CLIPPING AHPACEG 25 a 27/07/20
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Leitos de internação no SUS voltam a crescer após 10 anos
Pressão pela Cloroquina
Prefeitura e Estado farão testes em massa na capital
Plasma de recuperados da Covid-19 pode ajudar no tratamento da doença
Faltam médicos, exames e remédios
Médicos reclamam de falta de exames e remédios em Cais de Goiânia
Aumenta demanda por plasma
Drive thru ganha força na crise
Periferia sofre mais com Covid
Saúde promete cirurgias em agosto
Verba de combate à Covid-19 é questionada pelo TCU
Por baixo da máscara
A omissão do Conselho Federal de Medicina
Paciente esperou 30 horas por leito
FOLHA DE S.PAULO
Leitos de internação no SUS voltam a crescer após 10 anos
A busca emergencial por maior estrutura na rede de saúde devido à pandemia do novo coronavírus interrompeu, pela primeira vez, uma queda que vinha ocorrendo nos últimos dez anos no total de leitos de internação existentes no SUS.
Dados de um levantamento feito pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) mostram que, entre fevereiro e junho deste ano, foram abertos 22.810 leitos de internação na rede pública. Com isso, o total passou de cerca de 294 mil a 317 mil.
Até então, o Brasil vinha registrando a cada ano uma queda no número desses leitos. Entre janeiro de 2011 e janeiro de 2020, por exemplo, 41 mil deles haviam sido fechados.
A inversão da curva também fica visível ao observar dados dos primeiros seis meses de 2019 e de período semelhante de anos anteriores, que também apontavam queda.
Segundo o CFM, todos os leitos abertos neste ano são de clínica geral, o que indica que podem estar relacionados à epidemia da Covid-19 no país.
O balanço não engloba o total de leitos de UTI, que também tiveram aumento no período. Até agora, ao menos 11.084 foram habilitados e passaram a ser financiados para uso na rede, de acordo com o Ministério da Saúde.
Para Hideraldo Cabeça, 1º secretário do CFM, ao trazer nova carga ao sistema, a Covid-19 também evidenciou parte do deficit de estrutura que existia na rede.
"Já sabíamos dessa deficiência, o que está ligado também a fila de espera por leitos e de procedimentos eletivos. A pandemia veio deixar essa dificuldade existente na saúde de fácil percepção."
O conselho alerta, porém, para o risco de nova queda no total de leitos em breve.
Isso ocorre porque, além de uma expansão de leitos em unidades fixas da rede, a epidemia estimulou a abertura de hospitais de campanha, tidos como provisórios -não há dados de quanto eles representam do total.
"A nossa preocupação é que muitos desses leitos estão em locais onde não é possível mantê-los, como hospitais em ginásios, campos de futebol e centros de convenções", diz.
Para Cabeça, é preciso avaliar a possibilidade de absorver os leitos onde a expansão ocorreu dentro ou próxima de infraestrutura existente.
O debate de qual deve ser o destino da nova estrutura criada em meio a pandemia tem ganhado força nos últimos dias, em meio aos primeiros sinais de queda no total de novos casos em algumas regiões.
Para Gulnar Azevedo, professora de epidemiologia da UERJ, ainda é cedo para fechar leitos, mesmo que provisórios, já que há risco de novas infecções.
"Ainda estamos em pandemia, que não acabou. Em alguns lugares, vemos uma atenuação do crescimento, de uma curva que tende a estabilizar, mas ainda não podemos dizer que está sob controle", diz Azevedo, que também é presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva.
Ela sugere que parte dos leitos em locais onde há os primeiros sinais de queda de novos casos da Covid seja usada para garantir o atendimento de pacientes após a saída da UTI e daqueles com quadros menos graves, mas que não têm condições adequadas de isolamento em casa e também precisam de monitoramento e cuidados intermediários.
Ou, ainda, que haja um plano para que a estrutura seja atrelada ao atendimento de pacientes vindos de cidades do interior -dos 22.810 novos leitos, 9.762 estão em capitais.
Para Cabeça, o ideal é que haja um esforço para que parte dos leitos seja incorporada de acordo com o gargalo de cada região. Ele cita dados que mostram que, nos últimos anos, áreas como obstetrícia e cirurgia geral tiveram maior perda de leitos.
Outra necessidade é preparar a rede para atendimento de demandas que ficaram represadas em meio a epidemia da Covid-19, caso de cirurgias eletivas, por exemplo.
À Folha, secretários estaduais de saúde confirmam a intenção de manter parte dos leitos abertos, mas apontam o financiamento dessa estrutura como desafio.
"Há uma discussão sobre como construir um legado após a pandemia para o sistema de saúde, mas o financiamento é sempre um problema", afirma o secretário de saúde do Maranhão e presidente do Conass, conselho que reúne gestores estaduais de saúde, Carlos Lula.
O tema deve ser discutido em reunião com os 27 secretários estaduais de saúde nesta semana.
Dados do levantamento feito pelo CFM mostram SP, Pernambuco e MG como os estados que abriram a maior quantidade de leitos em números absolutos.
Já em proporção à população, o maior aumento foi em Roraima, Sergipe e Amapá.
Só em São Paulo, foram criados 5.000 leitos de enfermaria. Também foram abertos outros 4.500 de terapia intensiva, de acordo com a secretaria estadual de saúde.
Destes últimos, apenas 2.500 foram habilitados pelo ministério. Os demais ainda aguardam resposta, diz a pasta, que reforça o pedido por "apoio no custeio da assistência".
Questionada sobre a possibilidade de manter os novos leitos após a pandemia, a secretaria não respondeu. Diz apenas que "mantém o compromisso de garantir assistência e aprimorar a rede, com base em critérios técnicos e nas necessidades da população."
Em nota, o Ministério da Saúde informou que, diante da pandemia por Covid-19, habilitou 11.084 leitos de UTI, com investimento de R$ 1,5 bilhão. A pasta não informou o total de leitos de internação clínicos abertos no período.
Sobre os planos de absorção dos novos leitos, o ministério afirma que a manutenção será discutida com gestores estaduais e municipais de saúde após o período de emergência.
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DIÁRIO DA MANHÃ
Pressão pela Cloroquina
Metade dos médicos relata pressão para dar remédio sem comprovação científica para tratar doentes com covid-19
Embora pesquisas não apontem benefícios no uso de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com covid-19, o debate político em torno dos medicamentos - capitaneado, muitas vezes, pelo presidente Jair Bolsonaro - coloca médicos na linha de frente do atendimento sob grande pressão.
Segundo pesquisa da Associação Paulista de Medicina, 48,9% de quase 2 mil profissionais entrevistados em todo o País relataram pressões de pacientes ou parentes para prescrever remédios sem comprovação científica. Nas redes sociais, também há relatos de intimidação.
O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Clóvis Ams, chegou a ser ameaçado de morte nas redes sociais e foi alvo de notícias falsas após a instituição publicar recomendação contra a cloroquina para a covid-19, no dia 17. "Notícias falsas e informações sensacionalistas ou sem comprovação técnica são inimigos que os médicos enfrentam simultaneamente à covid-19", diz o estudo da Associação Paulista de Medicina (APM).
Estudo feito em 55 hospitais brasileiros e publicado na revista Science confirmou que a cloroquina tampouco funciona em quadros leves e moderados de covid-19. Vários países, incluindo os Estados Unidos, já interromperam o uso experimental dos remédios e suspenderam ensaios clínicos em razão da arritmia cardíaca que o medicamento pode provocar em pacientes graves. Há duas semanas, artigo na revista médica Lancet voltou a apontar riscos para o coração com os remédios, originalmente contra lúpus e malária.
Efeito Bolsonaro
Na mesma semana, porém, Bolsonaro informou ter covid-19 e foi às redes sociais anunciar que tomava cloroquina, exibindo embalagens do remédio, como numa propaganda. "Aos que torcem contra a hidroxicloroquina, mas não apresentam alternativas, lamento informar que estou muito bem com seu uso e, com a graça de Deus, viverei ainda por muito tempo", escreveu ele no Twitter A politização desse debate, que deveria ser exclusivamente científico, não é só retórica. Levou à queda de dois ministros na pandemia (os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, contrários ao uso do remédio) e tem consequências diretas no atendimento de pacientes, como mostra o levantamento da APM. O próprio Ministério da Saúde passou a recomendar seu uso.
"Pelo menos 69,2% (dos entrevistados) dizem que (notícias falsas ou sensacionalistas) interferem negativamente, pois levam algumas pessoas a minimizar (ou negar) o problema e, assim, a não observar as recomendações de isolamento social e higiene, ou a não procurar os serviços de saúde", destaca o estudo da APM. "Outros 48,9% falam que, em virtude das fake news, pacientes/familiares pressionam por tratamentos sem comprovação científica."
Brasil tem 87.004 mortes
O Brasil teve até as 18 horas de ontem 87.004 mortes em decorrência do novo coronavírus, sendo 555 óbitos registrados no balanço de 24 horas, informou o Ministério da Saúde. Os casos subiram 24.578, totalizando 2.419.091.
O Estado de São Paulo é o mais afetado pela pandemia. Ao todo, 21.606 vidas foram perdidas. Os casos somam 483.982.
No mundo, o Brasil está atrás somente dos Estados Unidos tanto em total de mortes quanto em casos. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), os EUA já contabilizam 145.942 óbitos e 4.163.892 contaminações.
Goiás
Goiás registrou no balanço de 24h, 56.078 novos casos de Covid-19 no estado. 1.104 novos casos e 14 mortes. O número de mortos pela doença chegou a 1.392. A quantidade de infectados que se curaram é 49.905. Os números mostram ainda que existem 114.844 casos sob investigação. A taxa de letalidade ficou em 2,48%. Um total de 57 casos suspeitos ainda são investigados. Goiânia registrou, no balanço de 24 horas, em 512 bairros, um total de 13.571 casos e 411 óbitos. 42 novos infectados e 03 mortes. 11.516 pessoas se recuperaram da doença.
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Prefeitura e Estado farão testes em massa na capital
Parceria se soma aos mais de 270 mil testes para Covid-19 adquiridos pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, que já começam a ser realizados nesta semana
A Prefeitura de Goiânia e o Governo de Goiás fecharam mais uma parceria para combater a propagação do novo coronavírus no Estado e na capital. No último dia 22 de julho, foi lançado o aplicativo Dados do Bem. A nova ferramenta vai permitir a ampliação da testagem para Covid-19 na capital e a promoção do rastreamento e do monitoramento de pessoas com suspeita ou diagnóstico confirmado da doença.
A secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué, esteve na cerimônia de lançamento do aplicativo, representando o prefeito íris Rezende. Durante seu discurso, a titular da SMS destacou a importância de mais uma ação no enfrentamento ao coronavírus.
"Esse aplicativo é de extrema importância e vem somar aos 270 mil testes de PCR que adquirimos para testar pacientes sintomáticos nas unidades do município',' lembrou.
De acordo com o secretário de Estado da Saúde (SES-GO), Ismael Alexandrino, a parceria dos municípios será fundamental para a eficácia do projeto. Ele lembrou que a capital será a primeira cidade a iniciar o rastreamento e o monitoramento. "Goiânia já começa hoje (quarta-feira, 22). Nós temos três unidades indicadas pela Prefeitura, mais o HCamp (Hospital de Campanha para Enfrentamento ao Coronavírus). Ou seja, quatro unidades" informou o secretário.
O aplicativo "Dados do Bem" foi desenvolvido pelo Instituto D"Or de Pesquisa e Ensino, em parceria com a Zoox Smart Data e cedido sem custos ao Estado. Além disso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, está doando os kits de coleta, com exames RT-PCR, a mesma ficará responsável pela testagem em massa. Os kits são considerados padrão ouro pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mais testes
Na semana passada, a Prefeitura de Goiânia anunciou a compra de 270 mil testes para detectar o novo coronavírus. Serão 100 mil testes de RT-PCR tradicional e 170 mil testes de RT-PCR rápido, tecnologia recém-chegada no Brasil que detecta o antígeno viral a partir da mucosa naso-orofaringe.
Noutra frente, para assegurar a assistência à saúde aos moradores, a Secretaria Municipal de Saúde anunciou a ampliação do número de leitos de UTIs em Goiânia. A Prefeitura está em processo de contratação de 100 novos leitos de unidade de terapia intensiva exclusiva para tratamento de doentes com Covid-19. A implantação destes novos leitos deve ocorrer nos próximos dias e a capital vai chegar a 300 UTIs exclusivas para infectados pelo novo coronavírus.
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TV ANHANGUERA
Plasma de recuperados da Covid-19 pode ajudar no tratamento da doença
http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=78650808
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Faltam médicos, exames e remédios
http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=78561926
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Médicos reclamam de falta de exames e remédios em Cais de Goiânia
http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=78544429
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O POPULAR
Aumenta demanda por plasma
Componente sanguíneo de quem superou a Covid-19 é utilizado em Goiás e em outras partes do mundo em estudos experimentais para tratar pacientes infectados pelo novo coronavírus
Não é uma terapia recente, mas diante da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), em que as condutas de tratamento vêm sendo experimentadas com o avançar do número de casos de Covid-19, a transfusão de plasma de convalescente voltou a ser resgatada. Em todo o mundo estudos sobre o procedimento têm apresentado resultados satisfatórios e de segurança. Embora seja um protocolo experimental, em Goiás a demanda pelo plasma de recuperados da doença é maior do que a oferta, levando os bancos de sangue a se mobilizarem em busca destas pessoas.
Vice-presidente do Sindicato dos Laboratórios de Análises e Banco e Sangue no Estado de Goiás (Sindilabs- GO), Antônio César Teixeira, explica que aumentou muito a prescrição do plasma para pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Sem estoque, familiares e amigos do doente têm feito campanhas nas redes sociais em busca de doadores, pessoas que passaram pela doença e se curaram. "É uma terapia sem comprovação científica e não tem efeito colateral. Nada indica que vai resolver o problema. Meu sogro teve Covid, fez o plasma, mas não resistiu", enfatiza.
Foi o que ocorreu com a professora Winnie Rakel Rodrigues, de 40 anos, que morreu no início deste mês em Goiânia. Ela recebeu o plasma no dia 7, mas faleceu no dia 12. O fisioterapeuta Márcio Silva, de 41, que ficou 15 dias internado num hospital privado de Ceres (GO), cinco deles na UTI, teve resultado diferente. A família pediu ajuda pelas redes sociais para que ele tivesse acesso ao plasma. "O padrão respiratório e o estado geral dele melhoraram. Se não tivesse tomado o plasma a condição seria pior", acredita a mulher, Tuane Dias que agora cuida do marido em casa, em plena recuperação.
O cirurgião cardiovascular Aleksander Dobrianskyj, de 66 anos, internado durante o mês de abril em estado grave, foi o primeiro paciente de Goiás a receber plasma de convalescente de Covid-19. Para fazer a transfusão, a infectologista Christiane Kobal que o assistiu realizou uma videoconferência com hematologistas para discutir a questão ética da medida. "Começamos a atender pacientes com Covid-19 em Goiás no dia 11 de março, não sabíamos muito. Já havia uma sinalização de estudos sobre uso de plasma de convalescente nos Estados Unidos, Europa e China com pessoas que se curaram. O caso do médico era de extrema gravidade e no Brasil não havia legislação permitindo o procedimento", lembra ela.
Logo em seguida a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) soltou nota técnica estimulando o recrutamento de doadores, mas deixando claro que a efetividade do plasma de convalescente em pacientes infectados precisava ser demonstrada por ensaios clínicos randomizados. É a mesma opinião de Christiane Kobal, que preside a Sociedade Goiana de Infectologia. "Plasma não é para salvar ninguém e pode não mudar a evolução do paciente. Por enquanto é uma possibilidade terapêutica. Até o momento não há comprovação científica de sua eficácia."
Diante da ausência de um antiviral realmente eficiente no combate à Covid-19, médicos têm indicado a terapia plasmática. Na Nota Técnica Nº 19, de 3 de abril deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deixou claro que não há evidência científica, embora tenha reconhecido que os estudos sejam promissores. A orientação da Anvisa é de que o plasma convalescente para Covid-19 seja usado em protocolos de pesquisa clínica.
No mundo inteiro há estudos sobre o tema, dezenas deles no Brasil, como o realizado pelo Hemocentro de Goiás (leia mais nesta página). Todos serão comparados na tentativa de se encontrar um denominador comum. Resultado preliminar de um estudo norte-americano em 20 mil pacientes não aponta dados sobre eficácia, mas revela que o plasma de convalescente é seguro, não apresentando efeitos colaterais ao paciente.
"Nossa observação junto aos pacientes é que, caso seja comprovada a eficácia em estudos a ser divulgados na próxima semana, o racional é fazer a transfusão naqueles moderadamente doentes. Estes iriam se beneficiar mais do que pacientes em estado grave, com ventilação mecânica, internados há cerca de 14 dias. Mas isso é uma possibilidade", enfatiza Christiane Kobal.
Aumento no número de transfusões
Nesta pandemia o Hemolabor inaugurou em Goiás as atividades relacionadas ao plasma de convalescente. "Definimos o protocolo no dia 27 de março, aprovado pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), e no dia 1º de abril começamos", conta o coordenador do banco de sangue da instituição, Luis Henrique Ribeiro Gabriel. Até o dia 19 foram realizadas 132 coletas e atendidos 150 pacientes em 46 hospitais. "Alguns tomam duas até quatro bolsas de 200 a 600 ml, mas a quantidade varia conforme o peso do receptor. Em média estamos fazendo 300 ml", explica o hemoterapeuta.
O Instituto Goiano de Hemoterapia (IGH) e o Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh) também aderiram à proposta com aprovação do Conep, O primeiro, desde junho, tem feito entre quatro e cinco coletas semanais. "Às vezes o paciente está aguardando. Não chegamos nem a congelar o plasma", diz o diretor do IGH, Antônio César Teixeira. O Ingoh informou que desde junho até a última quarta-feira (22), 400 pessoas procuraram a instituição interessadas em doar plasma, dos quais 68 puderam efetivar. Foram coletadas 226 bolsas e distribuídas em 15 hospitais de Goiânia e do interior beneficiando 90 pacientes.
A Anvisa orienta que o processo seja realizado como ensaio clínico, uma forma de coletar dados sobre a eficiência ou não do procedimento. A família do paciente precisa assinar um termo autorizando a terapia no qual está explícito que não há comprovação científica de sua eficácia e que o procedimento é experimental. O que se discute é se a cobrança é legal. "Os bancos de sangue arcam com os custos dos exames, do kit descartável que é importado para colher o plasma, da sorologia, do trabalho profissional. A Agência Nacional de Saúde não obriga o ressarcimento pelo plano de saúde, então alguém tem de arcar com os custos", diz o presidente do Sindilabs-GO, Antônio César Teixeira.
O POPULAR apurou que, em média, uma bolsa de plasma de 300 ml custa ao paciente em torno de R$ 3 mil. Nas redes sociais são inúmeras as campanhas não apenas para conseguir doadores de plasma, mas também de recursos para arcar com este custo. "Uma diária de UTI custa no mínimo R$ 3 mil, esta terapia pode reduzir de duas a cinco diárias", afirma o presidente do Sindilabs.
O Hemolabor informa que enquanto aguarda um posicionamento legal não tem emitido fatura. "O atendimento é compassivo, não cobramos exames, processamento, armazenamento e nem a transfusão", diz Luis Henrique Ribeiro Gabriel. O Ingoh explica que, além do termo de livre adesão, familiares ou pacientes assinam um contrato de prestação de serviços cujo valor cobrado é chancelado por tabelas médicas.
Integrante do Conselho Deliberativo da ABHH, Renato Sampaio disse ao POPULAR que há dois meses a entidade encaminhou ao Ministério da Saúde (MS) um questionamento a respeito do uso do plasma de convalescente. "A nota técnica da Anvisa tem um caráter dúbio porque diz que o procedimento tem de ser feito como ensaio clínico e é experimental, mas que também pode ser usado de maneira compassiva e não faz referência a cobrança". Pessoalmente acredito que deveria haver um ressarcimento dos custos, pois estes são altíssimos".
Hemocentro realiza estudo sobre plasma
O Hemocentro Coordenador Estadual Prof. Nion Albernaz de Goiás, vinculado à Secretaria Estadual de Saúde (SES), gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech), é a única unidade do Sistema Único de Saúde (SUS) a desenvolver um projeto de pesquisa sobre a infusão do plasma de convalescente. "Diante da pandemia de Covid-19, da necessidade de novos tratamentos, precisamos ter uma resposta do ponto de vista científico. Não podemos passar ao largo de tudo isso e não ter conhecimento científico sobre o que aconteceu", explica o médico Marcelo Rabahi, coordenador de ensino e pesquisa do Idtech e um dos responsáveis pela pesquisa.
Cerca de 20 profissionais estão debruçados no trabalho, espalhados pelos hospitais alvo e no Hemocentro. O estudo prevê a participação de 140 pacientes de Covid-19 divididos em dois grupos. A metade irá receber plasma e a outra não. Para isso, é preciso reunir plasma suficiente, o que levou o Hemocentro a fazer uma campanha para que convalescentes de Covid-19 façam doações. Marcelo Rabahi explica que 30 dias após a infusão no último paciente é provável que sejam divulgados os resultados preliminares, o que pode ocorrer em outubro.
"A infusão de plasma não é a salvação de tudo. É uma terapia carente de confirmação científica. Não basta ser segura, é preciso ter eficácia e isso vamos descobrir com o estudo." Conforme Marcelo Rabahi, para o trabalho serão selecionados pacientes de Covid-19 internados em unidades da rede pública de saúde como o Hospital de Campanha, o Hospital de Urgências Otávio Lage (Hugol), Hospital Alberto Rassi (HGG) e Maternidade Oeste. A expectativa é que as infusões tenham início já na próxima semana. O estudo segue todos os trâmites legais e foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
Voluntários que já tiveram Covid-19 e estão curados que queiram colaborar com o estudo podem procurar a sede do Hemocentro, na Av. Anhanguera, Setor Coimbra, em Goiânia ou entrar em contato pelo e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. ou pelo telefone (62) 3201-4101. Para doar é necessário ter idade entre 18 a 60 anos, peso igual ou acima de 60 Kg, apresentar resultado de teste positivo para Covid-19 e estar sem sintomas há mais de 14 dias. Mulheres não podem ter engravidado antes. Um voluntário pode fazer até três doações em intervalos de 14 dias.
