realização de abortos, só um aumento no caso de interrupções ilegais, que contam com procedimentos variados, clínicas clandestinas e em situações de desespero. “Proibir o aborto não diminui o número de procedimentos, só torna com que eles sejam inseguros, caros e com muitas mortes”, resumiu.

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Assessoria de Comunicação