Ahpaceg questiona eficácia de projeto que prevê instalação de câmeras e hospitais
A Associação de Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), que representa 21 hospitais goianos de grande porte e todos equipados com Unidades de Terapia Intensiva (UTI), está questionando a eficácia isolada do projeto de lei apresentado pelo deputado Cairo Salim (Pros) que obriga hospitais públicos e privados a instalarem câmeras de monitoramento em corredores, salas de atendimento de urgência e UTIs sob pena de multa de R$ 10 mil por mês de descumprimento e destinação deste dinheiro ao Fundo Estadual de Saúde.
Apresentado após a denúncia de estupro de uma paciente de 21 anos durante internação em uma UTI de Goiânia, o projeto, segundo o deputado, busca proporcionar um ambiente seguro às pessoas que trabalham ou estão internadas em hospitais. O deputado acredita que a gravação de imagens internas, que devem ser guardadas por seis meses, vá inibir casos de violência, maus-tratos e sequestro ao produzir prova da conduta das pessoas sob vigilância.
Para o presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, não será a vigilância eletrônica que trará segurança aos hospitais. Segundo ele, as câmeras são apenas mais uma ferramenta e já usada na maioria dos hospitais goianos naquelas áreas em que é permitida essa vigilância sem comprometer a privacidade dos pacientes e das demais pessoas e o sigilo do atendimento.
Haikal Helou entende que ao falar em segurança o mais importante é que haja uma rotina geral voltada para isso, envolvendo, inclusive, profissionais capacitados e bem selecionados para trabalhar em todas as áreas do hospital. “Contudo, aberrações como o estupro desta jovem paciente, que infelizmente aconteceu, lamentavelmente não podem ser evitadas com medidas como essa proposta”, diz o presidente, que reconhece a boa intenção do deputado Cairo Salim e do projeto de lei, mas lamenta que propostas que envolvam o setor hospitalar continuem sendo apresentadas por deputados e vereadores sem ouvir as entidades representativas do setor.
O presidente observa que, frequentemente, parlamentares aproveitam casos de grande repercussão na mídia para propor projetos de eficácia duvidosa e que afetam a rotina, o trabalho e exigem investimentos dos hospitais. “Isso não pode mais acontecer. A Ahpaceg está sempre de portas abertas para dialogar com os parlamentares, gestores de saúde e com a sociedade para que juntos possamos encontrar as melhores soluções para a área da saúde”, diz, ressaltando que a Ahpaceg está à disposição para participar da audiência pública prevista para a próxima terça-feira (18), às 9h30, na Assembleia Legislativa, para debater o projeto.