CLIPPING AHPACEG 01/06/21
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Aumento de ocupação dos leitos de UTI por Covid-19 preocupa especialistas em Goiás
Novo Hemocentro é inaugurado, em Goiânia
Morte de paciente por ‘fungo preto’ está sob investigação no Amazonas
OMS aprova Coronavac para uso emergencial
'Não acreditem nela. A vacina salva!', diz presidente da CPI ao criticar depoimento de médica que defende tratamento precoce
Carta do Leitor
Goiânia interrompe aplicação da 1ª dose contra covid-19 por falta de estoque
Brasil tem 64% mais mortes por causas naturais que o esperado de janeiro a abril
Copa América no Brasil pode agravar terceira onda e 'caldeirão' de variantes
À CPI, Nise diz não integrar e desconhece existência de gabinete paralelo
TV ANHANGUERA
Aumento de ocupação dos leitos de UTI por Covid-19 preocupa especialistas em Goiás
https://globoplay.globo.com/v/9562791/
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Novo Hemocentro é inaugurado, em Goiânia
https://globoplay.globo.com/v/9564484/
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JORNAL OPÇÃO
Morte de paciente por ‘fungo preto’ está sob investigação no Amazonas
Por Nathália Alves
Diagnóstico foi feito em um homem de 56 anos. Cerca de 50% das pessoas acometidas pelo fungo acabam morrendo
Um caso de mucormicose, uma infecção causada pelo chamado “fungo preto”, está sendo investigado em Manaus. O parasita foi diagnosticado em um homem de 56 anos, morador da capital do Amazonas. O paciente possuía histórico de diabetes do tipo 2 e foi internado no dia 12 de abril, vindo a óbito no dia 16 do mesmo mês, no hospital da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado. No momento de sua internação, o homem foi submetido ao exame RT-PCR para detecção de coronavírus, já que ele apresentava sintomas gripais leves, mas o resultado foi negativo. Logo depois de apresentar uma coceira em seu olho direito, ele veio a dar sinais de infecção no mesmo.
Mucormicose
A mucormicose chega a matar mais de 50% dos acometidos por ela. Muitos infectados precisam passar por cirurgias mutilantes para retirar as partes do corpo afetadas pelo popularmente conhecido “fungo preto”. Especialistas acreditam que a diminuição da imunidade em pacientes que estão com covid-19 pode acabar desencadeando os casos de mucormicose, como já se observa na Índia.
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AGÊNCIA ESTADO
OMS aprova Coronavac para uso emergencial
Brasília - A Organização Mundial de Saúde (OMS) informa em comunicado nesta terça-feira (1º/6) que aprovou a vacina Coronavac, da chinesa Sinovac, para uso emergencial contra a covid-19. Com isso, a entidade diz que dá a países, financiadores e comunidades a garantia de que ela "atende aos padrões para segurança, eficácia e fabricação".
O imunizante é o mais utilizado no Brasil até o momento, com fabricação aqui pelo Instituto Butantan. A declaração dada agora pela OMS é um requisito para que a vacina seja ofertada no Mecanismo Covax e para que participe de licitações internacionais. "Isso permite que países acelerem sua própria aprovação regulatória para importar e administrar vacinas contra a covid-19", diz a entidade.
A avaliação é feita por um grupo composto por especialistas em regulação do mundo e por um Grupo de Aconselhamento Técnico. A OMS disse que, no caso da CoronaVac, a avaliação incluiu inspeções in loco do local de produção na China. A OMS diz que a vacina usa o vírus inativado e tem requisitos "simples" para estocagem, o que a torna "muito gerenciável e particularmente adequada" para condições de "baixos recursos".
De acordo com a OMS, a vacina é recomendada para adultos a partir de 18 anos, com aplicação em duas doses, sendo o intervalo entre estas de entre duas a quatro semanas. "Os resultados de eficácia mostraram que a vacina evitou a doença sintomática em 51% dos vacinados e evitou covid-19 severa e hospitalizações em 100% da população estudada", destaca a OMS.