Uso através da história
O plasma de convalescente é utilizado desde o século 19. O primeiro estudo a respeito data de 1892 e teve como alvo o tratamento da difteria, doença bacteriana que atinge amígdalas, faringe, laringe e nariz. Quando veio a pandemia da gripe espanhola, em 1918, a terapia plasmática foi usada potencialmente com queda de 21% nas taxas de mortalidade.
Nos anos de 1920 o tratamento foi retomado para combater a escarlatina, mal também provocado por bactéria, e mais tarde para tratar de coqueluche, infecção respiratória que tem como característica a tosse seca, o que ocorreu até 1970. Enfim, desde a gripe espanhola, médicos recorrem com frequência à terapia plasmática para estancar uma variedade enorme de infecções virais.
No início dos anos 2000 pesquisadores revisaram oito estudos feitos no século passado com 1.700 pacientes de gripe espanhola que usaram a terapia. O objetivo era avaliar a possibilidade de aplicação na epidemia de gripe aviária (H5N1). A conclusão foi de que, apesar dos bons resultados, as metodologias de pesquisa aplicadas à época não tinham o mesmo rigor científico de hoje, necessitando de ensaios clínicos nos padrões atuais.
Apesar disso, a terapia foi usada na gripe aviária; no combate ao coronavírus que provocou o surto de Sars na China, Em 2003; na pandemia da gripe H1N1; contra o coronavírus causador do Mers-Cov, Síndrome Respiratória do Oriente Médio; e também contra o ebola, na África. Entre 2014 e 2016 o ebola matou 11 mil pessoas na África Ocidental.
Como ocorre a plasmaferese
De cor amarelado e transparente, o plasma sanguíneo é a parte líquida do sangue. É nele que estão concentrados os anticorpos que combatem os vírus. Quando uma pessoa é infectada e se recupera, os anticorpos continuam no sangue esperando para combater o vírus, caso ele retorne. Quando injetados em outra pessoa com a mesma doença, reconhecem o vírus como algo para atacar.
Estudos mostram que a transfusão do plasma de um paciente curado de Covid-19 para um infectado tem reduzido sintomas de infecção e da carga viral no organismo. Até agora o procedimento vinha sendo feito em pacientes graves, mas há pesquisas recentes que apontam resultados promissores quando a transfusão ocorre no início da doença.
Alguns protocolos precisam ser seguidos no processo. O tipo de sangue de doador e receptor tem de ser compatível; o doador tem de ter idade entre 18 e 60, além de apresentar comprovantes de que teve Covid-19 e já estar curado. Ele será submetido à sorologia normal para saber se é portador de sífilis, chagas, hepatite C ou B, HIV, etc. Se for uma mulher, não pode nunca ter engravidado.
Após preencher este perfil serão dosados os anticorpos presentes no sangue. Quando o indivíduo tem infecção por vírus ele produz anticorpos IGM e IGG. IGM positivo indica que a doença ainda está ativa e IGG positivo mostra que a pessoa é convalescente. Somente plasma com IGG positivo será aplicado no paciente doente.
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Drive thru ganha força na crise
Formato de atendimento rápido cresce em diversos segmentos, com casos em que supera a venda em loja; shoppings consideram ampliar e manter a opção no pós-pandemia
Os clientes gostaram de poder pedir um produto pela internet e buscar pelo drive thru sem sair do carro. É o que relatam lojistas goianos. Assim, o modelo mais comum aos fast foods ganhou novos formatos e força por conta da pandemia de coronavírus. Há crescimento no uso dessa opção de compra em shoppings - onde há relato de aumento de até 15% - e em outros segmentos. Isso mesmo após os governos estadual e municipais liberarem a abertura do comércio para o atendimento presencial em boa parte de Goiás.
De dentro do carro, já foi possível participar de atividades religiosas, tomar vacinas, fazer exames e compras diversas, do café da manhã e vegetais orgânicos da feira aos eletrônicos e livros. "É uma comodidade para o cliente e significa economia de tempo também para o lojista, por isso é um sistema que tende a ficar por pelo menos mais alguns meses", avalia o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Goiás (FCDL-GO), Valdir Ribeiro.
No entanto, há quem aposte que o drive thru vai permanecer em alta mesmo no pós-pandemia. O gerente da loja Imaginarium do Goiânia Shopping, Deivyson Souza, faz parte desse grupo. Para sua área, ele acredita que é um diferencial. "Tem muitas pessoas que querem a compra rápida, sair de casa e só passar e pegar. Já tínhamos clientes assim, mas não tínhamos a estrutura", diz ao reconhecer que a oferta multicanal tem ajudado na crise também pelo receio ainda presente da infecção por Covid-19.
A retirada por carro, segundo ele, tem representado 50% do faturamento e, em alguns dias da semana, até supera as vendas realizadas com atendimento em loja. Catálogo virtual pelo site ou redes sociais, pagamento on-line e opção de deixar o produto em lockers sem custo extra - o que uma entrega por correio teria - reduzem o contato pessoal a zero, porém o gerente informa que isso tem auxiliado a fidelizar e alcançar novos consumidores.
Shoppings
O crescimento da venda on-line impulsiona o drive thru e shoppings têm se tornado centros de distribuição. Uma tendência internacional que para o gerente de marketing do Goiânia Shopping, José Neto, deve continuar. A aposta é alta, tanto que recentemente instalaram estrutura de lockers, que são caixas com senha para retirada dos produtos no estacionamento. Um item a mais para o modelo de atendimento rápido que pretendem manter por tempo indeterminado. "Os clientes estão cada vez mais conectados e oferecer mais canais é importante."
O Shopping Bougainville também adotou o serviço quando estava proibido na capital o funcionamento das atividades não essenciais e decidiu mantê-lo por conta da repercussão positiva. Da primeira oferta, no mês de maio, até a reabertura para atendimento presencial, o centro de compras registrou que as vendas por meio do drive thru tiveram um crescimento de 15%. "O recurso representa ainda um grande aliado para a manutenção do fluxo reduzido de clientes no mall, com apenas 50% da sua capacidade total, conforme previsto pelos decretos municipal e estadual", informou por nota.
"O canal tem sido incentivado, acompanhado com atenção e sua permanência dependerá da demanda", ressalta o superintendente de Operações do Flamboyant Shopping Center, Reynaldo Abreu Filho. Tem opções gastronômicas, moda masculina, feminina e infantil, tecnologia, cosméticos.
Essa atenção é considerada pelo consultor de varejo Geraldo Rocha como natural. "É preciso vender e encontrar o consumidor de todas as formas possíveis. O varejo on-line cresceu exponencialmente e o drive thru é um dos canais. Só que para alguns segmentos isso não é sustentável." O especialista defende que ver os shoppings como centro de distribuição é algo discutido há anos, mas comparar e replicar o que ocorre nos Estados Unidos e Europa não seria adequado no Brasil.
Por isso, acredita que a moda pode passar pós-pandemia. "Somos seres sociais e voltaremos a entrar nas lojas", pontua ao ressaltar o papel dos shoppings como local de reunião e lazer pela falta de opção nas cidades. Em alguns segmentos, como o dos supermercados, a moda nem chegou a pegar. Enquanto para farmácias há adaptação da entrega no estacionamento, o que ocorre em pizzarias, lanchonetes, bares e restaurantes. Já no segmento de laboratórios de análises clínicas é um modelo que se fortalece.
O primeiro drive-thru começou a funcionar no dia 21 de maio, segundo o Sindicato dos Laboratórios de Análises e Banco de Sangue do Estado de Goiás (Sindilabs-GO), e já são cinco postos de atendimento em Goiânia. Um deles, o Sigma considera manter a opção após a pandemia como estratégia para atendimento de pessoas que "alegam não ter tempo".
