Postado em: 13/12/2022

Pesquisa traz retrato dos Núcleos de Segurança do Paciente do país

young female surgeon with medical team in back before surgery

 

Um retrato atual dos Núcleos de Segurança do Paciente, a partir de dados inéditos fornecidos por 400 serviços de saúde localizados nas cinco regiões do país, foi divulgado pela Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp) com a pesquisa “Demografia dos Núcleos de Segurança do Paciente no Brasil”. 

Os Núcleos de Segurança do Paciente (NSP) foram criados pela Resolução da Anvisa RDC 36/2013, emitida logo após o lançamento do Programa Nacional de Segurança do Paciente. Os NSPs podem ser considerados a célula mater da segurança do paciente nas organizações de saúde brasileiras.

Para traçar o panorama, a Sobrasp utilizou dados próprios e dados secundários disponibilizados pela Anvisa, DataSUS e Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. O objetivo é trazer subsídios para o fortalecimento dos NSPs brasileiros, para políticas voltadas à área e para o fortalecimento do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).

A pesquisa foi conduzida pela equipe do Núcleo de Informações Estratégicas da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e da Segurança do Paciente ao longo de 2022, e respondida por coordenadores de Núcleos de Segurança do Paciente das instituições ou diretores técnicos da unidade de saúde.

Dos 400 respondentes, 87,5% são núcleos de hospitais

Segundo Flávia Portugal, analista dos dados do estudo e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o número demonstra que, embora a Resolução da Anvisa RDC 36/2013 preconize a existência de núcleos de segurança do paciente em todos os serviços de saúde – público, privado, filantrópico, civil ou militar, ensino e pesquisa – ainda é preciso avançar na criação desses núcleos em outros cenários, por exemplo, na atenção primária, em maternidades e pronto-atendimentos.

“Eventos adversos que provocam danos aos pacientes ocorrem em qualquer serviço”, pontua. A professora também chama a atenção para uma contradição revelada pelas respostas:

A grande maioria (94%) diz receber apoio da alta gestão, porém…

  • 32% não têm reuniões com a alta gestão;
  • 59,8% não recebem recursos financeiros para suas ações;
  • 52% dos núcleos não têm espaço físico para suas atividades;
  • Em 61,5% deles, o profissional coordenador não tem dedicação exclusiva;
  • Em 50,5% dos núcleos, os demais profissionais que compõem a equipe não têm horas dedicadas especificamente para as atividades do núcleo.

Segundo Antônio José de Lima Junior, membro do Núcleo de Informações Estratégicas da Sobrasp e chefe do Setor de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do Hospital das Clínicas de Uberlândia, as análises estatísticas também mostraram que a proporção maior de um Plano de Segurança implantado – medida também preconizada pela RDC 36 – se deu nos serviços em que os profissionais têm horas semanais exclusivas dedicadas ao trabalho dos Núcleos de Segurança do Paciente, e onde os coordenadores dos núcleos estão há mais tempo nessa função, por exemplo.

“Ou seja, quanto mais longa a permanência na instituição, maior o conhecimento da sua estrutura e funcionamento e maior o envolvimento do profissional, possibilitando mais sucesso das iniciativas”, ressalta.

Todas as informações da pesquisa “Demografia dos Núcleos de Segurança do Paciente no Brasil” estão anonimizadas e protegidas no contexto da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Nenhum estabelecimento foi identificado.

(Fonte: Medicina S/A)