CLIPPING AHPACEG 01 A 04/05/20
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DESTAQUES
Recuperados, goianos que tiveram Covid-19 revelam suas experiências com a doença
Entre o medo e a gratidão
Afastamentos chegam a 126
Saúde recomenda a não flexibilização do isolamento
Grupo denunciado pelo governo do DF tenta impedir renovação de plataforma no Ipasgo
Ex-ministro da Saúde critica postura do CFM
Bolsonaro apoia críticas de CFM a pedido de governadores do Nordeste
Hugo realiza testes de covid-19 em 95 pacientes e 360 funcionários
A covid-19 no HUGO
Goiás tem mais de 800 casos de Covid-19 com 30 mortes
CFM pede cautela na aplicação de testes rápidos em farmácias para detecção da Covid-19
JORNAL OPÇÃO
Recuperados, goianos que tiveram Covid-19 revelam suas experiências com a doença
Por Ton Paulo
Pulmões queimando, falta de ar, febre alta por dias e até manchas cobrindo o corpo: sobreviventes do Sars-CoV-2 contam como foi superar o vírus
O corpo humano é a estrutura orgânica mais complexa que existe. Ele é capaz de criar defesas para agentes infecciosos que permanecem ativas para o resto da vida e consegue até expelir, espontaneamente, impurezas e micro-organismos considerados desnecessários para o funcionamento da engrenagem vital. São, literalmente, trilhões de células trabalhando de forma ininterrupta para manter tudo funcionando bem. Porém, basta uma “simples” avaria da natureza, como o surgimento de um novo vírus, para escancarar a fragilidade dessa fantástica máquina orgânica. Desde que o Sars-Cov-2, popularmente conhecido como novo coronavírus, começou a levar ao óbito milhares pelo mundo todo com a temível Covid-19, pessoas de todas as idades, gêneros e classes sociais têm corrido para cumprir as recomendações das autoridades sanitárias e se prevenir desse mal. Mesmo assim, a contaminação de muitos torna-se inevitável – mas o óbito não.
Apesar do exorbitante número de mortes causadas pela Covid-19 nos países, a quantidade de indivíduos que foram infectados pelo novo coronavírus e conseguiram vencer esse inimigo invisível é notavelmente maior, muito maior. Para se ter uma noção, segundo dados da plataforma Bing Covid, da Microsoft, até o dia 29 de abril o mundo tinha quase dois milhões de casos ativos de Covid-19, com 224.708 mortes e 958.353 pessoas recuperadas da doença. São quase 735 mil curados a mais do que mortos.
No Brasil, assim como no cenário global, a coisa não é diferente. Mesmo já contando com uma impressionante taxa de letalidade de 7%, conforme o Ministério da Saúde (MS), o número de mortes é infinitamente menor do que o de vítimas fatais. Até o dia 29 de abril, ainda segundo os dados da Microsoft, foram contabilizados 39.718 casos ativos, com 34.132 recuperados e 5.511 óbitos.
No Estado de Goiás, até o dia 29, 705 casos haviam sido confirmados, com 27 óbitos. E apesar a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), através do boletim epidemiológico, confirmar o descarte de 2.422 casos suspeitos, não há um dado concreto por parte da pasta de pacientes recuperados. Mas que eles estão ali, gratos por terem superado uma das doenças mais terríveis da história moderna, isso estão.
O Jornal Opção falou com alguns dos pacientes goianos que se enquadram como recuperados da Covid-19. À reportagem, eles contaram como foi experimentar o vírus que nasceu na Ásia e, desde então, tem assolado o mundo inteiro. Além dos variados sintomas, que vão desde a perda temporária do olfato e paladar, até o aparecimento de manchas vermelhas pelo corpo inteiro, além da típica tosse e falta de ar, alguns dos sobreviventes do coronavírus têm que lidar com um problema que remédios convencionais não curam, como o preconceito.
“Disseram que eu estava indo em festa e contaminando todo mundo”
Em março deste ano, o diretor de Articulação Política da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e odontólogo Joel de Sant’Anna Braga Filho levou um susto ao descobrir que os sintomas que o estavam afligindo, e que ele julgava se tratar de apenas uma sinusite, eram na verdade de Covid-19.
Joel, que é irmão do secretário de Transportes de São Paulo e ex-ministro das Cidades, Alexandre Baldy, contou que, após uma viagem a Portugal, esteve em São Paulo e após menos de duas semanas, já em Goiânia, começou a apresentar febre e dor de cabeça. O diretor da Alego não se preocupou muito a princípio, e procurou um médico otorrino.“Fui ao médico, mas ele não identificou que era coronavírus, disse que era uma sinusite. E como eu já tinha isso já há algumas vezes, achei que era isso mesmo”, relata.
Porém, dois dias após ir ao médico, Joel piorou e teve que ser internado às pressas na emergência do Hospital Anis Rassi, em Goiânia. Ao passar por um exame de tomografia, o irmão de Baldy descobriu que estava com pneumonia dupla. Mas foi só na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), aonde Joel foi levado e ficou por cinco dias, que um exame específico atestou que ele havia contraído o novo coronavírus.
O diretor da Alego conta que jamais experimentou algo parecido. Ele falou sobre o medo que sentiu da doença nova, uma vez que foi um dos primeiros diagnosticados do Estado, e recordou sua experiência numa UTI. “É um lugar frio, assusta. Lá eu comia porque eu sabia que tinha que comer, porque eu sabia que meu corpo precisava disso pra se recuperar. Mas sobre a doença, você nunca sabe se vai melhorar, se vai piorar, porque você não tem um tratamento específico, não sabe o que pode acontecer. Meu maior temor era o desconhecimento da doença”, diz. Além da febre alta (39 graus) e dor de cabeça, Joel revela que chegou a ficar temporariamente sem olfato e sem paladar, e tinha dificuldades para respirar.
Joel passou por um tratamento que durou 30 dias: 12 dias no hospital e 18 em casa, em isolamento. Todavia, mesmo depois de ter afastado todo e qualquer risco de complicações e de ser considerado recuperado, o diretor da Alego destaca as situações de discriminação que teve que enfrentar em razão da doença e do desconhecimento dela por parte das outras pessoas.
Segundo ele, alguns moradores de seu condomínio, por maldade ou ignorância, começaram a espalhar boatos, levando a crer que ele, consciente da enfermidade, havia quebrado de propósito todos os protocolos recomendados. “Disseram que eu estava indo em festa e contaminando todo mundo, sendo que era outra pessoa, não era eu. Falaram também que estava andando no condomínio, indo na área de lazer, mesmo sabendo que estava com Covid, o que não é verdade. Eu não sabia que estava com isso”, afirma. Para ele, “o preconceito é o mais complicado”.
