Postado em: 10/02/2022

CLIPPING AHPACEG 10/02/22

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Pandemia chega a dois anos com vacinação como prioridade

Goiás registra 8.958 novos casos de covid-19 e 38 mortes em 24 horas

Hospital terá de indenizar família por troca de cadáveres em Goiânia

Mães de crianças autistas denunciam Unimed Goiânia ao Procon por má prestação de serviço

Fevereiro laranja: Especialista explica sobre sintomas, fatores de risco, tratamento e doação de medula

Sequelas: estudo revela desenvolvimento de problemas psiquiátricos devido Covid-19

Medicamento contra covid-19 já é usado em outros países, mas não possui data para chegar ao Brasil

Mãe de bebê trocado em hospital após o parto diz que se emocionou quando delegada abriu teste de DNA: 'Meu mundo caiu'

Ainda há médicos que receitam remédios ineficazes contra Covid

Queiroga critica 'interferência' de Doria na vacinação

Clientes da Amil temem quebra do plano após troca de controle

Fiord deve brigar para assumir planos da Amil

AGÊNCIA BRASIL

Pandemia chega a dois anos com vacinação como prioridade

Perto de completar dois anos, a pandemia de covid-19 ainda apresenta cenário preocupante, com rápida transmissão da variante Ômicron, e seu controle depende prioritariamente da vacinação. A avaliação é de pesquisadores do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que divulgaram nesta quarta-feira (9) um balanço de dois anos da emergência sanitária, que fez 5,71 milhões de vítimas no mundo e mais de 630 mil no Brasil.

Desde que os primeiros casos de covid-19 foram confirmados na China, ainda em 2019, o novo coronavírus já infectou 388 milhões de pessoas no mundo e 26 milhões no Brasil. O país concentra 6,7% do total de casos do mundo e 11% do total de vítimas, apesar de os brasileiros serem menos de 3% da população mundial.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em 30 de janeiro de 2020 que a covid-19 representava uma Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional, e passou a caracterizar a disseminação da doença como uma pandemia, presente em todos os continentes, em 11 de fevereiro. Na época, a doença já tinha chegado a 114 países e causado 4,2 mil mortes. No Brasil, o Ministério da Saúde reconheceu a covid-19 como Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional em 3 de fevereiro.

Janela de oportunidade

Os cientistas ressaltam que as demais medidas de prevenção devem ser mantidas, mas consideram que atingir uma ampla cobertura vacinal neste momento pode até mesmo bloquear a circulação do vírus, já que, com a explosão de casos provocada pela variante Ômicron, há um grande contingente populacional que teve covid-19 recentemente e adquiriu imunidade temporária contra o SARS-CoV-2.

"Em um momento em que há muitas pessoas imunes à doença, se houver uma alta cobertura vacinal completa há a possibilidade de tanto reduzir o número de casos, internações e óbitos, como bloquear a circulação do vírus", diz o boletim, que afirma que este cenário pode ser visto como uma "janela de oportunidade".

A Fiocruz sugere que, nesse sentido, é essencial implementar quatro estratégias de saúde pública: garantir oportunidade de aplicação de vacina, com a disponibilidade em unidades com horário de funcionamento expandido e em postos móveis; realizar busca ativa por pessoas que ainda não iniciaram seus esquemas vacinais; massificar a campanha de incentivo à vacinação de crianças e reforçar os benefícios gerados pela correta higienização, assim como o bom uso de máscaras.

Os pesquisadores também chamam a atenção para a desigualdade na cobertura vacinal no país, com áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em que há bolsões com baixa imunização. "Estes bolsões se constituem em locais de menor Índice de Desenvolvimento Humano, populações mais jovens, menos escolarizadas, baixa renda e residentes de cidades de pequeno porte. Para estes locais, o fim da pandemia parece mais distante que para grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo, que já apresentam elevada cobertura vacinal com duas doses".

A fundação avalia que a desigualdade regional nas coberturas vacinais expõe problemas de base, como acesso geográfico, logística de distribuição, armazenamento, gestão de estoques e velocidade na informação. O boletim considera que a falta de uma ampla campanha de comunicação para sustentar os benefícios das vacinas e das medidas não farmacológicas se mostrou muito prejudicial.

"Em meio à pandemia, problemas que deveriam ter sido enfrentados antes, para trazer mais equidade e eficiência no processo de imunização, podem tornar populações com baixa taxa de cobertura mais vulneráveis e permitir o surgimento de novas variantes, como observado em áreas mais pobres do continente africano”.

Endemia

Os cientistas discutem no balanço de dois anos que a grande onda de casos causada pela variante Ômicron, que é 70 vezes mais transmissível que a Delta, tem gerado especulações sobre um possível fim da pandemia. Alguns países e agências de saúde já debatem ou põem em prática mudanças que representam a transição para uma endemia, o que caracterizaria a covid-19 como uma doença presente no cotidiano.

O boletim ressalta, no entanto, que a mudança não significaria o fim das medidas de proteção individual ou coletivas. "A classificação da doença como endêmica representaria a incorporação de práticas sociais e assistenciais na rotina do cidadão e dos serviços de saúde e só poderia ser pensada após drástica redução da transmissão pelas novas variantes e por meio de campanha mundial de vacinação", afirma o texto.

Ao fazer um balanço de dois anos, o boletim da Fiocruz descreve cada uma das fases da pandemia no Brasil. A disseminação da doença no país, além de provocar milhares de mortes e sobrecarregar os sistemas de saúde, resultou em uma combinação de efeitos sociais e econômicos que agravam as desigualdades estruturais da sociedade, avalia a fundação.

O momento atual, classificado como terceira onda, teve início em dezembro de 2021, coincidindo com uma epidemia de Influenza A (gripe) em vários municípios, com um período de festas, férias, relaxamento de medidas de restrição à mobilidade e ainda com a introdução no país da variante Ômicron.

