Ahpaceg alerta sobre riscos em projeto que prevê remoção de pacientes do SAMU para a rede privada
A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) manifesta grande preocupação em relação ao projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal de Goiânia que estabelece que os pacientes socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) possam ser levados diretamente para hospitais da rede privada da capital. Atualmente, o paciente, independentemente de ter plano de saúde ou arcar com a assistência particular, é encaminhado pelo Samu ao pronto-socorro de um hospital público e, posteriormente, após receber o primeiro atendimento e ser estabilizado, é que pode ser transferido para um hospital privado.
Para a Ahpaceg, o encaminhamento direto para a rede privada, mesmo atendendo a um pedido do paciente ou de seu responsável, pode comprometer a qualidade da assistência. Um dos motivos é que, ao contrário dos hospitais públicos que contam com médicos plantonistas em várias especialidades, a maioria dos hospitais privados oferece uma assistência especializada.
“Temos excelentes hospitais de neurologia, que não contam com equipes para atender casos de ortopedia ou hospitais pediátricos que não estão prontos para atender gestantes”, exemplifica o presidente da Ahpaceg, Haikal Helou. O encaminhamento de um paciente, em situação de urgência ou emergência, a um hospital sem o perfil para atender o seu caso pode atrasar todo o atendimento e colocar em risco a vida da pessoa.
A Ahpaceg alerta que o encaminhamento direto à rede privada pode também fomentar casos de corrupção, como os já apurados pelo Ministério Público Estadual em 2016 e que levaram à prisão de médicos e profissionais de equipes que atuavam no Samu e que recebiam propina para o direcionamento de pacientes a hospitais que integravam o esquema de fraude.
De autoria da vereadora Tatiana Lemos (PC do B), o projeto foi aprovado em segunda e última votação no dia 17 e segue para sansão ou veto do prefeito Iris Rezende (MDB). Segundo o texto aprovado, o objetivo é desafogar a rede pública. “Mas, é preciso pensar na segurança do paciente e nem todos os hospitais privados contam com estrutura completa, com múltiplas especialidades médicas, para atender os socorridos pelo Samu”, alerta o presidente da Ahpaceg, que espera que o texto atual seja vetado pelo prefeito Íris Rezende.