Hoje, Joel pode ser considerado curado da Covid-19. Entretanto, a recuperação da pneumonia dupla que lhe acometeu ainda está em processo, uma vez que é uma doença bastante agressiva. Ele conta que ainda faz uso rigoroso da máscara de proteção, e se isola o máximo possível.
Em uma reflexão, Joel diz que teve sorte de ter uma boa saúde e ter sido atendido por bons médicos, de ter tido a oportunidade de ocupar uma UTI devidamente equipada, mas enfatiza o que é o medo de todos: “Se aumentar muito o grau de contaminação, não vai ter UTI pra todo mundo”.
“Fiquei cinco dias sem paladar e sem olfato”
O empresário Marcelo Trindade, 43, também pode se considerar um vencedor da Covid-19. Morador de Goiânia, Marcelo conta que, no dia 23 de março, decidiu se submeter ao teste que detecta o Sars-CoV-2, após apresentar sintomas como dor no corpo, nos olhos, dor de cabeça e dificuldade para respirar.
Após cinco dias, veio a confirmação de que ele estava com Covid-19. O empresário revela que se recorda, inclusive, do momento em que acredita ter contraído a doença. “Eu estava nos Estados Unidos e fui almoçar com uma pessoa. E lembro que ela espirrava e tossia muito. Acho que foi dela que peguei”, conta.
Todavia, mesmo após testar positivo para a doença, Marcelo não foi internado. Ele relata que alguns sintomas foram relativamente leves e que nem chegou a ter febre, já outros deixaram sua marca, como a perda temporária de alguns sentidos. “Fiquei cinco dias sem paladar e sem olfato. E também tinha um pouco de dificuldade para respirar. Minha respiração foi bem atingida, ardiam meus pulmões, as vias respiratórias, tudo”, relembra.
Marcelo atribui os sintomas pouco agressivos, em relação aos tipicamente descritos, ao uso de hidroxicloroquina reuquinol, medicamento que havia sido receitado por sua médica dermatologista dias antes de sua viagem aos EUA em razão de problemas no couro cabeludo. O medicamento, porém, ainda é alvo de polêmica. O Conselho Federal de Medicina (CFM) chegou a divulgar um parecer no qual estabelece critérios e condições para a prescrição de cloroquina e de hidroxicloroquina em pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19, mas enfatizou que, após analisar extensa literatura científica, seu entendimento é o de que não há evidências sólidas de que essas drogas, cujo uso já causou mortes no Brasil e nos EUA, tenham efeito confirmado na prevenção e tratamento da doença.
O tratamento de Marcelo foi todo realizado no isolamento de sua casa. O empresário relata que consumiu muitas frutas, sobretudo cítricas, no tempo em que ficou apartado da sociedade. Ele menciona que sua filha de 12 anos também acabou sendo infectada, tendo que ficar no isolamento. Porém, o caso da menina foi “praticamente assintomático”. “Ela só teve perda do paladar”, diz.
Mesmo curado, assim como Joel de Sant’Anna, Marcelo revela que também sente na pele o preconceito. “Muitos, até hoje, não querem me encontrar”. Ele associa o fato ao medo que as pessoas têm de contraírem o Sars-CoV-2. Para ele, “é falta de entendimento do assunto”.
Após o sufoco, o empresário vincula sua recuperação aos devidos cuidados tomados, e esclarece que seguia à risca as recomendações de isolamento absoluto. Porém, ele também destaca a importância de sua fé em todo o processo. “Eu sou uma pessoa crê muito em Deus, então eu vejo que isso é um propósito para a humanidade. Eu passei a valorizar mais a vida, passei a entender que nem tudo é trabalho, que a gente tem que olhar mais o ser humano”, conclui.
“Só quem viveu o pesadelo que nós vivemos sabe”
Morador de Nova Glória, pequeno município a cerca de 198 quilômetros de Goiânia, Paulo Cândido Belarmino, 55, não se deixou vencer pela Covid-19. Entretanto, seu estado emocional ainda abalado o impossibilita de contar sua história, questão resolvida por sua esposa, Susana de Oliveira Viegas, 49, que narrou à reportagem o pesadelo vivido pelo marido.
A professora da rede estadual conta que o esposo, que é empresário, ainda está muito emotivo. “Foi muito traumático pra ele”, relata. Eles não sabem quando e de quem exatamente Paulo Cândido contraiu a doença, uma vez que, devido ao seu negócio, uma revendedora de automóveis seminovos, Paulo precisa estar em contato frequente com seus clientes.
Os primeiros sintomas vieram no início de março: mal-estar, tosse e dor no corpo. Porém, a possibilidade de o marido ter sido infectado pelo novo coronavírus nem sequer passou pela cabeça de Susana. “A gente nem desconfiou. Quando ele internou na emergência eu pensei que fosse complicação de uma gripe, porque a gente mora aqui, é interior, não tem nem como a gente imaginar que essa doença estaria aqui. A gente vê os noticiários, e pensa que isso está só em cidades maiores”, relembra.
O primeiro local de atendimento foi no posto de saúde do município de Nova Glória. Lá, o empresário foi submetido a um hemograma que descartou as suspeitas de dengue. Paulo, então, retornou para casa, onde estava decidido a se recuperar. Mal sabia ele que o pior ainda estava por vir.
Susana relata que três dias após ser atendido no posto de saúde, o marido piorou e medidas mais drásticas precisaram ser tomadas. “O quadro respiratório dele agravou, e ele precisou ser levado às pressas no dia quatro de abril para Ceres. Lá eles fizeram uma tomografia e viram que ele tinha um quadro avançado de pneumonia. Foi aí que a médica suspeitou que pudesse ser coronavírus”, conta. Logo em seguida, Paulo Cândido foi transferido para o Hospital Órion, em Goiânia, onde veio a confirmação da famigerada Covid-19.
Dando entrada no hospital já em estado grave e com grande dificuldade de respirar por si mesmo, o empresário precisou ser entubado e internado em um leito de UTI com isolamento. Susana recorda que o procedimento provocou nela grande confusão, uma vez que ela não entendia o fato de o marido ter sido infectado pelo Sars-CoV-2.
“Eu não sabia que esse vírus tinha chegado aqui [em Goiás]. A gente não sabe direito nem como lidar, porque quando a gente lida com a pneumonia normal, a gente já sabe qual o processo […], mas no caso dele foi extremo, porque ele foi internado e logo sendo entubado, porque não tinha mais condições de respirar. O pulmão dele não estava mais conseguindo”, revela.
Paulo Cândido ficou 20 dias internados, dos quais 13 em estado de sedação. Susana relembra que às vezes o marido acordava em estado de desorientação, mas logo voltava a dormir. No dia 21 de abril, ela recebeu alta e pôde voltar para casa.
O atual estado de saúde do empresário de 55 anos é considerado bom, e ele já entra para as estatísticas de recuperados. Susana diz que o marido ainda está fazendo uso de alguns antibióticos receitados pelo médico. Ela conta que Paulo tem recebido uma alimentação reforçada, com muitas frutas e líquido, e que tem feito exercícios físicos para estimular o corpo, após tantos dias imóvel na sedação. “Hoje mesmo ele saiu pra tomar um banho de sol, dar uma caminhada. Ele está bem mais disposto”, comemora.
Para Susana, ainda é cedo para dizer se o vírus deixou alguma sequela no marido, uma vez que ele ainda está no processo em que “o organismo está respondendo o tratamento feito”. Ela diz que em nenhum momento entrou em desespero, e que sua fé “e as orações dos amigos da comunidade ajudaram muito”. Entretanto, faz um alerta: “Só quem viveu o pesadelo que nós vivemos sabe. Não levem com leviandade, porque não é simples como as pessoas estão pensando, não se pode minimizar o vírus”, arremata.
“Não fiz teste, o Ministério da Saúde classificou o meu caso como paciente de Covid por exclusão de diagnósticos”
Enquanto fala com a reportagem, a jornalista goiana Maria (nome fictício, a fonte pediu para não ser identificada), de 45 anos, pede desculpas enquanto precisa pausar a entrevista repetidas vezes para tossir. Ela está confinada há exatos 14 dias em casa com todos os sintomas da Covid-19, mas o pior é: ela não pôde fazer o teste para confirmar seu diagnóstico.
Maria conta que há pouco mais de duas semanas começou a apresentar os primeiros sintomas. Uma familiar, que é médica, foi até sua casa e informou que Maria apresentava todos os sintomas da doença e mais alguns não tão típicos. “Eu estava evoluindo outros [sintomas] que, segundo ela, eram mais raros. Eu desenvolvi dor de cabeça, dor nos olhos, diarreia, vômito, muita secreção e tosse. E além disso eu manchei o corpo inteiro. Até fiquei meio feliz achando que era dengue, olha que ideia! Mas fiz o teste duas vezes e não constatou dengue”, relata.
A jornalista lembra que procurou tanto a rede pública quanto a privada para ser submetida ao teste que detecta o novo coronavírus no organismo, mas a resposta, nas duas redes, foi só uma: “Nenhum dos dois fazem o teste em paciente fora da UTI. Disseram que eu tinha que buscar um médico para que ele me desse o pedido para o exame”, recorda. Porém, mesmo tendo conseguido o pedido por escrito de sua médica na rede privada. Maria não obteve êxito.
“Todo o material [de testagem] estava sendo direcionado para pacientes de UTI. A informação que a gente recebe nas unidades de saúde é a de que o Ministério da Saúde (MS) recolheu tudo. A sensação que eu tive, sinceramente, é que era só pra ter a causa da morte”, desabafa.
Como não conseguiu realizar o teste convencional, e o teste rápido da rede privada – que tem o custo de R$ 300 – precisava ser feito por três vezes consecutivas para se excluir o resultado de falso negativo, o que seria extremamente dispendioso para Maria, a jornalista ouviu de sua médica que, a solução no caso em questão, era seu isolamento social. E foi o que ela fez.
No dia 29 de abril, Maria completou 14 dias no confinamento domiciliar, e revela que ainda não está totalmente recuperada. Segundo ela, sintomas como tosse, dor de cabeça e vômito ainda são sentidos. A jornalista, que mora em Goiânia com a mãe de 70 anos e o filho de 17, não sai do quarto para nada, e teve que adotar uma rotina digna de Chernobyl para se alimentar sem correr o risco de contaminar os moradores da casa. “Minha mãe colocou uma mesinha pequena na porta do quarto. Ela deixa minha alimentação e bate na porta, ela de máscara e eu também. Eu espero ela se distanciar, abro a porta e pego a comida. Me alimento, vou ao banheiro, lavo a louça, coloco em cima da mesinha e borrifo álcool. Depois que eu borrifo álcool ela recolhe e lava a louça de novo”, descreve.
Na primeira vez que procurou uma unidade de saúde da rede pública, o Cais de Campinas, para tentar fazer o teste, a equipe do cais colheu os dados de Maria e os repassou para o Ministério da Saúde e para a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. Agora, tanto a pasta federal quanto a municipal entram em contato diariamente, por telefone. Ao completar 14 dias de confinamento, Maria, que também é asmática, conta que o MS a telefonou e, após uma série de perguntas sobre seu estado, recomendou mais dois dias fechada em casa.
“Não fiz teste, o Ministério da Saúde classificou o meu caso como paciente de Covid por exclusão de diagnósticos. Eles entram em contato comigo todo santo dia por telefone, e você tem que responder às perguntas que o médico ou o enfermeiro faz. Não só o Ministério, mas também ligações diárias da Secretaria Municipal. Eu estou sentindo um monte de coisa, mas eu não posso sair porque se eu sair eu posso infectar alguém, sem nem um diagnóstico preciso, então fico esperando. É um absurdo”, finaliza.
A reportagem do Jornal Opção questionou a Secretaria Municipal de Goiânia sobre o protocolo de testagem que está sendo seguido nos cais de Goiânia quanto ao novo coronavírus. Em nota, a pasta informou que “o protocolo do Ministério da Saúde é para que somente pacientes internados sejam testados.
Ainda segundo a nota, a Secretaria “comprou e começou a fazer teste PCR, que possui maior precisão para detectar vírus como o coronavírus em profissionais de saúde e pacientes não internados, desde que estejam sintomáticos e que tenham passado pela avaliação de algum médico das unidades de saúde do município”.
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O POPULAR
Entre o medo e a gratidão
Profissionais da enfermagem de Goiás compartilham uma mistura de sentimentos e dura rotina de trabalho durante a pandemia de Covid-19
"Quando tudo começou, passou um filme na minha cabeça. A gente se depara com a doença e sabe que pode perder a própria vida tentando ajudar alguém. Disse para mim mesmo que não poderia desistir, fiz meu juramento de salvar vidas, mas a gente também é ser humano. Temia estar cuidando e amanhã estar no leito, sendo cuidado. Ainda penso no amanhã. Vi colegas na UTI. Perdemos pacientes. Mas o número de recuperados é maior e isso nos dá força para continuar". A afirmação é de Leomar da Silva, supervisor de enfermagem, responsável pela assistência aos pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Geral do Hospital Anis Rassi.