"Em que pese o fato de a vacinação ter impedido que as internações e óbitos subam em igual velocidade aos casos, o aumento súbito de doentes faz crescer, inevitavelmente, a demanda por serviços de saúde, com impactos nas taxas de ocupação de leitos de UTI", apontam os pesquisadores.  

Segundo a Fiocruz, o cenário atual indica ocorrência de internações maior entre idosos, quando comparadas aos adultos, e níveis preocupantes de crescimento nas internações de crianças. "Por se tratar do último grupo em que a vacinação foi iniciada, já em 2022, as crianças representam hoje o grupo com maior vulnerabilidade", afirmam pesquisadores. 

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A REDAÇÃO

Goiás registra 8.958 novos casos de covid-19 e 38 mortes em 24 horas

Goiás registrou 8.958 novos casos de covid-19 e 38 mortes causadas pela doença nas últimas 24 horas. Os dados constam no boletim divulgado nesta quarta (9/2) pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO). Com as atualizações, o Estado soma 1.091.634 infecções e 25.281 óbitos desde o início da pandemia.
 
Ainda segundo o boletim, há 754.226 casos suspeitos e 414 mortes em investigação para saber se há alguma ligação com o novo coronavírus. A taxa de letalidade da covid-19 em Goiás é de 2,32%.

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Hospital terá de indenizar família por troca de cadáveres em Goiânia

O Hospital Ruy Azeredo, em Goiânia, foi condenado a pagar uma indenização por danos morais de R$ 30 mil a três filhos de uma idosa que faleceu de covid-19, na unidade, e teve o corpo trocado antes do sepultamento. O montante será dividido igualmente entre eles. 

A decisão, por unanimidade de votos, é da 4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais, que negou provimento ao recurso inominado interposto pelo hospital. Segundo a relatora, juíza Fabíola Fernanda Feitosa de Medeiros Pitangui, houve “gravíssima falha na prestação de serviço", que teria sido causada por "por ação negligenciosa e imprudente de seus funcionários".

Segundo o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), a mulher, de 78 anos, morreu em agosto de 2020. Diante disso, os familiares teriam combinado com o hospital o reconhecimento do corpo que, em decorrência da causa morte, não poderia ser velado.

A família alega que durante o procedimento de liberação do cadáver para a funerária, o hospital trocou o corpo da mãe por outro de uma mulher que também tinha falecido no mesmo local, e que ele já estava sendo levado pelo carro da funerária contratada para a cidade de Indiara, quando teve de retornar a Goiânia para efetivar a troca dos cadáveres.

O sepultamento da idosa seria às 17h do dia 27 de agosto daquele ano. Porém, diante da espera do retorno do corpo ao hospital, os recorridos precisaram pagar taxa de reagendamento de enterro para o período noturno, no valor de R$ 741.

A reportagem do jornal A Redação entrou em contato com o Hospital Ruy Azeredo para se manifestar sobre o caso, mas as ligações não foram atendidas. O espaço permanece aberto. (Com TJGO)  

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O HOJE

Mães de crianças autistas denunciam Unimed Goiânia ao Procon por má prestação de serviço

Por: Ícaro Gonçalves

Após receber notificação do Procon Goiás nesta quarta-feira (9/2), o plano de saúde Unimed Goiânia deverá prestar esclarecimentos sobre denuncias de má prestação de serviços direcionados à crianças autistas. Os pedidos de esclarecimentos decorreram de diversas denuncias feitas por mães de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) que afirmaram ao Procon enfrentarem demora no diagnóstico e início dos tratamentos de seus filhos.

As mães alegam que o bom desenvolvimento das crianças pode estar sendo afetado por possíveis falhas no atendimento prestado pelo plano. Dentre os relatos apresentados ao órgão, chamou atenção o caso da mãe que viu o seu filho regredir drasticamente, parando de se comunicar e perdendo a autonomia para executar tarefas básicas diárias, como ir ao banheiro, após mudança no tratamento.

O grupo exige que os filhos tenham o tratamento adequado e com equipe multidisciplinar capacitada, conforme consta na Lei Federal n°12.764/2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Notificação

O Procon Goiás pediu, entre outras demandas, um relatório que informe os valores pagos pelo plano de saúde aos profissionais credenciados. Todos os esclarecimentos devem ser prestados detalhadamente em até 5 dias pela empresa. O descumprimento implica na aplicação das sanções administrativas cabíveis.

Segundo o superintendente do Procon Goiás, Alex Vaz, as crianças com TEA merecem ter a sua dignidade e seus direitos respeitados. “O Procon Goiás não medirá esforços, em sua atuação, com vistas a garantir um tratamento digno e adequado que assegure o desenvolvimento dessas crianças e o cumprimento de seus direitos na prática”, afirma.

Entre os pedidos de esclarecimentos, estão:

Esclarecimentos quanto ao teor das referidas denúncias;

Quantidade de profissionais cadastrados pela Cooperativa Unimed para atendimento aos pacientes conveniados com TEA;

Quantidade de Pacientes Conveniados autistas em atendimento/tratamento na data da entrega desta notificação;

Quantidade de Pacientes Conveniados autistas que aguardam atendimento/tratamento na fila de espera na data da entrega desta notificação, entre outros esclarecimentos;

A reportagem tentou contato com a Unimed Goiânia por telefone, mas não obteve retorno. O espaço permanece em aberto.

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Fevereiro laranja: Especialista explica sobre sintomas, fatores de risco, tratamento e doação de medula

Por: Redação

Por Elysia Cardoso

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que, neste ano, serão diagnosticados mais de 10 mil casos novos de leucemia, sendo 5.920 em homens e 4.890 em mulheres, no Brasil. E para chamar atenção para essa enfermidade, fevereiro ganha a cor laranja. “A importância é para alertar a população do diagnóstico precoce da leucemia e da necessidade de doação de medula óssea,que pode salvar uma vida”, salienta a hematologista e hemoterapeuta pelo Inca, Maria Cunha Ribeiro Amorelli.

A especialista, que atende no centro clínico do Órion Complex, explica que a leucemia é o câncer do sangue. “Ela se origina dentro da fábrica do sangue, na medula óssea, que fica localizada dentro dos ossos, naquela parte que a gente chama de tutano”, destaca. “Existem mais de 12 tipos de leucemia. Têm as agudas, que são as leucemias mais graves, que precisam das quimioterapias mais pesadas, e existem as leucemias crônicas, em que o tratamento é mais lento. Não existe cura para essas leucemias, mas remissão e controle a longo prazo com tratamentos menos agressivos”, completa. 

Os principais sintomas da leucemia decorrem do acúmulo de células defeituosas na medula óssea. A diminuição dos glóbulos vermelhos ocasiona anemia, que provoca fadiga, falta de ar, palpitação e dor de cabeça. A redução dos glóbulos brancos provoca baixa da imunidade, deixando o organismo mais sujeito a infecções, muitas vezes graves ou recorrentes. A diminuição das plaquetas ocasiona sangramentos, sendo os mais comuns das gengivas e pelo nariz, e manchas roxas na pele. 

Certos grupos de pessoas são mais propensos a adquirir a doença. “As leucemias linfóides agudas são muito mais comuns nas crianças até os 10 anos, enquanto que as leucemias mieloides nos mais velhos, sendo maior o seu risco”, conta Maria Amorelli, completando como é possível prevenir esse câncer. “Em termos de prevenção é ter uma vida saudável. Evitar o tabagismo, fazer exercício físico e uma boa alimentação são os fatores que a gente, em geral, utiliza para prevenir o desenvolvimento de uma célula cancerígena”.

Fatores de risco

No entanto, a hematologista alerta para alguns fatores de risco para a enfermidade. “A exposição ao benzeno, o formaldeído, a agrotóxicos e solventes podem provocar a doença; se a pessoa já foi submetida a quimioterapia ou radioterapia; quando existem casos na família; quem nasceu com alguma síndrome genética, como a síndrome de down, pode ter predisposição. Algumas infecções virais também podem ser fatores de risco para o desenvolvimento de leucemia”, detalha. 

A especialista também desfaz um mal entendido feito por muitos. “Não é qualquer anemia que pode causar leucemia, ao contrário do que a população pensa, apenas quem tem anemia secundária, que é uma doença chamada mielodisplasia”, explica. Os tratamentos também são variados. “Para as leucemias agudas são as quimioterapias mais agressivas, aquelas que aplicamos na veia, que normalmente levam a queda de cabelo e sintomas mais intensos. Já as leucemias crônicas, algumas vezes, são tratadas até com comprimido, com o paciente em casa”.

Sobre o cadastro para a doação de medula óssea, Maria Amorelli ressalta que é algo simples. “Você vai a qualquer hemocentro na sua cidade e faz um cadastro. Deve-se ter entre 18 e 35 anos, estar saudável e não ter nenhuma doença infecciosa ou autoimune”. Em relação ao processo de doação em si ela também explica. 

“Pode ser feito de duas maneiras: uma em que a pessoa vai para o centro cirúrgico e é coletada a medula óssea, porém não existe corte, não existe ponto, apenas uma punção em que a pessoa vai estar dormindo. Na outra possibilidade o paciente pode fazer uso de um medicamento que faz as células-tronco saírem da medula óssea, circularem pelo sangue e então, como numa doação de plaquetas, essas células são recolhidas. O método de doar é definido pelo centro que faz o transplante”, finaliza a hematologista.

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Sequelas: estudo revela desenvolvimento de problemas psiquiátricos devido Covid-19

Por: Alexandre Paes

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) observaram uma alta prevalência de déficits cognitivos e transtornos psiquiátricos. As avaliações foram conduzidas no Hospital das Clínicas entre seis e nove meses após a alta hospitalar. 425 pacientes que se recuperaram das formas moderada e grave da Covid-19 foram observados e acompanhados.

Mais da metade (51,1%) dos participantes relatou ter percebido declínio da memória após a infecção e outros 13,6% desenvolveram transtorno de estresse pós-traumático. O transtorno de ansiedade generalizada foi diagnosticado em 15,5% dos voluntários, sendo que em 8,14% deles o problema surgiu após a doença. Já o diagnóstico de depressão foi estabelecido para 8% dos pacientes.

“Não vimos associação com a conduta clínica adotada no período de hospitalização ou com fatores socioeconômicos, como perda de familiares ou prejuízos financeiros durante a pandemia de Covid-19”, conta Rodolfo Damiano, médico residente do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e primeiro autor do artigo.

O estudo integra um projeto mais amplo, no qual um grande grupo de pessoas atendidas no Hospital das Clínicas entre 2020 e 2021 vem sendo acompanhado por profissionais de diversas áreas, entre elas otorrinolaringologia, fisiatria e neurologia, a fim de avaliar eventuais sequelas deixadas pelo SARS-CoV-2.

Os resultados completos da pesquisa, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foram divulgados na revista General Hospital Psychiatry.

“Uma de nossas preocupações era entender se esse vírus e a doença por ele causada têm impacto no longo prazo, produzindo manifestações tardias no sistema nervoso central”, conta Eurípedes Constantino, orientador do trabalho.

Para o pesquisador, o fato de não ter sido encontrada uma correlação clara entre a condição psiquiátrica e a magnitude da doença na fase aguda ou fatores psicossociais corrobora a hipótese de que alterações tardias relacionadas à infecção pelo SARS-CoV-2 (como processos inflamatórios associados a alterações imunológicas, danos vasculares ou a própria presença do vírus no cérebro) teriam papel na origem dos transtornos.

Atualmente, o grupo da USP estuda amostras de sangue coletadas dos voluntários durante o período de internação. O objetivo é avaliar o perfil de citocinas (proteínas do sistema imune que regulam a resposta inflamatória) para descobrir se há correlação entre o grau de inflamação durante a fase aguda da Covid-19 e o desenvolvimento de sintomas neuropsiquiátricos.

Para quem já foi afetado, Damiano indica vacinação e acompanhamento psiquiátrico. “Há evidências de que exercícios físicos ajudam a reverter alterações cognitivas associadas a doenças graves e também há treinos de reabilitação cognitiva que podem ser feitos com acompanhamento de um neuropsicólogo habilitado. Além disso, acredito que a prática de meditação pode ser benéfica”, finalizou.

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Medicamento contra covid-19 já é usado em outros países, mas não possui data para chegar ao Brasil

Por: Ícaro Gonçalves

Moradores da França já podem comprar o medicamento Paxlovid, remédio contra covid-19 produzido pela Pfizer, em farmácias locais, apresentando apenas um atestado médico. Os governados da Alemanha, Itália, Bélgica e Reino Unido também já encomendaram o produto e em breve devem distribuir o produto. Enquanto isso, no Brasil, o medicamento ainda não teve pedido de uso submetido à Anvisa, e não possui nem mesmo previsão de encomenda.

O Paxlovid é um antiviral de uso oral composto por duas substâncias (nirmatrelvir e ritonavir). Estudo apresentado pela empresa aponta que ele reduziu em 89% o número de hospitalizações e mortes. Ele já foi aprovado pelas maiores agências reguladoras internacionais (de EUA e Europa) e já sendo usado em França e Israel, por exemplo.

Em comunicado ao portal UOL, a farmacêutica Pfizer afirmou que se reuniu com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 19 de janeiro para tratar da pré-submissão para aprovação de uso emergencial do medicamento. “Novas discussões estão em andamento para definir as próximas etapas para a futura submissão da molécula, cuja submissão está sendo planejada para acontecer em breve”, afirma Pfizer, mas sem previsão de data.

Além da aprovação da Anvisa, a disponibilização do Paxlovid no Brasil dependerá das negociações com o Ministério da Saúde, para um possível fornecimento futuro ao país. Já a Anvisa informou que a reunião de pré-submissão com os laboratórios existe para “apresentação dos dados técnicos de um produto antes do envio formal do pedido pela empresa”.

Quando for submetido, a agência tem 30 dias para avaliação, mas ressalta que o prazo só começa a ser contado “a partir do recebimento formal do pacote de dados e informações completas sobre o medicamento”.

Ainda não se sabe o preço que será praticado no Brasil, Contudo, o valor deve ser alto, considerando o preço pago pelo governo norte-americano. Os Estados Unidos fechou contrato com valor de US$ 530, cerca de R$ 2.777, por um número de pílulas suficiente para o tratamento de cinco dias.

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PORTAL G1

Mãe de bebê trocado em hospital após o parto diz que se emocionou quando delegada abriu teste de DNA: 'Meu mundo caiu'

Meninos nasceram no dia 29 de dezembro do ano passado, em Aparecida de Goiânia. Vídeos mostram quando famílias recebem resultado e quando mães trocam os recém-nascidos.

Por Michel Gomes e Renata Costa, g1 Goiás e TV Anhanguera


A dona de casa Viviane Alcântara Dias, mãe de um dos bebês que foi trocado em um hospital, falou pela primeira vez sobre o caso, que aconteceu em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. A mulher relata sobre os momentos de tensão durante a revelação do exame de DNA.

"Meu mundo caiu na hora em que a delegada abriu lá [os envelopes] e viu os resultados. Eu não queria acreditar, eu estava tão angustiada e com o coração doendo”, desabafa Viviane.

O pedreiro João Paulo Campos Xavier, marido de Viviane, foi uma das pessoas que ouviu da delegada Bruna Coelho a confirmação da troca dos bebês na última terça-feira (8). Em um vídeo obtido com exclusividade pela TV Anhanguera, a investigadora lê o laudo diante do homem, que se emociona (assista abaixo).

Ainda abalado, João Paulo acredita que a troca foi feita dentro da sala de parto. “Por conta da Covid não deixaram nem eu, nem a minha sogra assistir ao parto. A troca foi feita dentro da sala de parto, não tem outra alternativa. As crianças são totalmente diferentes, a gente tem a foto do primeiro contato que tivemos com ele, não tem possibilidade nenhuma de ter sido trocado depois”, disse o pai.

Após o resultado do teste ser aberto, os meninos foram entregues às mães biológicas, na tarde de terça-feira (veja vídeo abaixo). Agora com o filho em casa, Viviane conta que já consegue amamentar, mas o casal revela que o bebê que ficou com eles por 42 dias deixou muitas lembranças.

“Não tem jeito de não pensar no outro [bebê]. Eu fico pensando em tudo. Eu olho as coisinhas aqui de casa e penso nele”, relatou Viviane.

“Mesmo sabendo que o filho meu é esse que está aqui em casa, a gente ainda tem um vínculo muito grande com a outra criança”, lamentou João Paulo.

A troca

A advogada do Hospital São Silvestre, Luciana Azevedo, informou que, com o resultado dos exames de DNA, a unidade vai analisar a conduta a ser tomada com as profissionais já suspensas e aguardar a conclusão do inquérito policial. A nota lamentou ainda que a situação tenha ocorrido e informou que o hospital está à disposição para auxílio no que se fizer necessário.

As crianças nasceram no dia 29 de dezembro do ano passado e as mães foram comunicadas pela própria unidade de saúde sobre o possível erro. Imediatamente, o hospital solicitou um teste de DNA.

O resultado deste primeiro exame, que foi feito enquanto as mães ainda estavam internadas, foi entregue aos advogados das famílias no dia 28 de janeiro. No entanto, uma das famílias recebeu resultado inconclusivo, por isso, a polícia solicitou o novo DNA, que ficou pronto na terça-feira (8).

A delegada informou que o caso está sendo investigado como crime de não identificação correta dos bebês, como está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Uma das mães, Juciara Maria da Silva, chegou a divulgar um vídeo, feito logo após o parto, em que o bebê que ela levou para casa já estava com a pulseira onde a identificava como mãe dele. Após destrocar o menino, ela falou sobre o amor.

"Eu vou amar ele como eu vou amar esse aqui também", disse.

Angústia

A confirmação da troca dos bebês acontece 42 dias após o nascimento dos dois meninos. Antes do resultado do DNA ficar pronto, Juciara Maria da Silva chegou a falar que sentia muita dor só de pensar em ter de entregar a criança que estava com ela.

“Eu sinto amor por ele. Quando ele sorri, dói porque eu não imagino, sabe [ficar sem ele]”, disse.

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FOLHA DE S.PAULO

Ainda há médicos que receitam remédios ineficazes contra Covid

Para o presidente do Conass, isso ocorre porque o Conselho Federal de Medicina não mudou o entendimento sobre autonomia médica

O presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, disse que ainda há médicos que receitam o 'kit Covid' no SUS.

São remédios como hidroxicloroquina e ivermectina, que não têm eficácia comprovada contra a doença.

'Ainda há [medicamentos sendo prescritos!. Eu me assusto, tem médico que prescreve e tem médico ainda dizendo para o pai não vacinar o filho. É um tipo de conduta absurda, mas existe. Lógico que com intensidade bem menor, mas ainda continuam prescrevendo', disse Lula em entrevista à Folha.

O secretário de Saúde disse que isso ainda tem ocorrido porque o CFM (Conselho Federal de Medicina) não mudou o entendimento sobre a autonomia do médico em relação a esses fármacos.

O parecer n° 4/2020 do CFM diz que o médico tem autonomia médica para que, em comum acordo com o paciente, estabeleça qual tratamento será realizado. Esse entendimento abre brecha para que remédios ineficazes continuem a ser receitados.

'A autonomia médica não é isso, não quer dizer que eu posso prescrever o que eu bem entender, não é isso a autonomia médica. Ela tem limites. Se eu tenho evidência científica que determinado medicamento não é eficaz para alterar a condição clínica do paciente, o médico não pode receitar o medicamento.'

Ao assumir o Ministério da Saúde, em março de 2020, Marcelo Queiroga anunciou que promovería o debate na Conitee (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) para encerrar a discussão sobre o uso do chamado 'kit Covid'.

No entanto, o tema tem ganhado holofotes nos últimos dias após o secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, Hélio Angotti, rejeitar diretriz que contraindica os medicamentos.

Lula destacou ainda que a pandemia foi o momento mais desafiador enfrentado pelo Conass nos últimos 40 anos e que, nesse período, a relação com o Ministério da Saúde foi colocada em xeque. Para ele, não é mais possível dialogar com Queiroga, que, a seu ver, tem atrapalhado a condução da pandemia.

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O percentual de vacinados em algumas regiões brasileiras é baixo, como no Norte e no Nordeste. Por que isso ocorre? É muito difícil dar uma explicação geral do percentual de baixa vacinação. Mas a vacinação é mais baixa geralmente nas cidades mais pobres.

Onde tem a vacinação mais baixa? Área indígena, quilom-bola, população rural Nessas regiões muitas vezes há dificuldade [de a vacina] chegar até as pessoas.

Em Mirador [no Maranhão], por exemplo, tem uma reserva enorme que fica a cem quilômetros de distância da sede. Essa pessoa vai para a sede só para se vacinar? É difícil. Se o município não criar estratégias para levar vacinas para essas pessoas, é difícil que elas se vacinem

E tem de lidar com outro problema, tem uma diferença muito grande de quem está vacinado e o que está no site do ministério. No Sul e no Sudeste mais de 70% de Unidades Básicas de Saúde têm prontuário eletrônico e lançam diretamente no sistema, mas, no Norte e no Nordeste, não acontece isso, eles fazem tudo no papel.

O Conass completou 40 anos na semana passada. A pandemia foi um dos momentos mais desafiadores nesse período? Eu acredito que foi o período mais desafiador do conselho, um período em que nossa relação com o ministério [da Saúde] foi colocada em xeque o tempo todo.

Por a gente ser um órgão integrante do SUS, muitas políticas públicas são decididas em conjunto com 0 representante dos estados, representante dos municípios e o ministério. Mas a possibilidade de dialogar, a possibilidade de construir foi colocada em xeque durante o período.

Eu não tenho mais relação com o ministro [Marcelo Queiroga] , não falo com ele. Abaixo dele a gente consegue ter [relação], mas com ele a gente não consegue ter.

Por mais que o Conass antagonize muitas vezes com o ministério, porque esse também é o papel dele, eu não posso simplesmente frear o diálogo. Há algo maior que o papel de um ou de outro aqui estabelecido, tem uma política muito maior do que o ministro A ou o secretário B.

É importante dizer que o Conass é formado por secretários que representamos governadores, a maior parte aos governadores apoiam o presidente. Pelo menos apoiava.

Agente ter um conselho fechado em oposição à política desenvolvidapelo presidente da República [Jair Bolsonaro] não é algo simples.

O senhor disse que não há como dialogar com o ministro. Por quê? Ele não é muito afeito ao diálogo, é rude nesse traquejo.

A gente lida com pessoas que se opõem à gente o tempo todo, isso é natural do cargo que a gente ocupa. A gente tem de saber lidar com alguém que contradiz, com alguém que fala algo que a gente não vai gostar de ouvir.

Ele não tem maturidade democrática institucional para estar na posição que ocupa. Ele tem uma baixa capacidade de construir relação com quem diverge dele.

Agente tem essa dificuldade institucional, o que não tem com quem está abaixo dele. Vou citar o Rodrigo [Cruz, secretário-executivo do Ministério da Saúde], a gente conversa com ele e não conversa com o ministro.

A AMB (Associação Médica Brasileira) soltou uma nota criticando a postura do ministro em diversos pontos. O ministro tem atrapalhado a condução da pandemia? Atrapalhou o tempo inteiro. A postura dele é assim: atrapalhou a vacinação de adolescentes, atrapalhou a vacinação de crianças, tentando agradar aos negacionistas, ao bolsonarismo.

Depois, fala que conseguiu as vacinas. Só faz isso por pressão, se deixasse não permitiría a vacinação.

Quase dois anos desde o início da pandemia e o CFM ainda dá brecha para receitar o 'kit Covid' ao justificar a autonomia médica. Seria o mo mento de rever isso? Dá tristeza a postura do CFM nisso tudo. O órgão deixou de ter a medicina baseada em evidência para ter a medicina baseada em Bolsonaro.

A autonomia médica não é isso, não quer dizer que eu osso prescrever o que eu em entender, não é isso a autonomia médica. Ela tem limites. Se eu tenho evidência científica que determinado medicamento não é eficaz para alterar a condição clínica do paciente, o médico não pode receitar o medicamento. Do jeito que o CFM fala é como se eu pudesse prescrever pedra para quem está com febre.

Se eu tenho os medicamentos X,Y, e Z que comprovada-mente não produzem eficácia contra a doença e continuo prescrevendo, a pessoa deveria responder por isso.

Deveria responder no conselho, civilmente e criminalmente, se algo acontecesse com o doente.

Não é que a gente seja contra a autonomia médica. A autonomia médica não é o que o CFM defende, e ele sabe disso.

No SUS esses medicamentos que não têm eficácia ainda estão sendo prescritos? Ainda há [medicamentos sendo prescritos]. Eu me assusto, tem médico que prescreve e tem médico ainda dizendo para o pai não vacinar o filho. É um tipo de conduta absurda, mas existe. Lógico que com intensidade bem menor, mas continuam prescrevendo.

Algo que tem gerado bastante polêmica é a nota técnica publicada pelo secretário Hélio Angotti que rejeita a diretriz contra o 'kit Covid'. Qual a visão do senhor sobre isso? Ciência não é opinião, é método. Ainda mais ciência da saúde. Eu tenho a repetição desse método para negar a determinado resultado, que nem sempre agrada à política. O discurso deles [governo] não pode fugir do que iniciaram lá atrás porque senão a narrativa perde sentido.

O Ministério da Saúde disse que vai manter o pagamento de diárias para funcionamento de 14 mU leitos de UTI específicos para Covid até o fim de fevereiro. Será suficiente? O ministro tem dito é que não vai faltar recurso. Tendo a necessidade de ampliar, ele diz que vai ser ampliado.

Quais as pautas que o Conass irá trabalhar neste ano? A pauta é como recompor o sistema de saúde após esses dois anos de pandemia. A gente tem uma fila enorme de exames em atraso, consultas em atraso, pacientes que se agravaram. É como se a gente estivesse saindo de uma guerra e tem aí um país a reconstruir.

Carlos Lula, 39

É advogado, consultor legislativo e professor universitário. Pós-graduado em Direito Processual Civil e Direito Constitucional, possui MBA em gestão empresarial e é secretário de Saúde do Maranhão desde 2016. Em 2018, foi eleito vice-presidente do Conass da Região Nordeste, reeleito em 2019. Durante a pandemia, foi eleito presidente do Conselho em 2020 e reeleito em 2021

Dá tristeza a postura do CFM nisso tudo. O órgão deixou de ter a medicina baseada em evidência para ter a medicina baseada em Bolsonaro

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Queiroga critica 'interferência' de Doria na vacinação

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quarta (9) que a prioridade do governo federal é a dose de reforço da vacina contra a Covid-19 e criticou a interferência de governadores e prefeitos na discussão sobre a aplicação da quarta dose do imunizante.

A declaração foi dada após o governador João Doria (PSDB) anunciar que São Paulo irá adotar a quarta dose.

Queiroga afirmou que não há definição no Ministério da Saúde sobre o tema e que a área técnica avalia a necessidade de ampliara vacinação.

'Esse assunto nós já sabemos, não é? O governador de São Paulo e outros chefes de Executivos, seja de estado e município, muitas vezes eles interferem no processo decisório a respeito da imunização', disse.

'Essas questões devem ser discutidas no âmbito do Ministério da Saúde, que é quem lidera esse processo, até porque é quem tem a obrigação de garantir aos brasileiros esse direito', afirmou.

Queiroga questionou como ficará a questão logística de distribuição de doses pelo governo federal caso os estados decidam ampliar a vacinação em descompasso com o Ministério da Saúde.

Técnicos da Saúde e do PNI (Programa Nacional de Imunizações) devem voltar a avaliar nesta sexta se indicam a aplicação da quarta dose.

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Clientes da Amil temem quebra do plano após troca de controle

Agência barra transferência de carteira de usuários para empresa de fundo

O microempresário Carlos Alberto Lopes Gonçalves, 59 anos, está apavorado. Ele e mais quatro integrantes da sua família, incluindo a mãe de 82 anos, têm planos de saúde individuais da Amil desde 1988. Juntos, os planos somam uma mensalidade de R$ 6,3 mil.

Há dois anos, ele passou por uma dupla intervenção cirúrgica, de hérnia de hiato e bariátrica, que causou complicações. Veio a pandemia e ele descartou qualquer ida ao hospital. Agora, quando se preparava para continuar o tratamento, soube que os planos individuais e familiares da Amil estão trocando de mãos e a rede credenciada está encolhendo.

"Pessoas da minha família já tiveram o atendimento negado em laboratórios tradicionais que atendiam pelo plano, como o Delboni Auriemo", diz ele. "Eu preciso do plano para restabelecer a saúde e a minha mãe, com 82 anos, que sofre de pressão alta e diabetes, não pode ficar sem atendimento", diz ele, sócio de uma lanchonete no Brooklin, zona sul de São Paulo.

"Nós não somos lixo. Não podemos ser descartados de uma hora para outra por uma operadora de planos de saúde. Nós não estamos pedindo favor nenhum para sermos atendidos, pagamos pelo serviço."

A Amil, controlada pela americana UnitedHealth, contratou o banco BTG Pactual no fim do ano passado para comprar a sua carteira deficitária de planos de saúde individuais e familiares. É deficitária porque o reajuste destes planos não segue a inflação e é regulado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Em 2021, por exemplo, a agência indicou um reajuste negativo de 8,2%, ou seja, os planos individuais tiveram que diminuir os preços.

O BTG chegou à Fiord Capital, um fundo de investimento criado em novembro do ano passado. O fundo receberia R$ 3 bilhões para assumir a carteira de 330 mil usuários dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Pela operação desenhada para a mudança de controle, a APS, do grupo Amil, passaria a ficar responsável pelos planos de saúde individuais e familiares, negócio que foi aprovado pela ANS.

Mas no início deste ano a APS passou para o comando da Fiord -movimento que acaba de ser barrado pela ANS, que alegou ausência de informações sobre a mudança de controle societário.

A Amil é o terceiro maior plano de saúde do país, com 6,1% de participação. Mas a imensa maioria dos seus 3,4 milhões de beneficiários pertencem a planos empresariais, que são rentáveis. No quarto trimestre do ano passado, a UnitedHealth, controladora da Amil, registrou lucro líquido de US$ 4 bilhões, alta de 84% na comparação anual. Informações de bastidor dão conta que a UnitedHealth planeja sair do país, mas para vender bem seus ativos, precisa primeiro se desfazer da carteira deficitária de clientes.

"Enquanto isso, os usuários dos planos individuais e familiares ficam no limbo, sem informação transparente sobre essa negociação e sem a garantia que o atendimento será mantido", diz o advogado Rafael Robba, do escritório Vilhena Silva, especializado no setor de saúde. "Muito dos usuários desses planos são pessoas de meia-idade ou idosas, pagam caro pelo serviço, mas eles estão vendo a rede credenciada ser enxugada de um dia para o outro, sem aviso prévio, o que é contra a legislação do setor", diz ele.

Segundo Robba, a lei assegura ao detentor de plano individual ou familiar de saúde que o contrato não pode ser cancelado pela operadora, e que a empresa deve avisar com no mínimo 30 dias de antecedência o descredenciamento de laboratórios ou hospitais, sempre tendo o cuidado de oferecer outra opção do mesmo nível, na mesma localidade.

Não foi o que aconteceu com a microempresária paulista Maria de Fátima da Silva, 50. Ela não conseguiu fazer os exames pedidos pelo seu ginecologista no laboratório Lavoisier. "Eu não sabia que o laboratório deixou a rede da Amil em outubro, só descobri quando fui fazer a coleta de sangue", diz ela, cliente do plano de saúde há cerca de nove anos.

"Esta semana, a Amil enviou um comunicado dizendo que o plano passou a ser gerido pela APS, e que continuaria com a mesma rede credenciada. Mas é uma mentira."

Mesmo nos planos empresariais, a Amil tem mudado a rede sem aviso prévio. "Em Indaiatuba (SP), o melhor hospital da cidade - o HAOC (Hospital Augusto de Oliveira Camargo) - foi descredenciado em janeiro", diz a advogada Camila Voic, que mantém um plano empresarial para ela, o marido e os filhos.

Para Robba, a ANS não aprendeu nada com a crise das Unimeds na década passada, e assume uma postura apenas reativa. "A fiscalização de fato não funciona na ANS e a agência só se manifestou sobre o caso por conta da pressão do que saiu na imprensa", diz Robba. "Os beneficiários da Amil têm motivos para estarem aflitos."

Benjamin Wainberg, 68 anos, é um deles. "Estou na Amil há 25 anos e nessa altura da vida preciso da segurança de um plano de saúde. Cheguei a cogitar até deixar o país e me mudar para Israel, onde sei que posso contar com um atendimento de qualidade", diz o administrador de empresas aposentado. "Pelo que eu acompanho, prevejo que a Fiord deve assumir os planos da Amil e quebrar dentro de algum tempo, deixando milhares de clientes na mão", diz ele.

"Fico inseguro em relação ao futuro da Amil e à atuação da ANS", diz Wainberg, que paga cerca de R$ 4.000 por um plano familiar de duas vidas. "Eu não tenho condições hoje de ir para outro plano, pagando o dobro disso", afirma o aposentado, que em dezembro teve a cobertura de um exame recusada pela Amil. "Decidi arcar com o prejuízo de R$ 1,6 mil, para evitar o desgaste de entrar na Justiça contra o plano."

Decisão diferente foi tomada pela família da administradora de empresas Karinna Rodrigues, 43 anos. "Em outubro, minha sogra precisou se submeter a uma cirurgia de substituição de válvula cardíaca e o cardiologista quis fazer a operação por robótica, menos invasiva, mas a Amil se negou a pagar pela operação", afirma. Segundo ela, o plano disse que só pagaria pelo procedimento mais em conta, que envolveria abrir o peito inteiro da paciente.

Diante do impasse, a paciente, de 71 anos, ficou 40 dias internada. "Tivemos que contratar um advogado para entrar com uma ação contra a Amil, até que a operadora liberou a operação robótica", diz ela. Os sogros pagam juntos uma mensalidade de cerca de R$ 2,5 mil e são clientes da Amil há mais de 30 anos.

Melissa Kanda Dietrich, sócia do escritório Farah Kanda Advogados, também especializado na área de saúde, afirma que os usuários dos planos da Amil têm a opção da portabilidade, que é a troca de plano de saúde sem cumprir o período de carência. "Basta estar em dia com a mensalidade, ser usuário do plano há pelo menos dois anos, para obter uma mudança para um plano equivalente", diz.

Como são poucas as opções de planos familiares e individuais no mercado, o usuário teria que contratar uma administradora coletiva, como a Qualicorp, que por sua vez faz a intermediação com outros planos de saúde que não atendem pessoas físicas. "Mas nestes casos o usuário pode se deparar com uma rede credenciada inferior ao que ele tinha", afirma.

Nesta terça-feira (9), o Procon-SP notificou a Amil, a APS e a UnitedHealth Group para discutir a transferência dos 330 mil beneficiários de planos individuais e familiares. As empresas deverão comparecer à sede da instituição, na capital paulista, no próximo dia 17.

Questionada pela Folha, a Amil afirmou em nota que está revisando o processo de compra e venda da APS.

"O UnitedHealth Group Brasil informa que está revisando o processo de compra e venda da Assistência Personalizada à Saúde (APS), em resposta às questões levantadas pela agência reguladora. Reitera que a APS permanece como empresa do grupo e assegura que todas as condições contratadas pelos beneficiários permanecem rigorosamente as mesmas. Seus canais de atendimento seguem à disposição dos seus beneficiários para esclarecimentos", diz o texto.

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O ESTADO DE S.PAULO

Fiord deve brigar para assumir planos da Amil

Grupo que pode receber R$ 3 bi para assumir carteira de pessoas Jfísicas da gigante do setor vai enviar à ANS documentos extras

No que depender dos sócios que fecharam a 'compra' da APS - empresa que concentra os 337 mil planos que a United Health, dona da Amil, tenta repassar a terceiros -, a suspensão do negócio pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não vai ser o ponto final da operação, que envolve R$ 3 bilhões, apurou o Estadão. Fontes ligadas à Fiord, a companhia que liderou as negociações, dizem que a intenção de assumir os planos pessoa física da Amil segue em pé. Procurada, a Fiord não deu entrevista.

Após meses de negociação, a Amil decidiu repassar a deficitária carteira de planos individuais a um grupo recém-forma-do por três sócios: a Fiord, que se autodenomina uma empresa de investimentos, com fatia de 45%; o grupo Seferin & Coelho, que atua na área de gestão de hospitais, com 45%; e o executivo Henning von Koss, ex-Hapvida, Amil e Mediai Saúde, com os 5% restantes.

A Fiord é liderada por Nikola Lukic, sérvio naturalizado brasileiro que tem sua experiência mais relevante na Starboard, empresa que já assumiu negócios em dificuldades como Colombo (de confecções) e Máquina de Vendas (eletrodomésticos). Ele deixou a Starboard em novembro, quando a Amil j á havia começado a oferecer a carteira de pessoas físicas ao mercado. Fontes do setor dizem que a Fiord teria surgido apenas para o acordo com a Amil. A companhia, até o momento, não tem escritório nem funcionários.

Não é incomum que empresas decidam se desfazer de operações deficitárias e paguem a um terceiro para assumi-las. Isso ocorreu quando a rede francesa Fnac pagou mais de R$ 100 milhões à Cultura, que assumiu as lojas no País, mas acabou encerrando todas as unidades. Ou seja: esse subterfúgio pode ser usado como uma forma de garantir que o encerramento da operação ocorra nas mãos de um terceiro.

Para repassar sua carteira de pessoas físicas adiante, a Amil já fez aporte de R$ 2,3 bilhões na APS, negócio que passou a concentrar esses 337 mil beneficiários. O dinheiro só será acessado pelos novos sócios se a ANS der o aval definitivo para a operação.

Segundo fontes, a Fiord e seus parceiros reunirão documentos para tentar provar ao órgão regulador de que têm condições de tocar o negócio adiante e garantir o atendimento aos beneficiários. A carteira que a Amil quer passar adiante teria 20% de planos não regulados pela ANS (adquiridos antes de 2 de janeiro de 1999) e 80% de regulados, segundo fontes próximas à negociação.

A Amil, além do pagamento bilionário, teria se comprometido a fornecer serviços operacionais à manutenção dos planos por até um ano. Além disso, a companhia também faria a negociação com a rede credenciada por até cinco anos. Fontes próximas à Fiord dizem, porém, que a APS deve se movimentar para ter uma estrutura própria de atendimento antes desses prazos - a ideia seria ter entre 40 e 50 funcionários.

A carteira de pessoas físicas é um negócio geralmente pouco rentável aos planos de saúde: isso porque se trata de uma carteira mais antiga e custosa, com muitos usuários idosos. Fontes próximas aos novos sócios, porém, dizem acreditar que a operação pode ser rentável - com a ajuda dos R$ 3 bilhões ofertados pela Amil. ?

Venda com bônus

? Pagando para sair Para vender sua carteira de 337 mil pessoas físicas, a Amil se comprometeu a investir cerca de R$ 3 bilhões para que o novo sócio possa tocar a operação adiante: o negócio foi separado em uma outra pessoa jurídica, denominada APS

? Pedra no sapato As carteiras de planos de pessoas físicas são um negócio do qual as grandes operadoras vêm se afastando já há algum tempo; a preferência é para planos coletivos, como os de empresas, sindicatos e associações de classe

? Fator custo

As carteiras de pessoas físicas costumam reunir planos mais antigos, com um contingente considerável de idosos

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Assessoria de Comunicação