A entidade nota que poucos adultos a partir de 60 anos fizeram parte dos estudos clínicos, por isso a eficácia não pôde ser estimada para essa faixa etária. Ainda assim, a OMS diz que não está recomendando um limite máximo de idade, pois dados posteriores em vários países sugerem que ela também protege os mais velhos. "Não há razão para acreditar que a vacina tenha um perfil de segurança diferente em populações mais velhas e mais novas", diz a instituição.
As vacinas já aprovadas pela OMS para uso emergencial incluem ainda a da Pfizer/BioNTech, da Astrazeneca-SK Bio, do Instituto Serum da Índia, da Astra Zeneca UE, da Janssen, da Moderna e a da chinesa Sinopharm, diz a nota da organização.
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O GLOBO
'Não acreditem nela. A vacina salva!', diz presidente da CPI ao criticar depoimento de médica que defende tratamento precoce
BRASÍLIA Durante depoimento à CPI da Covid, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), apresentou vídeo em que a médica Nise Yamaguchi defende o tratamento precoce e o compara à vacinação no combate à pandemia. Nas imagens, retiradas de audiência na Câmara, ela havia afirmado, sem apresentar dados e provas:
Nós temos evidências científicas robustas falando que o tratamento precoce salva vidas, portanto, não é necessário vacinar aleatoriamente a população inteira.
Ao vivo:
Para a imunologista, existem as medicinas da prevenção, como a vacina, e do tratamento o chamado kit Covid, com medicamentos de ineficácia comprovada contra a Covid-19.
Vacina não é tratamento, vacina é prevenção. Tratamento é tratamento aos primeiros sintomas. Então, uma coisa é a vacina para prevenção e outra coisa é o tratamento inicial, que se chama precoce, aos primeiros sintomas disse Nise, em contradição ao discurso apresentado.
O senador também apontou contradições nas declarações dela e disse que a voz mansa e calma ajudava a convencer o discurso. Ao rebater a fala em que a oncologista equiparava tratamento precoce e vacina, disse que ela será reconvocada à CPI em nova data, dessa vez não mais como convidada e sim como testemunha:
Vacina sempre preveniu. É melhor prevenir do que remediar. Isso é histórico. (...) Tem que vacinar todos os brasileiros, pelo amor de Deus! Todos os brasileiros precisam de duas vacinas. Duas! Não acreditem nela. A vacina salva!
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O POPULAR
Carta do Leitor
Aproveitamos o artigo “Valorização da enfermagem, já!”, publicado pelo jornal O Popular em 28 de maio de 2021, para também manifestarmos o nosso reconhecimento da importância do trabalho dos profissionais de enfermagem, não só durante essa pandemia, mas na rotina diária das instituições de saúde. A dedicação e a atuação dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem são fundamentais para que possamos garantir a qualidade e a segurança da assistência que sempre buscamos oferecer à sociedade.
Reconhecemos também a necessidade de uma adequação na remuneração destes profissionais e de todos que integram a equipe de saúde, mas qualquer reajuste nestes pagamentos precisa vir acompanhado de um aumento nos valores pagos às instituições assistenciais pelos planos de saúde e demais compradores de nossos serviços. A aprovação de projetos que impõem aos hospitais reajustes salariais dos profissionais de enfermagem sem a contrapartida de uma recomposição das fontes de custeio dessas instituições vai criar um cenário caótico, com o comprometimento da sustentabilidade destes serviços, a necessidade de demissões e a descontinuidade do atendimento à população. Por isso, ressaltamos a importância da valorização da enfermagem, mas acompanhada da valorização de toda a equipe e das instituições de saúde.
Valney Luiz da Rocha
Presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás (Sindhoesg)
Haikal Helou
Presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg)
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A REDAÇÃO
Goiânia interrompe aplicação da 1ª dose contra covid-19 por falta de estoque
Goiânia – A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) vai interromper a aplicação da 1ª dose da vacina contra a covid-19 nesta terça-feira (01/6) devido à falta de estoque. A campanha será retomada conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) receba novas remessas e repasse ao município.
As últimas doses, do imunizante da Pfizer, foram aplicadas nesta segunda-feira (31/5) em profissionais da saúde e da educação infantil, assim como pessoas com comorbidades.
Enquanto a nova remessa não chega, a vacinação continua nesta terça para quem está em atraso e precisa receber a 2ª dose da AstraZeneca e CoronaVac, sem necessidade de agendamento.
Confira as unidades de atendimento:
1) Cais Campinas
2) Cais Cândida
3) Cais Bairro Goiá
4) Ciams Urias Magalhães
5) Upa Chácara do Governador
6) Upa Jd América
7) Ciams Novo Horizonte
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PORTAL G1
Brasil tem 64% mais mortes por causas naturais que o esperado de janeiro a abril
Painel desenvolvido pelo Conass, organização Vital Strategies e Arpen-Brasil considera óbitos causados por doenças, incluindo Covid-19, ou mau funcionamento interno do corpo
O Brasil registrou, de 1 de janeiro a 17 de abril, 211.847 mortes por causas naturais a mais do que o esperado para o período, o que representa um excesso de mortalidade de 64%. São considerados no índice óbitos causados por doenças, incluindo Covid-19, ou mau funcionamento interno do corpo.
Os dados são do levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) em parceria com a organização global de saúde pública Vital Strategies e com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).
O número de óbitos acima do esperado é superior à população do município de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, informa o Conass. As informações estão no "Painel de Análise do Excesso de Mortalidade por Causas Naturais no Brasil", desenvolvido pelas organizações.
O levantamento reúne dados sobre todas as mortes por causas naturais informadas no Portal de Transparência do Registro Civil. Os números são comparados com a projeção estimada a partir da série histórica de óbitos, com dados do Sistema de Informação de Mortalidade entre 2015 e 2019, e é aplicada uma metodologia para corrigir a subnotificação. Era esperado que até 17 de abril 328.665 pessoas morressem por causas naturais no país.
Os dados mostram, ainda, que o excesso de mortalidade no país até 17 de abril deste ano já representa 77% do excesso de mortalidade registrado em todo 2020. No ano passado, foram identificados 275.587 óbitos a mais do que o esperado, um excesso de mortalidade de 22%.
'Esta comparação dá uma dimensão do enorme impacto da epidemia de Covid-19 no país, já nos primeiros meses de 2021', afirma, em nota, o assessor técnico do Conass, Fernando Avendanho.
O acompanhamento das taxas de excesso de mortalidade é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para avaliar os reflexos da Covid-19 nos países, destaca o Conselho.
As mortes acima do número esperado podem ser reflexo da infecção pela Covid-19 e também do atraso no diagnóstico e tratamento de outras doenças devido à sobrecarga dos serviços de saúde durante a crise sanitária, explica o Conass.
"Os dados brasileiros reunidos pela Vital Strategies e Conass, no entanto, mostram uma inequívoca relação entre o comportamento da epidemia e o excesso de mortes", informa.
'Os dados, associados à análise do número de mortes e infecções da doença, permitem ter um quadro mais preciso sobre as consequências diretas e indiretas da epidemia no país, fornecendo informações para a formulação de estratégias eficazes para o enfrentamento da crise de saúde', afirma, em nota, o Diretor Executivo da Vital Strategies no Brasil, Pedro de Paula.
Excesso de mortes cresce na faixa etária até 59 anos
A epidemiologista sênior da Vital Strategies, Fatima Marinho, destaca que o excesso de mortes vem crescendo entre a população de até 59 anos e tem se mantido maior entre os homens. Até essa idade, o percentual de excesso de mortalidade entre homens é de 86% e entre mulheres, 81%. A epidemiologista avalia que a tendência deve ter reflexos na expectativa de vida do brasileiro.
Na faixa acima dos 60, o percentual foi de 55% entre mulheres e 61% entre homens.
Uma das hipóteses que podem explicar o fenômeno, informa o Conass, é "o fato de homens adotarem comportamento de maior risco de contaminação por Covid-19", e de que a nova variante P1 "tem atingido a população abaixo dos 60 anos".
Marinho também chama atenção para o excesso de óbitos na região Sul do país, que passou boa parte de 2020 com baixos percentuais do índice, mas este ano teve aumento significativo a partir de fevereiro. O Sudeste foi a região com o maior excesso de mortes no período analisado em 2021, com 46% do total.
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Copa América no Brasil pode agravar terceira onda e 'caldeirão' de variantes
Depois da recusa da Argentina e Colômbia, Conmebol disse que Brasil aceitou sediar Copa América, mas ministro da Casa Civil afirma que evento ainda está em negociação
Depois da recusa da Argentina e Colômbia, o Brasil pode sediar a Copa América do dia 13 de junho a 10 de julho deste ano. O torneio de futebol reúne seleções de países da América do Sul e deve atrair milhares de pessoas para o país, incluindo jogadores, comissão técnica e torcedores, embora os jogos sejam fechados ao público.
Epidemiologistas entrevistados pela BBC News Brasil definiram como "crime", "insanidade" e "paranoia" caso o país leve adiante a possibilidade de promover o campeonato no país.
O anúncio de que o Brasil havia sido escolhido como sede da competição foi feito na manhã de segunda-feira (31/5) pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).
Apesar disso, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, disse que ainda não há confirmação de que o país vá sediar a Copa América. Segundo ele, a decisão será anunciada nesta terça-feira (1/6).
Copa América no Brasil ainda não está decidida, diz ministro
Antonio Augusto Moura da Silva, professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), diz que hoje o Brasil não tem condições de receber nenhum evento. Segundo ele, a chegada de turistas ao país pode causar um colapso no sistema de saúde já saturado por conta da quantidade de pacientes internados com covid-19.
"Estamos enfrentando uma segunda onda que não arrefeceu ainda. A taxa de transmissão também está muito elevada e estamos numa situação de descontrole. Além disso, a taxa de imunização está muito baixa, com apenas 10,4% da população vacinada com a segunda dose da vacina contra a covid", explica.
O Brasil registrou nesta segunda-feira (31/5) 860 mortes por covid-19, e o total de óbitos no país chegou a 462.791, segundo boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). A soma oficial de casos da doença já chega a 16.545.554, sendo 30.434 deles nas últimas 24h.
A média diária de mortes nos últimos sete dias ficou em 1.848. Mesmo com tantos casos, o país aceitou a proposta da Conmebol para sediar o evento esportivo.
Já a Argentina anunciou sua desistência, após registrar uma alta de casos de covid nas últimas semanas. A Colômbia também rejeitou a proposta por enfrentar uma onda de protestos contra o governo. A competição seria realizada em conjunto pelos dois países.
Apesar de a Conmebol ter afirmado que a Copa América 2021 será sediada no Brasil, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirmou na noite desta segunda-feira (31/5) que a realização do evento no país ainda está em negociação .
"Ainda não tem nada certo, estamos no meio do processo", disse Ramos, em entrevista coletiva. "Mas não vamos nos furtar a uma demanda, caso seja possível de atender."
Copa América pode ser gota d'água para 3ª onda estourar no Brasil, diz Miguel Nicolelis
Ramos garantiu que se ocorrer no Brasil, o evento não terá público e todos atletas serão vacinados.
Moura da Silva, da UFMA, diz que o governo brasileiro será irresponsável caso aceite sediar a competição, pois há um grande risco de aumentar a circulação do vírus no território nacional.
"Quando aumenta a circulação de pessoas, a tendência é aumentar a taxa de contaminação. Um evento desse ainda pode representar uma ameaça de entrada da variante indiana. O que precisamos ter é um controle de fronteira mais rígido. Sem isso, corremos o risco de aumentar a circulação do vírus e, consequentemente, o número de óbitos", alerta.
Além de Moura da Silva, outros epidemiologistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem que a maior preocupação de um evento como esse é aumentar a transmissão do coronavírus. Isso ocorre porque quanto mais pessoas se encontram e se aglomeram, mais rápido o vírus se espalha.
Segundo o infectologista Marcos Boulos, a realização de um evento como esse ainda contribui para que a população do país sinta uma sensação de normalidade.
"Qualquer sinalização nesse sentido vai contra o que está acontecendo no mundo, ainda mais num país que está em franco crescimento da pandemia. Esse evento pode trazer pessoas infectadas com cepas que não temos aqui e causar um problema maior", afirma.
Boulos diz que não vê nenhuma base técnica ou sanitária para que o país aceite um evento desse porte em meio a uma pandemia.
"Isso não pode existir do ponto de vista sanitário e só pode partir do presidente da República. É um absurdo ainda maior se tiver público. Se isso acontecer, tem que prender todo mundo. É uma loucura total. Só o jogo já não dá para entender. Se tiver torcida, é um crime", lembra.
O infectologista acrescenta que o país não terá condições de atender mais pessoas nos hospitais, caso o torneio cause um aumento do número de infectados.
"Quando você faz um jogo de futebol, as pessoas se reúnem para ver em família ou com os amigos e criam uma situação de aglomeração. Muitos também querem ir para a porta do estádio ver o time chegar, acompanhar os treinos. Mesmo sem gente nos estádios é ruim", completa.
Aumento da transmissão
Na opinião de Moura da Silva, o Brasil já passa por um momento de preocupação por conta das variantes registradas no território, como a P.1 e a variante indiana. A entrada de uma grande quantidade de pessoas de outros países no território nacional pode trazer novas cepas para o país.
"Várias cidades já registram uma taxa de ocupação das UTIs de mais de 80%. O esperado era de que os governos restringissem os eventos, e não aceitassem mais. Agora, a possibilidade de haver jogos com público é uma completa paranoia", afirma.
Segundo ele, eventos como esses são aprovados pelo governo porque têm forte apelo popular. Ele diz acreditar que muitos brasileiros se acostumaram com as mortes e não se chocam mais com um alto número de óbitos diários causados pela covid-19.
"Antes, a população se chocava com 500 mortes por dia. Depois com 4 mil. Hoje, não se choca com 2 mil pessoas morrendo e eventos como esses são aceitos com mais facilidade. Mas trata-se de uma decisão que não tem nenhum fundamento sanitário. Se tivesse, era para não aceitar, como fez a Argentina e a Colômbia. Essa foi uma decisão política e econômica", reforça.
O epidemiologista explica que a situação do Brasil é levemente menos grave que a dos vizinhos Argentina e Colômbia, que negaram a Copa América. Mas isso não justifica abrir as fronteiras e permitir que o país corra um risco tão alto.
Ele lembra que o Brasil registra 8,6 mortes por milhão de habitantes, enquanto a Argentina tem 9,9 óbitos por milhão e a Colômbia, 10,8. Por outro lado, os casos vêm crescendo e que isso deve se refletir num aumento do número de mortos nas próximas semanas, acrescenta.
"Nossa situação hoje é um pouco melhor que os demais, mas já tivemos uma taxa de 14 óbitos por milhão e que pode voltar numa terceira onda. Argentina e Colômbia estão numa subida. Mas nada justifica um evento como esse por aqui porque a taxa de contaminação está alta e os casos estão subindo", diz.
Para Moura da Silva, o cenário mais catastrófico seria permitir a presença de público nos estádios, mesmo que fosse apenas na final e com público limitado.
"Fazer jogos com participação de torcida é uma insanidade. É a mesma coisa que colocar as pessoas num matadouro. Para um técnico, a resposta de que esse campeonato não deveria ocorrer é óbvia. Mas nossos políticos não se importam com a morte das pessoas", diz.
O epidemiologista e professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Lucio Botelho concorda e diz que casos recentes demonstram que há uma grande taxa de contaminação entre os jogadores de futebol. E que a circulação desses atletas e comissão técnica pelos aeroportos do país coloca em risco toda a população.
"É um absurdo, em letras garrafais. Nós já temos hoje os campeonatos regionais e o Brasileiro rolando como se nada tivesse acontecendo. Um exemplo da alta contaminação entre jogadores foi o River Plate entrar em campo com 11, sem reservas, e com um jogador de linha improvisado como goleiro porque o resto estava com covid", afirma.
Ele ainda lembra o caso de um jogador do Avaí, que foi retirado de campo no intervalo de uma partida da Série B do Campeonato Brasileiro após testar positivo para covid.
"Isso demonstra que não há nenhuma segurança garantida nos protocolos adotados. Porém, há uma força política da economia para que esses campeonatos ocorram. É irresponsabilidade e contrassenso deixar a Copa América acontecer aqui. Isso é dito por um apaixonado por futebol", diz o epidemiologista.
A Conmebol disse ter recebido uma doação de 50 mil doses de vacinas produzidas pela Sinovac, a mesma do Instituto Butantan, e afirmou que distribuirá 5 mil doses para cada federação. Isso, segundo a organização, garantirá que as equipes de todos os países estejam vacinadas.
Mas Botelho argumenta que essa medida não alivia nem justifica a promoção de um campeonato de futebol em um país onde milhares de pessoas morrem diariamente e há filas de espera por um leito de UTI.
"Isso é uma loucura. É inconsequente em todos os aspectos. Talvez a minha análise tenha que ser política. É de novo algo para fazer a história do pão e circo. Não tem sentido dois países recusarem um evento desses e o Brasil chamar para cá. A vacina não anda e estamos trazendo mais riscos ao país", afirma.
Questionado sobre o que poderia ser feito para amenizar os danos ao país, caso o Brasil aceite sediar o evento, Botelho afirma não ter nenhuma sugestão.
"Temos que evitar que as pessoas se infectem. A gente tem que ser coerente e não fazer a Copa América. A mídia tem uma parcela importante nisso tudo porque briga para manter a Olimpíada e precisa manter os compromissos políticos. A Copa América foi paga pelos patrocinadores e a Conmebol não vai abrir mão. Vai fazer, nem que seja no México ou no Catar. É algo que beneficia a economia, mas deveria se tratar de questões sanitárias.
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CNN
À CPI, Nise diz não integrar e desconhece existência de gabinete paralelo
Médica oncologista e imunologista diz que é 'colaboradora eventual' e participa na condição de médica e cientista em reuniões governamentais
A médica Nise Yamaguchi, oncologista e imunologista, que defende o chamado "tratamento precoce" para a Covid-19, afirmou nesta terça-feira (1º) em depoimento à CPI da Pandemia que desconhece e nunca integrou um gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Eu desconheço um gabinete paralelo e muito menos que eu integre qualquer gabinete paralelo", afirmou, ao ser questionada sobre o tema pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros.
"Eu sou uma colaboradora eventual e participo junto com os ministros de Saúde, deixei bem claro, como médica, cientista, chamada para opinar em comissões técnicas, em reuniões governamentais, reuniões específicas com setores do Ministério da Saúde", completou.
Após a exibição de uma entrevista de Nise em 2020 em que ela fala sobre dosagens de uso da cloroquina sugeridas ao Ministério da Saúde, ela voltou a negar que isso tenha acontecido à margem das orientações oficiais do governo.
'Quero deixar mais uma vez claro que não participo de nenhum gabinete paralelo. Entendo que o governo é um só. Minhas conversas que ocorrem com relação a parte técnica do Ministério da Saúde, com os técnicos - porque eu conversei com os técnicos sobre dosagens da cloroquina - isso tenho que caracterizar muito bem.
Renan citou os nomes do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), do deputado Osmar Terra (MDB-RS), além de Luciano Azevedo, Carlos Wizard e Arthur Weintraub como integrantes desse suposto gabinete e perguntou se a médica poderia citar outros integrantes, além dela própria.
'Não tenho como enunciar pessoas que participem. Não entendo onde o senhor deseja chegar porque, na realidade, só participo como consultora individual. Tudo que eu faço através de sociedades médicas, todos os momentos que eu posso dar palestrar, eu faço isso.'
Nise disse ainda que nunca levou para essas reuniões com Bolsonaro sua defesa de tese da imunidade de rebanho.
"Não, nunca discuti imunidade de rebanho com ele. Na realidade, tive poucos encontros. O que eu tenho são posições públicas, que são bastante detalhadas e muito bem estruturadas, baseadas na ciência daquele momento."
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Assessoria de Comunicação