Ele não é o único que caminha em uma linha tênue de sentimentos e responsabilidade. A balança pesa para o juramento feito de dedicar a vida profissional a serviço da humanidade. Enfermeiros, técnicos e auxiliares em enfermagem que estão à frente dos atendimentos de casos suspeitos e confirmados para a Covid-19 em Goiás relatam as dificuldades enfrentadas desde que foi declarada a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os principais medos: adoecer e a contaminação dos colegas de trabalho e familiares.
Em Goiás, uma morte foi registrada até o momento envolvendo a categoria, mas existem outros 73 casos suspeitos e confirmados, nenhum em estado grave. A morte que consta nos relatórios do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) é de Adelita Ribeiro, de 38 anos, que apesar de ser técnica em enfermagem, exercia a função de técnica de laboratório. Ela trabalhava no Hemolabor, dentro do Hospital do Coração e também no Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) Novo Mundo. Adelita morreu em 4 de abril, depois de ficar internada na unidade particular onde laborava.
Assim como o Hospital do Coração, o Hospital Anis Rassi tem atendido grande número pacientes suspeitos e confirmados para a Covid-19. Leomar, que trabalha na unidade há 11 anos, começou como técnico e depois da graduação passou para a função de supervisor. A esposa também é técnica em enfermagem e trabalha no Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG).
Com medo de contaminar a filha de 4 anos, decidiram deixá-la com a avó materna, que também é da área da saúde, mas está isolada por ser do grupo de risco. "É muito difícil porque isso nunca tinha acontecido, mas sabemos que nossa filha está bem. Fazemos chamada de vídeo todos os dias. Eu tomo banho no hospital, tiro a roupa na garagem, tomo outro banho em casa. Tentamos tomar todos os cuidados. É muito, muito difícil este momento", completa.
Como supervisor da UTI geral do Anis Rassi, Leomar estava trabalhando no dia 7 de abril quando o cardiologista e cirurgião cardiovascular Aleksander Dobriansky foi intubado. O médico que realizou o primeiro transplante de coração em Goiás tem 66 anos e nenhuma comorbidade. Dobriansky integra a equipe do Anis Rassi e recebeu alta médica no último dia 27 em clima de festa. "Me vi naquele momento, participei da intubação e o mundo desabou. Ele tem uma história linda. Ao mesmo tempo é um privilégio estar na linha de frente, é gratificante ser útil neste momento", finaliza.
Eryelg Tomé, de 29 anos, é coordenadora de enfermagem no Anis Rassi e responsável pela assistência aos pacientes nos andares de internação. A equipe, que está sob os cuidados dela, envolve 50 profissionais entre técnicos, auxiliares e enfermeiros. "Meu maior medo é com os meus colaboradores. O momento é difícil, precisam de apoio emocional e a gente quer se abraçar, quer dar colo. Nossa maior preocupação era com paramentação e desparamentação. Toda a equipe passou por treinamento e a gente vestia e tirava várias vezes para saber se estava correto", completa.
A coordenadora explica que os cursos na unidade de saúde começaram em janeiro. Um planejamento estratégico também garantiu a compra de equipamentos de proteção individual (EPIs) para os meses de fevereiro, março e abril.
Natural de Morrinhos, no Sul de Goiás, Eryelg divide apartamento na capital com uma amiga que é enfermeira obstétrica em outro hospital. No início, chegou a pensar em se mudar, mas decidiram apenas manter cuidados como não dividir copos, pratos, talheres, além da higiene pessoal.
"O andar de internação é mais revigorante que a UTI porque é com a gente que os pacientes começam a voltar a sentir cheiro, não sentem mais falta de ar. De certa forma, a vitória fica muito associada a nós porque somos os primeiros rostos que eles lembram", completa. Eryelg Tomé explica que é errada a ideia de pensar que a pessoa que vai para o respirador e fica intubada está quase morrendo. "Na verdade, a tentativa é ajudar o paciente a vencer os 15 dias mais críticos da doença. Lá, entretanto, o paciente não vê dia e noite, é propício para alucinação, não tem rotina", pontua.
Por dia, 130 pedem apoio emocional
Desde 26 de março, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) lançou o programa Enfermagem Solidária, com o objetivo de prestar atendimento psicológico aos profissionais da categoria. Até o último dia 14, 2.533 atendimentos haviam sido registrados em todo o Brasil. No geral, 51,20% dos contatos foram de técnicos em enfermagem e 39,65% de enfermeiros.
Mestre em enfermagem de saúde mental e professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Salete Pontieri explica que já representa Goiás no Conselho Federal e é um dos 150 voluntários do projeto. Em quatro dias por semana, ela presta atendimento por 3 horas. Na maioria dos casos, segundo a professora, a ansiedade domina os profissionais bem como o medo de se contaminarem. Surpresa, Salete explica que muitos começaram a sofrer discriminação na rua, no transporte público e na vizinhança. Ela conta casos em que profissionais foram identificados por mochila, roupa ou equipamentos e sofreram preconceito.
"Tenho 30 anos de profissão em saúde mental e confesso que tenho crescido e amadurecido muito nesse processo. Às vezes ficamos uma hora atendendo um profissional que está com tendências suicidas. A fragilidade emocional é imensa, eles não dormem direito e têm medo de se contaminarem e contaminar familiares. Têm exaustão, falta de EPIs, cansaço mesmo. Os voluntários são mestres e doutores, com experiência porque o trabalho é pesado e a gente acaba absorvendo também um pedaço da angústia."
Protocolos e EPIs dão sensação de segurança
Marta Kelly Nogueira, de 29 anos, é fisioterapeuta e até o início de março trabalhava no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). Dez dias antes do Hospital de Campanha para o Enfrentamento ao Coronavírus de Goiás (HCamp) abrir as portas, recebeu o convite para trabalhar como supervisora assistencial da unidade e agora coordena uma equipe de 89 médicos, 48 técnicos em enfermagem, 26 enfermeiros e 50 colaboradores da área multiprofissional. Em um misto de medo e gratidão, afirma que os protocolos garantem a sensação de segurança dela, e da equipe.
"Acho que ninguém passou por algo parecido. Quando recebi o convite fiquei parada na frente do meu gestor e não conseguia me expressar. É um misto de sentimentos, um grande desafio, mas com certeza, medo e insegurança por mim e por toda a equipe. Entre os questionamentos: Como isso ia repercutir em nós e nas nossas famílias? Foram 10 dias até a abertura e fomos resgatando profissionais de todas as unidades. Todos nós fomos escolhidos por Deus", completa a supervisora assistencial do HCamp.