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Periferia sofre mais com Covid
Levantamento feito pelo POPULAR mostra que moradores de bairros mais pobres em Goiânia respondem por cerca de 6 de cada 10 notificações da doença e por quase 7 de cada 10 mortes
Quanto mais grave o contexto da epidemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), pior é a situação na periferia de Goiânia. Levantamento feito pelo POPULAR com base em informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e da Plataforma Covid-19 da Universidade Federal de Goiás (UFG) mostra que, enquanto os moradores de bairros mais afastados respondem por 58,7% das notificações confirmadas da infecção na capital, ao se observar o total de óbitos passam a representar 67,3%. E quando se olha o total de internações em leitos de UTI por Covid-19, informação que O POPULAR obteve com exclusividade, a taxa fica em um meio termo, com 62,2%.
A situação dos bairros mais periféricos é crítica também quando se observa os setores que estão no topo das listas de casos confirmados, internações em UTI e mortes. No primeiro caso, apenas dois aparecem entre os dez com mais registros. No segundo, sobe para quatro bairros. E no de óbitos são seis. Um deles, o Setor Vale dos Sonhos, é alvo de uma investigação de um comitê de óbitos da SMS por causa do elevado número de mortes considerando o tamanho demográfico.
Ao se analisar a lista dos bairros com mais moradores que precisaram de UTI e a dos que mais tiveram moradores que morreram, três setores aparecem com o mesmo número: Vale dos Sonhos, Crimeia Leste e Vila Finsocial. Do lado oposto, o Setor Negrão de Lima teve sete moradores internados e nenhuma morte. Na lista de óbitos estão incluídas vítimas que morreram fora de leitos de UTI, como em postos de saúde ou no transporte para um hospital de referência, então a relação serve apenas para destacar os bairros com situação mais crítica.
O alastramento da Covid-19 pelos bairros periféricos em Goiânia é objeto de estudo do grupo de pesquisadores da UFG que faz modelagens de cenários da epidemia no Estado. Para eles, a desigualdade social é fator preponderante nesta dinâmica do vírus. Opinião semelhante têm autoridades sanitárias ouvidas pela reportagem.
Entre as situações que favorecem o vírus a se espalhar na periferia estão desde a dependência do transporte coletivo e a dificuldade do poder público de evitar aglomerações nos trajetos até a quantidade de moradores em uma residência, menor em bairros mais centrais. A ausência de fiscalização nas ruas comerciais dos setores mais afastados também foi citada como problema.
Já para explicar um número maior moradores de bairros periféricos entre os casos de internação em UTI e óbitos os motivos vão desde a dificuldade desta população em conseguir acesso a testes de Covid-19 e desinformação sobre como proceder no caso de surgimento dos sintomas até a situações que antecedem a epidemia, como os obstáculos para tratamento das comorbidades.
São três as regiões que mais preocupam o poder público: a Norte, onde ficam o Jardim Guanabara e o Vale dos Sonhos; a Noroeste, onde estão o Jardim Curitiba, a Vila Finsocial e o Jardim Nova Esperança; e a Oeste, onde fica o Conjunto Vera Cruz. No caso da região Norte, uma das explicações para a alta das notificações está um surto que atingiu o Ceasa em junho e a proximidade com a BR-153. Já nas outras duas regiões, os problemas apontados estão mais relacionados às dificuldades econômicas e de mobilidade dos moradores.
Reportagem publicada pelo POPULAR no dia 17 de julho mostrou também que é na região Noroeste que estão os bairros periféricos que mais registraram aumento em julho.
609 goianienses já foram para UTI
Desde o início da pandemia até o dia 23 de julho, 609 moradores de Goiânia necessitaram de um leito de UTI para tratamento de Covid-19, excluindo-se desta conta os casos suspeitos e descartados. Este número representa 4,7% do total de casos notificados na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e foram obtidos com exclusividade pelo POPULAR.
O porcentual de internados em UTI em relação ao total de casos é maior do que o verificado no Estado, onde segundo o último boletim epidemiológico semanal 1.295 goianos precisaram de atendimento em UTI até o dia 18 de julho, o que representa 3,2% dos 40.766 mil casos confirmados nesta mesma data.
Entretanto, se considerar o último inquérito sorológico - feito em Goiânia no dia 11 de julho e no qual é apontado que 101,5 mil goianienses já estavam infectados com Covid-19, a taxa de contaminados que necessitaram de UTI fica bem menor, caindo para 0,6%.
Cinco bairros que aparecem com destaque entre os 20 que têm mais moradores que precisaram de UTI não estão na lista dos 20 setores com mais casos confirmados. O Setor Negrão de Lima, por exemplo, não aparecia nem entre os 100 com mais notificações nesta semana.
Atualmente, a rede municipal conta com 183 leitos de UTI, enquanto o Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia tem 86 e a rede hospitalar particular filiada a Associação dos Hospitais de Alta Complexidade do Estado de Goiânia (Ahpaceg) oferece 187.
Entretanto, a rede estadual e a particular atendem pacientes de fora da capital. E também os leitos das três redes também atendem casos suspeitos cujos testes não ficaram prontos. Por isso, a taxa de ocupação estava, na noite desta sexta-feira (24), respectivamente em 83,6%, 77,9% e 78%.
Já a rede municipal conta com dois hospitais públicos e oito conveniados e deve aumentar a capacidade de leitos a partir de agosto com a liberação do novo prédio do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da contratação de uma empresa para locação de equipamentos para até cem leitos de UTI, que podem ser instalados tanto neste novo HC como no Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC), conforme O POPULAR mostrou na quinta-feira (23).
Renda interfere na forma como vírus se propaga
Seja por meio de estudos ou pela prática, um consenso entre autoridades sanitárias e pesquisadores ouvidos pelo POPULAR é que as condições financeiras de uma família têm impacto significativo na propagação do novo coronavírus (Sars-CoV-2), o que explica a velocidade com que o vírus avança em bairros mais pobres.
O biólogo e professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), Thiago Rangel, aponta como fator preponderante para o maior número de casos em bairros periféricos a necessidade de seus moradores dependerem do transporte coletivo para se deslocar, o número de pessoas que moram em uma mesma residência ou dividem um mesmo cômodo e o tipo de trabalho que desenvolvem, mais braçal, o que as impede de ficar em home office.
A diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Grécia Carolina Pessoni, é de opinião parecida, ao destacar o fato de os bairros periféricos que se destacam com mais casos na região Oeste e Noroeste são de residências com maior densidade de pessoas. "A disseminação é maior na periferia porque mais pessoas moram numa mesma casa, chegando a cinco ou seis em média", disse.
Desde junho, diretores da SMS alertam para o aumento dos casos de transmissão intradomiciliar, seja por descuido de quem está com o vírus ou por desinformação. Isso reforça a situação mais crítica na periferia. Rangel reforça a preocupação das autoridades, destacando que muitas destas pessoas podem ter acesso a menos informação para se proteger.
O professor integra um grupo de pesquisa da UFG que faz modelagens de cenários da Covid-19 em Goiás e a equipe está preparando um novo estudo que mostra como o vírus se espalha de forma diferente pelas camadas sociais da população, impactando na taxa de contágio e nas previsões de pico da epidemia nos municípios. Para isso estão trabalhando com dados da situação em Goiânia. "O pico de casos chega mais rápido para estas pessoas que estão mais suscetíveis", disse Rangel.
Segundo o biólogo, o levantamento vai dividir a sociedade em cinco ou seis faixas distintas de classes sociais e analisar a taxa de contágio. Como prova de que existe uma relação entre renda e velocidade de contaminação, ele cita o resultado do inquérito sorológico que apontou uma taxa de contaminação bem maior no Distrito Sanitário Norte (12,8% da população infectada) e Leste (8,7%). "É uma situação que não é surpresa para profissionais de saúde pública."
Cuidado prévio com comorbidades pode impactar na situação
A explicação para a prevalência de bairros periféricos no topo da lista dos setores com mais internações em UTI e mais mortes vai além do baixo índice de isolamento social nestes locais. Para os entrevistados pelo POPULAR, a situação envolve condições de acesso a serviços de saúde até mesmo antes da epidemia de Covid-19.
O superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Yves Mauro Ternes, disse nesta semana que os casos de internação tem mais relação com a situação das comorbidades existentes no paciente e no tempo que a pessoa demorou para buscar ou conseguir atendimento médico após o surgimento dos primeiros sintomas.
É uma situação oposta ao do de número de casos por bairros, que tem a ver com as condições financeiras do cidadão para ter acesso a testes pela rede particular, uma vez que na rede pública o perfil apto para o exame é o mesmo: sintomas graves, entre eles falta de ar.
A diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Grécia Carolina Pessoni, diz que tem sido comum encontrar casos de pessoas internadas que não tiveram antes da infecção um tratamento adequado para a comorbidade já existente. O pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), Thiago Rangel, vai pelo mesmo caminho e diz que isso pode ser tanto por falta de atenção da pessoa como de acesso a um serviço de saúde com qualidade.
Grécia também cita aspectos preventivos por parte de famílias com melhores condições financeiras que, quando um parente é testado positivamente outros correm atrás de exames na rede particular mesmo sem sintomas. Esta preocupação ajuda a garantir um atendimento antecipado caso a pessoa esteja também infectada.
Por outro lado, até hoje nos postos de saúde é comum ouvir relatos, segundo profissionais de saúde, de pacientes que afirmam ter procurado ajuda médica apenas após o agravamento do quadro clínico. Grécia reconhece que na rede pública os testes são fornecidos seguindo critérios, entre eles apresentar os sintomas da doença. Diferentemente da rede particular, onde se pode ter acesso pagando.
Demora para buscar atendimento agrava situação na periferia
Profissionais de saúde que lidam com pacientes com Covid-19 no dia a dia relatam uma série de justificativas apresentadas para explicar a demora em procurar atendimento médico. Um deles, segundo a diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Grécia Carolina Pessoni, é o medo de perder o emprego ou ficar sem renda, já que muitos trabalham na informalidade, sem carteira assinada. Esta foi uma das situações verificadas após um surto que atingiu o Ceasa em junho e levou a uma explosão de casos de infecção em bairros da região Norte, como o Jardim Guanabara e o Vale dos Sonhos.
A situação agravaria ainda mais a velocidade de contaminação uma vez que ao deixar para procurar ajuda mais tarde, estas pessoas passam mais tempo colocando outras em risco. Nas últimas semanas, entretanto, a procura nas unidades públicas de urgência tem aumentado.
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Saúde promete cirurgias em agosto
O secretário de Saúde do Estado de Goiás, Ismael Alexandrino, afirmou no início da tarde desta sexta-feira (24), que as cirurgias cardiopediátricas do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) começam no próximo mês de agosto. O POPULAR trouxe matéria na edição impressa desta sexta mostrando que um ano após anúncio, procedimentos ainda não haviam saído do papel. O prazo dado até então era de mais 120 dias.
"Hoje pela manhã houve uma reunião entre a equipe de cirurgia cardíaca do Hugol com a equipe de pediatria do Hospital Materno-Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI). O encontro já estava marcado e o objetivo foi acertar os detalhes para poder dar início aos procedimentos em agosto deste ano. Para que isso ocorra são necessárias modificações estruturais, inclusive, que já foram aprovadas pela Vigilância Sanitária", pontuou Alexandrino.
Ainda na tarde desta sexta-feira (24), Ismael afirmou que vai se reunir com a secretária municipal de Saúde de Goiânia, Fátima Mrué. Isso porque, mesmo que o hospital seja estadual, as vagas são reguladas pelo município. Atualmente, o Hospital da Criança é o único a ofertar o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiás e oferece seis vagas de unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal e outras seis pediátricas para atendimento não só de pacientes do Estado, mas também encaminhados de outras partes do País.
No caso das cirurgias cardiopediátricas, a UTI precisa estar reservada para o paciente que pode precisar no pós-operatório. "Sabemos que a oferta de cirurgia cardiopediátrica é muito complexa e se não fosse, o problema já teria sido resolvido nos últimos 20 anos. Entregar isso para a população é uma questão de honra, minha e do governador Ronaldo Caiado (DEM) e essa afirmação não é um discurso político, é um compromisso. E mais, tenho certeza que quando estas cirurgias começarem a ser realizadas pelo Hugol, serão referência para o país. Este é um serviço absolutamente necessário e vai sair do papel", finalizou o titular da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO).
No geral, a cada 100 bebês nascidos vivos no Brasil, um tem de cardiopatia congênita, um grupo de problemas de saúde que envolve vários tipos de malformações do coração. Alguns deles são graves a ponto de levarem à morte horas após o nascimento. Em Goiás, 10% dos óbitos infantis são ocasionados por este tipo de doença, a terceira causa de morte em neonatos, segundo o Departamento de Informática do SUS (DataSUS).
No último dia 16 de junho, representantes do grupo "Amigos do Coração", que reúne mais de 300 famílias em Goiás, participaram de uma reunião com o secretário Ismael Alexandrino e com integrantes do Hugol. Martha Camargo, coordenadora do grupo, afirmou que foi estipulado o prazo de 120 dias para dar início às cirurgias, as entre as justificativas, estava a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). "O mundo parou por conta da pandemia, pela falta de vagas em unidades de terapia intensiva (UTI). As crianças com cardiopatias congênitas aqui em Goiânia enfrentam esta situação há muito tempo. Nossa realidade é antes da Covid-19", pontua Martha.
Menino de 1 ano e 8 meses espera por cateterismo
Enquanto os procedimentos cirúrgicos não são efetivados no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), as famílias aguardam procedimentos indispensáveis para as crianças. É o caso de Aparecida Rosa Rodrigues, de 43 anos, que espera por um cateterismo para o filho, Luiz Felipe Rodrigues Lima.
Com um ano e oito meses de idade, o menino teve de ficar 19 dias internado, por causa de problemas coronários. Aparecida conta que chegou a receber uma ligação do Hugol, com solicitação de documentos, laudos e exames. "Enviei tudo", conta. Nesse contato, ela foi orientada a ligar novamente ao hospital para marcar o cateterismo. "Mas fui informada de que este procedimento não é feito por agendamento", lamenta.
Aparecida Rosa teme que, com a demora, a situação do filho possa se agravar. "É uma burocracia danada e o meu medo é que ele acabe precisando de uma cirurgia porque não conseguiu o procedimento", diz.
O problema, contudo, não é pontual. A coordenadora do Departamento de Cardiologia da Sociedade Goiana de Pediatria (SGP), Mirna de Sousa, conta que a realização desses procedimentos não tem ocorrido "em nenhum lugar". A médica alerta que os procedimentos eletivos em cardiologia não podem parar. "A criança perde o tempo cirúrgico ou morre", afirma.
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Verba de combate à Covid-19 é questionada pelo TCU
Critérios de distribuição e destinação dos recursos são os principais pontos de controvérsia; prefeitos também estão insatisfeitos com a divisão
A forma de distribuição de R$ 13,8 bilhões em recursos da União para Estados e municípios combaterem o coronavírus tem sido alvo de questionamentos de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e organizações como a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP). Os critérios de distribuição e a destinação dos recursos são apontados como principais pontos de controvérsia. Juristas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo divergem quanto à clareza da Portaria 1.666, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro no início do mês.
A distribuição é questionada por prefeitos. "Os recursos disponibilizados pela União são insuficientes", disse o secretário executivo da FNP, Gilberto Perre. "Os critérios utilizados para distribuição não estão claros e os prefeitos pediram esclarecimentos a respeito da partilha. Chama a atenção o fato de que as cidades que mais concentram casos e respondem pelos atendimentos mais onerosos tenham recebido valores per capita bastante inferiores à média nacional, na Portaria 1.666. Por exemplo, as cidades acima de 1 milhão receberam R$ 34,61 per capita e as cidades até 10 mil receberam R$ 89,94."
O TCU deu 15 dias para que a Saúde mostre a "lógica de financiamento" dos fundos estaduais e municipais, e como definiu a estratégia de compras durante a pandemia, apresentando documentos sobre logística e distribuição de insumos.
A Portaria 1.666 prevê que os recursos serão destinados ao "custeio das ações e serviços de saúde para o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da Covid-19, podendo abranger a atenção primária e especializada, a vigilância em saúde, a assistência farmacêutica, a aquisição de suprimentos, insumos e produtos hospitalares, o custeio do procedimento de tratamento de infecção pelo novo coronavírus".
"Tais gastos podem ser confundidos ou misturados por conveniência às demais verbas orçamentárias previstas em orçamento público (Lei Orçamentária Anual)", disse a advogada constitucionalista Vera Chemin, mestre em Direito Público Administrativo pela FGV. "As expressões 'atenção primária' e 'atenção especializada' têm uma abrangência aberta e vaga. Tudo pode acontecer no dia a dia sem um efetivo controle da execução dos gastos, podendo, sem sombra de dúvida, serem direcionados para outras rubricas de caráter supérfluo e com pretensões eleitoreiras, uma vez que estamos próximos de uma eleição municipal."
Já para a ex-juíza federal Cecilia Mello e para o especialista em Direito Administrativo Marcus Vinicius Macedo Pessanha, a portaria é clara. "Embora possa aparentar certa generalidade, que em tese daria margem a eventual uso indevido desses valores por entes da Federação, há uma finalidade expressa e específica para o uso desses valores, o enfrentamento da pandemia", afirmou Cecília.
Segundo Pessanha, "todas a contratações que venham a ser realizadas com estes recursos e não estejam vinculadas ao combate ao novo coronavírus, na verdade, configuram utilização irregular e gestão temerária do erário, ensejando aplicação de sanções aos gestores públicos responsáveis".
Estratégia
Ao Estadão, o senador Major Olimpio (PSL-SP) acusou o governo de propor a parlamentares que indicassem onde parte do dinheiro da Portaria 1.666 seria alocada. "O parlamentar distribuiu o dinheiro para as bases dele. Ele não combinou com o vírus. Onde era necessário pôr o recurso? Onde está morrendo gente. Se era o dinheiro para o enfrentamento da Covid-19 não seriam os infectologistas, os médicos que deveriam definir onde o dinheiro é mais necessário? Em vez disso, é a planilha do senador que vale."
Ele afirmou que o dinheiro foi distribuído pelo governo federal para pelo menos 50 senadores e 200 deputados a fim de garantir a construção de uma base de apoio. "Me ofereceram R$ 30 milhões. Dinheiro da Covid-19." Segundo Olimpio, a oferta foi feita por um representante do governo e cada colega recebeu R$ 30 milhões em emendas.
Em relatório emitido na semana passada, o TCU diz que o Ministério da Saúde gastou só cerca de 30% do dinheiro prometido para enfrentar a Covid-19 de março a junho. A equipe técnica do órgão não conseguiu identificar a estratégia de compras, logística, distribuição de insumos, além de desconhecer "critérios para transferência de recursos" da pasta.
O Ministério da Saúde afirmou que, entre os critérios para a distribuição dos R$ 13,8 bilhões liberados para municípios, estão o tamanho da população (priorizando municípios com menos habitantes) e a média de recursos transferidos para atenção hospitalar e atenção básica em 2019. Para os Estados, segundo a pasta, também foi considerado o número de leitos de UTI, a taxa de incidência de Covid-19 por 100 mil habitantes e a infraestrutura e capacidade logística para recebimento de ventiladores.
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Por baixo da máscara
SAUDE Problemas como a "mascne"e irritações na pele têm sido causadas pelo uso dos acessórios de proteção facial
A massoterapeuta Mirtes Arantes, de 26 anos, passa cerca de 11 horas por dia com a máscara de proteção no rosto por causa do seu trabalho, que exige contato direto com os clientes. Como possui pele oleosa, o surgimento de algumas espinhas sempre foi algo natural para ela. Desde que iniciou o uso contínuo do acessório de proteção, no entanto, o aparecimento aumentou. "Acho que todo mundo tem uma espinha de vez em quando, assim como eu, mas elas começaram a aparecer mais que o normal. De uns dois meses para cá, não consigo mais controlar", diz.
Além do aumento no número, Mirtes percebe que o aspecto tem sido diferente. "Elas nunca secam e ficam sempre com o aspecto de vermelhidão e irritação", explica. Por causa da região em que as espinhas têm surgido, ela logo associou ao uso da máscara facial. "Não sei se tem alguma coisa a ver com o tecido da máscara, mas pretendo me consultar em breve com um dermatologista", completa.
O caso da massoterapeuta é o mesmo de muitas pessoas que têm realizado o uso contínuo das máscaras de proteção nos últimos meses, uma das medidas para evitar a transmissão do novo coronavírus e item obrigatório em grande parte das cidades brasileiras. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o uso por tempo prolongado pode causar ou agravar problemas como dermatite de contato e seborreica, ressecamento e a própria acne.
Esse tipo de acne ganhou até um termo específico: "mascne", tradução para o português de "maskne", como vem sendo chamada em outros países. "O novo termo é a junção de mask (máscara em inglês) com acne, que nada mais é do que um tipo de acne mecânica, ou seja, causada pelo atrito, obstrução e consequente inflamação dos folículos nessa região", explica a dermatologista Marília Prego Guimarães. Nos últimos meses, os casos agravantes pelo uso frequente da máscara têm aparecido cada vez mais em seu consultório.
Agora parte da rotina da população, o atrito das máscaras com o rosto passou a desenvolver um maior grau de sensibilidade e irritação. "Isso está agravando doenças pré-existentes como dermatite atópica, seborreica, rosácea e a acne", diz a dermatologista. Os casos têm sido mais frequentes principalmente nos profissionais que estão na linha de frente contra a Covid-19, pelos longos períodos utilizando os equipamentos de proteção individual.
O quadro pode ser de aumento repentino de acne ou, até mesmo, o aparecimento em quem não tenha sofrido com a acne antes. Esses sinais no rosto, especialmente no queixo e nas bochechas, se devem pelo ambiente abafado criado pela máscara. "Devido ao ambiente úmido e oclusivo que a máscara propicia, uma vez que ocorre acúmulo de vapor, saliva e suor por baixo dela. Como consequência, ocorre um desequilíbio na barreira cutânea e na microbiota da pele (flora de bactérias), tornando-a mais sensível e inflamada", explica a especialista.
Coceiras, alteração da cor, ressecamento excessivo e surgimento de espinhas são alguns dos sintomas de que o acessório está ocasionando problemas no rosto. "O quadro pode ser ainda mais agravado pelo uso de maquiagens, principalmente para pessoas que têm pele oleosa e com tendência à acne, por causar uma obstrução ainda maior dos folículos pilosebáceos", destaca a dermatologista.
Tempo seco acende o alerta
A pele está entre as principais vítimas dos períodos de baixa umidade do ar. Os cuidados com a hidratação devem ser redobrados e começam na ingestão adequada de líquidos. "Como as pessoas estão ficando mais em casa, podem acabar se descuidando. É fundamental beber bastante água, se alimentar bem, praticar atividades físicas e, principalmente, ter momentos de lazer. O estresse também repercute na pele", afirma a dermatologista Juliana Araújo.
O uso de hidratantes específicos para cada região e tipo de pele deve ser diário e reforçado ao longo do dia. "Nesse período tão seco no nosso Estado, é preciso aplicar até mais vezes por dia devido ao atrito da máscara com o rosto, que acaba retirando o produto da pele", recomenda a especialista. Os lábios também precisam de hidratantes próprios para a região, que podem demonstrar maior ressecamento e rachaduras após um longo período usando o acessório de proteção.
Sobre os tipos de tecidos que podem diminuir os casos, Juliana acredita ser uma questão individual. Cada tipo de pele pode reagir de uma maneira diferente a um tecido, sendo necessária a observação diária. Além da acne mecânica, casos frequentes de dermatite e eczema têm chegado ao seu consultório ultimamente. "Tudo acaba girando em torno de limpeza adequada e hidratação, que ajuda a pessoa a se livrar de irritações e quadros agudos de certas doenças de pele", afirma. Aos primeiros sinais aparentes, ela recomenda a procura por um profissional.
Cuidados para o período seco
Nos meses de umidade baixa, o corpo pede atenção especial. Confira algumas dicas elaboradas pela dermatologista Juliana Araújo para amenizar os efeitos do uso da máscara nesse período
Pele sempre limpa
Antes de colocar a máscara a pele deve estar limpa e seca. O recomendado é fazer a limpeza do rosto duas vezes por dia. Para quem apresenta acne, é preciso lavar com sabonete específico para não aumentar a oleosidade e o surgimento de espinhas. Não esquecer do filtro solar, mesmo com o uso da máscara!
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BR POLÍTICO
A omissão do Conselho Federal de Medicina
Diante de estudos cada vez mais conclusivos a respeito da ineficácia e dos riscos do tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina para casos leves e moderados de covid-19, chama a atenção o absoluto silêncio do Conselho Federal de Medicina a respeito do protocolo assinado pelo ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, recomendando a adoção desses medicamentos nas fases iniciais do tratamento de pessoas infectadas com o novo coronavírus.
O protocolo foi uma imposição de Jair Bolsonaro recusada por dois ministros da Saúde médicos, Luiz Mandetta e Nelson Teich. Foi assinado pelo general Pazuello mesmo depois de o STF modificar medida provisória de Bolsonaro que isentava agentes públicos de responsabilidade judicial por medidas adotadas na pandemia. Pela decisão do Supremo, medidas que contrariem recomendações de autoridades sanitárias, médicas e científicas podem, sim, ser passíveis de responsabilização.
Em entrevista depois de deixar o cargo, Mandetta chegou a revelar que Bolsonaro pressionou o Ministério da Saúde para que fossem feitas alterações na bula dos remédios para incluir a prescrição para o novo coronavírus, quando não existe nenhuma evidência científica confiável e nenhum país do mundo adotou essa decisão de prescrever em bula.
O protocolo da cloroquina foi editado em 20 de maio. Diz que os medicamentos podem ser usados desde as fases iniciais, mesmo para pacientes com sintomas leves, desde que haja prescrição médica e que o paciente assine um termo de consentimento.
Antes disso o CFM havia se manifestado em março e abril recomendando a médicos a prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina em casos excepcionais, e fazendo as mesmas ressalvas do protocolo. Nunca falara em uso para casos iniciais e leves, e desde a edição da nova orientação do Ministério da Saúde, a entidade não voltou a se pronunciar.
O site da principal entidade profissional médica do País não traz dados sobre a pandemia, estudos ou recomendações. Sua manchete neste sábado é a respeito de revalidação de diplomas obtidos no exterior. Médicos de todo o País, bem como gestores de Saúde dos Estados e municípios, criticam a omissão do CFM em relação à política bolsonarista de incentivo ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada para uma pandemia que já matou quase 90 mil pessoas no Brasil.
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DAQUI
Paciente esperou 30 horas por leito
Moradora de Varjão, Idelma Aparecida da Mota, de 51 anos, morreu na madrugada do dia 17 de julho depois de enfrentar a falta de informação, o medo, uma espera de quase 30 horas por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e uma fila de ambulâncias para ser transportada para um hospital de Goiânia, a cerca de 100 quilômetros.
Filha de um lavrador e de uma dona de casa, Idelma cresceu na cidade, que tem menos de 5 mil habitantes. Desde jovem, enfrentou problemas de saúde: anemia falciforme, psoríase e trombose. Há três anos, amputou o braço direito, acima do cotovelo, por conta de complicações médicas. Na época, chegou a ficar internada dois meses e, desde então, adquiriu o medo de ser hospitalizada novamente.
Foi esse medo que a levou a se negar a ser internada, mesmo com indicação do médico da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Varjão, após alegar dor no peito e febre. "Ela morria de medo de ser entubada, tinha trauma de hospital. Mas, de um dia para o outro, a pessoa decai e piorou rápido", diz a irmã, a técnica de enfermagem, Angela Aparecida.
Somado a esse medo de ser internada, Idelma e outras pessoas que convivia não respeitavam isolamento social e até desacreditaram da gravidade da doença. "Cidade do interior todo mundo é conhecido. Pessoal pensava que a doença não ia chegar. Ela mesma falava que "não existe, que a doença estava lá no exterior e não vai chegar em Varjão". Eu falava: "Idelma, tem que usar máscara, mas ela não obedecia"". Apesar da saúde debilitada e raramente sair de casa, Idelma recebia visitas constantes.
ISOLADA
De acordo com a família, Idelma procurou o hospital no dia 9 de julho. Ela voltou para casa e passou muito mal no final de semana, piorando o quadro respiratório. Na segunda, dia 13, uma ambulância a buscou e a moradora de Varjão foi internada em um o leito isolado da UBS. Enquanto perdia sua capacidade de respirar, Idelma se comunicava com os parentes, pelo celular. "Ela falava que estava com muita falta de ar", relata Angela. Na terça-feira, dia 14, o exame sorológico (teste rápido) para Covid-19 deu positivo. Na quarta-feira, 15, às 11h29, a equipe médica entrou com um pedido de leito de UTI de um hospital estadual. A vaga saiu no dia seguinte, às 16h50, no Hospital de Doenças Tropicais (HDT) de Goiânia. Uma espera de quase 30 horas.
Resoluções de 2014 do Conselho Federal de Medicina orientam que um paciente deve ficar internado no máximo 24 horas em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), espaço que tem mais estrutura que uma UBS, onde Idelma estava.
Ministério Público teve de ser acionado
"Não tenho nada que reclamar (sobre fila da UTI), saiu rápido", diz a secretária municipal de Saúde de Varjão, Cristiane Kelen da Silva. Ela acredita que a "rapidez" foi porque acionou o Ministério Público de Goiás (MP-GO). A Secretaria Municipal de Saúde chegou a procurar
o MP-GO quando se deparou com a paciente que se negava a ser internada. Ela assinou um termo de responsabilidade quando optou voltar para casa.
O promotor que recebeu a demanda chegou a fazer um pedido de internação compulsória e o Judiciário determinou que o município transportasse a paciente para o hospital com UTI mais próximo em 24 horas. Em caso de descumprimento, a multa seria de R$ 50 mil. Quando a decisão saiu, Idelma já estava internada, esperando por uma vaga em um hospital estadual. A vaga saiu no mesmo dia.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação