CLIPPING AHPACEG 08/11/22
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUE
Custeio do piso da enfermagem entra na pauta da Câmara. Suspensão pelo STF termina hoje
Diagnóstico de câncer de próstata em homens é tardio pelo déficit de visitas ao médico
PGR quer arquivar acusação da CPI da Covid contra Bolsonaro
Covid: Médicos defendem tomar 3ª e 4ª doses, mas não veem necessidade de 5º reforço para todos
Ultraprocessados estão ligados a 57 mil mortes no Brasil em um ano
Doses mais altas em menos dias possibilitou tratar mais pacientes com radioterapia no SUS, mesmo na pandemia
REDE BRASIL ATUAL
Custeio do piso da enfermagem entra na pauta da Câmara. Suspensão pelo STF termina hoje
Deputados podem votar nesta segunda projeto que autoriza transferência de recursos ociosos que seriam utilizados no enfrentamento da pandemia de covid-19 para destravar o piso
São Paulo – O plenário da Câmara dos Deputados pode votar nesta segunda-feira (7), em sessão a partir das 17h, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 44/2022 que prorroga para 2023 a liberação de recursos dos fundos estaduais e municipais de saúde e assistência social. A medida, já aprovada pelo Senado, é uma alternativa para financiar o piso nacional da enfermagem.
O pagamento mínimo de R$ 4.750 para enfermeiros, R$ 3.325 para técnicos em enfermagem e R$ 2.375 para auxiliares e parteiras está previsto na Lei 14.434/2022, de autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES), aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). A legislação, no entanto, foi suspensa em setembro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que alegou ser necessário analisar os impactos da nova remuneração mínima na qualidade dos serviços de saúde e no orçamento de municípios e estados.
A decisão, referendada pela maioria dos ministros da corte, acatou ação da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos de Serviços (CNSaúde) que contestou a validade do piso. A liminar ainda estabeleceu dois meses para que Executivo e Congresso explicassem o impacto financeiro e fonte de recursos para cumprimento da medida. O prazo, porém, termina nesta segunda. E a avaliação é que o piso da enfermagem possa ser novamente prorrogado pelo Judiciário, caso o Legislativo não ofereça uma alternativa.
Projetos em negociação
Os senadores vêm defendendo o PLP 44/2022 como uma proposta consistente para viabilizar o pagamento. Na prática, o projeto atualiza duas leis que autorizaram a transposição de saldos financeiros ociosos dos fundos estaduais e municipais. Desse modo, as verbas podem ser usadas dentro das áreas de saúde e assistência para finalidades diferentes das originais. O objetivo das leis era liberar recursos adicionais para o combate à covid-19 nos estados e municípios. A autorização, válida até o final de 2021, fica prorrogada para o final de 2023. Atualmente, há R$ 34 bilhões disponíveis nessas fontes.
O Dieese calcula que o incremento financeiro necessário para cumprimento do piso da enfermagem será de R$ 4,4 bilhões ao ano para os municípios. E de R$ 1,3 bilhão ao ano para os estados e R$ 53 milhões ao ano para a União. Já a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) aponta incremento de R$ 6,3 bilhões ao ano. O senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator da proposta no Senado e também do Orçamento de 2023, estima que a prorrogação das transposições financeiras liberaria imediatamente cerca de R$ 4 bilhões para os estados e municípios custearem o piso.
A medida seria apenas temporária, para permitir que os entes se planejem para assumirem o pagamento do patamar mínimo com recursos próprios no futuro. A proposta já teve regime de urgência aprovado na última terça (1º).
Expectativa da categoria
Mas, além dela, o Legislativo também discute outro projeto, o PLP 7/2022. O texto remaneja R$ 2 bilhões dos fundos de saúde e de assistência social de municípios, estados e do Distrito Federal para entidades filantrópicas conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é que o valor seja usado no próximo ano para pagar o piso nacional da enfermagem. A medida já foi aprovada pelos deputados e atualmente está em tramitação no Senado.
As duas casas também defendem a desoneração da folha de pagamentos do setor, o aumento dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), assim como a destinação de royalties do petróleo e de impostos de jogos de apostas para viabilizar a medida.
Em nota divulgada em seu site, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) afirmou ser grande a expectativa com o julgamento da Ação Direta da Inconstitucionalidade (ADI) 7.222, no Supremo, movida pela entidade patronal. A categoria indicou ainda que deve intensificar a mobilização junto ao Congresso Nacional para garantir o novo piso. “Os profissionais têm que cobrar de deputados e senadores que aprovem todos os projetos para viabilizar as fontes”, afirmou o conselheiro federal Daniel Souza, representante do Cofen no Fórum Nacional da Enfermagem.
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JORNAL FOLHA NOROESTE
Diagnóstico de câncer de próstata em homens é tardio pelo déficit de visitas ao médico
Nos últimos dois anos, doença já causou mais de 47 mil mortes, porém com diagnóstico precoce as chances de cura chegam a 90%
Mais de 47 mil óbitos foram registrados por câncer de próstata entre 2019 a 2021, conforme o sistema de informação sobre mortalidade do Ministério da Saúde. No ano passado 16 mil homens morreram em consequência da doença, o que corresponde a cerca de 44 mortes por dia. Para alertar sobre os riscos e estimular os cuidados com a saúde do homem, a Prati-Donaduzzi, que é referência na produção de medicamentos no Brasil, adere mais uma vez à campanha Novembro Azul e promove ações de conscientização sobre a doença.
Somos uma empresa que promove saúde e bem-estar, principalmente para os nossos colaboradores. Durante este mês, estaremos trazendo orientações sobre o tema, juntamente com os profissionais da Unimed no ônibus da saúde. Além disso, serão realizadas atividades de orientação a saúde, aferição de pressão e liberação de guia para o exame de PSA para os homens acima de 40 anos, contou o enfermeiro do Trabalho Saúde Ocupacional da Prati-Donaduzzi, Jonathan Calgaro Presa.
Na fase inicial, o câncer de próstata geralmente não apresenta sintomas, e muitas vezes é detectado apenas através dos exames PSA ou toque retal. Por isso, independente do surgimento dos sintomas é importante que o homem crie o hábito de realizar os exames de rotina.
O exame de sangue PSA pode ser recomendado a partir dos 50 anos, ou mais cedo para aqueles que têm histórico familiar da doença. Já nos casos mais avançados, o paciente pode apresentar dificuldade para urinar, micção frequentes, dores durante a relação sexual, disfunção erétil, presença de sangue na urina e dores pélvicas ou ósseas, alertou a oncologista clínica, Dra. Aline Bobato Lara.
Câncer de próstata tem até 90% de chance de cura
Ainda de acordo com a pesquisa do Ministério da Saúde, cerca de 31% dos homens não costumam ir ao médico rotineiramente e, consequentemente, não descobrem a doença no início, quando as chances de cura chegam a 90%. Hoje ainda existe uma resistência dos homens em realizar os exames de rastreamento, principalmente pelo receio e medo em procurar um urologista, eventualmente encontrar alguma alteração. Vale lembrar, que estes exames são fundamentais para um diagnóstico precoce do câncer de próstata, e que o toque retal não é um exame doloroso, ele é rápido e auxilia na identificação de lesões iniciais, orientou.
A médica explica como as pessoas podem incentivar seus parceiros realizarem o check-up anualmente. Nós sabemos que as mulheres se cuidam mais do que o homens, principalmente no mês dedicado para conscientização do câncer de mama, o Outubro Rosa. Mas em seguida vem o Novembro Azul, que é um movimento para lembrar da importância dos cuidados com a saúde do homem. É fundamental que esse autocuidado se estenda para os próximos meses do ano, conclui.
O tratamento do câncer de próstata dependerá do estadiamento da doença. Isso quer dizer que, nas fases mais iniciais, os procedimentos podem incluir: radioterapia, algumas vezes associadas ao bloqueio hormonal da testosterona, além de cirurgia para retirada da próstata. Em casos iniciais, podem ser realizados apenas o acompanhamento com exames, que é chamado de vigilância ativa, pela baixa agressividade do tumor. Já nos avançados com metástases, podem ser inseridas a terapia sistêmica com bloqueio hormonal da testosterona, quimioterapia, ou outras modalidades.
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O GLOBO
PGR quer arquivar acusação da CPI da Covid contra Bolsonaro
Para Procuradoria, presidente não incitou desrespeito a regras sanitárias
MARIANA MUNIZ E AGUIRRE TALENTO
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Superior Tribunal Federal (STF) o arquivamento das investigações abertas para apurar se o presidente Jair Bolsonaro e outras autoridades incitaram a população a desrespeitar medidas de combate ao coronavírus durante a pandemia. O procedimento foi instaurado com base no relatório final da CPI da Covid, em novembro de 2021.
De acordo com o relatório do colegiado, Bolsonaro e outros agentes públicos teriam disseminado desinformação sobre o uso de máscaras, o lockdown e o isolamento social, além de ter posto em dúvida a eficácia da vacina e defendido o tratamento precoce contra a Covid, comprovadamente ineficaz, e a imunidade de rebanho.
Segundo a manifestação da PGR, porém, é "inadmissível o exercício de atos de persecução criminal sem qualquer lastro", uma vez que a conduta praticada por Bolsonaro teria ocorrido "dentro dos limites da liberdade de manifestação de pensamento e política e sem qualquer conteúdo alusivo à prática de crimes".
Ainda de acordo com o parecer da vice-procuradora geral da República, Lindôra Araújo, "não há o mínimo elemento da prática do crime incitação do delito de colocação de pessoas em perigo de vida" nas falas do presidente sobre a pandemia.
APURAÇÃO PRORROGADA
Em agosto, o ministro Luís Roberto Barroso, atendendo a pedido da Polícia Federal (PF), havia prorrogado por 60 dias o prazo das investigações para apurar o comportamento sobre a pandemia do presidente, do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), dos deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), Carla Zambelli (PL-SP), Beatriz Kicis (PLFF), Osmar Terra (MDB-RS), Ricardo Barros (PP-PR) e Carlos Jordy (PL-RJ) e do então ministro Onyx Lorenzoni.
Tomando como base o relatório da PF, a PGR afirma que "em nenhum momento" verificou-se que os os agentes públicos "incitaram a população a não usar a máscara de proteção individual e a realizar aglomerações".
"Houve, em verdade, publicações em que os indiciados manifestaram suas opiniões e ideias sobre as medidas de combate à pandemia, compartilharam reportagens e estudos científicos e questionaram as medidas impostas pelas autoridades sanitárias", afirma Lindôra.
O relatório elaborado pela PF afirma que não é possível extrai r da "narrativa apresentada pela CPI da Pandemia qualquer elemento" que permita concluir que as manifestações de Bolsonaro e dos demais parlamentares sobre o uso de máscaras e o isolamento social "sejam aptos a caracterizar condutas penalmente relevantes".
O documento contradiz o que a própria PF havia dito ao STF em outra apuração preliminar a respeito da pandemia. Em investigação sobre informações falsas divulgadas por Bolsonaro sobre uma suposta relação entre a vacina e a Aids, a corporação afirmou que a associação poderia ser classificada como uma contravenção penal de "provocar alarme a terceiros, anunciando perigo inexistente".
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O ESTADO DE S.PAULO
Covid: Médicos defendem tomar 3ª e 4ª doses, mas não veem necessidade de 5º reforço para todos
O Brasil tem visto alta de casos da covid-19, assim como nos Estados Unidos, na Europa e na China. Diante da nova onda, outros países, como a Itália, e parte das cidades brasileiras já ampliam a indicação da 5ª dose. Médicos ouvidos pelo Estadão, porém, defendem aumentar as coberturas com a 3ª e a 4ª injeção, mas não veem necessidade de ampliar o público que toma a 5ª - hoje restrita a imunossuprimidos, como pacientes oncológicos ou transplantados. As coberturas para a 3ª injeção de reforço no País são de 48,9% e, para a 4ª, de 16,2%. A proporção de crianças imunizadas com ao menos uma dose também é considerada baixa: de apenas 52,5%, na faixa de três até onze anos. Outras recomendações dos especialistas, sobretudo para grupos mais vulneráveis, é usar máscaras em ambientes fechados e evitar contato em caso de sintomas gripais. Nova onda de covid-19: Volto a usar máscara? Precisa de 5ª dose? Tire essas e outras dúvidas Há cidades que já ampliaram a 5ª dose para públicos mais amplos, a exemplo de Limeira (SP), que oferece para todos com mais de 50 anos, e Tatuí (SP), que recomenda para todos os adultos. A cidade do Rio de Janeiro também quer estender a recomendação para todos, após confirmar a circulação da subvariante da Ômicron BQ.1 no fim de semana. A Itália, em outubro, decidiu dar a 5ª dose para os idosos com mais de 80 anos.
O Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo informou que não há orientação para os municípios aplicarem a 5ª dose para a população em geral, só para imunodeprimidos sob avaliação clínica. A Secretaria de Saúde do Estado informou que aplica, atualmente, a 5ª injeção em imunossuprimidos com 18 anos ou mais e, também, na população em geral, com idade igual ou superior a 40 anos, que tenham iniciado o esquema vacinal com a Janssen.
Alexandre Naime Barbosa, infectologista, professor e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, não vê necessidade de 5ª dose para todos. "Em pacientes imunossuprimidos, o esquema básico é considerado com três doses, mais duas de reforço, totalizando cinco. Já na população em geral, o esquema básico são duas doses e então temos as doses 3 e 4 de reforço", explica.
"Mais importante do que ampliar doses para 5ª e 6ª doses, é garantir cobertura alta de 4ª dose para pessoas acima de 40 anos" diz Julio Croda, médico infectologista da Fiocruz. "O importante é que a maioria das pessoas tenha tomado uma dose de reforço nos últimos quatro meses", enfatiza.
Outra estratégia para conter a nova subvariante é o uso da vacina bivalente da Pfizer, atualizada para as cepas do vírus identificadas mais recentemente. Estudos preliminares já mostraram que essa nova versão do vírus tem maior chance de escapar da proteção oferecida pelos imunizantes já aplicados.
"A BQ.1 tem escape de reposta imune maior e já temos dados dela sobre anticorpo neutralizante, que está relacionado à proteção contra infecção. Dessa forma, fica claro que a vacina bivalente garante maior nível de anticorpo neutralizante e, portanto, maior proteção para a BQ.1 , afirma Croda.
Um pedido de autorização para uso emergencial da vacina ambivalente no Brasil foi feito pela Pfizer à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em setembro, mas ainda não foi avaliado. Em nota, a farmacêutica disse que ainda está investigando a efetividade do imunizante bivalente contra a subvariante BQ.1 e espera ter dados concretos em breve.
Procurada, a Anvisa disse que "os processos estão em fase final de análise pela área técnica, para posteriormente serem encaminhados à diretoria" para deliberação. A vacina ambivalente já está disponível na Europa, Estados Unidos, Japão, Argentina, Chile, entre outros países.
Em nota, o Ministério da Saúde disse monitorar a evolução das coberturas vacinaispara todas as faixas etárias. Até a tarde desta segunda-feira, 7, mais de 519 milhões de doses foram distribuídas de forma proporcional para o todo o País, afirma a pasta. Ainda conforme o órgão, a importância do reforço é reforçada por meio de campanhas.
Para Evaldo Stanislau, infectologista do Hospital das Clínicas da USP, também é preciso acelerar a vacinação das crianças na faixa de seis meses a dois anos. O imunizante já foi comprado pelo governo federal em outubro, mas as doses devem ser distribuídas só nesta semana. "Seria importante fechar as portas para o vírus em populações que facilitam a sua disseminação, como é o caso da pediátrica, antes de falarmos em ampliar a 5º dose para a população como um todo", alerta.
É preciso avaliar uso de máscaras, dizem especialistas
Segundo Alexandre Naime Barbosa, é recomendado que cada um faça uma avaliação individual de risco e adote cuidados baseados na sua condição de saúde. A orientação é de que idosos acima de 75 anos, pessoas que passaram por transplante de órgão recente, pacientes com doença de lúpus e imunossuprimidos, em geral, evitem aglomerações e utilizem máscaras sempre que tiverem contato com outras pessoas.
Em Pernambuco, a Secretaria de Saúde voltou a recomendar máscaras para idosos, imunodeprimidos e pessoas com sintomas gripais, após verificar aumento de infecções. Em Recife, a taxa de testes positivos subiu de 15,5% na última semana de outubro para 25,1% na primeira semana de novembro. "Quem está com sintoma gripal deve usar máscara, fazer testagem para a doença e cumprir o tempo de isolamento. Idosos e imunodeprimidos também devem usar protetor facial", recomendou o secretário estadual da Saúde, André Longo.
O Rio Grande do Sul, outro local onde a circulação da variante BQ.1 já foi confirmada, também recomenda máscara para os imunocomprometidos, idosos e pessoas com comorbidades em locais fechados ou pouco ventilados. Também devem usar a proteção quem está com sintomas respiratórios ou tem contato com pacientes confirmados para covid-19.
Pessoas com condições de saúde normais e que não são idosas devem usar máscara apenas em ambientes fechados, com aglomeração e sem circulação de ar. Se infectadas, devem utilizar máscaras sempre que tiverem contato com outras pessoas.
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CORREIO BRAZILIENSE
Ultraprocessados estão ligados a 57 mil mortes no Brasil em um ano
O consumo de alimentos submetidos a muitos processos industriais foi associado a mais de 10% das mortes prematuras e evitáveis por todas as causas registradas no Brasil, em 2019
Pela praticidade e pelo custo acessível, os ultraprocessados estão substituindo as refeições tradicionais, feitas a partir de ingredientes in natura. Especialistas têm alertado o quanto a troca pode impactar diretamente na saúde da população. Um estudo publicado ontem, na revista American Journal of Preventive Medicine, mostra esse efeito nos brasileiros: o consumo de alimentos submetidos a muitos processos industriais foi associado a mais de 10% das mortes prematuras e evitáveis por todas as causas registradas no Brasil, em 2019.
No estudo, liderado pela Universidade de São Paulo (USP), os cientistas consideraram informações sobre o consumo alimentar presentes na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017 e 2018, a composição da população e de mortalidade brasileira, além de dados recentes da literatura internacional sobre a ingestão de ultraprocessados. Os resultados mostraram que, em todas as faixas etárias e em todos os gêneros, o consumo de ultraprocessados variou de 13% a 21% da ingestão total de alimentos no Brasil, no período estudado.
Um total de 541.260 pessoas com idade de 30 a 69 anos morreram prematuramente em 2019, sendo que 261.061 desses óbitos ocorreram por doenças evitáveis não transmissíveis. As ferramentas de modelagem indicaram que aproximadamente 57 mil dessas mortes poderiam ser associadas ao consumo dos industrializados, correspondendo a 10,5% do montante e 21,8% de todas as mortes por doenças não transmissíveis na população adulta.
Os cientistas também avaliaram alguns cenários de redução no consumo de ultraprocessados e os possíveis impactos. Diminuir em 10% a ingestão desses alimentos poderia prevenir 5,9 mil mortes prematuras por ano. O número de vidas preservadas chegaria a 29 mil com a adoção de hábitos mais saudáveis e restrição em 50% na quantidade de industrializados ingeridos. "Colocando em uma linha temporal, se o brasileiro voltasse aos números de consumo por ultraprocessados que tínhamos há 10 anos, seriam 12 mil mortes prevenidas anualmente", afirma Eduardo Nilson, autor principal do estudo e integrante do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP.
Políticas públicas
Segundo o cientista, uma ferramenta para estimar as mortes atribuíveis a um hábito alimentar de baixo teor nutricional pode auxiliar as autoridades nas tomadas de decisão. Essas informações devem ser consideradas como prioridade em termos de definição de políticas públicas no Brasil, tanto de taxação de alimentos quanto de produção. E isso está alinhado, inclusive, com o próprio Guia Alimentar da População Brasileira, que já fala em restringir o consumo de ultraprocessados, de fazer a base da dieta com alimentos in natura e minimamente processados", justifica.
Gislaine Ferreira, nutricionista do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, lista algumas dessas formulações industriais cada vez mais presentes na rotina do brasileiro: salsichas, hambúrgueres, nuggets de frango, sorvetes, chocolates, biscoitos, salgadinhos, refrescos e refrigerantes, entre outras. A especialista lembra, ainda, que o consumo desses alimentos está associado a muitos desfechos de enfermidades. "Principalmente obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer", diz. "Também representa, como mostrado no estudo, uma causa significativa de mortes evitáveis e prematuras entre os adultos brasileiros. Isso se dá devido à alta carga de sódio, açúcar e gordura trans presentes nesses alimentos."
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PORTAL SEGS
Doses mais altas em menos dias possibilitou tratar mais pacientes com radioterapia no SUS, mesmo na pandemia
Apesar do represamento de diagnósticos de câncer na pandemia, o volume de pacientes que receberam radioterapia no período aumentou no Sistema Único de Saúde (SUS). Especialistas destacam a adesão dos serviços à modalidade de hipofracionamento, que possibilita tratar o paciente em 15 ou menos sessões ao invés das convencionais 25 a 30, reduzindo o número de vezes que o paciente precisa se deslocar em longas distâncias
Com a pandemia, que resultou em represamento de diagnóstico e tratamento de câncer, principalmente em regiões nas quais os pacientes precisam se deslocar em longas distâncias, os serviços especializados ampliaram a oferta de radioterapia hipofracionada, que consiste na diminuição do número de sessões, com doses mais altas em cada sessão, de forma segura e eficiente. Pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) aponta que, já nos primeiros meses de pandemia, houve incremento na indicação do hipofracionamento em 77,8% dos serviços do país. Por meio deste levantamento, constatou-se que a mama foi o principal sítio tumoral em que houve mais redução do número de sessões de radioterapia combinado ao aumento das doses: em 97,4% dos locais analisados.
O reflexo dessa medida é observado pela SBRT, que levantou na base TABNET/DataSUS - Painel Oncologia - do Ministério da Saúde - o número de procedimentos realizados a cada ano. Com aumento sequencial, foram 42.142 (2019), 49.124 (2020) e 52.095 (2021).
"A realização de hipofracionamento em mais serviços especializados possibilitou, na pandemia, encurtar distâncias e diminuir o fluxo de pacientes nas unidades de saúde", ressalta a médica radio-oncologista Nilceana Maya Aires Freitas, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Radioterapia e pesquisadora da Rede Brasileira de Pesquisa em Câncer de Mama. Segundo a SBRT, a média percorrida pelos pacientes oncológicos para realização da radioterapia no SUS é de 72 km. A SBRT recebeu relatos de pessoas que precisaram percorrer até 1600 km para receber o tratamento. "É importante lembrar que nós temos uma defasagem muito significativa no número de equipamentos de radioterapia no Brasil: um terço a menos do recomendado pela Organização Mundial de Saúde para atender os pacientes de câncer", afirma a radio-oncologista.
O impacto positivo do hipofracionamento no câncer de mama - Exemplificando pelo câncer de mama, após a cirurgia conservadora, o número convencional é de 25 a 30 sessões diárias, com o paciente precisando se deslocar todos esses dias. A radioterapia hipofracionada, no entanto, reduz a quantidade de sessões para 15 ou menos, dependendo do caso, sem submeter às pacientes aos riscos da toxicidade e sem aumento do risco de recidiva (volta da doença).
"Ao longo dos anos, os estudos em radioterapia buscaram encurtar o tempo de tratamento que a paciente fica nas sessões. Era comum antes a paciente fazer a radioterapia para o câncer de mama durante um mês e meio, vindo todos os dias para a clínica. Hoje, ela já pode fazer o tratamento em menos tempo, mas preservando os benefícios", explica Nilceana Freitas. Segundo a radio-oncologista, os benefícios desse tratamento envolvem aspectos da saúde do corpo e da mente. Ela explica que menos sessões de radioterapia no dia a dia da paciente possibilita conforto psicológico, pelo fato do retorno mais rápido à rotina de trabalho, além de facilitar o convívio familiar. Em casos selecionados, é possível inclusive fazer o tratamento em cinco aplicações de radioterapia em toda a mama. Trata-se do esquema chamado de hipofracionamento extremo.
Além disso, também em paciente selecionadas, pode-se lançar mão de uma modalidade chamada radioterapia parcial da mama. Isso significa tratar apenas a região em que estava o tumor, poupando, portanto, grande parte dos tecidos glandulares e órgãos saudáveis ao redor da mama (como pulmão e coração). Existem diversas modalidades técnicas de radioterapia parcial da mama incluindo a radioterapia intraoperatória que pode ser realizada durante o ato cirúrgico em apenas uma única aplicação. No que se refere a radioterapia intraoperatória há um baixo índice de radiação e contaminação para a equipe e para a paciente. Assim, não chega doses de radiação para a costela, musculatura, pulmão muito menos para o coração. Essas áreas são preservadas", relata Nilceana Freitas.
Sobre a Sociedade Brasileira de Radioterapia
A Sociedade Brasileira de Radioterapia, fundada em 1998, é uma associação civil, brasileira, associativa e científica de direito privado, sem fins lucrativos, que reúne e representa os médicos radio-oncologistas, legalmente registrados no Brasil.
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Assessoria de Comunicação