Em casa, a vida de Marta também mudou bastante. A filha de 2 anos está passando de três a quatro dias por semana com avós. "No início de abril, estava indo embora, em uma quinta-feira às 19 horas e recebemos a informação de que viriam dez idosos de um asilo de Inhumas. Vesti a roupa, me paramentei e fui para o pronto socorro. Neste dia, liguei pra minha mãe que mora em Anápolis e falei: leva a Alice. Em nenhum momento penso em desistir. Isso vai passar", acredita a supervisora.
Segurança
Uma das escolhidas para o time foi a enfermeira Paolla Nathana Borginho, também de 29 anos, que atua nas unidades semicríticas do HCamp, em Goiânia.O HCamp abriu as portas no dia 26 de março e o primeiro paciente foi Paulo Alves de Souza, de 72 anos. Morador de Luziânia, ele foi internado no mesmo dia em que a esposa morreu com Covid-19. A mulher, de 66 anos, foi a primeira morte registrada no Centro-Oeste do País.
"Seu Paulo foi nosso primeiro paciente, tinha perdido a esposa e foi tão forte, soube lidar bem demais com a situação e sua força nos marcou. É gratificante ver um paciente indo embora melhorando, podendo voltar pra casa", se emociona Paolla.
Medo
"Como ser humano, o medo maior é fora do trabalho". A fala é da enfermeira do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) de Aparecida de Goiânia, Priscilla Dutra, de 31 anos. Ela afirma que trabalha com tranquilidade, segue os protocolos preconizados da área e que isso diminui o medo porque faz tudo da maneira correta e sabe que isso diminui a chance de contaminação. O medo de Priscilla aumenta, entretanto, quando deixa o serviço.
Priscilla Dutra explica que no Samu de Aparecida não há falta de EPIs e que há muito treinamento. Os cuidados precisaram ser redobrados, de forma geral, porque qualquer paciente atendido pode estar infectado, mesmo que esteja assintomático. "Penso que nos afastar das pessoas agora também é demonstração de afeto e carinho", finaliza.
50 unidades notificadas pelo Conselho Estadual
O Conselho Estadual de Enfermagem (Coren-GO) incrementou o processo de fiscalização e já visitou 144 unidades de saúde desde que foi declarada a pandemia do novo coronavírus. No total, 50 foram notificadas por falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) e ausência do plano de contingência, que é o planejamento de substituição de pessoal, caso pessoas da equipe precisem ser afastadas da frente de trabalho.
Presidente do Coren-GO, Ivete Santos Barreto explica que no início dos trabalhos, muitas denúncias foram registradas sobre a falta de EPIs. "Agora, o que percebemos é um uso mais racional para que não sejam desperdiçados EPIs que serão extremamente necessários em um possível agravamento da curva (de casos). Estamos explicando quais são adequados e nossa orientação é que (os profissionais) não façam a atividade se não estiverem adequadamente protegidos", completa Ivete.
Presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Goiás (Sieg), Roberta Rios afirma que a ausência da máscara N95 é motivo de muitas queixas por parte da categoria. A máscara deve ser utilizada em procedimentos com geração de aerossóis. "A N95 é usada por 15, 30 dias e as máscaras cirúrgicas, que deveriam ser trocadas a cada 2 ou 4 horas, estão sendo utilizadas até em plantões de 12 horas."
Roberta Rios cita ainda um exemplo de uma paciente que chegou a uma unidade de saúde com febre e infecção urinária e acabou testando positivo para Covid-19, mesmo sem sintomas clássicos. A situação reforça o cuidado que deve ser tomado pelos profissionais, até mesmo porque muitos infectados podem estar assintomáticos.
Outra dificuldade da categoria é a ausência de um piso salarial bem como de uma carga horária regulamentada. A presidente do Sieg afirma que a carga horária varia entre 30 e 44 horas semanais e que os salários também possuem diferenças de acordo com cada unidade e gestão.
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Afastamentos chegam a 126
Surto hospitalar no Hugo conta com 70 trabalhadores da saúde com suspeita de Covid 19. Outros 56 profissionais que fizeram o teste tiveram resultado positivo para o novo coronavírus
O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) tem 126 profissionais de saúde afastados por suspeita ou confirmação de contaminação do novo coronavírus (Covid-19). Desse total, 56 testaram positivos para o novo coronavírus. A unidade, que é uma das principais do Estado, vai passar por uma desinfecção para tentar conter o surto. Até a próxima segunda-feira, 50 profissionais substitutos devem ser contratados, segundo a organização social (OS) que administra o hospital, o Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS).
Reportagem do POPULAR publicada na edição desta sexta-feira (1º) mostrou que o afastamento de tantos profissionais já está refletindo em déficit de mão de obra. O número de pacientes nas enfermarias está bem acima do adequado para a quantidade de técnicos de enfermagem, segundo o Conselho Estadual de Saúde e o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde). As entidades visitaram o hospital na manhã de quinta e constataram a situação.
Membro do Conselho Estadual de Saúde, Lucinéia Vieira, defende que há indícios de que esses profissionais do Hugo tenham se contaminado no atendimento de pacientes assintomáticos que estavam realizando outros procedimentos de saúde. Ela relata casos de pacientes que estavam internados por outros motivos, sem ser coronavírus, e que evoluíram para quadro respiratório, sendo descoberto após teste que era Covid-19. "Os profissionais que entraram em contato com esses pacientes, inicialmente não sabiam que eles tinham Covid-19", diz a conselheira.
O primeiro caso de óbito por Covid-19 de Águas Lindas, no Entorno do Distrito Federal (DF), por exemplo, foi de um paciente de 63 anos que deu entrada no Hugo para fazer uma cirurgia ortopédica, mas acabou apresentando sintomas de pneumonia durante a internação. No dia 25 de abril foi feito o teste para Covid-19, que deu positivo, e ele morreu no dia 28 a caminho do Hospital de Campanha (HCamp) da capital. Ainda não foi confirmado se a contaminação ocorreu dentro da unidade.
A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, explica que não é possível dizer que a contaminação ocorreu dessa maneira, com pacientes inicialmente sem sintomas, já que a maior parte dos profissionais contaminados trabalham em várias unidades de saúde.
Flúvia explica que a literatura médica mostra que o grande risco de contaminação costuma ocorrer durante procedimentos invasivos, como na intubação, e no uso inadequado dos equipamentos de proteção individual, os EPIs. "Às vezes não está usado corretamente. Ou usa corretamente, mas erra na hora de retirar. São as hipóteses mais prováveis", avalia.
Segundo a superintendente, o Hugo vai passar por um processo de desinfecção e sua situação está sendo acompanhada de perto, com a orientação de seguir todos os protocolos de segurança e a contratação de novos profissionais para não sobrecarregar os que não estão doentes. "Nossa preocupação é quebrar a cadeia de transmissão lá dentro e evitar que outras pessoas tenham."
Situação pior
A superintendente Flúvia Amorim reconhece que a quantidade de afastamento de profissionais do Hugo por Covid-19 é alta quando se compara com outras unidades. A Maternidade Dona Iris e o Hospital de Doenças Tropicais (HDT) tiveram apenas 4 casos confirmados entre funcionários cada um.
No entanto, Flúvia pondera que há muitos casos confirmados na rede pública e privada, e que outros hospitais podem ter mais casos, mas não informaram. Além disso, lembra que o Hugo é uma das maiores unidades, com mais funcionários. Então, proporcionalmente, tem chances de ter mais casos.
A SES-GO está fazendo um levantamento de afastamentos de profissionais por Covid-19 em todos os hospitais estaduais. Um obstáculo é que muitos profissionais afastados têm vínculo empregatício com as OS que administram as unidades. Por isso, a secretaria tem que acionar unidade por unidade para conseguir o número total.
Mais testes
A presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Franscine Leão diz ver com enorme preocupação a quantidade alta de afastamentos do Hugo e fez uma série de recomendações para diminuir as chances de contaminação. A principal é a testagem de todos os profissionais da unidade a cada 15 dias. Atualmente, testes rápidos são feitos apenas em profissionais sintomáticos, mas a SES-GO planeja realizar um inquérito com testagem de profissionais assintomáticos.
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DIÁRIO DA MANHÃ
Saúde recomenda a não flexibilização do isolamento
A curva de casos confirmados de Covid-19 no município de Goiânia está menor em comparação com outras capitais, o que pode ser explicado pelas medidas de restrição social implementadas. Inquérito sorológico populacional para avaliar a possibilidade de ampliar a flexibilização será realizado
Nota Técnica da Secretaria Municipal de Saúde Goiânia recomenda a não flexibilização das atividades não essenciais na capital, mantendo apenas àquelas previstas no Decreto n° 9.653, de 19 de abril de 2020, do Governo do Estado de Goiás, desde que guardados os princípios de distanciamento visando evitar aglomerações e garantidos os devidos cuidados de proteção individual e etiquetas de higiene, apoiados nos protocolos estabelecidos pela própria secretaria.
O documento foi assinado pela secretária Municipal e Saúde, Fátima Mrué, na última quinta-feira, 30/04. A nota técnica ressalta que a curva de casos confirmados no município está menor em comparação com outras capitais, o que pode ser explicado pelas medidas de restrição social implementadas e também pela mudança nos hábitos da população em relação às medidas de prevenção da Covid-19, dentre elas o uso de máscaras caseiras, a higienização constante das mãos, uso de álcool gel, entre outras.
A Secretaria recomenda imperiosa cautela nas medidas de flexibilização, considerando que estas podem causar piora do cenário epidemiológico com aumento súbito dos casos, o que poderá ocasionar um colapso na capacidade assistencial. "No momento atual não há evidências científicas e epidemiológicas que respaldem maior flexibilização das medidas restritivas implementadas no município de Goiânia"," conclui a nota técnica.
Segundo a SMS, um inquérito sorológico será implementado nos sete distritos da capital, em quatro etapas, e tem por objetivo investigar uma porcentagem significativa da população, bem como dos profissionais de saúde, quanto à exposição ao vírus.
Esta estratégia, de acordo com a autoridade sanitária, fornecerá subsídios para ações de saúde pública, dentre elas avaliar a possibilidade de flexibilização do isolamento social, bem como a intensificação das medidas restritivas, identificar a carga da doença, estimar com uma maior acurácia a necessidade de leitos hospitalares, o que se constitui uma medida fundamental para nortear a tomada de decisão por parte do prefeito íris Rezende.
O órgão municipal lembra, também, que estudos de modelagens e projeções de casos foram realizados em parceria com a Universidade Federal de Goiás, utilizando os parâmetros calculados a partir dos casos já confirmados e métodos compartimentais, os quais vêm sendo constantemente atualizados.
Segundo a Nota Técnica, a partir desses estudos, é possível, num cenário mais otimista, vislumbrar um pico de casos de Covid-19 a partir da segunda semana do mês de maio. Outros modelos com projeções baseadas no decaimento do número reprodutivo efetivo (Re), estimado pelo aumento no número de casos, também sugerem um pico em maio ou meados de junho, mas apenas se as políticas de isolamento/distanciamento mantiverem o contágio nos níveis atuais.
Capacidade Assistencial
Atualmente, a SMS de Goiânia possui sob sua gestão e em condições de funcionamento, 52 leitos de UTI do Sistema Único de Saúde para o tratamento da doença causada pela Covid-19, com perspectivas de abertura de novos leitos para o próximo mês de maio, porém a abertura se dará de forma escalonada e ainda carece de equipamento para o pleno funcionamento.
No atual cenário, as taxas de ocupação em Goiânia dos leitos de UTI específicos para Covid-19 estão em 30,8% de sua capacidade, motivo pelo qual o afrouxamento indiscriminado poderá aumentar o número de casos e consequentemente a ocupação dos leitos, explica a SMS.
A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), começou na última sexta-feira (01/05) a testagem dos profissionais de saúde para o novo coronavírus (Sars-CoV-2). A ação foi iniciada pelo Cais Vila Nova onde 85 profissionais que trabalham na urgência serão testados. A meta é testar 30% dos profissionais de saúde que trabalham em todas as unidades de urgência da rede pública do município, em torno de mil pessoas que estejam ou não com os sintomas de Covid-19.
A testagem é feita por sorteio, como explica a diretora de Epidemiologia da Superintendência de Vigilância em Saúde, Grécia Carolina Pessoni. "Usamos essa metodologia de seleção pegando os profissionais de todos os plantões, tem profissional que vai na unidade uma vez por semana e o dia em que ele estiver trabalhando será testado"," disse.
A secretária de saúde de Goiânia, Fátima Mrué, esclarece que o teste rápido não detecta especificamente o novo coronavírus, mas os anticorpos produzidos depois de ocorrida a infecção.
"O teste rápido de anticorpos aponta se a pessoa teve ou não
Goiânia começa a testar profissionais de saúde para "inquérito sorológico" contato com o vírus e isso é possível ser verificado porque quando uma pessoa entra em contato com o vírus o organismo passa a produzir anticorpos como um mecanismo de defesa"," explica.
Com esses testes, que também serão estendidos a uma parte da população, a Secretaria terá um parâmetro mais próximo da realidade de como está a circulação do novo coronavírus no meio dos profissionais de saúde e também da população em geral de Goiânia.
A SMS recebeu do Ministério da Saúde (MS) 7,2 mil testes rápidos, 6 mil chegaram na sexta-feira, e está comprando mais 25 mil. A maior parte desse tipo de teste será utilizada no "inquérito sorológico" da população a ser realizado após a testagem dos profissionais de saúde.
Por meio de uma parceria, o Centro de Seleção da Universidade Federal de Goiás (UFG) fará a impressão, leitura e processamento dos formulários dos inquéritos preenchidos pelos profissionais de saúde. Todos serão digitalizados, o que vai permitir uma análise mais rápida dos resultados
Resultado dos testes rápidos
O teste rápido é feito com pequena amostra de sangue e o resultado sai em 15 minutos. Técnica de enfermagem há 17 anos, Cláudia Arminda de Jesus está entre os 85 profissionais de saúde sorteados no Cais Vila Nova. Ela comemorou o resultado negativo. "Estou aliviada e agradecida pela oportunidade de fazer o teste, vou trabalhar mais tranquila agora" Todos os cinco profissionais sorteados no plantão da última sexta-feira à tarde no Cais Vila Nova testaram negativo para Covid-19.
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Grupo denunciado pelo governo do DF tenta impedir renovação de plataforma no Ipasgo
No Distrito Federal, governador Ibaneis Rocha (MDB) acusou interesses contrários ao plano dos servidores; em Goiás, empresa do mesmo grupo impugnou licitação do Ipasgo
Uma "coincidência" une o Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo) e a iniciativa do Governo do Distrito Federal em criar um plano para atender os servidores públicos: impugnações de suas licitações. Elas partiram do mesmo grupo.
Nos últimos meses, o Ipasgo vem tentando inovar com uma plataforma que possibilite fechar seu sistema para fraudes - a "Operação Morfina" aponta em suas investigações desvios de R$ 500 milhões.
No momento, entretanto, liminarmente, a licitação está suspensa pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). A dificuldade chama atenção, pois no DF ocorre algo semelhante.
Em Brasília, o governador Ibaneis Rocha (MDB) denunciou que existiría manobra para bloquear a implementação do serviço no DF: "A máfia que não quer licitações tentando suspender o plano de saúde dos servidores"
Segundo o site "Metrópoles, com" e também "Jornal Opção" a empresa Infoway Tecnologia e Gestão em Saúde LTDA, um dos braços do Plano de saúde Hapvida, teria interrompido judicialmente o pregão para o plano de saúde de servidores do Distrito Federal.
A proposta no DF é semelhante em finalidade ao que se tenta em Goiás: implantar a estruturação, operação e apoio à gestão do plano de saúde dos servidores. A plataforma não substitui servidores, mas aprimora suas ações, dando possibilidade, por exemplo, aos peritos atuarem de forma mais tática.
O Governo do Distrito Federal lançou edital em busca de empresa com competência para realizar tais serviços. No decorrer da concorrência, a Infoway acusou "suposto ato ilegal imputado ao Pregoeiro da Secretaria de Estado da Economia do Distrito Federal"
Em Goiás, a Haptech, empresa ligada ao plano Hapvida, impugnou a concorrência do Ipasgo. "Coincidentemente uma empresa do mesmo grupo, a Infoway, que tentou também impedir outra licitação, em Brasília" escreve o "Jornal Opção"
Desencadeada pela Polícia Civil do Estado de Goiás, a operação Morfina tenta montar um quebra-cabeça de como o Ipasgo foi atacado internamente e externamente durante quase nove anos. O sistema que estava montado atualmente era cômodo para quem desejava burlar o instituto.
"Já no caso do Ipasgo há um fato que chama atenção: um dos investigados pela Polícia Civil de Goiás é o médico Sebastião Ferro, que ocupou diretoria no instituto durante as gestões de Marconi Perillo. Ele foi dono do Hospital Jardim América e do América Plano de Saúde, comprados em 2019 pela operadora Hapvida, que agora tenta a impugnação do certame. Em dezembro de 2019, a Polícia Civil fez busca e apreensão na residência de Ferro durante a Operação Metástase" descreve o jornal "Opção"
Conforme a polícia, o médico entrou na lista de investigados por conta do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh), que teria apresentado crescimento substancial após ser credenciado no Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo).
Ao "Jornal Opção, o advogado Pedro de Paulo Medeiros, representante de Sebastião Ferro, diz que atualmente nenhum familiar, em qualquer nível de parentesco, é sócio do Hospital Jardim América, Hapvida ou Haptech, e que por isso não tem interesse nesse assunto - ou seja, em impugnar a licitação.
Todavia, reconhece ao jornal que no passado a nora de Ferro integrou uma das empresas da Hapvida, a PromedGoias, conforme nota.
Venda
O grupo América Planos foi comprado pela operadora de plano de saúde Hapvida, que tem hoje suas ações lançadas na bolsa de valores. O grupo goiano foi repassado para o grupo nordestino em junho de 2019 por R$ 376 milhões.
A Hapvida é empresa de capital aberto e atua em diversas frentes: hospitais (dentre eles, o Jardim América, localizado em Goiânia), planos de saúde (Hapvida, América Saúde, PromedGoias ) e tecnologia (Haptech e Infoway, esta última comprada pela Hapvida em abril de 2019 e que se juntou para formar a Mai-da Health).
No caso do Ipasgo, a Haptech - empresa ligada a Hapvida, assim como a Infoway - foi a única a impetrar solicitação para suspensão do certame do Ipasgo para contratação de nova plataforma de gestão.
Integra da nota da defesa
Essas informações (Cadastro da Promed Junto a Receita Federal) são desatualizadas... ainda mais em tempo de Co-vid... devem ser informações antigas. Ninguém da família é sócio de qualquer das empresas mencionadas e/ou tem qualquer interesse nessa ou qualquer outra licitação pública. Basta olhar o quadro social das referidas empresas, ela nunca foi sócia de qualquer delas. Ela (Ana Karina) já foi funcionária de uma delas, mas já não é mais há muito tempo.
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A TRIBUNA
Ex-ministro da Saúde critica postura do CFM
O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Britto Ribeiro, publicou um vídeo para criticar o pedido dos governadores do Nordeste para que o Governo Federal autorize a atuação de médicos brasileiros formados no exterior que não têm o Revalida (exame nacional exigido para o exercício na Medicina no País). Segundo o representante da entidade, os chefes do Executivo estão "fazendo política barata" ao adotarem essa postura. O médico sanitarista de Santos e ex-ministro da Saúde Arthur Chioro entende que a gravidade do momento exige que o interesse público seja colocado acima dessa postura corporativa.
Na avaliação dele, salvar vidas é um "imperativo ético", que o CFM jamais poderia se contrapor. "A não ser que tenha uma solução imediata e melhor para garantir o atendimento médico para milhões de brasileiros que dependem do SUS e não podem ser abandonados à própria sorte. Essa posição é cruel, desumana e inaceitável", destacou.
Nem ata nem desata Chioro explicou que há mais de 8 mil brasileiros formados no exterior aguardando o Revalida e prontos para trabalhar, enquanto milhares de pessoas estão desassistidas.
"O CFM condiciona aceitar a atuação de brasileiros formados no exterior à aprovação no Revalida. Mas o Governo Federal protela a realização da prova desde 2017", disse.
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ISTO É
Bolsonaro apoia críticas de CFM a pedido de governadores do Nordeste
O presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter, neste domingo (3) para endossar um vídeo do presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, com duras críticas aos governadores do Nordeste. O grupo pede "a adoção de medidas por este Ministério [da Saúde] para a integração dos médicos formados no exterior, mesmo sob supervisão, adotando-se processo de validação dos diplomas, por meio de programa de complementação curricular e de avaliação na modalidade ensino-serviço, a ser realizado pelas universidades públicas, inclusive as estaduais".
Na prática os governadores querem autorização para que cerca de 15 mil médicos brasileiros formados no exterior, mesmo sem diplomas revalidados no país, atuem no combate à covid-19. Eles atuariam sob supervisão de outros profissionais em brigadas de prevenção e combate à Covid-19, principalmente no interior, onde faltam equipes para atender a população.
Na mensagem Mauro Ribeiro defende que esses profissionais façam o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas (Revalida) e diz que a prova de suficiência é a única exigência do Conselho Federal de Medicina para que esses médicos mostrem o mínimo de conhecimento para atender a população brasileira." Fica aqui o nosso repúdio a essa atitude covarde dos governadores do Nordeste. Se aproveitando de um momento trágico para a nossa sociedade, através de argumentos mentirosos para simplesmente criarem um casuísmo no sentido de legitimarem esses supostos médicos, que nós nem sabemos se são médicos, de atender a população brasileira sem fazer o Revalida", criticou o presidente do CFM.
No mesmo vídeo o médico ressalta que há excelentes faculdades de medicina no Paraguai, na Bolívia e na Argentina, mas que a medida poderia beneficiar brasileiros que saem do país para fazer faculdade nas cidades paraguaias de Pedro Juan Caballero, na fronteira de Ponta Porã (MS) e Ciudad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu (PR). "São faculdades de péssima qualidade, onde não existe menor condição de ensino e aprendizagem na complexidade que exige a medicina", diz o Mauro Ribeiro.
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A REDAÇÃO
Hugo realiza testes de covid-19 em 95 pacientes e 360 funcionários
Yuri Lopes
Goiânia - O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) realizou testagem para covid-19 em 95 pacientes e em 360 funcionários, neste sábado (2/5).
A iniciativa foi tomada após recomendação do presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), Leonardo Mariano Reis, de que todos os pacientes e funcionários fossem testados.
Segundo a assessoria do Hugo, atualmente 132 profissionais do hospital estão afastados e em casa, seja por casos cofirmados (56) ou suspeitos (76) de covid-19.
O Hugo também passa por uma desinfecção linear, que é a limpeza geral de chão, teto, paredes e camas.
Em casa
Entre os afastados por terem testado positivo para o novo coronavírus, 30 são técnicos de enfermagem, 5 fisioterapeutas, 11 enfermeiros, 2 médicos e 8 residentes.
Dos que estão afastados por sintomas 70 são profissionais da equipe enfermagem (inclui enfermeiros, técnicos e auxiliares) e multiprofissional (inclui fisioterapeuta, fono, assistente social e psicólogo); além de 6 residentes.
De acordo com a assessoria do Hugo, a maioria dos médicos que trabalham no hospital são Pessoa Jurídica (PJ) e, por isso, a unidade não tem acesso ao controle dos atestados para saber se há mais médicos afastados por suspeita ou caso confirmado.
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TV ANHANGUERA
A covid-19 no HUGO
http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=74571654
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Goiás tem mais de 800 casos de Covid-19 com 30 mortes
https://globoplay.globo.com/v/8528632/programa/
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JUS BRASIL
CFM pede cautela na aplicação de testes rápidos em farmácias para detecção da Covid-19
O Conselho Federal de Medicina (CFM) está preocupado com a aplicação de "testes rápidos" em farmácias para a detecção da covid-19. Além do alto percentual de resultados falso-negativos para os casos em que a testagem é feita antes dos sete dias da apresentação dos primeiros sintomas, o CFM alerta que as farmácias devem obedecer a todos os parâmetros estabelecidos pela Anvisa na Resolução da Diretoria Colegiada 302/2005, que regula a realização de exames fora de laboratórios clínicos.
Na avaliação do CFM, o grande percentual de resultados falso-negativos pode disseminar ainda mais o vírus, já que o doente vai continuar em convívio social.
A autarquia também recomenda que haja um controle para que que haja rastreabilidade dos exames, capacitação dos operadores, validação de reagentes , controle de qualidade e detalhamento das informações constantes nos laudos. Além disso, todos os resultados (negativos ou positivos) devem ser notificados às autoridades sanitárias.
Nota assinada pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC), Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Associação Brasileira de Biomedicina e Confederação Nacional de Saúde explica que os testes rápidos são muito úteis em situações específicas, como guerras e desastres decorrentes de fenômenos naturais, mas "representam desafios quanto a qualidade e desempenho variável dos testes e a garantia da qualidade durante a realização do procedimento, já que estão sujeitos a diferentes cenários e a variações importantes na qualificação dos operadores."
As entidades médicas também alertam que devido às evidências de que os testes rápidos apresentaram grande variação de qualidade e desempenho, "países como Espanha e Itália já devolveram aos fabricantes milhões de kits com baixa eficiência"
A nota emitida pelo CFM está disponível em: http://portal.cfm.org.br/images/stories/pdf/notatestesrapidos.pdf
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação